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'Deveria contratar prefeito do Rio para promover meu próximo livro', diz ilustrador de HQ censurada por Crivella
O ilustrador britânico Jim Cheung foi surpreendido várias vezes nos últimos quatro dias.
À BBC News Brasil, o ilustrador britânico Jim Cheung, um dos autores do livro 'Vingadores, a Cruzada das Crianças', diz que ficou emocionado com a reação dos brasileiros em defesa dos direitos LGBT e da liberdade de expressão Primeiro com a notícia de que um livro seu publicado em 2010 - Vingadores: a Cruzada das Crianças - havia sido censurado pelo prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, por conter um beijo entre dois personagens masculinos. Depois, pela forte reação da imprensa e de milhares de brasileiros em protesto contra a medida. E, por fim, pelo forte aumento nas vendas da publicação. "Eu deveria contratar o prefeito do Rio de Janeiro para promover meu próximo livro", ironizou ele ao responder, no Instagram, a um comentário de uma seguidora sobre o fato de todos os exemplares terem se esgotado na Bienal do Rio de Janeiro pouco após Crivella anunciar que fiscais confiscariam a publicação de Cheung. O desenhista de 47 anos mora no Reino Unido e assina Vingadores: a Cruzada das Crianças em conjunto com o roteirista americano Allan Heinberg. Fim do Talvez também te interesse À BBC News Brasil, Cheung disse que ficou emocionado ao ver os brasileiros defendendo os direitos da comunidade LGBTQ e a liberdade de expressão. "É maravilhoso ver o povo brasileiro se posicionando e manifestando apoio à comunidade LGBTQ", disse. 'Eu aplaudo o povo brasileiro por se unir nesse protesto', disse Jim Cheung à BBC News Brasil Ele destacou, porém, que o episódio revela que ainda há um longo caminho a ser percorrido para que haja verdadeira "igualdade". "O fato de essa história ter alcançado manchetes demonstra as várias faces da sociedade moderna. Mostra que as comunidades estão aceitando suas diferenças e diversidade, mas também revela a dificuldade que ainda enfrentamos na busca por igualdade a todos", destacou à BBC News Brasil, por email. "Eu aplaudo o povo brasileiro por se unir nesse protesto." Jim Cheung tem dezenas de livros em quadrinho no currículo e é reconhecido internacionalmente, principalmente por ilustrar séries da editora Marvel Comics, como Novos Vingadores, Illuminati, Jovens Vingadores e Vingadores. Já Allen Heinberg, que também assina Vingadores: a Cruzada das Crianças, foi produtor do bem-sucedido filme Mulher Maravilha (2017), que arrecadou US$ 821,8 milhões em bilheteria no mundo todo e é protagonizado pela israelense Gal Gadot. Ele produziu ainda os seriados Grey's Anatomy (2005), um dos dramas mais populares da televisão americana, e Sex and the City (1998), seriado da HBO estrelado por Sarah Jessica Parker. Reviravoltas do caso do livro No dia 5 de setembro, Marcelo Crivella determinou o recolhimento da Bienal do Rio dos exemplares do livro de Cheung, por conter a imagem de um beijo entre dois personagens masculinos. Em vídeo na internet, Crivella afirmou que "livros que trazem conteúdo sexual para menores precisam estar embalados com plástico preto, lacrados, e com aviso do conteúdo". A cena que aparentemente chocou Crivella retrata o personagem Teddy Altman tentando levantar o ânimo do seu namorado, Billy Kaplan, que está deprimido. "A vida é muito curta para você ficar aqui sentado desperdiçando a sua", diz Teddy. Depois de incentivar o parceiro a reagir, os dois trocam um beijo. Na sexta-feira (6), um dia depois da decisão de Crivella, todos os exemplares de Vingadores: a Cruzada das Crianças foram comprados antes que pudessem ser recolhidos. Depois, o youtuber Felipe Neto comprou mais de 14 mil livros com temática LGBT disponíveis na Bienal e distribuiu as publicações gratuitamente. Na tarde do dia 6 de setembro, fiscais foram à Bienal, mas disseram não ter encontrado livros impróprios ou medidas que contrariam a lei. 'Eu deveria contratar o prefeito para promover meu próximo livro', ironizou Jim Cheung no Instagram, ao responder ao comentário de uma seguidora sobre o aumento nas vendas do livro O episódio também sofreu várias reviravoltas na Justiça. Após a primeira visita dos fiscais, a organização da Bienal entrou com um recuso no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro contra a decisão do prefeito e para assegurar o "pleno funcionamento do evento". O desembargador Heleno Ribeiro Pereira Nunes acolheu o pedido e determinou que fiscais não podem interferir na Bienal. Depois, o presidente do TJ-RJ, Cláudio de Mello Tavares, cassou essa decisão e liberou a medida determinada pela Prefeitura do RJ. Fiscais chegaram a voltar à Bienal em busca de "conteúdos impróprios" para menores, mas novamente disseram não ter encontrado nada que ferisse a lei. No sábado (7), o jornal Folha de S.Paulo publicou na capa a imagem dos dois personagens do livro se beijando. O fato foi noticiado por alguns jornais estrangeiros, como o britânico The Guardian e o americano Newsweek. Por fim, no domingo (8), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), José Dias Toffoli, atendeu a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e cassou a liminar do presidente do TJ-RJ. Houve protesto e 'beijaço' na Bienal contra a decisão de Crivella de recolher livros que ele considerou 'impróprios' Toffoli argumentou que a decisão de Crivella associou relações homoafetivas a conteúdo impróprio, o que, segundo ele, fere o "princípio da igualdade". "Ademais, o regime democrático pressupõe um ambiente de livre trânsito de ideias, no qual todos tenham direito a voz. De fato, a democracia somente se firma e progride em um ambiente em que diferentes convicções e visões de mundo possam ser expostas, defendidas e confrontadas umas com as outras, em um debate rico, plural e resolutivo", disse o ministro do STF. A Prefeitura do RJ informou que vai recorrer da decisão. O que diz a lei? Em seu Artigo 78, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) diz que "revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes" devem ser vendidas em embalagem lacrada, com a advertência sobre o conteúdo. O estatuto também determina que "as editoras cuidarão para que as capas que contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam protegidas com embalagem opaca." Os exemplares do livro que Crivella tentou censurar se esgotaram em questão de horas após a decisão do prefeito Porém, ao contrário do que diz a prefeitura, a legislação não define o que seria "impróprio" - seja um beijo hétero ou homossexual. O defensor Rodrigo Azambuja, coordenador de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, diz que o ECA não especifica quais tipos de conteúdo se enquadram na categoria de "impróprio", mas há materiais que são inegavelmente inadequados para crianças, como aqueles que trazem temática de violência ou pornografia. Segundo ele, porém, há outros que são claramente próprios: beijos e demonstrações de afeto entrariam nessa segunda classificação, por serem comportamentos comuns. 'Momento de afeto entre dois personagens' No Instagram, Jim Cheung disse que a cena do beijo não tinha qualquer intenção de 'promover uma agenda', mas sim demonstrar um momento de afeto entre dois personagens que namoram Num comunicado publicado no seu Instagram no dia 6 de agosto, Jim Cheung disse que a cena do beijo no livro Vingadores, a Cruzada das Crianças simplesmente "retrata um momento de afeto entre dois personagens" que vivem um relacionamento estável. "Eu não sei o que motivou o prefeito a perseguir um trabalho publicado há quase uma década e que já estava a venda há vários anos", escreveu. "Mas eu posso dizer com honestidade que não havia qualquer motivação secreta ou agenda nesse trabalho que fosse destinada a promover um estilo de vida em particular ou atingir um público específico. A cena simplesmente mostra um momento de afeto entre dois personagens que estão num relacionamento sério." Cheung ainda afirmou que o fato de um livro publicado há quase 10 anos estar recebendo tanta atenção do prefeito do Rio revela o quanto ele parece estar "desconectado com a realidade atual". "A comunidade LGBT está aqui para ficar e eu não tenho nada além de amor e simpatia por aqueles que continuam a lutar por aceitação e para terem suas vozes ouvidas", escreveu. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Ozzy anuncia fim do reality show 'The Osbournes'
O cantor Ozzy Osbourne disse que sua família não irá mais participar do reality show The Osbournes.
Durante uma entrevista concedida no MTV Awards, em Roma, Ozzy afirmou que "no final não gostava mais de ter câmeras espalhadas pela casa o tempo todo". A mulher do cantor, Sharon Osbourne, que também participa do programa de TV, concordou com seu marido. "Atualmente, todo mundo está fazendo reality shows. Ele já fez e precisa agora partir para outra coisa", afirmou Sharon. Fadiga Ozzy também reclamou do cansaço provocado pela gravação do seriado. "Você vê um episódio de 25 minutos que exigiu que eu filmasse um dia inteiro." Atualmente, Sharon Osbourne participa como jurada de um programa de caça-talentos musicais da TV britânica, intitulado The X Factor. No início deste ano ela foi eleita a mulher mais importante do rock, devido ao papel que exerceu na condução da carreira de Ozzy e de sua família. Ela foi a principal responsável por The Osbournes. O seriado durou três temporadas e rendeu aos Osbournes US$ 85 milhões. Popularidade O aumento da popularidade de Ozzy fez com que camisetas, bonecos e outros acessórios com a imagem do cantor alcançassem vendas de US$ 50 milhões - marca recorde para um artista de heavy metal. No auge do sucesso, The Osbournes chegou a ter um público de 8 milhões de telespectadores nos Estados Unidos. Ozzy criou uma explicação curiosa para a popularidade do reality show: "Acho que os americanos se divertem em assistir a uma família de britânicos malucos feito nós fazer papel de bobo toda semana". Ozzy começou sua carreira como vocalista da lendária banda de heavy metal Black Sabbath, com a qual permaneceu por uma década. Em seguida, partiu para uma bem-sucedida carreira solo. Juntamente com Sharon, ele lançou o festival anual de heavy metal Ozzfest, que revelou diversos grupos de rock pesado.
Economia do Japão volta à recessão depois de três anos
A economia japonesa entrou em recessão pela primeira vez em três anos, segundo dados de 2004 revisados pelo governo do país.
Nesta quarta-feira, o governo japonês divulgou que o PIB (Produto Interno Bruto) do país caiu 0,1% no último trimestre de 2004. Além disso, os números do terceiro trimestre do ano passado também foram revisados e concluiu-se que o 0,1% de crescimento que foi registrado para o período estava equivocado. Na verdade, disse o governo, entre julho e setembro houve uma queda de 0,3%. Isso significa que o país entrou tecnicamente em recessão, que é caracterizada por dois trimestres consecutivos de queda no PIB. Os números, na opinião de especialistas, refletem exportações fracas e uma diminuição nos gastos dos consumidores. A bolsa de valores de Tóquio registrou baixa logo após a divulgação do dado, mas voltou a crescer depois que analistas disseram que a economia deve se recuperar até o final deste ano. Otimismo Apesar dos novos dados, políticos se dizem otimistas sobre a possibilidade do retorno do crescimento econômico. "A economia tem alguns problemas, mas se olharmos com uma perspectiva mais ampla, ela já está em um estágio de recuperação", disse Heizo Takenaka, ministro da Economia e da Política Fiscal do país. "A economia precisa ser analisada de maneira geral, não podemos analisar o PIB sozinho", disse Takenaka. Ministros do governo afirmaram que o fato de o consumidor gastar menos pode estar atrelado ao inverno ameno que está ocorrendo no país neste ano. Analistas dizem que os números desapontaram, mas argumentaram que as maiores companhias do Japão estão registrando lucros e que o gasto de capital também está crescendo. Mesmo com a queda do final do ano, a economia japonesa cresceu 2,6% em 2004. E s previsão é de que cresça 2,1% em 2005. No entanto, para economistas, a recuperação da economia dependerá de alguns fatores, como um aumento dos gastos dos consumidores, uma queda no valor do iene e uma melhora das economias globais. Apesar de o Japão ser o país mais rico da Ásia, esta é a quarta vez que a economia japonesa, a segunda maior do mundo, entra em recessão em um período de dez anos.
Indústria da Venezuela teme entrada no Mercosul, diz jornal
Os empresários da Venezuela vêem com reservas a entrada do país no Mercosul, segundo reportagem publicada nesta terça-feira pelo jornal El Universal, de Caracas.
Um dos entrevistados pelo jornal é o presidente da Confederação da Indústria Venezuelana (Conindustria), Silvano Gelleni, que critica o fato de o presidente Hugo Chávez não ter consultado os diversos setores produtivos antes de se decidir pela assinatura do protocolo de adesão, prevista para esta terça-feira na capital venezuelana. Segundo Gelleni, os empresários estão preocupados com as "assimetrias" entre Brasil e Argentina. "O tamanho da produção do país vizinho é pelo menos dez vezes maior do que o da nossa", diz o presidente da Conindustria, referindo-se à indústria brasileira. A adesão será formalizada em uma cerimônia que deverá contar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os líderes dos outros três países que compõem o bloco (Argentina, Paraguai e Uruguai). Entra e sai? Já o presidente do Paraguai, Nicanor Duarte Frutos, afirma em entrevista ao jornal Financial Times que considera deixar o Mercosul se Brasil e Argentina não abandonarem suas políticas "protecionistas". Duarte atacou Brasil e Argentina pelo "egoísmo e mesmo hipocrisia": "Juntos, os países do Mercosul condenam o protecionismo dos Estados Unidos e da União Européia, quando as mesmas práticas persistem entre nós", afirmou Duarte, em entrevista à jornalista do FT em Assunção. Para o líder paraguaio, a união aduaneira firmada 15 anos atrás não rendeu ao seu país o acesso esperado aos mercados brasileiro e argentino. Duarte também disse que a entrada da Venezuela pode transformar o bloco num fórum de "maniqueísmo político e exacerbação de confrontações ideológicas e dogmáticas". Para assegurar o apoio paraguaio, Duarte propõe que o governo de Hugo Chávez compre parte da dívida paraguaia, como fez com a Argentina. Bussunda O jornal britânico The Guardian lembra em sua seção de obituários o humorista Bussunda. O texto do diário elogia o humor inteligente do comediante "que atormentou políticos, músicos, atletas e atores". Como é costume na imprensa britânica, o jornal publica um obituário sobre o "maior comediante do Brasil" duas semanas depois da sua morte, por ataque cardíaco, no último dia 17 de junho. O diário destaca o programa de TV Casseta e Planeta - Urgente como o auge da carreira de Bussunda, iniciada nos anos 80 com "ataques mordazes" aos governantes do país "que saía de uma ditadura notória pelas suas leis de censura". "Seus golpes sarcásticos ao sistema estabelecido no Brasil reverberaram em um país notório por políticos que defendem seus interesses pessoais e socialites em busca de atenção", diz o autor do texto, Tom Phillips, sobre o programa. O Guardian destaca as imitações que Bussunda fazia do acatante Ronaldo (Ronaldo "Fofômeno") e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - "sinistramente precisa". Para o autor do texto, além do poder de satirizar personalidades, Bussunda - ou Cláudio Besserman Vianna - se tornou "um importante, embora pouco convencional" comentarista político. Bin Laden Nos Estados Unidos, o jornal The New York Times destaca a revelação de que a CIA (agência secreta americana) fechou a unidade voltada para a captura do líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden. Fontes da CIA disseram ao NYT que a decisão reflete "uma visão de que a Al Qaeda não é tão hierárquica quanto antes", e uma preocupação de que "grupos inspirados pela Al-Qaeda tenham começado a realizar ataques independentemente de Bin Laden e seu vice, Ayman al-Zawahiri". A unidade estava em operação há dez anos, quando o nome do dissidente saudita ainda não era conhecido mundialmente e muito antes de o presidente George W. Bush prometer capturá-lo "vivo ou morto", logo após os ataques de 11 de setembro de 2001 aos EUA. O fechamento teria ocorrido no final do ano passado, mas só foi confirmado nesta segunda-feira. Uma porta-voz da agência, Jennifer Millerwise, defendeu a decisão e enfatizou que os esforços para encontrar Bin Laden "continuam mais fortes do que nunca". O New York Times lembra que a guerra no Iraque está colocando pressão sobre os recursos do Pentágono e criando novas prioridades - por exemplo, parte da equipe que procurava Bin Laden foi redirecionada para Abu Musab al-Zarqawi, recentemente morto em uma operação no Iraque.
Bush quer que empresas dos EUA ajudem o Líbano
O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, indicou uma delegação de líderes empresariais para encontrar formas de reconstruir o Líbano depois do conflito entre Israel e combatentes do Hezbollah.
Desde o início das recentes hostilidades no Líbano o governo americano prometeu cerca de US$ 250 milhões em assistência ao país. Bush designou um grupo de empresários que vão visitar Beirute e outras áreas afetadas para avaliar qual a melhor forma de ajudar na recuperação. Os comentários de Bush foram feitos no momento em que a agência americana Overseas Private Investment Corporation e o banco particular Citigroup anunciaram que vão investir US$ 160 milhões no país. Esta parceria público-privada vai oferecer o capital para pequenas e médias empresas libanesas. "Missão" "Nosso objetivo, nossa missão, é ajudar os cidadãos libaneses e os negócios libaneses não apenas na recuperação, mas também para que possam florescer, pois acreditamos no conceito de democracia no Líbano", disse Bush. Os US$ 250 milhões já prometidos pelo governo americano incluem verbas para melhorar o Exército libanês, assistência emergencial para refugiados e dinheiro para ajudar no processo de reconstrução. "Esta é uma missão muito importante de nosso país", afirmou Bush. O presidente americano se reuniu com representantes das gigantes da área de computadores americanas, Cisco e Intel, e chefes da Occidental Petroleum Corp e da companhia de engenharia Ghafari. O presidente e diretor-executivo da Cisco, John Chambers, disse que sua companhia prometeu US$ 10 milhões para um programa de empregos que vai ajudar jovens no sul do Líbano. Uma conferência internacional de doadores na Suécia, em agosto, recebeu promessas de US$ 940 milhões em ajuda para o Líbano. Objetivo político A Casa Branca afirma que o objetivo é destacar a generosidade do povo americano, mas também existe um objetivo claramente político. O governo Bush está preocupado com o papel de liderança assumido pelo Hezbollah nos esforços iniciais de reconstrução. Para o governo americano estas medidas do Hezbollah podem minar o governo libanês, democraticamente eleito. Esta delegação é parte de uma iniciativa dos Estados Unidos para conter a influência do Hezbollah e para responder ao criticismo generalizado, que afirma que os Estados Unidos não fizeram o bastante para proteger a vida de civis libaneses no conflito recente. Mais de mil civis libaneses e um número desconhecido de milicianos do Hezbollah foram mortos no conflito. Israel perdeu 116 soldados nos confrontos, e 43 civis israelenses foram mortos por ataques de mísseis do Hezbollah contra o norte do país. A Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, que entrou em vigor no dia 14 de agosto, estabeleceu um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah após 34 dias de confrontos.
Conheça a Organização das Nações Unidas
A Organização das Nações Unidas (ONU), que foi criada em 1945, depois da devastação causada pelas Primeira e Segunda Guerra Mundiais, tem o objetivo de "salvar gerações futuras dos flagelos de guerras".
Sua missão é manter a paz e a segurança internacional e promover relações amigáveis entre os países. A Carta da ONU defende os direitos humanos e propõe que as nações trabalhem juntas para superar problemas sociais, econômicos, humanitários e culturais. HISTÓRIA A instituição que precedeu a ONU, a Liga das Nações, foi criada depois da Primeira Guerra Mundial. Ela tinha o objetivo de prevenir um outro conflito global, mas falhou e foi desmantelada em 1946. Grande parte da estrutura da Liga e muitos dos seus objetivos foram adotados pela ONU. Em 1944, os Estados Unidos, a Grã-Bretanha, a União Soviética e a China se encontraram em Washington e chegaram a um consenso quanto a uma proposta para criar uma organização mundial. O projeto formou a base das conversas de 1945 entre representantes de 50 países. Com resultados dessas negociações, a ONU foi criada no dia 24 de outubro de 1945. MEMBROS A ONU reúne 191 países-membros. O número de integrantes cresceu muito quando colônias se tornaram independentes e a União Soviética de desintegrou. O Vaticano e Taiwan continuam de fora da organização. Muitos membros têm missões permanentes na sede da instituição em Nova York. Membros em potencial são recomendados pelo Conselho de Segurança e admitidos se conseguirem uma maioria de dois terços em votação na Assembléia Geral. Países-membros contribuem para os custos da ONU. A contribuição de cada país é determinada de acordo com suas condições. Os Estados Unidos são os que mais ajudam. ESTRUTURA A ONU é composta por seis órgãos principais: Assembléia Geral A Assembléia é o principal fórum de debate da ONU. É o único órgão da ONU que inclui representantes de todos os países-membros. Cada nação tem direito a um voto. Membros podem discutir qualquer assunto que esteja na Carta da ONU, de segurança internacional ao orçamento da instituição. A Assembléia pode fazer recomendações, baseadas em suas deliberações. Mas ela não tem poder para forçar os países a agirem de acordo com suas decisões. Em assuntos-chave, incluindo os de segurança internacional, uma maioria de dois terços é necessária para adotar uma resolução. A Assembléia Geral se encontra por três meses do ano, a partir de setembro, e para sessões especiais e de emergência. Sua sessão anual começa com um "Debate Geral", em que cada país-membro faz uma declaração sobre sua perspectiva dos eventos mundiais. Tradicionalmente, é o representante brasileiro que, com seu discurso, abre a parte de discursos de representantes de países-membros da Assembléia Geral. A maioria dos negócios da Assembléia é resolvida por seus seis comitês principais: o de desarmamento e segurança internacional; o de política e descolonização; o econômico e financeiro; o social, humanitário e cultural; o administrativo e orçamentário; e o legal. A Assembléia aprova ou rejeita as recomendações desses comitês. Conselho de Segurança O Conselho tem a função de assegurar a paz e a segurança global. Ele é composto por cinco membros permanentes: China, França, Rússia, Grã-Bretanha e Estados Unidos. Outros dez países ocupam posições temporárias. O Conselho pode impor sanções econômicas e pode autorizar o uso de força em conflitos. Ele também inspeciona operações de paz. Conselho Econômico e Social O Conselho lidera as atividades econômicas, sociais, humanitárias e culturais da ONU. Ele fiscaliza o trabalho de comissões que lidam com direitos humanos, crescimento populacional, tecnologia e drogas, entre outros assuntos. Seus 54 membros são eleitos pela Assembléia Geral. Corte Internacional de Justiça A corte é o principal órgão judicial da ONU, e sua função é lidar com disputas legais submetidas pelas nações. A Corte Internacional de Justiça tem sede em Haia, na Holanda. Os 15 juízes da corte são eleitos pela Assembléia Geral e pelo Conselho de Segurança. As decisões têm efeito vinculante, apesar de as nações poderem se recusar a aceitar suas sentenças. Secretariado O Secretariado cuida do trabalho diário da ONU, administrando os programas e as políticas da organização. Seu trabalho inclui pesquisa, tradução e relações com a mídia. Os cerca de nove mil funcionários do órgão vêm de 170 países diferentes. Conselho de Tutela Este conselho administrava os territórios sob regime de tutela internacional. Suas atividades foram suspensas em 1994 quando o último território do mundo ainda sob tutela da ONU - Palau, no Pacífico - se tornou independente. O conselho, formado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, concordou em 1994 em apenas se reunir "se a ocasião pedisse". O SISTEMA DA ONU Catorze agências independentes formam o "Sistema da ONU" junto com programas e agências da própria organização. Estão entre as agências independentes o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização Mundial de Saúde (OMS). Eles se relacionam com a ONU por meio de acordos de cooperação. Dentro da ONU, as principais agências e programas incluem a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o Fundo para Infância e Adolescência (Unicef) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). LIDERANÇA Kofi Annan se tornou o sétimo secretário-geral da ONU em janeiro de 1997. Ele foi reeleito para um segundo mandato em 2001. Durante seu primeiro mandato, Annan deu bastante atenção aos conflitos na África, à pobreza e à Aids. Ele também administrou uma revisão geral das operações de paz da organização. O secretário-geral é o principal porta-voz da ONU e pode agir como negociador de assuntos internacionais. A Assembléia Geral elege o secretário-geral para um período de cinco anos, que pode ser renovado. O cargo é normalmente preenchido por candidatos de nações pequenas e com posições neutras. O segundo mandato de Annan, que é de Gana, termina em dezembro de 2006. A Assembléia Geral deste ano é a última com a participação de Annan como secretário-geral.
Britânicos criam teste de fertilidade masculina caseiro
Cientistas da Universidade de Birmingham, na Grã-Bretanha, anunciaram ter desenvolvido o primeiro teste caseiro de fertilidade masculina do mundo.
Segundo os pesquisadores, o kit, chamado Fertell, leva menos de uma hora para informar se um homem é ou não capaz de ter filhos. Eles dizem também que com a ajuda do produto, os tratamentos de fertilidade vão poder ser reduzidos em até um ano. Os pesquisadores disseram que os testes para o desenvolvimento do produto usaram amostras de 150 homens e teria dado um resultado correto em 95% dos casos. Venda sem receita Na Grã-Bretanha, o Fertell poderá ser comprado em farmácias sem a necessidade de receita médica. Para fazer o teste, o homem precisa coletar uma amostra de seu esperma. O material é, então, colocado em um aparelho que imita o ambiente do colo do útero da mulher. Se um número satisfatório de espermatozóides conseguir atravessar essa barreira, o teste mostra uma linha vermelha, que significa um resultado positivo. Pesquisas indicam que mais de dois milhões de homens na Grã-Bretanha sofrem de baixa fertilidade. “No momento, muitos casais recebem a recomendação de aguardar cerca de um ano antes de buscar uma avaliação médica”, diz Chris Barratt, responsável pela pesquisa na Universidade de Birmingham. “Ter uma informação confiável num estágio inicial pode ser uma grande vantagem.”
Pesquisadores desvendam o mistério: por que os girassóis de repente param de seguir o sol
Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Davis, nos Estados Unidos, descobriram a resposta para a interrupção dos movimentos dos girassóis, que acompanham a trajetória do astro de leste a oeste todos os dias, e de repente param de fazê-lo, até morrer.
A resposta está nos ritmos circadianos, o relógio interno dos girassóis. O estudo, publicado na edição desta semana da revista científica Science, esclarece a mudança na rotina dos girassóis a partir da vida adulta, o que sempre foi um mistério para os cientistas. De acordo com a pesquisa, a resposta está nos ritmos circadianos, o relógio interno dos girassóis. O ciclo de um girassol é sempre o mesmo: todos os dias, despertam e acompanham o Sol como as agulhas de um relógio. A noite, percorrem o sentido contrário para esperar novamente sua saída na manhã do dia seguinte. Mas um dia deixam de fazê-lo, alcançam a maturidade e param com essa movimentação. A partir de então, não voltam a girar pelo resto da vida, e ficam voltados para o oriente indefinidamente, até morrerem. O heliotropismo favorece o crescimento das flores Crescimento desigual Depois de uma série desses testes, os biólogos americanos descobriram que uma parte do talo dos girassóis se estica durante o dia, e outra à noite. Fim do Talvez também te interesse Os pesquisadores colocaram os girassóis em vasos, obrigando as flores a ficarem na posição voltada ao leste na parte da tarde. Em outros casos, imobilizaram os talos, impossibilitando o giro. E ainda colocaram algumas plantas com ciclos diários de 30 horas, em vez de 24. Como consequência, os girassóis afetados perderam até 10% da biomassa e o tamanho das folhas também foi reduzido visivelmente. Isso é explicado porque, ainda que a presença da luz seja fundamental, é o ritmo circadiano o que realmente determina quando o girassol gira e quando deixa de fazê-lo, antecipando, de alguma forma, a chegada do Sol. Este movimento, chamado de heliotropismo pelos cientistas, favorece o crescimento da plantas. É um sistema muito eficiente para o desenvolvimento porque lhes permite aproveitar ao máximo a luz do Sol, vital para a fotossíntese, ao mesmo tempo em que fomenta a produção de auxinas, os hormônios do crescimento. Reprodução Os girassóis maiores são mais bem polinizados, e se reproduzem mais facilmente "Os girassóis imaturos seguem se movimentando com o Sol, mas, quando amadurecem, se acomodam, e passam a olhar apenas para o leste", afirma o estudo. É o crescimento desigual dos talos que provoca o giro. E quando deixam de crescer, deixam de girar. E não há dúvidas de que, para os girassóis, há vantagens em ser maior do que os outros. Quando se acomodam, as flores maiores desprendem um calor adicional, o que as torna mais atrativas para os polinizadores. E a polinização, por sua vez, permite que esse girassol "velho" se reproduza, perpetuando a espécie e começando, novamente, o seu baile em busca do Sol.
Sérvios agiram em 'legítima defesa', diz Milosevic
O ex-líder iugoslavo Slodoban Milosevic disse em seu julgamento no Tribunal Penal Internacional em Haia que os sérvios não são culpados por crimes contra a humanidade.
Concluindo sua defesa inicial nesta quarta-feira, Milosevic negou que os nacionalistas sérvios tenham planejado criar uma "Grande Sérvia". "O que eles não dizem é que os atos dos sérvios foram para legítima defesa." O ex-presidente da Iugoslávia é acusado de genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra. Os delitos teriam sido cometidos em meio a conflitos na Croácia, na Bósnia e em Kosovo durante a Guerra nos Bálcãs, na década de 90. Milosevic, que faz a própria defesa, falou por quatro horas na terça-feira e ganhou 90 minutos a mais para concluir nesta quarta-feira seu discurso inicial. Acusações Sobre os conflitos na Croácia no início dos anos 90, ele disse que os sérvios estavam simplesmente se defendendo e que foram as próprias autoridades croatas que causaram a guerra. "Nós ajudamos os sérvios (na Bósnia e na Croácia), claro que ajudamos! Nós seríamos a maior escória da Terra se não tivéssemos ajudado quando a vida deles estava em perigo." Milosevic disse que "toda a verdade deveria ser revelada" sobre o massacre de muçulmanos em Srebrenica, na Bósnia, em 1995. Ele também disse que as acusações contra ele eram "ilegais" e uma "mutilação da justiça". "Graças à natureza e ao conteúdo dessa falsa acusação, (o julgamento) se tornou uma simples e pura farsa", afirmou. Saúde Milosevic também negou que tenha manipulado seus medicamentos para tentar atrasar o julgamento. Promotores dizem que ele não tomou os remédios prescritos para controlar a sua pressão sanguínea. Mas o ex-líder iugoslavo declarou que tomava seus medicamentos na presença de guardas da prisão, que inclusive anotavam o horário e a dose tomada. O julgamento foi adiado cinco vezes devido a problemas de saúde do ex-líder iugoslavo. Ele sofre de pressão alta, hipertensão e apresenta seqüelas cardiovasculares, de acordo com relatórios médicos. Milosevic está fazendo a sua própria defesa, e o tribunal estuda agora a possibilidade de nomear um advogado de defesa, apesar de suas resistentes objeções. O tribunal teme que, caso não haja intervenção, o julgamento não seja completado dentro do prazo, em outubro de 2005.
Após anistia a sonegadores, Índia descobre mais de R$ 30 bi em dinheiro não declarado
Uma anistia a sonegadores de impostos na Índia "fez aparecer" US$ 9,5 bilhões - quase R$ 31 bilhões - em renda e ativos não declarados.
Apesar de volumosa, cifra fica longe dos US$ 500 bi (R$ 1,6 tri) que o governo estima ter sido mandado para fora do país Quase 65 mil declarações foram entregues durante uma janela de quatro meses para legalizar o dinheiro, que terminou na sexta-feira, disse o ministro indiano das Finanças, Arun Jaitley. O governo se comprometeu a não processar os sonegadores, mas estes terão de pagar o que devem, além de multa e sobretaxa. Estima-se que os cofres públicos receberão cerca de metade do valor legalizado. Na Índia, como no Brasil e em outros países emergentes, a sonegação de impostos é um desafio para governos que precisam de recursos para investir no seu desenvolvimento. No início deste ano, o governo indiano contatou cerca de 700 mil suspeitos de sonegação, solicitando que declarassem corretamente sua renda e ativos. Fim do Talvez também te interesse Entre os que declararam impostos não pagos está um grupo de alimentação de Mumbai que informou ter recebido valores de quase US$ 7,5 milhões (R$ 25 milhões). Mas o repórter da BBC em Nova Déli, Sanjoy Majumder, disse que apesar de impressionante, o montante declarado é considerado apenas uma fração do valor sonegado na Índia. Não inclui, por exemplo, recursos enviados ao exterior através de lavagem de dinheiro, que investigadores do governo calculam chegar a US$ 500 bilhões (RS$ 1,6 trilhão), o equivalente à economia da Venezuela ou Nigéria. Premiê indiano disse que medida é uma "contribuição para a transparência e crescimento" da economia Ainda assim, o premiê indiano, Narendra Modi, declarou a anistia um "sucesso". Em uma série de tuítes neste fim de semana, ele disse que as declaração são "uma grande contribuição para a transparência e o crescimento da economia". Modi disse que o dinheiro será gasto em medidas que beneficiem a população. Cerca de 500 nomes indianos foram mencionados nos documentos chamados Panama Papers, divulgados em abril. Os documentos revelam como alguns dos mais ricos indivíduos do mundo se utilizam dos chamados paraísos fiscais para ocultar seu patrimônio.
Cientista fracassa em tentativa de clonar ser humano
A tentativa do especialista em fertilidade americano Panos Zavos em clonar um ser humano fracassou.
O polêmico cientista havia anunciado recentemente o implante de um embrião humano dentro do útero de uma mulher, mas testes mostraram que a paciente não ficou grávida. Apesar de ter sido alvo de críticas, Zavos prometeu que continuaria tentando clonar um humano. Segundo Zavos, as chances de uma gravidez eram de 30%, mas o resultado acabou sendo negativo. Persistência Há cerca de três semanas, o cientista anunciou, em Londres, que tinha implantado o embrião em uma mulher infértil de 35 anos. O médico afirmou que o embrião foi criado com um óvulo ainda não maduro da mulher e com uma célula da pele do marido dela. O cientista, no entanto, já tinha avisado que, mesmo se a primeira tentativa falhasse, novos experimentos seriam realizados até que um humano fosse finalmente clonado. De acordo com Zavos, uma descrição dos materiais e métodos utilizados em sua pesquisa será publicada em uma revista científica especializada "no futuro próximo".
Você conseguiria ficar um show inteiro sem usar o celular?
Os fãs de Chris Rock terão de abrir mão de usar seus telefones durante suas apresentações no Reino Unido se quiserem de fato estar na plateia. O comediante americano é o mais recente a entrar para uma lista crescente de artistas que estão vetando o uso de celulares durante suas performances.
Ficamos acostumados a ver cenas como essa, em que fãs estão com celulares sempre a postos para registrar seu ídolo Será o começo do fim do mar de telas que nos acostumamos a ver nas plateias de shows em tempos recentes? É verdade que os shows da era pré-smartphone costumavam ser menos complicados. Você ia até o local da apresentação, dava uma passada no bar ou no banheiro antes de tudo começar, conversava com os amigos enquanto aguardava e, então, quando o artista subia ao palco, apenas prestava atenção. Hoje em dia, isso parece algo pré-histórico. O normal é chegar à casa de shows, fazer check-in no Facebook, dar uma olhada nos e-mails e redes sociais enquanto se espera pelo começo da apresentação e, quando isso finalmente acontece, estar com o celular a postos para fazer fotos e vídeos e publicá-los na internet. Muita gente acha isso bem irritante - e alguns artistas parecem compartilhar da mesma opinião. "Celulares, câmeras e aparelhos de gravação não serão permitidos no tour", diz um aviso no site de venda de ingressos para as apresentações de Chris Rock no Reino Unido, previstas para janeiro. "Na chegada, todos os telefones e relógios inteligentes serão lacrados em pochetes que serão abertas ao fim do show." Comediante americano vetou o uso de celulares e outros aparelhos em suas apresentações no Reino Unido As pochetes são fabricadas pela Yondr, uma empresa americana criada há pouco tempo. Os fãs colocam seus aparelhos dentro dessas pequenas bolsas, que são então fechadas pelos organizadores. Os espectadores ficam com as pochetes até a apresentação acabar. Quando o show se encerra - ou se pessoa precisa usar o telefone durante a performance -, é preciso levar a pochete até uma área específica, onde ela é aberta por funcionários da Yondr. "Os smartphones são muito úteis, mas não em qualquer situação", diz a empresa. "Em alguns casos, eles se tornaram uma distração. Afastam as pessoas umas das outras e do que está acontecendo ao seu redor." O objetivo do seu serviço, diz a Yondr, é "mostrar como um momento pode ser impactante quando não estamos concentrados em registrá-lo ou transmití-lo." Audience members keep the locked pouches with them throughout the evening "Acho que a plateia do Chris Rock vai reclamar, mas vai aceitar. Mas se você estiver falando de um show do Harry Styles, você vai ter problemas", diz ", diz Hattie Collins, editora do site i-D, em referência ao ex-integrante da banda One Direction. "São fãs muito mais jovens que estão acostumados a compartilhar pela internet tudo o que fazem." Collins acrescenta que a onipresença dos smartphones tem um efeito negativo nos fãs que querem se conectar ao artista. "Isso deixou o espectador mais passivo, menos envolvido com o que vê. Se você se concentra em tirar uma foto, entrar na rede social, colocar um emoji no post e publicar, já perdeu metade de uma música." Questionado sobre a exigência do comediante americano, um porta-voz da SSE Hydro em Glasgow, local onde Rock se apresentará na cidade, disse à BBC: "Apesar de não ser uma prática normal, o artista pediu que isso seja feito em todo seu tour, e estamos felizes em ajudar com isso". Mas a plateia também vai ficar feliz com essa restrição e os possíveis atrasos na entrada no local do show criados por essa medida? Consultamos pessoas pelas redes sociais para saber. Se uma piada vaza na internet, isso pode acabar com a graça do show para outros fãs "Não sou viciado em celular, então, não é um problema deixá-lo me casa", disse o usuáiro Matt. "A sociedade está muito obcecada com smartphones. Parabéns ao Chris Rock por fazer isso." Já a usuária Grace afirmou que é médica e que ela e profissionais de outras áreas precisam estar a postos durante uma apresentação em caso de emergências. "Ter o telefone comigo durante o show me tranquiliza", disse. Alguns fãs dizem entender a questão e o quão problemático pode ser para um comediante ter sua performance publicada na internet. Se uma piada vaza, pode estragar a graça para outros fãs que assistirão às outras apresentações. Mas isso não é tanto um problema para músicos, já que a plateia conhece o que será apresentado no palco, e sua reação será a mesma caso tenham assistido a uma gravação de uma apresentação anterior pela internet. Alicia Keys e Dave Chappelle já proibiram o uso de celulares em suas performances "Fico um pouco dividida, porque, por um lado, isso fere a nossa liberdade, mas também entendo que dizer isso pode soar como um exagero, porque não estão tirando seu celular, você fica com ele o tempo todo", diz Collins. Chris Rock não é o primeiro a fazer isso no Reino Unido. A cantora Alicia Keys e o comediante Dave Chappelle já recorreram à Yondr em shows no país. Recentemente, a cantora Solange Knowles também pediu que a plateia entregasse seus celulares antes de uma apresentação no museu Guggenheim, em Nova York, dizendo que queria criar um clima mais intimista durante a performance. O mar de celulares nas plateias pode estar com os dias contados? Collins acredita que, daqui para a frente, essas restrições devem variar de acordo com o tipo de show. "Fui ver o Bob Dylan, e pediram para ninguém fotografar ou gravar. Havia duas ou três pessoas andando para cima e para baixo do auditório para garantir isso", conta a jornalista. "Foi uma experiência diferente e muito mais envolvente. Foi quase estranho, já que eu via apenas o palco e não mais as sombras de 400 celulares na minha frente." No entanto, diz Collins, quando assistiu ao grupo TLC duas noites depois e publicou as fotos do show na internet, muita gente escreveu dizendo ter gostado de ver as imagens já que não puderam estar lá. "Uma parte de mim gostaria de ver menos celulares na plateia, mas a outra acha bem legal poder compartilhar esses momentos."
Remédio para câncer do pulmão 'prolonga a sobrevida em 50%'
Um medicamento para câncer de pulmão, ainda em fase experimental, prolongou a expectativa de vida dos pacientes em mais de 50% em testes preliminares.
Pacientes que receberam o remédio AS1404, além do uso de quimioterapia comum, viveram em média 14 meses, comparados aos 8,8 meses dos pacientes que receberam apenas quimioterapia. "É ótimo ver esta grande vantagem na sobrevivência com o AS1404 em pacientes com câncer de pulmão. Isto me deixa muito otimista quando entramos na terceira fase dos testes", disse Mark McKeage, médico da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, um dos que lideraram a pesquisa. A segunda fase do estudo, realizado pela companhia de biotecnologia britânica Antisoma, pesquisou 70 pacientes com a forma mais comum do câncer de pulmão. A doença mata mais de 26 mil pessoas por ano apenas na Grã-Bretanha. "Sobrevivência é o padrão mais importante pelo qual medicamentos contra o câncer são julgados e, portanto, estas notícias são animadoras", disse Glyn Edwards, da Antisoma. O AS1404 foi desenvolvido por cientistas da Nova Zelândia, mas a companhia farmacêutica que inicialmente recebeu a autorização para fabricação não teve os recursos para o desenvolvimento do medicamento. Vaso sangüíneo O medicamento pertence a uma nova classe de compostos chamados agentes de interrupção vascular, que cortam o fornecimento de sangue para tumores. Tumores sólidos dependem de uma rede de vasos sangüíneos para sobreviver e crescer. O AS1404 é capaz de distinguir entre vasos sangüíneos que alimentam o tumor e aqueles que servem órgãos saudáveis. Os vasos sangüíneos que alimentam tumores são mais permeáveis e bem menos organizados do que aqueles que vão para órgãos saudáveis. A instituição de caridade britânica Cancer Research UK vai participar da pesquisa para levar o medicamento para os primeiros estágios dos testes clínicos. Os testes da segunda fase são realizados para descobrir se o remédio é efetivo no tratamento do câncer. A terceira fase dos testes compara diretamente o novo tratamento com os tratamentos padrão pra ver se o novo tramento é melhor.
Empresa lança carro de brinquedo movido a hidrogênio
A empresa Corgi lançou na quarta-feira, durante uma feira de brinquedos em Nurembergue, na Alemanha, um carro de brinquedo ecológico movido a hidrogênio.
O modelo, chamado H2GO, é movimentado por controle remoto e é carregado em um pequeno aparelho que converte água em hidrogênio. Este aparelho separa o hidrogênio do oxigênio da água e é carregada por energia solar. O oxigênio é então liberado e a unidade bomba o hidrogênio para o carrinho. O controle remoto usa apenas baterias recarregáveis, que podem ser carregadas com o mesmo painel solar usado na estação. Além da preocupação com a taxa zero de emissões de carbono, o H2GO é feito com material biodegradável (plásticos à base de trigo) e sua embalagem é reciclável. "Além de oferecer uma boa diversão, o brinquedo também tem um valor educativo", disse Michael Cookson, diretor da Corgi. "Descobrir o funcionamento da estação de força e brincar com o carrinho usando apenas água é uma parte importante da experiência de brincar", afirmou Cookson. Segundo os fabricantes, o brinquedo estará disponível no mercado em dezembro.
Amy Winehouse é hospitalizada em Londres
A cantora britânica Amy Winehouse foi internada às pressas em um hospital de Londres nesta segunda-feira.
Um porta-voz de Winehouse, Chris Goodman, confirmou que ela deu entrada no University College Hospital depois de sofrer "uma reação a medicamentos". "Os médicos recomendaram que ela seja mantida sob observação esta noite e ela provavelmente receberá alta amanhã." A saúde da cantora, de 24 anos, vem causando preocupação na família e nos fãs. No mês passado ela se submeteu a tratamento depois de identificados sinais de enfisema pulmonar. Winehouse foi levada para o hospital nesta segunda-feira de ambulância. O pai, Mitch, que no passado manifestou temores sobre o efeito do uso de drogas pela filha em sua saúde, está ao seu lado no University College Hospital. Enfisema Amy Winehouse tem estado no centro das atenções da mídia desde o ano passado devido à sua dependência de drogas. Em junho, mesmo depois de ter recebido o diagnóstico de enfisema, ela se apresentou no show em homenagem ao ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, em Londres, e no festival de Glastonbury. O marido da cantora, Blake Fielder-Civil, foi sentenciado a dois anos e três meses de prisão por atacar um homem e obstruir o trabalho da Justiça britânica. Fielder-Civil, de 26 anos, admitiu o ataque contra James King, de 36, em um pub no leste de Londres em junho de 2006. O pai de Winehouse espera que o genro possa refazer sua vida quando sair da prisão. “Se Blake sair da prisão e provar ser uma influência positiva para Amy, ele terá uma vida fantástica e deixará seus pais muito orgulhosos.” Ele acrescentou que a filha quer ter filhos, “provavelmente com Blake, e que eles serão sua droga por escolha, porque ela é louca por crianças”.
Explosão deixa pelo menos 20 mortos no Iraque
Pelo menos 20 pessoas morreram e cerca de 40 ficaram feridas na explosão de um carro-bomba nesta segunda-feira à noite em Basra, no sul do Iraque.
A explosão ocorreu em uma área comercial cheia de lojas e restaurantes, em uma hora em que muitas pessoas se dirigiam a lojas e restaurantes depois de jejuar o dia inteiro por causa do mês sagrado do Ramadã. Pelo menos quatro carros foram completamente destruídos pela explosão, de acordo com o relato de um fotógrafo da agência de notícias France Presse. Uma outra explosão, aparentemente provocada por uma granada, ocorreu em seguida perto de uma base militar britânica na cidade. Segunda maior cidade do Iraque, Basra está sob controle da Grã-Bretanha, que conta com cerca de 8,5 mil soldados no local. Embora esse tipo de ataque seja comum no centro e norte do Iraque, o sul do país vivia em relativa calma até uma recente escalada na violência. Ofensiva americana Em outros incidentes, seis soldados americanos foram mortos em duas explosões perto da capital, Bagdá. Também nesta segunda, o Exército dos Estados Unidos lançou um ataque aéreo próximo à fronteira com a Síria. Segundo as forças americanas, o alvo era um líder da rede extremista Al Qaeda no Iraque. Fontes locais dizem que o ataque, na região da cidade de al-Qaim, provocou a morte de muitos civis. Segundo médicos de um hospital da região, mais de 35 pessoas morreram, entre elas mulheres e crianças. Segundo uma porta-voz do Exército americano, o momento do ataque e o uso de equipamentos de precisão para os disparos tinham como objetivo evitar que civis fossem atingidos. As autoridades dos EUA e do Iraque dizem que a região que foi alvo do ataque porque é rota freqüente de estrangeiros que se apresentam como voluntários para lutar ao lado dos membros da Al Qaeda sob o comando do líder extremista Abu Musab al-Zarqawi. A região tem sido constante alvo de ofensivas americanas nos últimos meses.
Protestos reúnem até 2 milhões de pessoas em Madri
Cerca de 2 milhões de pessoas, segundo a polícia, participam nesta sexta-feira, em Madri, de uma manifestação de repúdio aos ataques a bomba de quinta-feira, que deixaram pelo menos 198 mortos.
Líderes europeus, inclusive os primeiros-ministros da França e da Itália, compareceram à manifestação num gesto de solidariedade. Às 12h (hora local, 9h em Brasília), cidades em várias partes da Espanha fizeram um minuto de silêncio em homenagem às vítimas dos atentados. As autoridades espanholas acreditam que o ataque seja obra do grupo separatista basco ETA. O ETA, contudo, nega envolvimento, em uma declaração que teria sido enviada a meios de comunicação bascos. Islâmicos O governo espanhol diz que não descarta nenhuma hipótese nas investigações para apurar quem realizou o ataque. Há pistas que, aparentemente, implicariam extremistas islâmicos. Cerca de 1,4 mil pessoas também ficaram feridas no ataque. O correspondente da BBC em Madri, Danny Wood, disse que o número de mortos pode aumentar, pois há mais de cem pessoas hospitalizadas com ferimentos graves. Bandeiras foram hasteadas a meio mastro e escolas e repartições públicas fecharam por três dias de luto oficial. Os partidos políticos suspenderam a campanha para as eleições gerais de domingo. Passeata Há manifestações programadas em várias cidades espanholas nesta sexta-feira. Em Madri, grandes multidões se concentraram sob a chuva, portando guarda-chuvas, bandeiras e faixas condenando o terrorismo. Participam do evento os primeiros-ministros da Itália, Silvio Berlusconi, e da França, Jean-Pierre Raffarin, e o presidente da Comissão Européia, Romano Prodi. Uma avenida de seis pistas que cruza a capital espanhola foi fechada para permitir que manifestantes realizem uma passeata perto da estação de Atocha, onde ocorreram as piores explosões. A Itália, que apoiou a guerra contra o Iraque liderada pelos Estados Unidos juntamente com a Espanha, reforçou sua segurança no caso de o ataque estar ligado a opositores da invasão. A França também reforçou sua própria segurança e Portugal intensificou verificações feitas em sua fronteira com a Espanha. A ministra do Exterior da Espanha, Ana Palácio, havia dito anteriormente que tudo parece implicar o ETA nos ataques, com "pistas muito fortes" e "precedentes muito fortes" sustentando essa visão. O grupo havia realizado ataques, anteriormente ao sistema ferroviário da Espanha e dois suspeitos do ETA foram presos no mês passado quando conduziam um caminhão que transportava mais de 500 quilos de explosivos para Madri. Provas Na quinta-feira, contudo, o ministro do Interior disse que um furgão roubado foi encontrado perto da rota dos trens contendo detonadores e uma gravação de versos do Corão - possivelmente indicando o envolvimento de militantes islâmicos. Uma mensagem que dizia ser das Brigadas Abu Hafs al-Masri também enviada a um jornal árabe sediado na Grã-Bretanha afirmava que atacou "o aliado dos Estados Unidos em sua guerra contra o Islã" em nome da Al-Qaeda. Editoriais publicados na imprensa espanhola exigem respostas antes que os eleitores compareçam às urnas porque a identidade dos responsáveis pelo ataque pode influenciar a opção partidária dos espanhóis.
Premiê de Israel convoca reunião para discutir crise no Egito
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Natanyahu, convocou em caráter especial uma reunião do gabinete de segurança para discutir os últimos acontecimentos no Egito.
Israel tem evitado elogiar publicamente o governo de Mubarak Durante a reunião dominical de gabinete, o premiê pronunciou-se pela primeira vez sobre a situação no país vizinho. "A paz entre Israel e Egito dura mais de trinta anos, e o nosso objetivo é assegurar que essas relações continuem a existir", afirmou. O Egito e a Jordânia são os únicos países árabes com os quais Israel mantém relações diplomáticas. A estabilidade nos dois países, com os quais Israel também tem fronteiras, é considerada estratégica. ‘Traição’ Os ministros israelenses teriam recebido uma ordem para manterem a discrição e não comentarem a situação no Egito, considerada um assunto delicado. Segundo analistas, por um lado, Israel evita demonstrar apoio demasiado ao presidente egípcio, Hosni Mubarak, para não contrariar ainda mais a população egípcia. Do outro, membros do governo israelense acreditam que Mubarak ajudou a manter a paz na região nos últimos anos. "Ele (Mubarak) conservou a paz no Oriente Médio", disse nesta segunda-feira o presidente de Israel, Shimon Peres. De acordo com o jornal israelense Haaretz, o governo de Israel, por vias diplomáticas, tenta convencer os Estados Unidos e países europeus a não criticarem Mubarak, já que a relação dele com os países ocidentais é considerada boa. Essa atitude poderia deixar os governos da Jordânia e Arábia Saudita, países também com bom relacionamento diplomático com o mundo ocidental, preocupados com o que poderiam considerar uma “traição" a Mubarak, diz o jornal. ‘Vítima’ Para o diretor do Instituto de Estudos de Segurança Nacional da Universidade de Tel Aviv, Oded Eran, a grande "vítima do que acontece no Egito será a situação de Israel, apesar de ser um tema quase insignificante nas manifestações". Eran diz acreditar que qualquer novo governo egípcio ficará "relutante em relação ao acordo de paz com Israel (assinado em 1979)", por isso vai haver uma "esfriada" ainda maior nas relações. Atualmente, há a cooperação entre os dois países no quesito segurança das fronteiras, mas de resto, a relação entre os dois governos é considerada "fria". Para Eran, o cenário mais provável é um acordo entre a oposição e Mubarak para a realização de eleições parlamentares - democráticas e com monitoramento internacional. Se o regime cair sob a pressão da população e da comunidade internacional, "vai desestabilizar toda a região, pelo fato de o país ser considerado estratégico no Oriente Médio". A eleição presidencial no Egito já estava marcada para setembro. "E não deve ser antecipada", afirma o acadêmico. A grande questão é quais serão os candidatos à Presidência. Hamas Outra preocupação israelense seria sobre as ligações entre parcelas da oposição egípcia e o grupo palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza, região encravada entre Israel e o Egito. Dois militantes palestinos do Hamas foram presos na manhã desta segunda-feira ao tentar entrar ilegalmente no Egito. Segundo as forças de segurança egípcias, eles levavam armas, granadas de mão, dois lançadores de granadas e cerca de 50 mil libras egípcias (aproximadamente R$ 14,3 mil) em dinheiro. No domingo, o Egito deslocou um reforço no contingente militar para a fronteira com Gaza, para tentar evitar a infiltração de integrantes do Hamas.
Gafanhotos viram iguaria em região da Nigéria
Em Borno, Estado na região nordeste da Nigéria, o homem está dando o troco no gafanhoto do deserto, que virou um prato muito apreciado pela população local.
Nesta época do ano, é comum que gafanhotos infestem a região semi-árida, destruindo as escassas plantações e a vegetação. Mas os habitantes de Borno encontraram um modo de tirar proveito do problema. Eles comem os insetos, que ganharam o apelido de “camarões do deserto”. 'Dando o troco' Segundo o caçador de gafanhotos Gambo Ibrahim, de 27 anos, o dialeto inglês local tem um ditado que diz “Na do me, I do you”, que quer dizer algo como “se você come minha plantação, eu como você”, explica. “Homens e insetos acabam perdendo com o problema, mas acho que eles perdem mais – porque nós os comemos. Acho que você poderia dizer que uma ação provoca uma reação”, diz Ibrahim, rindo. “Uma vez que eles voam e nós não, temos de pegá-los em um território que nos seja familiar – o chão”, conta. “Eles não voam à noite porque faz muito frio e por isso é a melhor hora para capturá-los”. Ibrahim conta que usa botas militares e roupas grossas quando sai à noite para pegar os gafanhotos, além de uma lanterna presa ao seu capacete. “Ela serve para iluminação, mas também como atrativo para os gafanhotos”, explica. Petisco “Depois que pegamos os insetos, levamos os sacos para o mercado. Um saco de gafanhotos vivos chega a valer US$30 (cerca de R$ 65)”, conta Ibrahim, que diz que a maioria de seus clientes são mulheres, que tiram as asas dos insetos, fritam e os vendem para o público. “Nós só tiramos as asas e fritamos os gafanhotos em óleo vegetal”, conta Esther Daniel, uma das clientes de Ibrahim. “Depois vendemos como petisco, junto com uma farofa com pimenta e sal chamada vaji”. “Nós gostamos dos gafanhotos porque são saborosos e nutritivos. Na verdade, parecem camarões”, conta uma admiradora do prato, Judith Passo. “As pernas são a melhor parte. São elas que fazem com que as pessoas chamem os gafanhotos de ‘camarões do deserto'”, diz ela, rindo.
O dia em que Muhammad Ali enfrentou (e derrotou) o Super-Homem
O ano é 1978 e Muhammad Ali se prepara para subir no ringue e medir forças com o mais poderoso homem da Terra. Na plateia, uma audiência para lá de VIP: estão ali os Beatles, o artista plástico Andy Warhol e ninguém menos que Batman.
Em 1978, Ali ainda era o campeão mundial dos pesos-pesados Todos vieram para ver Ali enfrentar o Super-Homem. A imagem está imortalizada na capa de Super-Homem v Muhammad Ali, uma edição especial da revista em quadrinhos do "Homem de Aço". A ilustração viralizou desde a última sexta-feira, quando foi anunciada a morte do ex-pugilista americano, considerado por muitos como o maior atleta do século 20. A história por trás da idealização desse confronto imaginário revela muito sobre a história contemporânea dos EUA. A reprodução da capa não demorou para viralizar "Quando dois desenhistas americanos, Jerry Siegel and Joe Shuster, criaram o Super-Homem (nos anos 30), inicialmente como um vilão, eles não tinham a menor ideia de que em apenas três meses estariam vendendo um milhão de cópias de suas histórias. Os americanos queriam super-heróis", contou Neal Adams, desenhista da icônica capa e corroteirista de Muhammad Ali v Super-Homem, em entrevista à BBC. Fim do Talvez também te interesse Adams relatou que a ideia de colocar o titã da vida real e o personagem de ficção no ringue veio de um editor da DC Comics, Julius (Julie) Schwartz. "Estávamos em uma reunião editorial e o Julie veio com a ideia." Controvérsia Em 1978, Ali já não estava mais no auge, mas ainda fazia história nos ringues - naquele ano, conquistaria pela terceira vez o título mundial dos pesos-pesados, um recorde na época. A premissa idealizada por Adams era que a luta ocorreria a partir de uma invasão alienígena: a raça Scrub desafiou os terráqueos a enfrentar seu campeão. Se o representante terráqueo perdesse, o planeta seria destruído. Recrutar o Super-Homem parecia lógico, mas na história Ali defendeu o argumento de que ele mesmo seria o representante ideal, especialmente porque o super-herói também era alienígena - nascido no planeta Krypton. E também reclamou da desvantagem para o "Homem de Aço", cujos poderes vêm da luz do sol. A solução foi realizar um tira-teima em campo neutro e iluminado por uma estrela que transformou o Homem de Aço em um mero mortal. E a imagem abaixo mostra quem levou a melhor... Para equilibrar luta com Ali, Super-Homem precisou lutar sem poderes A história foi publicada em fevereiro de 1978, sete meses antes de Ali arrebatar o cinturão dos pesos-pesados pela última vez, derrotando Leon Spinks. Mas o pugilista não era uma figura heróica para todos os americanos. Ali tinha causado imensa controvérsia ao se opor publicamente à Guerra do Vietnã, o que incluiu uma recusa em aceitar a convocação para o exército. É bastante possível que os militares americanos fossem usar o esportista como garoto-propaganda e jamais colocá-lo em situações de combate, mas Ali nem quis ouvir a proposta. Em 1967, quando os protestos contra a intevenção militar no Sudeste Asiático não eram significativos, as declarações de Ali causaram polêmica, ainda mais porque ele havia ainda se convertido ao islamismo. Nem mesmo o fato de que mais de dez anos tinham se passado quando a DC Comics publicou a revista fez com que a decisão de ter Ali lutando contra um homem branco tão simbólico como o Super-Homem fosse menos audaciosa, na opinião de Adams. "Retratar Ali no mesmo nível do Super-Homem foi um ato político sutil", diz. Adams desenhou a icônica capa Há rumores de que os quadrinistas precisaram lidar com o conhecido ego de Ali, principalmente com sugestões editoriais como a de que, na história, ele descobriria a identidade secreta do Homem de Aço. Adams nega isso. Oficialmente, o único pedido mais fora do comum feito pelo boxeador foi que a equipe da DC Comics aprovasse a história com o líder espiritual de Ali, o imã Elijah Muhammad. Quando derrotou Spinks em setembro daquele ano, Ali deu uma entrevista coletiva em que recomendou aos presentes que comprassem Ali v Super-Homem. "Acabamos publicando a revista em todos os países democráticos do mundo", diz Adams. Ali teria tentado "descobrir" identidade secreta do Homem de Aço "Até hoje encontro em convenções de quadrinhos fãs negros que trazem cópias da revista para que eu autografe. É algo que ainda me emociona muito." Segundo o artista, Ali teria gostado da história e mesmo mostrado-a para amigos. Mas Adams lembra mesmo é do dia em que chegou perto do pugilista para tirar uma foto, momentos depois da luta com Spinks. "Pus a mão em seu ombro e ele parecia feito de pedra. Ali irradiava poder e vigor." A propósito: na história, Ali também derrota o campeão alienígena. Por nocaute no quarto round.
Barroso retira nova Comissão Européia 'na última hora'
O futuro presidente da Comissão Européia, o português José Manuel Durão Barroso, desistiu da equipe que tinha indicado para formar a comissão apenas uma hora antes da votação no Parlamento europeu.
Parlamentares ameaçaram vetar a nova comissão se ela incluísse o italiano Rocco Buttiglione, que manifestou opiniões polêmicas sobre gays e mulheres. "Preciso de mais tempo para analisar a questão, consultar o Conselho, o Parlamento e buscar apoio para o novo projeto", disse Barroso na sede do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, na França. "Cheguei à conclusão de que, se a eleição acontecesse hoje, o resultado não seria do interesse das instituições européias nem do público europeu", completou. Reuniões Barroso se reuniu por uma hora na manhã desta quarta-feira com líderes dos três principais grupos, o Socialista, o Liberal e o Popular. "Acredito que podemos atingir um acordo nas próximas semanas", disse Barroso, que foi bastante aplaudido. O italiano Buttiglione, indicado Comissionário da União Européia para Justiça e Assuntos Domésticos, declarou recentemente que o homossexualismo é um pecado e que mulheres solteiras são mães ruins. O vice-ministro das Relações Exteriores holandês, Atzo Nicolai, disse que a atual equipe de comissários, liderada por Romano Prodi, permanecerá no cargo até que a composição da nova comissão seja finalizada.
Airbus inaugura linha de montagem de superjumbo
A Airbus começou a montagem do A380, o superjumbo de 555 lugares, nesta sexta-feira em Tolouse, na França.
A aeronave será o maior avião do mundo e pode revolucionar a aviação comercial. O primeiro vôo do A380 deve acontecer em 2005 e, em 2008, a produção deve chegar a quatro unidades por mês. A nova aeronave atraiu pedidos de 11 companhias aéreas internacionais, com um total de 129 encomendas até o momento. Mercado Nos últimos tempos, houve um grande aumento na demanda de viagens aéreas. Isso permite que as companhias usem aviões maiores que o Boieng 747, com cada vez menos receio de que eles possam decolar vazios. O tamanho do A380 significa que ele tem um terço a mais de lugares para passageiros do que o Boieng 747, o que fará com que menos vôos sejam necessários para transportar o mesmo número de pessoas. E como vagas para decolar e pousar em grandes aeroportos estão muito concorridas, isso seria uma vantagem. A Airbus também ressalta as vantagens do A380 para o meio ambiente. Segundo a empresa, ele é mais econômico que seus concorrentes. O A380 deve voar entre 60 grandes aeroportos de todo o mundo. Devido ao tamanho da aeronave, nem todos os aeroportos têm infra-estrutura para recebê-la. Ou seja, passageiros que quiserem chegar a cidades pequenas terão de fazer conexões. As companhias aéreas terão de convencer os passageiros a voar com outras 500 pessoas. A aeronave terá ainda quatro corredores e, quanto mais passageiros, maior a possibilidade de atrasos. E isso pode ser um problema, ainda mais agora que os procedimentos de segurança antes de embarcar aumentaram. Fonte E talvez, para evitar críticas de que seu novo avião será muito apertado, a Airbus promoveu o A380 como uma maneira luxuosa de se viajar, com a possibilidade de abrigar lojas, chuveiros, bares e bibliotecas. O modelo em tamanho natural em exposição em Toulouse, na França, tem até mesmo uma fonte dentro do avião. Há espaço para tudo isso, mas é possível que as companhias aéreas o ocupem com mais poltronas. A Boeing, criadora do 747, decidiu oferecer às companhias aéreas um modelo alternativo. Ao invés de construir aviões grandes, ela optou pelo 7E7 Dreamliner, que foi lançado em abril. O Dreamliner foi desenhado para substituir os atuais 757 e 767 que estão ficando velhos. Por ser menor, transportando de 230 a 300 passageiros, é mais flexível do que o A380. A Boieng acredita que o 7E7 pode servir tanto rotas curtas quanto longas. Isso será uma vantagem para as companhias aéreas que queiram fazer viagens para destinos não tão concorridos, permitindo que passageiros voem direto, sem a necessidade de conexões. A primeira encomenda do 7E7 foi feita pela companhia aérea All Nippon, do Japão. As companhias japonesas têm sido as mais relutantes em encomendar o A380.
Polícia é chamada depois de briga em Big Brother britânico
A polícia na Grã-Bretanha analisou videotapes do programa Big Brother em exibição na TV britânica para verificar a ocorrência de algum crime depois de uma briga, nesta semana, entre alguns dos participantes que estavam embriagados.
Segundo a agência de notícias Associated Press, vários telespectadores que assistiam ao show de madrugada, quando o incidente ocorreu, telefonaram para a polícia quando ouviram, na televisão, insultos, ameaças e ruído de coisas sendo atiradas pela casa de Big Brother por participantes. Este é o mais recente de uma série de incidentes polêmicos nesta, que é a quinta edição do programa a ser veiculada no país. Nas últimas três semanas, houve nudez, "guerra" de comida e supostos contatos sexuais entre os participantes. A primeira pessoa a sair da casa de Big Brother foi expulsa porque pichou as paredes e se recusou a cumprir con as regras acertadas com os produtores do programa. O comportamento é novo para o público britânico, acostumado às amenidades das séries anteriores do programa. Mas em outros países, a forma como participantes se comportaram causou controvérsia. Faca Nos Estados Unidos, na segunda edição do programa, veiculada em 2001, o participante Justin Sebik foi expulso da casa depois que ameaçou outra participante, Krista Stegall, com uma faca. Os dois se beijavam na casa quando ele encostou a faca em sua garganta e disse: "Você ficaria brava se eu simplesmente a matasse?" Stegall processou depois a rede de televisão CBS, que transmite o programa nos Estados Unidos. Na Austrália, o programa ganhou destaque depois que um participante retirado da casa fez uma manifestação política. Merlin Luck, de 24 anos, passou o show inteiro em que falaria sobre sua permanência na casa calado, com a boca tapada por fita adesiva e segurando uma faixa que dizia: "Libertem os refugiados". Valores islâmicos A versão árabe de Big Brother foi suspensa antecipadamente no começo deste ano depois de protestos religiosos contra o show. A casa, Em Bahrain, mostrou dormitórios e salas de oração separadas para homens e mulheres mas, mesmo assim, foi criticada por governos e por espectadores queixosos de que o show minava valores islâmicos tradicionais. A gota d'água para o fim do programa ocorreu quando mil manifestantes tentaram invadir a casa de Big Brother e um participante saudita começou a se exibir alegando que conseguira acesso aos aposentos das mulheres.
Homens que pagam por sexo têm parceiras, diz estudo
Quase metade dos homens que pagam para ter sexo tem um relacionamento, segundo uma pesquisa realizada por uma organização da Escócia.
A Iniciativa Sandyford, de Glasgow, analisou os dados de 2,5 mil homens que compareceram a uma clínica que trata de doenças sexualmente transmissíveis. Um em dez disse que já havia pago por sexo. Destes, cerca de um em quatro disse ter usado os serviços de uma prostituta com frequência, 43% disseram ter um relacionamento fixo e 20% tinham uma doença sexualmente transmissível. As informações foram coletadas entre outubro de 2002 e fevereiro de 2004 e foram publicadas na revista especializada Sexually Transmitted Infections. Os pesquisadores disseram que o número de homens que pagam por sexo pode ser bem maior. Eles decobriram que mais da metade dos que admitiram tendo relações sexuais com prostitutas haviam pago pelo serviço no exterior, enquanto 40% afirmaram que haviam feito na Grã-Bretanha. Pouco menos de 2% disseram já ter pago por sexo no território britânico e em outros países. Sexo sem proteção é uma prática rara, segundo o estudo, mas é mais comum entre homens que tiveram relações sexuais com prostituta no exterior. E mais de metade (56%) dos homens que admitiram ter tido relações sem proteção tinham uma parceira fixa. O número de homens que procuram por sexo pago nas ruas e o daqueles que vão a casa específicas são parecidos. Os pesquisadores afirmam que isso sugere que é preciso haver uma mudança na maneira como as campanhas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis são feitas, já que normalmente o trabalho é feito nas ruas. Entre as doenças encontradas estavam gonorréia, clamídia e sífilis, mas nenhum deles era portador do HIV. Tendência Peter Baker, da organização Men's Health Forum, enfatizou que o número de homens que pagam para ter sexo na população em geral deve ser menor do que o registrado pelo pesquisa. Mas ele afirmou que os dados aparentemente confirmam uma tendência de aumento no número de homens que procuram por prostitutas. "Parcialmente isso se deve a uma crescente instabilidade e fragilidade das relações", afirmou. "Isso também pode ser atribuído ao fato de que muitos homens estão sofrendo altos níveis de stress, ansiedade e depressão, mas são relutantes e procurar por ajuda", disse. "O que eles fazem é procurar alívio no álcool, nas drogas e no sexo", completou. Baker também afirmou que existe hoje um preconceito menor em relação a pagar por sexo e que a internet pode estar ajudando a incentivar tal comportamento. "Há uma necessidade de educar homens e trabalhadores de saúde pública sobre sexo seguro", afirmou. "Nós temos que lidar com o fato de que muitos homens irão em algum momento pagar por sexo e que eles precisam saber mais sobre preservativos, como fazer sexo oral e como acessar os serviços de saúde", completou.
Mulher de 95 anos é acusada de auxiliar genocídio nazista
Uma mulher de 95 anos que trabalhou para o comandante de um campo de concentração nazista foi acusada, no norte da Alemanha, de ter auxiliado e sido cúmplice de assassinato em massa.
O que restou do campo de Stutthof é agora um memorial para as vítimas Chamada pela imprensa de Irmgard F., ela é moradora de um lar para idosos em Pinneberg, próximo a Hamburgo. Ela é acusada de ter sido cúmplice em "mais de 10 mil casos" de homicídio. Ela foi secretária do comandante da SS (sigla para Schutzstaffel, uma organização paramilitar ligada ao Partido Nazista alemão e a Adolf Hitler) em Stutthof, um brutal campo de concentração localizado próximo à cidade polonesa de Danzigue. Nesse campo, 65 mil prisioneiros foram mortos durante a Segunda Guerra Mundial. O papel de Irmgard F. no genocídio ainda está sendo investigado e ainda não está claro se ela será levada a julgamento. O campo de Stutthof foi criado em 1939, em uma área que então era pertencente à Polônia e estava sob ocupação nazista. Câmaras de gás passaram a ser utilizadas ali a partir de junho de 1944. O local foi libertado por tropas soviéticas em maio de 1945, próximo ao fim da guerra. Fim do Talvez também te interesse Cerca de 100 mil prisioneiros foram mantidos em Stutthof em condições desumanas. Muitos morreram de doenças ou de fome, alguns foram levados à câmara de gás e outros receberam injeções letais. Muitas das vítimas eram judeus, mas também foram mortos poloneses não judeus e soldados soviéticos capturados. Um tribunal em Eslésvico-Holsácia, na região norte da Alemanha, deve agora decidir se o caso da ex-secretária deve ser levado a julgamento. À época dos crimes, ela tinha menos de 21 anos, sendo considerada menor de idade pela legislação local — portanto o tribunal responsável pelo caso é um tribunal para menores. A ex-secretária alega que nunca soube que as pessoas estavam sendo mortas em uma câmara de gás no campo de concentração. Corpos das vítimas eram queimados em crematórios nos próprios campos Caso raro O caso é incomum pois pouquíssimas mulheres foram julgadas pelas atrocidades cometidas em campos de concentração nazistas. E a maioria dos casos levados a julgamento tem como foco guardas dos campos de concentração e não secretárias, segundo informações do jornalista da BBC Damien McGuinness, em Berlim. Promotores interrogaram Irmgard F. e começaram a investigar seu passado na SS em 2016. Um promotor também entrevistou sobreviventes de Stutthof que vivem atualmente em Israel, segundo informações da rede pública de televisão alemã ARD. Ela é acusada de "auxiliar e ser conivente com assassinatos em mais de 10 mil casos", e de ser cúmplice em tentativas de assassinato. A acusação diz que ela "ajudou os responsáveis pelo campo no assassinato sistemático de prisioneiros judeus, membros da resistência polonesa e prisioneiros de guerra soviéticos, em sua função como estenógrafa e secretária do comandante do campo" entre junho de 1943 e abril de 1945. O ex-comandante Paul Werner Hoppe recebeu uma sentença de nove anos de prisão em 1957. No ano passado, Bruno Dey, de 93 anos e ex-guarda de Stutthof, teve suspensa uma sentença de dois anos de prisão por conivência com assassinato em massa. Em seu julgamento, ele pediu desculpa às vítimas do Holocausto. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Meirelles diz que existe tendência de redução dos juros
O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse nesta terça-feira em Nova York que "existe hoje uma tendência de redução dos prêmios de risco (juros)" da economia brasileira.
Indagado sobre declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que gostaria de ver taxas de juros mais baixas, Meirelles disse que “não só o presidente Lula, mas todos nós gostaríamos de conviver com taxas mais baixas”. "O BC toma a decisão tecnicamente correta. Não vou falar mais disso por uma questão de governança, uma vez que a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) será publicada na próxima quinta-feira.” Meirelles disse que as altas taxas de juros são uma “conseqüência direta” da relação entre a dívida e o PIB (Produto Interno Bruto), que fechou na casa de 50,9% no último mês de junho. O presidente do BC observou que esta é uma taxa ainda muito alta, mas que ela vem caindo nos últimos tempos. Em setembro de 2002, no auge da crise cambial que precedeu a eleição de Lula, a relação entre a dívida líquida pública e o PIB alcançou 62%. Vantagem da crise Questionado numa entrevista coletiva sobre os efeitos da crise política sobre a economia, Meirelles afirmou que a crise é "certamente um dado extremamente negativo", mas, por outro lado, segundo ele, serve para mostrar a menor vulnerabilidade da economia brasileira. "Um lado mais positivo é o fato que isso mostra que o país tem capacidade de enfrentar essas crises porque tem uma economia menos vulnerável que no passado." Ao comentar a possibilidade de que a crise venha a adiar decisões de investidores e empresários, Meirelles disse que até agora “os indicadores cotinuam positivos, as vendas continuam a crescer. O Brasil já saiu da fase de entrar numa crise de balanço de pagamentos, mas é claro que quanto mais rápido a crise passar, melhor.” Horas antes, diante de uma platéia de investidores em Nova York, ele havia declarado que a "economia brasileira nunca foi tão resistente". "A consistência da política econômica do governo tem possibilitado ao Brasil uma performance positiva mesmo em tempos de adversidades." Em relação à afirmação feita na semana passada pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, de que a economia brasileira poderia crescer até 5% em 2006, Meirelles disse que o BC ainda não tem uma projeção oficial de crescimento para o ano que vem. Para 2005, o presidente do Banco Central reafirmou a previsão de 3,4%. Quando questionado sobre a possibilidade de o BC modificar as normas do sistema financeiro para prevenir crimes como os que têm sido revelados pelo chamado escândalo do Mensalão, Meirelles afirmou que o BC tem mantido uma “fiscalização rigorosa e que muito daquilo que está sendo revelado é resultado de mudanças normativas que ocorreram durante esta administração”.
Ataque a delegacia ao sul de Bagdá mata 4, diz polícia
Um grupo de insurgentes armados atacou uma delegacia na cidade de Midain, cerca de 20 quilômetros ao sul de Bagdá, matando quatro policiais na madrugada desta quarta-feira, de acordo com a polícia do Iraque.
Os homens teriam lançado granadas e morteiros contra o prédio, em um ataque semelhante ao que aconteceu na terça-feira na cidade de Miqdadiya, em que 18 pessoas morreram. Um dos mortos do último ataque teria sido o coronel Ahmed Jabar, diretor de uma "unidade de estabilidade" baseada na delegacia de Midain, segundo a agência de notícias Reuters. A cidade é considerada uma área de instabilidade, com sua população dividida entre xiitas e sunitas. Freqüentemente, as tensões religiosas acabam em violência. Ataques às forças de segurança também seriam comuns na região. Depois do atentado, a polícia teria feito uma grande operação na cidade e detido vários suspeitos. Entre eles estaria um sírio que tinha vários folhetos do líder extremista Musab Al-Zarqawi, de acordo com a agência Reuters. No ataque de terça-feira, a maior parte dos mortos também seriam policiais. O ataque também aconteceu durante a madrugada. O grupo teria chegado em carros civis e atacado, além da delegacia, o fórum e a prefeitura. A ação teria durado cerca de uma hora e só foi interrompida pela chegada de helicópteros americanos, de acordo com fontes policiais citadas pela agência de notícias AFP. Na segunda-feira, a invasão do Iraque liderada pelos Estados Unidos completou três anos.
Pessoas com 'piercing íntimo' sofrem em silêncio, diz estudo
Muitas pessoas que passam por problemas de saúde depois de fazerem um piercing em partes íntimas sofrem em silêncio, sem procurar ajuda médica, de acordo com uma pesquisa da Universidade Carlow, em Pittsburgh.
Os pesquisadores estudaram 146 homens e mulheres com piercings genitais e nos mamilos. Eles descobriram que a maioria teve problemas como infecções e mudança no fluxo urinário, mas apenas 3% procuraram um profissional de saúde. As conclusões da pesquisa foram publicadas no Journal of Advanced Nursing. Irritação Entre os participantes do estudo, 43% tinham piercings nos mamilos, 25% na região genital, e 32% em ambos. A equipe de cientistas descobriu que 66% dos que tinham piercing nos mamilos, e 52% dos que tinham piercing genitais apresentaram problemas de saúde. Os problemas mais comuns resultantes de piercings nos mamilos foram sensibilidade (37%), irritação na pele (21%) e infecções (21%). Para os homens com piercing genital, os problemas que mais ocorreram foram mudança no fluxo urinário (39%) e sensibilidade (31%). Mais da metade das pessoas (54%) discutiu os problemas com os profissionais que fizeram os piercings, mas apenas uma pequena fração procurou ajuda médica. Apesar dos problemas, a maioria das pessoas gostava de seus piercings - entre 73% e 90%, dependendo do tipo de adorno - e 87% disseram que seus parceiros se mostraram receptivos. "Precisamos encorajar as pessoas com piercings a procurar ajudar", disse Carol Caliendo, da Universidade Carlow. "Estamos particularmente preocupados com as mudanças no fluxo urinário relatadas por homens", afirmou. Embaraço Kathy French, uma conselheira de saúde sexual do Royal College of Nursing, disse que as pessoas interessadas em ter um piercing só deveriam procurar profissionais registrados. "Existe provavelmente um certo nível de embaraço sobre os problemas que podem ocorrer, e também provavelmente alguma ignorância entre os profissionais de saúde", disse. "Precisamos nos conscientizar sobre o problema. E não só sobre as coisas que podem dar errado." "Por exemplo, há dúvidas sobre se é seguro usar preservativos se você tem um piercing genital", afirmou.
Broncodilatadores aumentam risco de problemas cardíacos, diz estudo
Broncodilatadores anticolinérgicos usados para tratar doenças pulmonares e respiratórias crônicas podem aumentar o risco de problemas cardíacos fatais, segundo um estudo recente realizado por pesquisadores americanos e britânicos.
Testes realizados com mais de 15 mil pacientes indicaram que esses remédios aumentam o risco de ataques cardíacos, derrame e morte cardiovascular em 58%. Os testes foram feitos com os remédios Atrovent e Spiriva, usados por pacientes com doença pulmonares obstrutiva crônica (DPOC) - bronquite crônica e enfisema - para respirar melhor. O estudo dos pesquisaodres da Wake Forest University School of Medicine, nos Estados Unidos, e da University of East Anglia, na Grã-Bretanha, foi publicado na revista acadêmica Journal of the American Medical Association. Mas os cientistas também disseram que os riscos devem ser medidos contra os benefícios oferecidos por esses remédios, que melhoram a qualidade de vida dos pacientes ao prevenir, por exemplo, que eles tenham de ser hospitalizados. "O risco é relativamente pequeno - cerca de 3% dos usuários passam a ter problemas - mas é um risco sério. Se você tem uma história de problemas do coração ou um alto risco de desenvolver esse tipo de doença, você pode pedir para que seu médio receite um remédio que não seja anticolinérgico", disse o pesquisador Yoon Loke. Ele enfatizou que a grande maioria das pessoas com DPOC são ou foram fumantes e têm maior risco de ataques cardíacos, mas o estudo atual não conseguiu determinar se esse fator de risco teve influenciou no resultado. Debate A equipe de Loke começou a investigar esses remédios depois que seu fabricante, a empresa Boehringer Ingelheim, alertou a agência americana responsável por fiscalizar alimentos e medicamentos, a Food and Drug Administration, para um maior risco de derrame com o uso do medicamento Spiriva. A Boehringer Ingelheim, entretanto, disse que discorda dos resultados mais abrangentes do estudo. Segundo a empresa, seus testes mais recentes com 19.545 pacientes "demonstraram que não há um maior risco de morte em geral (por qualquer causa) ou morte provocada por problemas cardiovasculares" com o uso do Spiriva. O presidente da British Lung Foundation, Keith Prowse, disse que "agentes anti-colinérgicos são muito importantes para um grande número de pessoas com DPOC". "O estudo mostra um possível risco de ataques cardíacos associados com o medicamento, mas os autores reconhecem que não há dados suficientes que permitam uma análise completa de outros fatores de risco, incluindo hipertensão e problemas do coração já existentes, então mais estudos são necessários para estabelecer o nível preciso de risco", afirmou. Judy O'Sullivan, enfermeira da British Heart Foundation, disse que "pacientes com DPOC que se beneficiam de anti-colinérgicos não devem parar de usá-los com base apenas nesse estudo." Elaine Vickers, da Asthma UK, também ressaltou que a pesquisa "envolveu apenas pacientes com DPOC que, ao contrário de pessoas com asma, têm danos irreparáveis nas vias respiratórias." "O estudo analisa, especificamente, remédios não usados comumente para tratar asma e, se você tem asma, é importante que você tome os remédios receitados", afirmou. Todos os especialistas ressaltaram que pacientes devem discutir qualquer preocupação com seu médico.
‘Minha vida mudou quando meu irmão desapareceu'
"Eu não consigo respirar, eu não consigo respirar." Essas foram as últimas palavras que Sitanan Satsaksit ouviu seu irmão dizer.
Sitanan celebra aniversário de de 38 anos de Wanchelearm em frente à embaixada do Cambodja em Bangkok, em 11 de agosto Eles estavam se falando ao telefone na noite de 4 de junho quando o irmão pediu que aguardasse um pouco na linha. Em seguida, Sitanan ouviu um estouro. “No início eu achei que fosse um acidente de carro”, relatou à BBC. Depois ela começou a ouvir seu irmão e outros homens gritarem em Khmer, uma língua que ela não entende. Seu irmão, Wanchalearm, conhecido também como Tar, estava comendo em uma barraca em frente à sua casa na capital cambojana, Phnom Penh. Ele fugiu para lá depois que as autoridades da Tailândia pediram sua prisão por contestar com uma sátira a junta militar que chegou ao poder em 2014 por meio de um golpe. Fim do Talvez também te interesse Mas Wanchalearm não havia batido o carro. Ele estava sendo sequestrado. Desaparecimento Testemunhas relataram ter visto um grupo de homens armados colocando Wanchalearm em um SUV preto sob a mira de armas. Confusa e apavorada, Sitanan pôde ouvir a voz abafada de seu irmão por mais 30 minutos. Depois a linha ficou muda. "Vinte minutos depois, uma amigo de Wanchalearm me ligou para dizer: 'Fique calma, irmã, Tar foi sequestrado'.” Wanchalearm Satsaksit, 37, não é visto desde então. Ele foi o nono crítico do governo militar da Tailândia que estava no exílio e desapareceu em circunstâncias misteriosas nos últimos anos. Testemunhas afirmam que Wanchelearm foi arrastado para este veículo, flagrado por câmera de segurança A partir daquele dia, a vida de sua irmã, uma executiva de 48 anos de Bangkok, mudaria para sempre. Inseparáveis Sitanan era incrivelmente próxima de seu meio-irmão Wanchalearm. Eles pertencem a uma família de classe média, liderada por uma viúva de 63 anos (madrasta de Sitanan) com filhos de dois casamentos. A irmã mais velha e seu irmão eram quase inseparáveis desde a infância, entre outros motivos porque sua mãe sobrecarregada estava sempre ocupada colocando comida na mesa, e Sitanan foi forçada a se tornar a figura da mãe do dia a dia para seus irmãos mais novos. Décadas depois, voltar a falar com Tar foi particularmente especial para Sitanan, já que seu irmão passou dois anos escondido antes de ressurgir em Phnom Penh e voltar a ter contato com sua família. Ativista criticava Prayuth Chan-ocha, que liderou golpe militar de 2014 Perigos do exílio Wanchalearm foi apenas um dos muitos exilados tailandeses que se manifestaram contra o governo militar a partir da suposta segurança de estar em outro país. Mas, na realidade, fazer isso está se tornando cada vez mais perigoso. Pelo menos oito outros ativistas pró-democracia desapareceram desde o golpe de 2014. Os corpos dos exilados Chatcharn Buppawan e Kraidej Luelert foram encontrados mutilados e preenchidos por concreto na fronteira do rio Mekong com o Laos no ano passado. O Exército tailandês afirma não saber o que aconteceu. Jakrapob Penkair, que serviu como porta-voz do governo sob Thaksin Shinawatra (o último primeiro-ministro antes do golpe), vive no exílio desde 2009 depois de dizer que recebeu uma dica de que estava para ser morto. Ele conhece Wanchalearm há muitos anos. Em entrevista à BBC a partir de um local não revelado, Jakrapob disse que ficou chocado com o desaparecimento de seu amigo devido à natureza de seu ativismo. Para ele, dificilmente Wanchalearm ainda está vivo. “Acho que a mensagem é: 'Vamos matar essas pessoas. São pessoas de fora, são pessoas diferentes de nós e deveriam ser mortas para trazer a Tailândia de volta à normalidade'”, diz ele. Deixando o ativismo “A última vez que nos encontramos foi na África do Sul em 2018. Depois, mantivemos contato por meio de aplicativos”, relembrou Sitanan em entrevista à BBC Thai. Wanchalerm Satsaksit planejava abandonar o ativismo contra o governo militar de seu país Ela havia discutido com o irmão se ele deveria pedir asilo na França, conforme sugerido por simpatizantes, mas juntos decidiram que seria melhor para ele permanecer no Camboja, o que lhe permitiria mais oportunidades para o futuro. "Ele disse que não queria viver uma vida monótona e ociosa na Europa", disse Sitanan. No Camboja, seu irmão conhecia empresários, tinha contatos importantes e pretendia encerrar as atividades que tanto irritaram as autoridades tailandesas. “Seguindo o meu conselho, ele estava prestes a deixar de ser um ativista para sempre e procurava construir seu futuro nos negócios”, diz ela. "Fiquei tão aliviada." Família no limbo O desaparecimento de Wanchalearm abalou a família, tomada agora por tristeza, solidão e depressão. Os irmãos mais novos de Sitanan, um bancário e um médico, querem muito ajudar a procurá-lo, mas os empregos não deixam brecha de tempo. A mãe, aflita, diz que não suportaria perder outro filho. “Não dá para saber a dor e o sofrimento, a menos que seja você vivendo essa realidade terrível. A dor é insuportável. Já choramos inúmeras vezes”, diz Sitanan. Antes do desaparecimento do irmão, ela era uma incorporadora de imóveis cujos objetivos na vida eram claros e simples: trabalhar duro, economizar dinheiro e gastá-lo em tranquilidade e viagens. Mas agora a vida pacata é coisa do passado para ela, que colocou seu negócio e sua carreira de lado enquanto se dedica a encontrar seu irmão e dar seguimento a seu ativismo. "Se eu estiver com medo, o que Tar fez arriscando seu futuro e sua vida seria em vão. Então, agora estou abertamente levando adiante sua intenção. O que Tar fez é uma inspiração para eu lutar porque o que ele fez foi a coisa certa." Desaparecimento de ativistas gera revolta na Tailândia Ela vasculha constantemente as redes sociais em busca de notícias sobre seu irmão. “No dia seguinte ao do desaparecimento dele, peguei meu telefone e baixei o Twitter. Logo pela manhã, leio todos os tuítes, procurando por notícias ou desdobramentos de seu desaparecimento ou notícias de outros ativistas que estão cobrando as autoridades para investigar o caso." Ela fala regularmente em fóruns públicos e se esforça para divulgar o desaparecimento de seu irmão e apoiar o trabalho realizado por ativistas de direitos humanos. “Só recentemente percebi que a Tailândia tem quase 90 casos de desaparecimento forçado, um número realmente alarmante, pelo menos nove dos quais aconteceram após o golpe de 2014”, disse ela. Nova vida, novos amigos Todas essas mudanças custaram a Sitanan amigos e colegas. Alguns a evitam porque se preocupam com seu próprio bem-estar. Embora diga que sua família nunca recebeu ameaças de qualquer tipo, ela afirmou se manter alerta e precavida sobre sua segurança, após ouvir de outros ativistas que pode se tornar um alvo. Daí também surgiram novos amigos entre os companheiros ativistas, defensores dos direitos humanos, advogados e famílias de desaparecidos políticos. "Tive a oportunidade de conhecer a esposa e as mães de três vítimas e imediatamente senti que estava na mesma situação. Este destino compartilhado está além das palavras, e apenas nos abraçamos e choramos sempre que nos encontramos. A mãe de uma das vítimas diz repetidamente que está pronta para fazer tudo o que puder para lutar pelos direitos de todas as vítimas de desaparecimento." Luta Os esforços de Sitanan para encontrar seu irmão desaparecido envolveu diversas agências estatais da Tailândia, mas ela afirma só ter recebido respostas vazias. A publicidade que sua iniciativa gerou atraiu o apoio de organizações como Human Rights Watch, iLaw e Anistia Internacional, que ampliaram a pressão sobre autoridades da Tailândia e do Camboja. Cartazes com foto do ativista foram espalhadas nas redondezas de onde ele desapareceu Sitanan passou os últimos dois meses em contato com um advogado cambojano que entrou com uma petição para investigar e prender os homens armados que sequestraram Wanchalearm. "Esta não é uma briga, longe disso, porque não sei quem vou enfrentar. Só tento dar o meu melhor para encontrar o meu irmão", diz Sitanan. Ela compreende, no entanto, o quão improvável é que ele seja encontrado vivo. Wanchalearm está desaparecido desde o início de junho, e Sitanan acredita que ele provavelmente está morto, mas tem esperança de que seu corpo possa ser encontrado e ter um funeral adequado. As autoridades locais no Camboja ainda estão investigando o caso. A reportagem foi publicada originalmente pela BBC Thai, com colaboração de George Wright e Issariya Praithongyaem. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Não há brasileiros entre vítimas, dizem embaixadas
As embaixadas do Brasil em Islamabad e Nova Déli disseram que não há notícias de vítimas brasileiras da destruição causada pelo terremoto que atingiu a região no sábado.
No Paquistão, onde o número de vítimas fatais é estimado em mais de 20 mil, todos os brasileiros residentes no país foram contatados pela embaixada em Islamabad. "São menos de 30 brasileiros", contou à BBC Brasil o encarregado de Negócios da Embaixada, Luis Otávio Ortigão de Sampaio. "Eles moram nas cidades maiores, como Islamabad, Lahore e Karachi, que foram pouco atingidas pelo terremoto", disse ele. "Todos estão bem, ninguém foi afetado pelo terremoto". As embaixadas nacionais no Paquistão e na Índia não foram contatadas por nenhuma vítima. "A única possibilidade de haver um brasileiro entre as vítimas agora é se for um turista, alguém que estivesse viajando pelo país", disse Sampaio. "Mas as possibilidades são bem pequenas. As regiões mais afetadas, como a Caxemira, não são regiões que atraem turistas", disse ele. "Até agora recebemos apenas um telefonema de uma pessoa no Brasil, perguntando por uma tia, que foi encontrada". A Embaixada em Nova Déli, na Índia, informou à BBC Brasil que não tinha informações de brasileiros entre as vítimas do terremoto no país. "A região mais atingida na Índia foi a Caxemira, e não temos registros de brasileiros que vivam por ali", disse uma funcionária da Embaixada.
Dentistas usam técnicas 'humanas' para tratar dente de elefante
Um elefante indiano com dente rachado foi tratado por dentistas do Estado de Kerala, numa operação inédita e, segundo os especialistas, bem-sucedida.
Rachadura no dente poderia causar infecção, diz dentista O procedimento em Devidasan, um elefante de 27 anos, envolveu 47 tubos de resina especial, usada para preencher uma rachadura de 50 cm de altura e 4 cm de profundidade na presa do animal. A operação durou duas horas e meia, e Devidasan não recebeu tranquilizantes. Mas o animal “cooperou”, disse à BBC o dentista CV Pradeep. O especialista contou que resolveu realizar o procedimento depois de descobrir que a rachadura na presa do animal poderia ser tratada de forma semelhante a problemas em dentes humanos. Mas “foi literalmente uma tarefa de elefante, porque tivemos que encontrar equipamentos especializados e adaptá-los”, relatou Pradeep. “A maior diferença entre (o procedimento) e os similares feitos em humanos é que não pudemos usar imagens de raio-x, porque nenhum de nossos equipamentos era grande o suficiente para o elefante.” Segundo o dentista, a rachadura no dente causava incômodo e, se continuasse sem tratamento, poderia resultar em uma infecção potencialmente fatal em Devidasan. O dono do elefante também estava ansioso para que o tratamento fosse realizado – o dente rachado inviabilizava a participação de Devidasan em festivais hindus. Agora, o animal já está fazendo aparições em eventos em templos em todo o Estado.
Pinochet perde imunidade por desvio de fundos
A Suprema Corte do Chile decidiu nesta sexta-feira que o ex-presidente do Chile, general Augusto Pinochet, pode ser processado por malversação de dinheiro público.
Confirmando sentença de uma instância mais baixa, os juizes aceitaram um pedido para a suspensão da imunidade de Pinochet, que governou o país de 1973 a 1990. A promotoria diz que a sua investigação é sobre milhões de dólares que o ex-dirigente militar manteve em contas bancárias no exterior. Em um outro desdobramento, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, pediu que seja revelada a verdade sobre a morte, durante o regime militar, de um de seus antecessores, Eduardo Frei. Na quinta-feira, um médico que tratou de Frei disse que ele pode ter sido envenenado. Pinochet negou participação na morte de Eduardo Frei, que governou o Chile na década de 60. Saúde Pinochet responde a vários processos por evasão fiscal, falsificação de documentos e abusos de direitos humanos. Hoje, com 90 anos, o ex-presidente do Chile alega não ter saúde para comparecer a um julgamento em um tribunal. Uma investigação americana de 2004 descobriu que o ex-presidente tem até US$ 27 milhões em contas secretas no exterior. Mais de 3 mil pessoas morreram por motivos políticos durante o governo Pinochet, de acordo com o inquérito oficial chileno.
Paul McCartney lançará livro infantil em outubro
O ex-beatle Paul McCartney seguiu o exemplo da cantora Madonna e escreveu um livro para crianças.
High in the Clouds: an Urban Furry Tail será lançado em outubro pela Penguin. O livro foi escrito com Phillip Ardagh e conta a história de dois esquilos e um sapo que embarcam numa missão para libertar outros animais. O último livro infantil de Madonna, Lotsa de Casha, foi publicado nesta quinta-feira - é o quinto e último de uma série de livros baseado em ensinamentos de cabala. Cinco filhos O livro de McCartney foi inspirado por um desenho animado de 2004, chamado Tropical Island Hum, no qual ele colaborou com o ilustrador Geoff Dunbar. "Eu trabalhei nessa história e nesses personagens durante anos. É muito excitante ver as coisas se realizarem, no que eu acredito seja um livro extraordinário", disse. O ex-beatle tem cinco filhos - quatro de seu primeiro casamento, com Linda McCartney, e uma filha de um ano com sua segunda mulher, Heather Mills McCartney. O músico já tinha lançado anteriormente, em 1984, o desenho animado We All Stand Together, com a canção de mesmo nome, e um livro de poesias em 2001, chamado Blackbird Singing.
Humala lidera no Peru; adversário no 2º turno é dúvida
O nacionalista Ollanta Humala lidera a apuração dos votos nas eleições presidenciais deste domingo no Peru e, de acordo com as projeções, deve garantir uma vaga no segundo turno.
O adversário de Humala, no entanto, ainda é uma incógnita. A apuração parcial e as projeções apontam um virtual empate na disputa pelo segundo lugar entre a advogada conservadora Lourdes Flores e o ex-presidente de centro-esquerda Alan García. De acordo com a ONPE (órgão que organiza as eleições no Peru), cerca de 58,82% dos votos foram apurados até agora. Humala lidera a disputa, com 28,07%, seguido por Flores, com 26,37%, e García, com 25,19%. Apesar de ainda ser necessário apurar mais de 47% dos votos, o resultado parcial confirma a tendência das projeções divulgadas por institutos de pesquisa a partir dos números oficiais. Projeções Os estudos das empresas Apoyo, CPI e Datum e da associação civil Transparência indicam que Humala obteve cerca de 29% dos votos. Flores aparece em segundo, com entre 23% e 25%, mas sua vantagem sobre García ficou dentro da margem de erro das projeções, de 1 ponto percentual, e constitui, portanto, um virtual empate. Segundo os institutos de pesquisa, as diferenças entre os números do resultado parcial e das projeções refletem o fato de que a apuração termina primeiro nas zonas urbanas, onde a vantagem de Humala é menor. A expectativa é de que a definição quanto ao segundo colocado só ocorra com a conclusão da apuração, que ainda pode durar algumas horas. Reações Os resultados foram recebidos com festa pela coligação União pelo Peru, de Humala, e com cautela pela Unidade Nacional, de Flores, e pelo Partido Aprista, de García. "Agora precisamos construir paz e reconciliação entre os peruanos", disse Humala. "Não quero ódio às pessoas que não pensam como nós, o mesmo peço humildemente às pessoas que têm diferenças ideológicas conosco." Flores disse estar otimista com os números, mas pediu que seus eleitores esperem os resultados oficiais "com calma". "Em uma eleição anterior, reconheci a vitória do doutor García", afirmou a candidata. "Hoje, com os resultados de todas as projeções oficiais, espero que (García) tenha a grandeza de reconhecer os resultados que me colocam no segundo turno." O ex-presidente, no entanto, também recomendou que seus partidários aguardem a apuração final "com serenidade" e disse estar confiante de que é ele quem vai para a disputa com Humala. "Há uma vantagem do Partido Aprista que, no curso das próximas horas, conforme cheguem os resultados oficiais e finais, se verificará e se comprovará no momento em que a ONPE der seu resultado final", afirmou Alan García. Tumulto Em meio à expectativa pela definição dos resultados, a votação do domingo acabou marcada por um incidente ocorrido pela manhã, quando Humala se dirigiu a uma universidade no sul de Lima para votar. Na chegada ao local, o líder nacionalista foi cercado por jornalistas, simpatizantes e opositores. Durante a confusão, dezenas de manifestantes atiraram garrafas plásticas e outros objetos contra Humala, que foi chamado de "assassino" e "tirano". Depois de votar, o candidato teve que esperar cerca de 40 minutos para sair do local em segurança, acompanhado pelo chefe da missão de observadores internacionais da OEA (Organização dos Estados Americanos), Lloyd Axworthy. "É um incidente bastante sério, mas não significa que seja um padrão de conduta no resto do país, onde sabemos que tudo transcorre com normalidade", disse Axworthy. Mais tarde, Humala causou ainda mais polêmica ao convocar uma entrevista coletiva para acusar seus adversários de organizar um "ato fascista" para intimidá-lo. De acordo com o candidato nacionalista, o tumulto foi premeditado e os responsáveis pela confusão teriam sido Alan García, Lourdes Flores e o presidente do Peru, Alejandro Toledo. Os adversários de Humala reagiram às declarações do candidato e o acusaram de violar a legislação eleitoral ao fazer propaganda política com a votação ainda em andamento.
Fronteiras do Congo são fechadas para eleição
As autoridades da República Democrática do Congo disseram ter fechado as fronteiras do país para garantir a segurança das eleições presidenciais deste domingo, as primeiras depois de quarenta anos de conflitos e instabilidade política.
O presidente do Congo, Joseph Kabila, pediu o fim da violência em seu último comício antes da eleição deste domingo. Kabila, que é um dos mais de 30 candidatos à presidência, conclamou seus eleitores a “abrir uma nova página” na história do país. Ele disse que gostaria de ver as eleições, que escolherão presidente e 500 parlamentares, transcorrendo de forma pacífica e calma. Pouco antes da fala do presidente, o vice-presidente do governo de transição do Congo, Azarias Ruberwa, afirmou que um de seus guarda-costas tinha sido morto por disparos feitos por forças de segurança do presidente contra o seu grupo. Um correspondente da BBC na cidade de Bunia, próxima à fronteira com Uganda, disse que muitas pessoas terão grandes dificuldades para votar numa região onde cerca de 120 mil pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas em decorrência dos confrontos entre o Exército congolês e milícias. Para acompanhar a eleição, as Nações Unidas enviaram 17 mil soldados ao país. Um correspondente da BBC na capital Kinshasa disse que confrontos entre militantes de diferentes candidaturas deixaram vários mortos durante a semana, mas que, de forma geral, as eleições se aproximam de maneira tranqüila.
A mulher que quer registrar uma união civil com a irmã
Catherine Utley e sua irmã Ginda moram juntas há mais de 30 anos.
Catherine, à esqueda, e a irmã Virginia, conhecida como Ginda, querem registrar a união civil para contar com os mesmos direitos de herança concedidos a outras pessoas que formalizam relações Ambos criaram a filha de Catherine e têm uma casa no sul de Londres. Elas são uma das muitas duplas de irmãos no Reino Unido que querem autorização para registrar sua relação como união civil. Quando a ideia foi sugerida no Twitter por um deputado, na terça-feira, ele foi alvo de fortes críticas e acusações de apoiar o incesto e ser "ridículo". Mas a verdade é que as uniões civis para irmãos são algo que os ativistas vêm pedindo há muito tempo. "Não há um argumento real contra isso", diz Catherine, de 59 anos. "As pessoas não estão entendendo nada." Catherine disse que nunca quis viver com outra pessoa que não fosse sua irmã Ela viveu com Ginda, de 63 anos, pela maior parte de sua vida adulta. As duas moram sob o mesmo teto desde que compraram o primeiro apartamento juntas, em 1985. "Ela estava ao meu lado quando tive minha filha em 1993", conta Catherine. "Eu fiquei grávida sem planejar e não podia viver com o pai da criança, já que (a relação) havia sido um completo pesadelo. A reação imediata da minha irmã foi ficar junto da gente", diz. "Compramos uma casa juntas para estar perto de nossos dois irmãos e foi maravilhoso. Ela foi o meu grande apoio, sem dúvida." Um vínculo especial Catherine afirma que existe um "vínculo especial" entre irmãos que vivem juntos na idade adulta. "Ela é como minha outra metade, é minha melhor amiga. Eu a conheço desde que nasci. Algumas pessoas não se dão bem com seus irmãos (ou irmãs), mas se conseguem fazer isso podem construir uma relação muito forte." A filha de Catherine, Olivia, disse que cresceu 'como se tivesse duas mães' Enquanto crescia, a filha de Catherine, Olivia, que agora tem 24 anos, dizia sentir "como se tivesse duas mães". "Não considero que uma seja mais mãe que a outra. Simplesmente tínhamos um lar muito feliz e estável. E as pessoas pensavam que eu tinha duas mães. Isso era tudo." Catherine e Ginda querem poder registrar a união civil para desfrutar dos mesmos direitos de herança concedidos a outras pessoas que formalizaram relações. "Quando minha irmã ou eu morrermos, uma de nós terá de vender a casa para poder pagar o imposto sobre herança", diz Catherine. 'Pura discriminação' Catherine afirma que não poder oficializar a relação é uma "injustiça flagrante" uma vez que uniões civis estão disponíveis para casais. Segundo ela, eles não precisam manter um relacionamento romântico para ter esse direito. A condição que existe é que não sejam parentes de sangue. "Excluir os irmãos é pura discriminação. Eu poderia ter uma união civil com o meu vizinho, mas não posso tê-la com a pessoa com quem tenho dividido o meu lar e a minha vida", acrescenta. "Não estou dizendo que as uniões civis são a única maneira de enfrentar a desigualdade, mas é a forma mais óbvia. Poderiam fazer algo a respeito do imposto sobre herança, alterando as leis." Catherine e Ginda compraram a casa em que vivem por US$ 226 mil, mas agora o imóvel vale muito mais. Sob as leis dos impostos sobre herança, a propriedade, quando ultrapassa certo limite de valor, é tributada a uma taxa de 40% quando transferida a outra pessoa. Ginda e Catherine na infância Proposta de lei No Reino Unido, o assunto ficou no centro das atenções depois que o governo anunciou esta semana que a opção de união civil será estendida a casais de sexos distintos. "Por que irmãos que têm vivido juntos há anos devem pagar imposto sobre herança quando um deles morre?", tuitou o deputado conservador Edward Leigh, como parte desse debate. Ele também questionou: "Relações civis entre pessoas de sexos diferentes a serem legalizadas. Por que não (valer) para irmãos também?" No passado, o deputado já apoiou um projeto de lei apresentado pelo político conservador Alistair Cooke (Lord Lexden) para abrir a possibilidade de uniões civis entre irmãos. "A questão central é: por que todas essas pessoas que o governo presume estarem em um relacionamento sexual, seja heterossexual ou gay, devem gozar de reconhecimento legal enquanto as que vivem juntas em relacionamentos comprometidos, seguros e platônicos têm isso negado? ", perguntou Lexden na apresentação de sua proposta. De acordo com o documento, que ainda deve passar por um comitê da Câmara dos Lordes, ambos os irmãos precisariam ter mais de 30 anos de idade e vivido juntos de forma contínua durante ao menos 12 anos. "Isso não é só por nós. Há tanta gente (nessa situação)... Temos ouvido falar de mulheres mais velhas, na faixa dos 80 anos, que tiveram de vender (suas propriedades)", diz Catherine. Ele diz que viver com sua irmã tem rendido companheirismo e amizade, mas também gostaria de ter segurança financeira no futuro. "Eu nunca quis viver com qualquer outra pessoa."
Bolívia: Brasileiros sem títulos vão perder terras
Os brasileiros e outros estrangeiros que não tiverem comprovante da compra de terras na Bolívia serão obrigados a entregá-las ao governo, que as distribuirá às comunidades indígenas do país.
A informação foi confirmada à BBCBrasil pelo ministro de Planejamento, Carlos Villegas, nesta sexta-feira. Ele disse que detalhes da nova reforma agrária boliviana serão divulgados no fim deste mês ou no início de junho. Segundo Villegas, as medidas de “nacionalização” das terras e dos hidrocarbonetos bolivianos não devem causar surpresa ao Brasil ou a qualquer outro país. “Tenho certeza de que no Brasil não permitiriam a permanência de empresas e pessoas ilegais, que não respeitam a legislação brasileira. Se isso acontecesse, nos colocariam num avião e nos mandariam de volta para a Bolívia”, afirmou. Cadastramento Para realizar a reforma agrária, o governo boliviano espera contar com créditos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Quando perguntado sobre a informação divulgada, nesta semana, pela imprensa boliviana de que cerca de 250 brasileiros possuem terras irregularmente na fronteira com o Brasil, ele disse que quem não tem "título de propriedade (…) está de forma ilegal na Bolívia”. Ele não confirmou e nem desmentiu o número de 250 brasileiros que estariam nessas condições. Segundo o ministro, apesar de ter dez anos de existência, o Instituto Nacional de Reforma Agrária (INRA) não cadastrou todos os donos de terras no país, o que deve ser feito no governo do presidente Evo Morales. “Quando começarmos a aplicar esse processo (de cadastramento), vamos saber exatamente a quantidade de brasileiros que estão na Bolívia e quantos estão legais ou ilegais”, disse. Na entrevista em seu gabinete, em La Paz, o ministro disse que as terras são, geralmente, propriedade da nação. Como tal, reiterou, devem ser destinadas a atividades produtivas, como “agricultura, pecuária, (exploração) florestal e desenvolvimento sustentável”. Relação 'desequilibrada' O ministro disse que as medidas do governo do presidente Morales não pretendem gerar “tensão” com o Brasil ou outros países vizinhos, como a Argentina. O objetivo, afirmou, é “organizar” essas relações com os outros países. “No caso da nacionalização dos hidrocarbonetos, queremos que todas as empresas, inclusive Petrobras, assinem novo contrato e respeitem as disposições do decreto de nacionalização de hidrocarbonetos”, disse. “Mas isso não quer dizer que queremos expulsar empresas. Pelo contrário. Queremos ter excelente convivência em um marco jurídico que respeitemos todos”, declarou. O ministro disse que a relação da Petrobras com a Bolívia foi “desequilibrada”. “Até agora essa balança beneficia, exclusivamente, a Petrobras, e a Bolívia recebe uma receita muito minguada de seus próprios recursos naturais”, afirmou. Para ele, as novas regras vão “igualar” as relações econômicas entre Bolívia e as empresas estrangeiras, particularmente Petrobras. Ele não descartou que o país passe a vender gás ao Chile para poder ter mais fôlego na hora de negociar preços com o Brasil e a Argentina. Com o Chile, disse, a Bolívia pode começar a pensar em praticar um índice internacional de preço para suas energias, especialmente o gás. “Aí não vamos ter que ficar regateando preços com empresas ou governos”, disse.
'Eficiência, e não deficiência': com explosão de vendas ingressos, atletas paralímpicos querem mostrar mais que superação
"Vou chorar muito nessa Paralimpíada! O que esses atletas fazem é uma grande lição de vida para todos nós", diz um dos muitos tuítes brasileiros sobre os Jogos Paralímpicos do Rio 2016, na medida em que se aproxima a cerimônia de abertura, nesta quarta-feira.
Atletas querem aproveitar Jogos em casa para educar espectadores brasileiros sobre esporte paralímpico A trajetória de como pessoas superaram deficiências que vão de cegueira até paralisia cerebral para se tornarem atletas é uma das principais razões citadas pelos espectadores - que já compraram 1,5 milhão dos 2,5 milhões de ingressos disponíveis. Os atletas, no entanto, aguardam ansiosos a oportunidade de mostrar que já deixaram a superação para trás. "Queremos que as pessoas parem um pouco de ver que aquela pessoa não tem um braço ou não tem uma perna, que elas parem de ver a nossa deficiência e comecem a ver a eficiência", disse à BBC Brasil a nadadora Susana Ribeiro, de 48 anos. "Acho que os brasileiros ainda têm a impressão de que somos 'coitadinhos'. E essa vai ser a melhor parte da Paralimpíada no Brasil: mostrar que somos atletas buscando objetivos." Fim do Talvez também te interesse Para o jogador de vôlei sentado Daniel Jorge Silva, de 35 anos, a notícia de que a venda de ingressos explodiu nas últimas semanas não foi surpreendente, mas deu alívio. Sua modalidade é uma das mais procuradas pelos torcedores. "Eu não me preocupava pois eu sei que o brasileiro deixa as coisas para em cima da hora. Teremos casa cheia também porque a mídia começou a divulgar um pouco mais. Precisamos desse apoio e dessa divulgação", diz. "Queremos que vejam a nossa eficiência, não a deficiência", diz nadadora Segundo eles, muitos brasileiros ainda não sabem que o país é uma das potências do esporte paralímpico - e que terá ainda mais chances competindo em casa. Na Olimpíada do Rio, o Brasil conquistou o 13º lugar, sua melhor colocação na história dos Jogos. Mas em Londres 2012, o time paralímpico já havia levado o país à 7ª posição, à frente da Alemanha e imediatamente atrás dos Estados Unidos. Muitos espectadores podem estar sendo introduzidos a um universo esportivo novo e diferente, mas Daniel Silva ressalta que se trata da continuidade do espírito da competição Olímpica de agosto. "Quero que as pessoas saibam que acordamos cedo, treinamos tanto quanto os atletas olímpicos, às vezes mais, e somos pessoas normais. Temos apenas uma limitação, a deficiência. Por isso, precisamos de adaptações nas nossas modalidades. De resto, é igual." Recorde de vendas Após maratona de eventos olímpicos, intérprete carioca pediu ajuda de amigos para levar crianças carentes à Paralimpíada Na reta final da Olimpíada - que recebeu críticas pelo alto número de cadeiras vazias nos estádios - a notícia de que apenas 12% dos ingressos para os Jogos Paralímpicos estavam vendidos gerou previsões de evento esvaziado. A baixa arrecadação levou a cortes na estrutura da Paralimpíada - que ainda precisou de uma injeção de R$ 100 milhões do governo federal e R$ 150 milhões da prefeitura do Rio. Mas o cenário mudou quando, dias depois da cerimônia de encerramento da Olimpíada, o comitê Rio 2016 registrou um recorde de 145 mil ingressos vendidos em 24 horas, a primeira vez na história dos Jogos Paralímpicos. Agora, já são 1,5 milhão de ingressos vendidos da meta de 2 milhões. Em eventos como a Virada Paralímpica, no último fim de semana, algumas entradas também foram distribuídas. Em previsão otimista, comitê diz acreditar que, no ritmo atual das vendas, é possível que os ingressos esgotem. "Primeiro vimos uma energia muito grande vinda dos Jogos Olímpicos e pessoas que simplesmente queriam estar no Parque Olímpico da Barra. Agora, vemos torcedores que estão buscando por atletas e partidas específicos", disse o diretor executivo do Comitê Rio 2016, Mario Andrada. Iniciativas como a do intérprete carioca Richard Laver, de 39 anos, ajudaram a dar impulso à explosão das vendas nos últimos dias. "Eu comprei muitos ingressos para a Olimpíada com antecedência e sabia que seria maravilhoso. Mas quando vi o baixo nível de adesão à Paralimpíada, aquilo me deixou triste", disse à BBC Brasil. Laver decidiu pedir que seus amigos no Facebook fizessem contribuições para a compra de ingressos para crianças carentes - e que doassem seu tempo como voluntários para levá-las. Queria que elas tivessem a mesma experiência que ele teve aos 18 anos, quando assistiu pela primeira vez a um jogo de futebol de 5, levado por um professor. "Foi algo marcante ver aquelas pessoas cegas, de quem eu tinha pena, jogando. Aquilo me fez ver pessoas com deficiência de forma completamente diferente." Laver vai levar 450 crianças para assistir partidas de goalball, voleibol sentado e basquete de cadeira de rodas Os planos de arrecadação, no entanto, mudaram. "A coisa tomou uma proporção tão grande que tive que mudar os planos. Achei que seria só um grupo pequeno de amigos contribuindo, como volta e meia fazemos, mas muita gente que eu não conhecia veio falar comigo querendo participar." Após conversas com duas escolas municipais do Rio, ele conseguirá levar 450 crianças do ensino fundamental e 50 professores para jogos de goalball, voleibol sentado e basquete de cadeira de rodas - esportes com os quais eles estão mais familiarizados. "Eles estão superfelizes e empolgados. E eu vou tentar ir todos os dias com eles. Quero que elas crianças percebam que é possível vencer obstáculos na vida", afirma. Futuro do esporte Para o tetracampeão mundial de canoagem paralímpica Fernando Fernandes, de 35 anos, o obstáculo a vencer agora é justamente o pouco conhecimento sobre o universo paralímpico no país. "Precisamos sair das histórias pessoais dos atletas e começar a explicar para as pessoas como o esporte funciona. Não é que falte reconhecimento para os atletas no Brasil. É que os brasileiros nem conhecem os esportes", disse à BBC Brasil. "Esporte paralímpico precisa ficar mais profissional e organizado", diz paracanoísta Fernando Fernandes Fernandes - que já era famoso como participante do reality show Big Brother Brasil e tornou-se campeão de paracanoagem após um acidente de trânsito - ficou de fora da Paralimpíada do Rio após não conseguir se classificar. Ele culpa erros na classificação funcional dos atletas, que determina em que categoria devem competir segundo suas limitações físicas, pelos resultados. "Precisamos aproveitar esse momento e decidir para onde o esporte paralímpico vai. Precisa ser mais organizado, mais profissional", reclama. Mesmo fora da competição, ele diz que fará sua parte para educar os espectadores como comentarista de TV. "Isso aqui não é inclusão de pessoas com deficiência. Nós somos os melhores, a elite do esporte. As pessoas tem que assistir porque é sensacional, não por causa de superação. Nem os atletas aguentam mais isso."
Chegam a 48 mortos em mercado no Iraque
Pelo menos 48 pessoas morreram e 40 ficaram feridas nesta segunda-feira em um atentado em um mercado na cidade de Mahmoudyia, ao sul de Bagdá, segundo a polícia iraquiana.
Morteiros teriam sido lançados dentro do mercado, enquanto um grupo de homens armados abriu fogo contra fregueses e comerciantes. Um representante do ministério da Defesa iraquiano afirmou que três suspeitos já teriam sido presos. Segundo as autoridades de Bagdá, as explosões foram causadas por um carro-bomba. A cidade de Mahmoudyia tem uma população dividida entre xiitas e sunitas e vem sendo palco freqüente de ataques nos últimos meses. O desta segunda-feira, no entanto, teria sido um dos mais graves. Divisão Acredita-se que a maioria das vítimas era de xiitas e havia muitas mulheres e crianças entre os mortos. Segundo a agência de notícias Associated Press, três soldados iraquianos foram mortos em um posto militar na cidade antes do ataque ao mercado. No domingo, pelo menos 23 pessoas morreram em um atentado suicida em um café na cidade de Tuz Khurmatu, 170 km ao norte de Bagdá. Segundo a polícia, o café ficava próximo a uma mesquita xiita, em uma área populada por turcomenos. Há tensões entre as populações turcomena e curda, mas as motivações do ataque não estão claras. Quase cem civis iraquianos foram mortos em atos de violência em todo o país desde domingo. Além disso, dois soldados americanos teriam sido mortos em ataques com bombas.
Os 8 alimentos que mais causam alergias
Alergias alimentares são comuns.
Estima-se que entre 6% e 8% das crianças menores de 3 anos sejam alérgicas Estima-se que essa condição afete entre 6% e 8% das crianças menores de 3 anos e até aproximadamente 3% dos adultos. Diferentemente da intolerância alimentar, na qual alguns alimentos podem causar desconforto, a alergia alimentar é uma reação do sistema imunológico a certos tipos de alimentos que ocorrem logo após ele ser ingerido. Essa reação ocorre porque o sistema imunológico reconhece algumas das proteínas como prejudiciais e coloca em ação uma série de medidas (entre elas a liberação de substâncias químicas como a histamina, que causa inflamação) para nos proteger. Os sintomas vão desde coceiras, inchaço, dor abdominal, congestão nasal, vômito e tontura e até, nos casos mais graves, anafilaxia - uma reação que pode ser fatal. Tudo isso pode ser desencadeado mesmo que a pessoa tenha sido exposta a uma pequena quantidade dos alimentos que lhe dão alergia. Fim do Talvez também te interesse Mas ainda que, em princípio, qualquer alimento possa causar uma reação alérgica (inclusive aqueles que já ingerimos antes sem problemas), existem oito em particular que são os alérgenos mais comuns. Eles são responsáveis ​​por 90% dos casos de alergia alimentar. 1- Ovos Esse alimento causa alergia com mais frequência em crianças e a reação geralmente desaparece quando chegam à adolescência. A alergia aparece quando o ovo é introduzido pela primeira vez na dieta e é uma reação à proteína que está principalmente na clara, mas também na gema. Alergia ao ovo geralmente desaparece na adolescência Os sintomas que essa alergia causa são geralmente leves e incluem urticária (vergões vermelhos na pele), congestão nasal, vômito ou outros problemas digestivos. Quanto mais cozido ou processado o ovo, menor a probabilidade de gerar uma reação alérgica. 2 - Leite Essa também é uma alergia alimentar mais comum em crianças do que em adultos e, embora o leite que geralmente causa alergia seja o de vaca, também pode ser causado pelo leite de outros mamíferos, como cabras, ovelhas etc. Os sintomas variam de pessoa para pessoa e podem ser leves ou graves. Como mencionamos no início, a alergia ao leite é diferente da intolerância à proteína do leite ou à lactose. Alergia ao leite pode causar anafilaxia e pode levar à morte Neste último caso, o sistema imunológico não intervém e, portanto, seu tratamento é diferente. A alergia ao leite pode causar anafilaxia e tem o potencial de ser fatal. Os sintomas incluem erupção cutânea, coceira na boca, inchaço na boca, dificuldade em respirar e vômito, entre outros. Geralmente desaparece quando as crianças crescem, por volta dos 5 anos. 3 - Amendoim É uma das causas mais comuns de ataques alérgicos graves. Até mesmo quantidades muito pequenas ou contato indireto podem causar anafilaxia. Alergia a amendoim pode ser superada após a infância, mas voltar futuramente Os sintomas mais comuns são rinite, reações na pele, formigamento na boca e garganta, falta de ar e problemas digestivos. Algumas crianças que sofrem de alergia ao amendoim podem superar essa condição, mas ela pode voltar no futuro. 4- Frutas secas A alergia a frutas secas (nozes, castanha de caju, pistache, avelã, sementes de girassol, etc) é um tipo de alergia comum em crianças e adultos e é uma reação às proteínas que contêm essas frutas. São raros os casos em que a alergia a frutas secas desaparece ao longo dos anos Essa alergia tende a persistir uma vez que se manifesta e é raro que desapareça ao longo dos anos. Além disso, aqueles que são alérgicos ao amendoim são mais propensos a desenvolver uma reação alérgica a nozes porque as mesmas proteínas são encontradas em ambos. Os sintomas são semelhantes aos causados ​​por outros alimentos e podem variar de leve a grave. 5 - Soja Essa alergia geralmente aparece nos primeiros anos de vida e, embora a grande maioria das crianças a supere, muitas continuam sendo alérgicas na idade adulta. Alérgicos a soja devem se manter atento ao ingerir produtos processados, pois muitos contêm o ingrediente Urticária, coceira na boca, pele vermelha, dor abdominal e inchaço são alguns dos sintomas mais comuns. Às vezes, pode causar uma reação alérgica grave. Os alérgicos à soja devem ser muito cautelosos ao ingerir alimentos processados, pois existem muitos que contêm soja. 6 - Peixe Nas crianças, o peixe é a terceira causa mais comum de alergia, depois do leite e do ovo. É possível que desapareça ao longo dos anos, mas na maioria das vezes persiste. Uma pessoa que é alérgica a peixes como atum ou salmão não é necessariamente alérgica a mariscos Uma pessoa que é alérgica a peixes como atum ou salmão não é necessariamente alérgica a mariscos. Embora a recomendação para o alérgico a um tipo de peixe seja a de não comer peixe em geral, é possível ser alérgico a um tipo e não a outro. Os sintomas geralmente são leves, com vômitos e diarreia, mas podem levar a episódios de anafilaxia e levar à morte. 7 - Mariscos (crustáceos e moluscos) Algumas pessoas podem ter uma reação alérgica a todos os mariscos ou apenas a alguns deles. Os sintomas variam dos mais leves aos graves. Intoxicação por comer mariscos pode ser confundida com alergia Em muitos casos, uma intoxicação por comer mariscos pode ser confundida com uma alergia. É mais comum no verão, quando há algas no mar, pois cozinhar o marisco não destrói o veneno que eles absorveram das algas. É uma alergia que geralmente é mantida por toda a vida. 8 - Glúten A doença celíaca é uma reação imunológica ao glúten, uma proteína encontrada no trigo, cevada e centeio. Quando alguém sofre desse tipo de alergia, a ingestão de glúten desencadeia uma resposta imunológica no intestino delgado. Melhor maneira de evitar reações alérgicas aos alimentos é saber quais deles as causam e eliminá-los da dieta Os sintomas podem variar muito, dependendo se são crianças ou adultos, mas geralmente incluem inchaço abdominal, náusea e vômito, gases, constipação e diarreia. A melhor maneira de evitar reações alérgicas aos alimentos é saber quais deles causam uma reação e eliminá-los de nossa dieta. Se você sabe o que são e, no passado, sofreu um ataque de alergia grave, é aconselhável usar uma pulseira explicando sua condição para que outras pessoas possam ajudá-lo em um momento de crise em que você não estiver apto para explicar o que está acontecendo com você. E se você suspeitar que possa ser alérgico a um dos "oito grandes" ou outros alimentos, consulte seu médico para fazer um diagnóstico. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
'Tiger King': o que explica o sucesso de série da Netflix durante a quarentena
Intensa. Insana. Viciante.
A série Tiger King é focada na rivalidade entre Joe Exotic (na imagem) e Carole Baskin Não faltam adjetivos para descrever Tiger King, a série da Netflix que se tornou em um fenômeno no atual cenário de confinamento global. O documentário de sete episódios, cujo título completo é Tiger King: Murder, Mayhem and Madness ("A Máfia dos Tigres", na versão em português), está a caminho de desbancar a série Stranger Things como o maior sucesso da plataforma. Somente nos Estados Unidos, nos 10 primeiros dias após a estreia, havia 34,3 milhões de espectadores. No mesmo período após a estreia, Stranger Things teve 31,2 milhões, segundo dados da consultoria Nielsen. O novo sucesso da plataforma é centrado na grande rivalidade entre o comerciante de grandes felinos Joe Exotic, também conhecido como Tiger King, e a proprietária de uma reserva para esses animais, Carole Baskin. Fim do Talvez também te interesse Mas a história vai muito além disso. Aviso: a partir de agora, esta matéria pode revelar detalhes da trama. Quem é Joe Exotic? Joseph Maldonado-Passage é um criador de grandes felinos que até poucos anos atrás era o dono e responsável por dirigir um parque de animais exóticos na cidade de Wynnewood, no estado de Oklahoma, nos Estados Unidos. Joe Exotic flertou com a política e chegou a ser candidato independente ao governo de Oklahoma em 2018 Com camisas de cores chamativas, um corte de cabelo peculiar e sua propensão a provocar e se exibir, Joe Exotic se apresenta diante dos olhos dos espectadores como um excêntrico personagem, que se define como "um gay provinciano amante dos grandes felinos". É possível vê-lo conduzir tranquilamente sua caminhonete com um tigre enorme no assento do copiloto, entoar músicas country, participar de um reality show produzido por ele mesmo ou se casar com dois homens de uma vez em uma cerimônia cheia de convidados. A outra protagonista da série é a eterna inimiga de Joe, Carole Baskin, proprietária do Big Cat Rescue, um santuário que resgata grandes felinos em Tampa, na Flórida. No local, também conhecemos luzes, sombras e esquisitices ao longo do documentário. Carole Baskin coordena a reserva Big Cat Rescue, em Tampa, na Florida A grande disputa entre eles acaba com Joe Exotic preso, ao ser condenado a 22 anos de cadeia por crimes que incluem a intenção de contratar alguém para matar Baskin e outros delitos relacionados com riscos a espécies em perigo e conservacionismo. Uma completa loucura Até aqui, poderíamos pensar que a série é um simples relato do enfrentamento entre duas pessoas que atuam no mesmo negócio e, portanto, são adversárias. Um negócio em que se destaca uma reveladora cifra: nos Estados Unidos há cerca de 7 mil tigres em em cativeiro, enquanto apenas 4 mil vivem em liberdade em todo o mundo. Mas o sucesso do documentário está nas reviravoltas da trama, nas surpresas escondidas em cada episódio, na sucessão de entrevistados, que são estranhos e deixam o espectador com uma sensação de incredulidade e curiosidade para saber o que acontecerá depois. Jeff Lowe apareceu como o investidor que ajudaria Joe Exotic a salvar seu parque de animais e acabou mantendo o negócio Assim, se misturam espetáculos de animais com incêndios intencionais, alianças que se transformam em traições, um desaparecimento sem solução, parques semelhantes a seitas, relacionamentos polígamos, transações ilegais de felinos e animais exóticos e investigações secretas do governo federal dos Estados Unidos. Não há descanso nesta série. Ela combina combina o estranho com o cômico e, em alguns momentos, produz vergonha e desconforto, ao mesmo tempo em que deixa um pouco de tristeza pelo destino de seus verdadeiros protagonistas: os grandes felinos. Decepção com o resultado Várias pessoas que participaram da série protestaram pelo resultado final que aparece nas telas. É o caso de Mahamayavi Bhagavan "Doc" Antle, dono de um safári de grandes felinos em Myrtle Beach, na Carolina do Sul, que afirma que quando concordou em colaborar com a série, acreditava que seria um documentário sobre seu trabalho em defesa desses animais. Outro proprietário de um parque de grandes felinos que aparce na série, Doc Antle já colaborou com Hollywood em vários filmes de animais Ele diz que não imaginava que os detalhes mais íntimos de seu estilo de vida apareceriam. No documentário, é possível vê-lo com várias mulheres, que ele parece controlar como se fosse o líder de uma seita. Mas sem dúvidas, a situação mais complicada para os produtores da Netflix é relacionada à própria Carole Baskin. Ela participa voluntariamente de entrevistas individuais e com o atual marido, Howard Baskin. 'Sem respeito à verdade' O problema é que o documentário chama a atenção para o caso do marido anterior de Baskin, Don Lewis, que desapareceu misteriosamente em agosto de 1997. Algumas das pessoas que aparecem na série apontam que a mulher o assassinou. Inclusive, algumas dizem que Baskin deu os restos do cadáver aos felinos ou o dissolveu em um ácido. Ela se defende das acusações, diz que as considera absurdas e argumenta que nunca foi acusada formalmente. Nos Estados Unidos, há entre 5 mil e 10 mil tigres em cativeiro. Em todo o mundo, só há 4 mil desses animais em liberdade em seu habitat natural Em uma longa publicação compartilhada nas redes sociais, Baskin escreveu que a série "tem uma intenção de sugerir, com mentiras e insinuações que não são confiáveis, que ela teve participação no desaparecimento do esposo Don há 21 anos". "A série apresenta isso sem nenhum respeito à verdade ou, na maioria dos casos, sem me dar a oportunidade de rebater as acusações absurdas antes de divulgá-las", acrescenta. "As mentiras depreciativas funcionam melhor para conseguir audiência", finaliza. A Netflix afirmou à BBC que não tem nada a dizer sobre o assunto neste momento. Baskin nunca foi formalmente acusada pelo desaparecimento de Don Lewis. No entanto, com o sucesso da série da Netflix, a delegacia que esteve à frente das investigações anunciou que está aberta a novas informações. Do outro lado, o nome de Joe Exotic chegou a uma coletiva de imprensa diária que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dá sobre o coronavírus. Um repórter perguntou se Trump consideraria conceder um perdão presencial ao rei dos tigres. O presidente respondeu, em tom de brincadeira: "Vou estudar o caso". Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Os milhares de trabalhadores mal pagos que permitem que você se divirta e consuma na internet
Pense em como é sua vida digital.
O 'microtrabalho' pode incluir fornecer dados para abastecer a tecnologia usada em carros sem motorista Você está no celular, entra em um site de buscas para procurar restaurantes nas redondezas e aparecem várias sugestões. O seu aplicativo de música oferece uma playlist que combina perfeitamente com você, e os seus feeds de rede social são em sua maioria livres de conteúdo ofensivo. Mas você sabia que se não fosse por um exército oculto de milhares de trabalhadores em todo o mundo, nada disso seria possível? São os chamados "microtrabalhadores" - uma espécie de crowdsourcing (colaboração coletiva) paga para executar tarefas que as máquinas não conseguem desempenhar sozinhas. Fim do Talvez também te interesse Esses empregos costumam ter uma reputação negativa - são vistos como mal remunerados e podem envolver um trabalho repulsivo, de analisar vídeos e imagens com conteúdo perturbadores. Mas para muita gente, é o trabalho perfeito. O que é 'microtrabalho'? Os microtrabalhadores geram dados ao transcrever, limpar, corrigir e categorizar conteúdo. Eles ajudam a fornecer dados para os algoritmos de aprendizagem automática ("machine learning", em inglês), que são a base da inteligência artificial. Grandes empresas usam 'microtrabalhadores' para realizar pequenas tarefas digitais As tarefas podem incluir desenhar caixas delimitadoras ao redor de imagens para ensinar aos carros sem motorista o que é uma árvore, um obstáculo ou uma pessoa em movimento. Eles também rotulam os conteúdos com emoções, de modo que os algoritmos de análise de sentimentos possam aprender como soa uma música "triste", ou se um texto ou uma palavra é "alarmante". Podem, ainda, identificar imagens de seres humanos, para ajudar o reconhecimento facial a diferenciar entre características como olhos, narizes e bocas. Quem usa esse serviço? A Amazon montou a primeira plataforma de microtrabalho em 2005. Na ocasião, o CEO da empresa, Jeff Bezos, a descreveu como "inteligência artificial artificial". A plataforma chama Amazon Mechanical Turk, nome inspirado no "Turco Mecânico", um robô jogador de xadrez do século 18 que os adversários enfrentavam pensando estar competindo contra uma máquina, quando na verdade havia um mestre de xadrez escondido lá dentro. O 'Turco Mecânico' zombava dos jogadores, que pensavam estar jogando xadrez contra uma máquina A Amazon usou esse sistema pela primeira vez para eliminar milhões de páginas duplicadas de produtos, uma vez que os computadores não conseguiam perceber diferenças sutis nas páginas, mas os humanos, sim. No entanto, como uma pessoa não seria capaz de completar essa tarefa sozinha, eles dividiram o trabalho em tarefas pequenas, independentes e repetitivas que poderiam, em teoria, ser realizadas em segundos por trabalhadores humanos de qualquer lugar. Em seguida, lançaram esse modelo de trabalho por meio de um site que servia como intermediário entre empresas que postavam tarefas e candidatos a relizar o trabalho. Os microtrabalhadores ao redor do mundo que completam as tarefas são, então, pagos por elas. Quem são os microtrabalhadores? É difícil estimar quantos microtrabalhadores há no mundo, já que as companhias não divulgam números oficiais, a não ser os de usuários registrados. Mas, para se ter uma ideia, estima-se que na Amazon Mechanical Turk, a plataforma mais conhecida, dezenas de milhares de pessoas trabalhem todos os meses - e que em qualquer momento do dia haja cerca de 2 mil a 2,5 mil microtrabalhadores ativos. Esse número foi calculado por Panos Ipeirotis, professor na Universidade de Nova York, nos EUA. O estudo dele constatou que a maioria dos trabalhadores da MTurk está baseada nos EUA e na Índia - mas isso se deve principalmente ao fato de que a plataforma limitou por muitos anos o acesso de trabalhadores de fora do território americano. Atualmente, existem muitas outras plataformas de microtrabalho ao redor do mundo. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) entrevistou 3,5 mil microtrabalhadores em 75 países. E descobriu que a idade média dos entrevistados era de 33 anos. Um terço era de mulheres, mas em países em desenvolvimento, esse percentual caía para um quinto. Eles também são instruídos - menos de 18% dos entrevistados haviam estudado até o ensino médio, um quarto havia frequentado a universidade e 20% tinham pós-graduação. Mais da metade é especialista em ciência e tecnologia, 23% em engenharia e 22% em tecnologia da informação. Como é ser um microtrabalhador? O microtrabalho pode ser uma tábua de salvação para pessoas que não têm acesso a emprego ou a fontes de renda tradicionais, especialmente em países em crise. Michelle Muñoz é dentista. Ela mora na Venezuela e trabalha online há dois anos. Michelle diz que ganha mais como microtrabalhadora na Venezuela do que quando era dentista O colapso da economia e a hiperinflação galopante tornaram o microtrabalho a melhor opção para Michelle ganhar dinheiro na Venezuela. "Eu tinha um consultório. Mas, infelizmente, tive que fechá-lo por causa da emigração. Muitas pessoas se foram, e as que ficaram não têm dinheiro suficiente para pagar dentista, precisam se preocupar com comida, educação e outras coisas", explica. Yahya Ayoub Ahmed é sírio e vive no campo de refugiados de Darashakran, em Erbil, no Iraque, após ter fugido da guerra. Ele aprendeu inglês e habilidades de TI com uma organização chamada Preemptive Love, o que permitiu a ele ter acesso a microtrabalhos. "Você pode usar (esse sistema) remotamente e gerar renda. Por aqui, se candidatar a um emprego é muito difícil, não é como se você pudesse simplesmente dar um Google em busca de trabalho, então isso permite que você trabalhe sem precisar se candidatar e enviar um currículo", explica. Ele aprendeu a realizar tarefas altamente precisas, como traçar caixas delimitadoras em volta de imagens ou desenhar máscaras de segmentação. "Estou muito animado em aprender sobre machine learning e inteligência artificial", diz ele. Yahya atua como microtrabalhador de um campo de refugiados no Iraque Mas há um obstáculo extra para trabalhadores em países como o Iraque, já que as tarefas são voltadas principalmente para países desenvolvidos, explica Allen Ninous, da Preemptive Love. "A maioria dos serviços restringe o acesso de iraquianos. E mesmo que conseguissem entrar, não há uma maneira simples de receber o dinheiro, uma vez que todos os pagamentos são feitos por meio de sistemas bancários terceirizados, como o PayPal", diz Allen Ninous, da Preemptive Love. A organização dele assina acordos especiais com empresas para facilitar o acesso. Encontrar trabalho é ainda mais complexo para quem faz isso sozinho em casa. Rafael Pérez, que mora na Venezuela e ganha a vida com microtrabalhos, descreve uma situação semelhante. Ele diz que não pode realizar a maioria das tarefas que são postadas. E conta como muitas vezes levou calote. "Lembro quando ganhei US$ 180 em 15 dias. É muito dinheiro, mas nunca me pagaram. Mandei email, liguei... mas você não tem com quem reclamar." Quanto paga? O microtrabalho tem sido alvo de críticas por pagar muito pouco. A pesquisa da OIT mostrou que os trabalhadores ganhavam, em média, US$ 4,43 por hora. Mas o pagamento varia muito de acordo com a região. Enquanto nos EUA eles ganham uma média de US$ 4,70 (que é menos do que o salário-mínimo), na África recebem US$ 1,33. E isso sem contar que os trabalhadores gastam, em média, 20 minutos em atividades não remuneradas para cada hora de trabalho remunerado. Isso inclui procurar tarefas ou fazer testes para se qualificar para as mesmas. "Passo o dia todo, ou a maior parte do dia, procurando tarefas. Quando consigo, tenho de sentar e fazer", diz Rafael. Eles também gastam parte do tempo fugindo de golpes. Michelle conta que no início foi enganada por sites fraudulentos, mas que agora se certifica de pesquisar e submeter as plataformas a um período de teste antes de começar a trabalhar nelas. A forma como recebem o pagamento tampouco é simples. Como é feito o pagamento? Os trabalhadores são remunerados por meio de pagamentos eletrônicos. Para terem acesso aos valores, usam plataformas online em que terceiros convertem seu crédito eletrônico em dinheiro vivo, após cobrar uma comissão. Rafael diz que, se o dia for favorável, ele ganha de US$ 8 a US$ 10, com os quais consegue comprar uma caixa de ovos pequena, um quilo de farinha de milho e um quilo de feijão. "Você não vai viver muito bem, mas vai comer", diz. Ele se concentra naquilo que chama de tarefas "tediosas", mas fáceis, como buscar informações na web e identificar partes de frases. Michelle, por sua vez, realiza tarefas mais complexas, como traduções, desenhos de caixas e análise de sentimentos. Ela conta à BBC que chegou a ganhar cerca de US$ 80 em um dia, que usou para comprar um smartphone que utiliza agora para o microtrabalho. Ela acredita que deveria haver mais "apoio e reconhecimento" aos microtrabalhadores, que as plataformas ganham muito dinheiro graças ao trabalho deles e "pagam mal, pelo menos na Venezuela". É o trabalho do futuro? Paola Tubaro, que estuda as práticas de microtrabalho, acha que esse tipo de trabalho não é transitório, mas estrutural para o desenvolvimento de novas tecnologias, como a inteligência artificial. "Mesmo que as máquinas aprendam, digamos, a reconhecer cães e gatos e não precisem de mais exemplos, ainda é necessário fornecer mais detalhes para elas reconhecerem, como sinais de trânsito em outros idiomas ou de outros países." À medida que essas tecnologias avançam, aumentará a necessidade de pessoas para alimentá-las de dados. "Não é algo temporário", avalia. Atualmente, não há regulamentação governamental para plataformas de microtrabalho, portanto, são as próprias plataformas que estabelecem as condições. Também houve críticas à falta de apoio aos microtrabalhadores que realizam tarefas de moderação e estão expostos a conteúdos perturbadores, com os quais têm de lidar sozinhos. A OIT, em seu estudo, pede uma melhor regulação do setor para que certas condições - como salário-mínimo e maior transparência nos pagamentos - sejam cumpridas. Por enquanto, diz Tubaro, "o microtrabalho é invisível para muita gente e tem atraído pouca atenção da opinião pública". Até mesmo o debate ético em torno da inteligência artificial, diz ela, se concentrou na transparência e na imparcialidade dos algoritmos, mas "não levou em conta os trabalhadores que estão por trás da própria produção da inteligência artificial". "Não pode ser justo se essas pessoas não são pagas o suficiente, ou não têm nenhum tipo de proteção social. Se as pessoas trabalham sob as mesmas condições que as fábricas do século 19, isso não é algo que nossa sociedade deveria aceitar." Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Dietas: como garantir que você está consumindo as calorias certas
"Calorias de qualidade".
A maçã e o pirulito têm quantidade parecida de calorias, mas diferem muito em termos de valor nutritivo Esse é o conceito defendido pela Fundação Britânica de Nutrição (BNF, na sigla em inglês), com o objetivo de fazer com que as pessoas prestem atenção ao tipo de alimento que consomem e a seu valor nutricional, a fim de escolher as melhores calorias em vez de apenas contabilizá-las. A ideia, defende a BNF, é de que a qualidade da alimentação "é mais do que apenas números" das calorias ingeridas: é garantir que tenhamos uma boa quantidade de vitaminas, minerais, proteínas, gorduras boas e fibras na dieta. "Alimentos com conteúdo calórico similar podem ser diferentes em termos dos nutrientes que provêm", diz a organização. "Por exemplo, versões integrais de pães, macarrão e arroz têm mais fibra do que suas versões refinadas. De modo similar, carnes processadas têm mais sal do que carnes magras não processadas, mesmo que tenham quantidade parecida de calorias." A proposta da entidade é nos levar a melhorar nossas escolhas alimentares, trocando alimentos ultraprocessados que sejam pouco nutritivos (mesmo que também pouco calóricos) por alimentos de melhor qualidade. Fim do Talvez também te interesse Entre as sugestões da BNF para aumentar a ingestão de nutrientes sem descuidar das calorias estão: - Trocar o cereal matinal açucarado por mingau/aveia com banana e canela (você vai ganhar mais potássio e fibras e comer menos açúcar); - Trocar o sanduíche de presunto no pão branco por sanduíche de atum com pepino e molho de iogurte no pão integral não processado (você ganhará mais fibras, vitaminas e vegetais, e comerá menos gordura saturada); - Trocar uma sopa cremosa de frango por sopa com lentilhas e vegetais (que terá mais fibras, ferro e vitaminas). Uma dieta saudável deve incluir muitas frutas e vegetais Energia para o corpo As calorias — que, em excesso, podem levar à obesidade e a enfermidades associadas ao excesso de peso — são as encarregadas de dar energia ao corpo humano. As mulheres necessitam de cerca de 2 mil calorias ao dia, e os homens, de 2.500. O serviço de saúde pública do Reino Unido recomenda dividir a ingestão delas da seguinte forma: - 400 no café da manhã - 600 no almoço- 600 no jantar- Bebidas e lanches saudáveis ao longo do dia As embalagens dos alimentos informam quantas calorias (medidas em kcal) tem o produto em questão. Entretanto, identificar a opção mais saudável requer pensar além dessa contagem. Uma porção de 30 gramas de frutas secas contém cerca de 174 kcal — quantidade semelhante à de dois biscoitos de chocolate. Só que a BNF lembra que as frutas secas apresentam calorias de qualidade, enquanto os biscoitos, não. Um abacate também tem muitos nutrientes valiosos. Ainda que seu valor calórico fique acima de outras frutas e vegetais frescos, tais calorias são de qualidade, então não devem ser dispensadas. Uma cerveja de baixa caloria, em comparação, não é nutritiva. "Se apenas pensarmos em calorias, podemos acabar evitando oleaginosas e sementes, peixes oleosos e azeite, (sendo que) todos eles podem ser incluídos em uma dieta saudável que ajude a reduzir os riscos de doenças cardíacas, derrames e alguns tipos de câncer", diz a BNF. Mais ou menos calorias Os alimentos com alto valor calórico são, geralmente, menos saudáveis. Mas nem todos os casos são assim. Da mesma forma, aqueles que se promovem como de menor valor calórico podem não ser os mais saudáveis. Em termos gerais, alimentos são classificados como de baixa caloria caso tenham: - 40 calorias ou menos por porção- 20 kcal para cada 100 ml, no caso das bebidas Os fabricantes estão autorizados a dizer que seus produtos têm "zero" calorias caso as porções tenham menos de cinco calorias. Mas, de novo, é preciso colocar isso em perspectiva. Uma lata de refrigerante que se venda como "zero" caloria possui cerca de 10 kcal, o mesmo que uma cenoura pequena (que tem, em média, 30 gramas). Entretanto, a cenoura contém calorias de qualidade, enquanto o refrigerante, não. Os abacates são uma fonte valiosa de gorduras monoinsaturada e vitamina E Na hora de contar calorias, é bom ter em mente outros conceitos: Calorias vazias Os especialistas costumam se referir ao álcool dessa maneira, mas o mesmo pode ser aplicado a alimentos ou bebidas que tenham alta quantidade de açúcar e baixo conteúdo nutricional. Um pirulito pode ter cerca de 45 kcal, o que é pouco mais do que uma maçã. Apesar disso, tais calorias seriam consideradas vazias porque não têm nenhum valor nutricional, enquanto as da maçã são de qualidade (contêm vitamina C e minerais). Calorias escondidas Quando as pessoas falam de calorias escondidas, referem-se a alimentos ou bebidas que apresentem um valor calórico bastante superior ao que a maioria supõe. Um pote de 125 gramas de iogurte de frutas pode conter mais de 100 kcal — mais do que um biscoito coberto de chocolate. Um iogurte sem sabor servido com morangos ou uma porção de granola com pouco açúcar pode ser uma opção melhor, pensando na qualidade das calorias. "Se você estiver comendo muitas calorias, precisa reduzi-las, mas assegurando-se de que consuma o suficiente em termos nutricionais", diz Frankie Phillips, da British Dietetic Association. "Isso significa obter o maior valor (nutritivo) dessas calorias." Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Perfil: Elisa Carrió
Elisa CarrióCoalizão Cívica
Uma frase "O governo mostra corrupção de 100%", disse Elisa Carrió durante a campanha, referindo-se à gestão de Néstor Kirchner. O que promete Garante que terá um governo transparente e que reduzirá a diferença entre os ricos e os pobres. Apresenta-se como uma defensora dos valores republicanos que, segundo ela, se perderam durante o governo Kirchner. Por que atrai o eleitorado Conhecida por denunciar e enfrentar casos de corrupção, sua promessa de renovar a política teve impacto, principalmente nos últimos meses, quando vários escândalos afetaram o governo. Biografia Nasceu em 1956 em Resistencia, na província do Chaco, e vem de uma família de líderes radicais, rivais do movimento peronista. Formou-se em Direito na Universidade Nacional do Nordeste em 1978 e tem Doutorado em Direito Público na Universidade Nacional do Litoral. Foi deputada nacional pela província do Chaco de 1995 a 2003, ano em que virou a primeira candidata presidencial feminina na história da Argentina, obtendo cerca de 3 milhões de votos. É católica praticante e tem três filhos. Em poucas palavras Para seus admiradores é carismática e não se deixa subornar. Seus inimigos a classificam como autoritária e individualista, mas é inegável que Elisa Carrió, ou "Lilita", como é carinhosamente chamada, deve sua popularidade à sua trajetória contra a corrupção. Não conta com financiamento privado, mas também não tem um partido sólido que a sustente sem uma coalizão cívica. Identifica-se com uma imagem de esquerda, que não tem força no centro da Argentina, mas tem tentado combater esta percepção ao incluir em sua equipe pessoas de outros partidos, como o ex-presidente do Banco Central Alfonso Prat-Gay.
Por que não devemos lavar o frango antes de cozinhá-lo
Não lavem o frango cru!
Lavar o frango cru é um hábito comum, mas agências de proteção alimentar afirmam que a prática ajuda a espalhar germes perigosos por toda a cozinha Esse foi o alerta publicado recentemente no Twitter pelos Centros de Controle de Doenças dos EUA (CDCs, na sigla em inglês, ou a agência de proteção à saúde), advertindo que lavar a carne da ave antes de cozinhá-la pode fazer com que micróbios se espalhem por outros alimentos e utensílios de cozinha. A recomendação gerou um debate acalorado, entre os que agradeceram a dica, os que a rejeitaram - afirmando não confiar na higiene das embalagens de frango - e os que ironizaram, achando-a excessivamente alarmista ou agregando que bastaria limpar a pia depois de limpar o frango para acabar com as bactérias. O CDC manteve, porém, sua recomendação original, afirmando que não era necessário criar pânico em torno do tema mas lembrando que a melhor forma de limpar uma ave é cozinhando-a bem. "Não se deve lavar nem o frango nem outras carnes ou ovos antes de cozinhá-los. Isso pode propagar micróbios por toda a cozinha", diz o órgão. Fim do Talvez também te interesse Em 2014, a Agência de Regulamentação Alimentar do Reino Unido (FSA, na sigla em inglês) também havia advertido que lavar o frango antes do cozimento aumenta o risco de propagação da bactéria campylobacter nas mãos, nas superfícies e utensílios de cozinha e até na roupa, pelas gotas de água que se espalham. Hábito e boatos A advertência ocorreu pouco depois de uma pesquisa identificar que 44% dos britânicos lavavam a carne crua, seja porque acreditavam estar eliminando germes ou simplesmente por hábito. No Brasil, também circulam rotineiramente alertas sugerindo, erroneamente, que as pessoas lavem as aves antes de cozinhar. Frango deve estar bem cozido por dentro para garantir que não vai causar infecções A bactéria campylobacter, citada pelo FSA, é por sinal uma das causas mais comuns de intoxicação alimentar - causando dores abdominais, diarreia, febre, náuseas e vômito - e está presente em carnes e vegetais crus ou leites não pasteurizados. A forma mais eficaz de combatê-la, informa a OMS (Organização Mundial da Saúde), é justamente cozinhando bem os alimentos, garantindo que seu interior esteja quente. "A campylobacter se espalha facilmente, e bastam algumas bactérias para causar adoecimento", diz o FSA. Em geral, essas intoxicações passam depois de alguns dias, mas em determinados grupos - crianças pequenas, idosos e pessoas que sofrem de doenças que prejudicam seu sistema imunológico, como Aids - a infecção pode ser fatal. Em casos mais raros, pode haver complicações como hepatite, pancreatite (infecção do fígado e do pâncreas, respectivamente) e síndrome de Guillain-Barré, na qual a infecção leva o sistema imunológico a atacar o sistema nervoso, causando paralisias. "Embora as pessoas tendam a seguir as recomendações para manipular aves, como lavar as mãos depois de encostar na carne crua e cozinhá-la completamente, nossa pesquisa mostra que lavar o frango cru é uma prática comum", afirmou em 2014 a presidente do FSA, Catherine Brown. "Por isso, fazemos uma advertência para que as pessoas interrompam essa prática. Também queremos criar a consciência quanto aos riscos de se contrair a campylobacter como resultado de uma contaminação cruzada (quanto um alimento infectado contamina outro)." O FSA lembra que armazenar bem frango cru também é importante: "Cubra o frango e guarde-o na parte inferior da geladeira, para impedir que gotas de seu líquido caiam em outros alimentos, contaminando-os", diz o órgão. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
50 anos de Woodstock: 6 razões pelas quais o festival ainda mantém seu fascínio
Woodstock.
Entre os dias 15 e 18 de agosto de 1969, a multidão que se reuniu em uma fazenda de gado leiteiro nos EUA entrou para a história Quando a palavra é pronunciada, normalmente o que vem à mente é o festival de música que se tornou um dos momentos mais emblemáticos da cultura contemporânea, e não a pequena cidade de mesmo nome, localizada a 171 quilômetros ao norte de Nova York (EUA). Realizado entre 15 e 18 de agosto de 1969 em uma fazenda de gado leiteiro, o evento ainda alimenta debates acalorados sobre seu lugar na história nos EUA e no mundo. Mas por que, 50 anos depois, as pessoas ainda falam sobre o que muitas testemunhas descrevem como uma experiência muito mais caótica do que emblemática, com chuva, lama e drogas? A BBC listou seis possíveis razões pelas quais Woodstock ainda é um dos mais lembrados festivais de todos os tempos. Fim do Talvez também te interesse 1 - A multidão Planejado para um público de 200 mil pessoas, estima-se que 500 mil assistiram aos shows de artistas renomados como Hendrix, The Who e Janis Joplin O nome oficial do festival era Feira de Artes e Música de Woodstock. Foi organizado por um grupo de quatro empresários liderados pelo promotor de eventos Michael Lang. Eles estavam querendo faturar em cima do sucesso de eventos parecidos que começavam a agitar os EUA e a Europa como, por exemplo, o Festival Pop de Monterey que, em 1967, colocou no palco artistas e bandas de sucesso, entre eles Simon and Garfunkel, The Who e Jimi Hendrix. Lang e companhia conceberam o evento para 200 mil pessoas e, mesmo depois de venderem 186 mil ingressos antecipados, vendidos a cerca de US$ 18 (o equivalente a US$ 120 em valores de hoje) achavam que não iria aparecer muito mais gente. Já era um público muito mais ambicioso que o de eventos anteriores. Monterey, por exemplo, teve uma plateia bem menor - entre 7 mil e 10 mil pessoas tiveram acesso à arena onde aconteceram os shows. Estima-se que 500 mil pessoas foram à área do festival de Woodstock que, curiosamente, fica numa fazenda de laticínios na cidade de Bethel, a 70 quilômetros a sudoeste de Woodstock. O grande número de pessoas acabou transformando Woodstock, originalmente pensado para ser um negócio lucrativo, em um evento gratuito. Para se ter uma ideia de quão grande era essa multidão, o local do festival tornou-se temporariamente a terceira "cidade" mais populosa do Estado de Nova York. 2 - Paz e amor Em 1969, os americanos estavam profundamente divididos. Havia uma insatisfação crescente, provocada pela Guerra do Vietnã e as tensões raciais que levaram a tumultos em 125 cidades no ano anterior, após o assassinato do líder dos direitos civis Martin Luther King. Apesar do pânico entre organizadores e autoridades quando a área de Woodstock foi totalmente ocupada pela multidão, o festival teve uma atmosfera extraordinariamente pacífica. Houve três fatalidades registradas - duas mortes por overdose de drogas e outra quando um espectador que dormia foi atropelado por um trator em um campo de feno próximo. Apesar do clima tenso nos EUA em 1969, o festival foi de 'paz e amor' As dores de cabeça logísticas não resultaram em problemas graves, o que ajuda a explicar por que Woodstock ainda hoje é associado ao movimento "paz e amor". Poucos meses depois, a violência marcou o Altamont Speedway Free Festival, um evento na Califórnia encabeçado pelos Rolling Stones no qual um espectador foi morto a facadas bem diante do palco. 3 - Coisa de cinema O fascínio em torno de Woodstock deve muito ao documentário oficial filmado durante o festival. Dirigido por Michael Wadleigh e editado por uma equipe da qual fazia parte Martin Scorsese, que viraria um dos "pesos pesados" de Hollywod, se transfomou numa das cinco maiores bilheterias do cinema americano em 1970. Também ganhou Oscar de melhor documentário no ano seguinte. O documentário sobre o festival ganhou o Oscar em 1971 4 - Line-up estrelado Também ajudou o fato de os organizadores de Woodstock terem conseguido levar nomes de peso da música para tocar. Hendrix, The Who, Janis Joplin, Jefferson Airplane, The Grateful Dead e o então recém-formado grupo Crosby, Stills, Nash & Young estavam na lista de atrações do festival. Jimmy Hendrix foi protagonista de um dos momentos mais icônicos do festival, graças à versão que ele tocou do hino americano. 5 - Sequências fracassadas A mística duradoura de Woodstock também é alimentada por tentativas fracassadas de recriar o festival. O show de aniversário de 25 anos de Woodstock, celebrado em 1994, ficou famoso pelas guerras de lama e a presença de grandes patrocinadores. Cinco anos depois, foi ainda pior. Protestos e acusações de violência sexual marcaram a comemoração de 30 anos do festival. Jimi Hendrix foi um dos grandes nomes do festival O "jubileu de ouro", marcado para comemorar o aniversário de 50 anos este ano, não passou de um plano que não saiu do papel: os esforços de Michael Lang causaram uma série de problemas, desde a negação da licença até notícias de que os artistas agendados cancelaram porque não receberam pagamento adiantado. O evento foi cancelado em 31 de julho. O Woodstock 1999 foi marcado por problemas e vandalismo 6 - 'Vaca leiteira' Não vai ter 'revival', mas a marca Woodstock parece estar firme e forte. Produtos do Woodstock original ainda geram renda milionária As vendas de mercadorias ligadas ao festival original, incluindo produtos com o famoso logo com um pássaro e a guitarra, ainda geram vendas de pelo menos US$ 20 milhões (o equivalente a R$ 80 milhões) por ano, segundo a empresa de licenciamento que administra a marca oficial de Woodstock há 15 anos, a Epic Rights. Em 2019, espera-se que as vendas atinjam US$ 100 milhões, cerca de R$ 400 mi, impulsionadas pelo aniversário de 50 anos do mais icônico festival de todos os tempos. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
O que é a matemática? Um modelo da realidade ou a própria realidade?
Pense em Netuno.
Matemática é a realidade? À primeira vista, ele é invisível. Mesmo com um bom telescópio. A uma distância de 4,3 bilhões de quilômetros da Terra, o oitavo planeta do nosso Sistema Solar é pouco mais que um pequeno ponto branco no céu. É por isso que os planetas mais próximos da Terra, como Vênus ou Marte — que brilham intensamente no céu durante a noite — nos surpreendem desde os tempos antigos. Por outro lado, só passamos a saber sobre a existência de Netuno no século 19. Fim do Talvez também te interesse Sua descoberta, no entanto, foi duplamente significativa. Urano e Netuno Não apenas encontramos um novo vizinho, mas "Netuno marcou a exploração do Sistema Solar, porque não foi encontrado olhando o céu com nossos olhos ou com a ajuda de um telescópio", diz Lucie Green, uma astrofísica do Mullard Space Science Laboratory da University College London. Netuno foi descoberto a partir de cálculos, e não da simples observação Netuno foi encontrado graças à matemática. No século 19, as leis da gravidade de Newton eram bem entendidas e, com elas, as órbitas dos planetas ao redor do Sol podiam ser previstas. Exceto a de Urano, que se desviou um pouco do caminho esperado. Naquela época, Urano era o planeta conhecido que estava mais distante do Sol e alguns cientistas especularam que as leis da gravidade de Newton poderiam não funcionar a uma distância tão grande. Outros, porém, acreditavam na matemática, o que os levou a pensar que havia um imenso objeto por perto, alterando o caminho de Urano ao redor do Sol. "Eles calcularam o que, como e onde. E quando giraram o telescópio em direção à área que a matemática indicava, o planeta foi encontrado", diz Green. Astrônomos perceberam a existência de outro planeta graças a um desvio na órbita esperada de Urano A descoberta de Netuno entrou na história como evidência de que a matemática não é inventada, mas existe. E foi exatamente isso que intrigou um ouvinte do programa da BBC CrowdScience, Sergio Huarcaya, do Peru. "De Galileu, que podia prever a velocidade de uma bola rolando ladeira abaixo, até, por exemplo, a existência do bóson de Higgs — que foi previsto com a matemática antes que a partícula fosse encontrada na realidade -, esse poder de prever a existência de coisas que ainda não tinham sido vistas é incrível", escreveu ele. "A matemática é um modelo, uma descrição, uma metáfora da realidade... ou é a própria realidade?" Sergio não está sozinho. Os filósofos refletem sobre isso há milhares de anos. E a questão continua sendo uma causa de profundo debate. Não há 'bolo negativo' É quase certo que os humanos começaram a brincar com a matemática por razões mundanas, como contar e medir as coisas, então vamos começar por aí. E vamos usar um bolo como exemplo. Você tem um pouco de bolo ou não tem bolo A matemática pode nos dizer todo tipo de coisa sobre esse bolo: suas dimensões, seu peso, como dividi-lo - tudo muito tangível. E o bolo pode nos mostrar que a matemática pode ir aonde a realidade não chega. Se você come um terço do bolo, você tem dois terços restantes. Até aí, tudo bem. E, se você comer os outros dois terços, ficará sem nada. "Estamos descrevendo os pensamentos dos antigos", diz Alex Bellos, autor de livros de matemática. "Eles usaram matemática prática para medir e contar, e não chegaram a números negativos". O advento do dinheiro nos fez pensar em números negativos de forma mais natural Se seu conceito de realidade consiste em objetos que você pode medir ou contar, é difícil imaginar algo que seja menor que zero. Dívida e negativos Assim que você come as migalhas do bolo, ele acaba: não há bolo negativo. No entanto, diz Bellos, há uma área em que você usa números negativos e é completamente natural pensar neles. Ele está se referindo ao dinheiro: "Você pode ter dinheiro, mas também pode dever dinheiro". "O primeiro uso prático de números negativos foi no contexto de contas e dívidas". Se você deve R$ 5 e eu lhe der esse valor, você terá R$ 0. E essa é uma realidade que começa com um número negativo. Hoje, é difícil pensar em matemática sem eles, e não apenas em termos de dívida. Até aqui, continuamos enraizados na realidade. Mas há coisas estranhas que acontecem quando você usa números negativos. Enigma tremendo Se você multiplicar dois números negativos, o resultado é um número positivo: -1 x -1 = 1, e isso traz um verdadeiro enigma. Essa equação matemática representa um enigma "Se você começar a usar equações que têm números negativos e positivos, você poderá pensar 'Como assim? Como você pode encontrar algo que, quando você coloca ao quadrado, é igual a -1?'", diz Bellos. "Não pode ser um número positivo, porque quando você os soma, ou multiplica por ele mesmo, o resultado é um número positivo. E nem pode ser um número negativo, pela mesma razão", diz ele. "Quando se tratou disso pela primeira vez, as pessoas pensaram que era um absurdo". Mas, pouco a pouco, os matemáticos disseram, segundo Bellos: "Sim, é um absurdo, mas quando o uso no meu trabalho, chego à resposta certa. Vamos deixar para os filósofos descobrirem o que pode ser. Nós, matemáticos, precisamos de respostas e, se isso nos ajudar a encontrá-los, tudo bem." E é assim que saímos da realidade. Mas, de qualquer forma, a matemática ainda serve para explicá-la. O imaginário "A raiz quadrada de -1 é chamada de 'número imaginário', que é um nome terrível, porque dá a impressão de que a matemática era real e de repente se tornou imaginária", diz Bellos. "Não, a matemática é imaginária desde o início. Podemos falar de três bolos, mas o que estamos vendo são bolos, não estamos vendo 'três': três é uma abstração", enfatiza. Existe a palavra "três" e o símbolo "3", mas o número, como todos os outros, é abstrato "Isso vale para quando você tem números imaginários. Parece totalmente louco, mas uma vez que você começa a entender como eles se encaixam, é muito lógico. E o comportamento do que chamamos de números reais, com números imaginários - ao que chamamos de números complexos -, é uma linguagem brilhante para descrever coisas como rotação". "Hoje em dia, a raiz quadrada de -1 é tão real quanto o próprio -1", mesmo que seja tão difícil para nós entender como foi -1 para nossos ancestrais. Não se assuste Se você estiver perdido, não se preocupe - continue lendo e tudo ficará claro. Sério. Números complexos permitem soluções para certas equações que não têm soluções em números reais. Eles são incrivelmente práticos para entender a realidade e funcionam como uma ferramenta em quase tudo que envolve rotação ou ondas. Eles são usados ​​em engenharia elétrica, radares, imagens médicas e podem ser aplicados para entender o comportamento de partículas subatômicas. Mas como pode ser que algo que parece existir apenas em sonhos matemáticos acaba sendo tão útil no mundo real? Para alguns, como o físico húngaro do século 20 Eugene Wigner é quase um milagre. Wigner se referiu a números complexos em um influente ensaio de 1960 chamado "The unreasonable effectiveness of mathematics in the physical sciences" ("A eficiência irracional da matemática nas ciências naturais"). Se a matemática é uma ferramenta projetada para nos ajudar a entender a realidade, por que ficamos surpresos quando isso acontece? Eficácia irracional Mas se a matemática é projetada pelos humanos exatamente para descrever a realidade, não é lógico que sirva para isso? O que há de irracional nisso? Vamos nos voltar para alguém que se move entre os campos da filosofia e da matemática: uma especialista em filosofia da física, Eleanor Knox. "É verdade que, se inventamos a matemática para nos ajudar a entender os sistemas físicos, é muito lógico que o faça. Mas a matemática parece não ter se desenvolvido dessa maneira", explica ela. "Há muitos casos em que os matemáticos fizeram algo apenas porque estão interessados ​​nele, e acaba sendo exatamente o que é necessário em algum momento posterior para uma descoberta crucial na física". "Um exemplo famoso é a geometria não euclidiana", diz Knox, referindo-se a um ramo da geometria em que muitos matemáticos trabalharam no final do século 19, sobretudo porque pensavam que parecia interessante. "Pensava-se que nosso mundo inteiro pudesse ser descrito com a geometria euclidiana, a que você aprende na escola. As regras para um ângulo reto, que os ângulos de um triângulo somam 180 graus, por exemplo." Os matemáticos dos anos 1800 não estavam no processo de derrubar a geometria euclidiana. Eles estavam simplesmente explorando e encontraram estruturas matemáticas interessantes. A geometria não euclidiana nos permite ver formas anteriormente visíveis apenas nas mentes dos matemáticos - objetos em quatro, cinco ou seis dimensões, por exemplo "No século 20, quando Albert Einstein precisou de uma teoria para descrever as regras do espaço e do tempo para a relatividade geral, o que o ajudou foi a geometria não-euclidiana - ele não teria conseguido sem ela", acrescenta Knox. "Hoje em dia, pensamos que o mundo tem a estrutura dessa geometria que antes era estranha, mas nenhum dos matemáticos que começaram a trabalhar nela previu essa descoberta específica", conclui ela. Casos como esse nos fazem pensar que, se não milagrosa, a relação da matemática com a realidade é, no mínimo, surpreendente. A realidade fundamental À medida que a física moderna avança, é difícil para nós, meros mortais, entender a matemática complicada e a estranha realidade que ela descreve. O que é surpreendente é que, com a matemática, parece possível explorar muito mais do que nossos sentidos permitem. No entanto, na busca de uma realidade fundamental, será que a matemática atingirá um limite em sua capacidade de descrevê-la? "O século 20 nos deu duas de nossas teorias físicas mais bem-sucedidas: a da mecânica quântica (o mundo na escala do ultra-pequeno, dos átomos e subátomos) e a da relatividade geral", diz Knox. "Acontece que fazer as contas dessas duas teorias para trabalharem juntas é incrivelmente complicado." Com a matemática, é possível explorar muito além do que nossos sentidos permitem "Não temos uma abordagem coerente para entender como essas duas teorias podem existir no mesmo mundo - como elas podem descrever a mesma realidade", diz. "Você precisa lidar com níveis impressionantes de complexidade sem poder, no momento, conectar o que está pensando às experiências". No entanto, como vimos antes, muita coisa começou assim: uma ideia em busca de sua função prática. Mas talvez tenhamos chegado a um limite? "Nesse ponto, talvez se possa concluir que, até agora, tivemos muita, muita sorte pelo fato de a matemática descrever nosso universo", diz Knox. "Outra opção é pensar que a matemática descreve partes do mundo, não sua totalidade. Ou que entender o mundo em sua totalidade é realmente complicado. Ou que a matemática é diabolicamente complicada e demais para nós, ou que ainda não a entendemos, mas que eventualmente entenderemos", diz ela. Uma grande diferença Talvez não nos surpreenda que às vezes seja incrivelmente difícil fazer com que as leis da matemática coincidam com as leis da realidade física. Afinal, não são a mesma coisa. Como Einstein disse: "Quanto mais se referem à realidade, mais incertas as leis matemáticas se tornam, e quanto mais precisas elas são, menos se referem à realidade". 1 + 1 = 2 e não há dúvida sobre isso "A matemática tem uma característica particular: é absolutamente verdadeira ou falsa. Se eu provar algo em matemática, ninguém pode duvidar desse fato", Knox explica. "As leis da física não são assim. Essa é uma das grandes diferenças." "Muitas vezes erramos com nossas leis. As leis de Newton são bonitas, elegantes e, em alguns casos, válidas, mas não são toda a verdade. Não há dúvida de que, no futuro, será provado que as leis de Einstein também são aproximadas", diz a filósofa da física. Descoberta ou inventada? De onde vem a matemática? Esta é uma pergunta para um matemático. Os egípcios antigos tinham até uma "deusa da matemática", conhecida como Seshat Eugenia Cheng é cientista residente na Escola do Art Institute, em Chicago. Ela pode responder se a matemática é algo que é descoberto ou inventado. "Eu realmente sinto que descubro conceitos e invento maneiras de pensar sobre eles. Quando faço pesquisas abstratas, sinto que estou vagando por uma selva abstrata em busca de coisas e então invento uma maneira de falar e teorizar sobre elas para conseguir organizar meus pensamentos e comunicá-los", diz ela. Cheng trabalha no campo da teoria das categorias (às vezes chamada de "matemática da matemática"), que tenta construir pontes entre diferentes áreas da matemática. "O que é real, afinal?" É difícil pensar em algo mais abstrato, por isso perguntamos se ela sente que a matemática que estuda também está relacionada à realidade. "Quando as pessoas me perguntam sobre a realidade, quero responder: 'o que é real, afinal?'. O que chamamos de 'realidade' são alucinações que assumimos como reais porque todos tendemos a percebê-las da mesma maneira." "As pessoas dizem que os números não são reais porque você não pode tocá-los. Mas há muitas coisas reais que eu não consigo tocar, como a fome", exemplifica ela. Algo abstrato não é sinônimo de algo que não é real "É por isso que prefiro falar sobre coisas concretas, aquelas que podemos tocar e com as quais podemos interagir diretamente, e coisas abstratas, com as quais interagimos em nosso cérebro", diz. "A matemática é abstrata, mas uma ideia abstrata pode ser tão real quanto qualquer outra coisa." O que é real? Por um lado, pode-se afirmar que a matemática é realidade. Pense, por exemplo, em nossa biologia, que é baseada na química, que é essencialmente governada pelas leis da física... e aí chegamos a números. Ou pense no céu azul, que é explicado pelos comprimentos de onda da luz refratada... e tudo isso são números. Parece que, se você se aprofundar o suficiente, a realidade física é matemática. No entanto, a matemática parece não ser capaz de nos dizer algo significativo sobre algumas das coisas mais importantes da vida, como amor, fome ou moralidade. Portanto, de todas as perguntas realmente grandes, só podemos responder uma com alguma certeza: talvez não encontremos respostas definitivas para a pergunta que Sergio Huarcaya enviou do Peru à BBC. Bem, agora podemos dizer que certamente não as encontraremos. Mas ainda valia a pena procurar. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Resistência ucraniana na Crimeia causa problemas à Rússia
O clima está mudando na Crimea
Confinadas em suas bases, as tropas ucranianas resistem pacificamente à ocupação russa Na sexta-feira, os russos tomaram a região, sem sofrer oposição dos ucranianos. Talvez, após o confuso desfecho dos eventos em Kiev, os ucranianos ainda estivessem pensando a quem deveriam obedecer. Mas hoje há grandes grupos de militares ucranianos que resistem à nova autoridade na Crimeia. Eles recusam-se a render-se e entregar suas bases e navios de guerra e lentamente começam a criar problemas para os russos. Talvez uma decisão tenha sido tomada para contra-atacar? Até agora isso tem sido feito pacificamente, mas cada vez mais as tropas testam os limites da Rússia , esperando mostrar ao mundo que os ucranianos não estão sendo intimidados por seus mestres russos. A comunidade internacional parece ter desistido da Crimeia. Mas está claro que o novo governo de Kiev não desistiu. O que nos leva aos eventos da última terça-feira. Insultos e obcenidades A guarda russa na base aérea de Sevastopol deve ter considerado a probabilidade de um confronto como este. Marchando em sua direção estava uma coluna de 300 soldados ucranianos portando orgulhosamente sua bandeira nacional. Os russos atiraram sobre suas cabeças, mas os ucranianos continuaram marchando em linha, cantando seu hino, em desafio. Saraivadas e mais saraivadas de balas passaram sobre suas cabeças e, quando eles se aproximaram das barricadas, os fuzis dos soldados russos foram baixados. Essa base aérea em Sevastopol abriga os esquadrões de caças MIG da força aérea ucraniana. Por muitos dias, as tropas leais à Kiev têm sido confinadas em suas bases – mas agora os comandantes russo e ucraniano ficaram frente a frente. Os dois lados gritaram insultos e obscenidades enquanto os oficiais tentavam acalmar a situação. O oficial ucraniano pediu a realização de patrulhas conjuntas na base aérea. O oficial russo repassou o pedido a seus superiores, mas a situação chegou a um impasse. Nó apertado O que a comunidade internacional mais teme é um confronto que saia do controle e leve à guerra. Um prazo limite para que as forças ucranianas baixassem suas armas expirou na manhã de terça-feira. Moscou disse que o ultimato não existiu. Mas o presidente russo, Vladimir Putin, disse em sua primeira entrevista durante a crise que usar a força para proteger os russos na Ucrânia seria o “último recurso”. Não há dúvidas de que o nó está ficando mais apertado em volta de quem se recusa a submeter-se à nova autoridade na Crimeia. E o ambiente está ficando mais hostil. Ao redor das bases, os partidários da Rússia estão ameaçando jornalistas e os familiares de soldados trancados lá dentro. Até agora, muitas esposas estão conseguindo contrabandear comida para dentro, mas por quanto tempo ainda terão esse acesso? Soldados russos atiraram da direção de uma marcha de tropas ucranianas No porto, tem havido bastante atividade. Os marinheiros ucranianos estão revestindo as grades de seus navios para evitar que russos lancem ganchos e os invadam. Na noite de segunda-feira, na antecipação de uma tática, um navio-guindaste foi manobrado para a entrada do porto. Ele pertence à frota russa do mar Negro. O bloqueio não é completo, mas a mensagem passada pelos russos é clara. Além disso, na manhã de terça-feira, cinco navios russos patrulhavam o local. A Rússia diz que é legítimo defender os direitos de seus partidários – que parecem mais cidadãos do leste do que do oeste. E provavelmente eles são maioria na Crimeia, embora haja minorias significantes como a comunidade Tartar – que não quer se anexada pela Rússia. Ao mesmo tempo, o Kremlin tenta defender seus interesses estratégicos. Os americanos agiriam de forma diferente? Trata-se do acesso ao mar Negro, sem mencionar os laços do terriório da ex-União Soviética. Na parte leste da península, em Kerch, os russos estão reforçando suas tropas. O terminal de barcas foi tomado. Talvez mais equipamento pesado seja trazido. Na segunda-feira, o presidente russo Dmitri Medvedev disse que seu governo construiria uma ponte entre a Rússia e Kersh. Isso reforça o desejo do Kremlin de ficar unido permanentemente à Crimeia.
Por que os coelhos podem ter a chave da origem do orgasmo feminino
É um grande mistério evolutivo.
Cientistas investigam por que as mulheres têm orgasmos se eles não cumprem uma função reprodutiva Por que as mulheres têm orgasmos se eles não cumprem uma função reprodutiva? O orgasmo masculino está ligado à ejaculação, mas o feminino não parece ter um propósito específico. Por isso, existem muitas teorias sobre a origem do clímax sexual da mulher. Uma delas, por exemplo, aponta que as contrações causadas pelo orgasmo podem ajudar a "sugar" o esperma e transportá-lo mais profundamente pelo canal vaginal, o que aumentaria a probabilidade de concepção. Outra sugere que o orgasmo estabelece um vínculo afetivo mais intenso entre o casal. Fim do Talvez também te interesse Um grupo de cientistas dos Estados Unidos acaba de levantar outra possibilidade, que está relacionada à fisiologia dos coelhos. Vestígios de um mecanismo evolutivo O orgasmo feminino é um "reflexo neuroendocrinológico complexo demais para ser simplesmente um acidente evolutivo", diz o estudo publicado na revista da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, Proceedings of the National Academy of Sciences. A nova hipótese é que o orgasmo é o resultado de um mecanismo evolutivo desenvolvido para estimular a ovulação. O orgasmo nas mulheres seria um vestígio de mecanismos desenvolvidos para gerar a ovulação durante o coito, segundo estudo As mulheres ovulam espontaneamente, em um certo período do ciclo menstrual, independentemente de fazerem sexo ou não. Mas no caso de outras espécies, como coelhos e gatos, é a atividade sexual que desencadeia a ovulação. O mecanismo é chamado de "ovulação induzida por relações sexuais" ou CIO (copulation induced ovulation), na sigla em inglês. A nova hipótese afirma que "os mecanismos neuroendocrinológicos envolvidos no orgasmo feminino se derivam evolutivamente dos mecanismos que causam ovulação em animais com CIO", disse Günter Wagner, pesquisador da Escola de Medicina da Universidade de Yale e coautor do estudo. Os cientistas apontam que o orgasmo nas mulheres seria um vestígio de mecanismos fisiológicos desenvolvidos para desencadear a ovulação durante a relação sexual. "Sabemos que existe um reflexo em coelhos. A questão é se poderia ser o mesmo [processo], que perdeu sua função nos humanos", disse Mihaela Pavlicev, coautora do estudo. Experimentos com coelhos Wagner e Pavlicev afirmam ter estabelecido que o mecanismo CIO em coelhos e o orgasmo feminino são homólogos; em outras palavras, têm uma origem evolutiva comum. Para provar essa relação, Pavlicev e seus colegas submeteram coelhas a uma série de experimentos. Em um deles, os cientistas deram aos animais um antidepressivo, a fluoxetina, que reduz a frequência de orgasmos nas mulheres. Se a fluoxetina tem esse efeito em humanos, também afetaria a ovulação dos coelhos devido à origem evolutiva comum, estimaram os pesquisadores. Nos coelhos e em outras espécies, é a atividade sexual que desencadeia a ovulação E em coelhas tratadas com fluoxetina, a ovulação caiu 30% em comparação ao grupo de controle. Por que o impacto não foi maior? Os autores do estudo apontam que os coelhos quebram a fluoxetina em seu corpo com mais eficiência do que as mulheres. Outros cientistas que não participaram do estudo observaram que uma redução de 30% na ovulação de coelhos não é suficiente para provar que o CIO (copulation induced ovulation) e o orgasmo em mulheres têm a mesma origem evolutiva. O próximo passo, segundo Wagner, é repetir os testes com outras espécies nas quais a relação sexual desencadeia a ovulação. Para os pesquisadores, o importante é que a grande questão "como o orgasmo feminino evoluiu?" deu lugar a outra mais específica: por que o orgasmo se mantém nas humanas quando sua função na ovulação não existe mais? Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Quem é o 'policial herói' morto após trocar de lugar com refém na França
"Heroísmo e coragem".
O tenente-coronel Beltrame ficou gravemente ferido após se oferecer para ficar no lugar de mulher usada como escudo humano em supermercado Esses foram os elogios do governo francês ao tenente-coronel Arnaud Beltrame, que morreu neste sábado após ter trocado de lugar com uma refém no atentado registrado ontem no sul da França e de ter ficado gravemente ferido. A notícia da morte foi confirmada pelo ministro do Interior francês, Gerard Collomb, em sua conta no Twitter. "Morreu por seu país. A França nunca esquecerá seu heroísmo, sua coragem, seu sacrifício", escreveu ele. "Ele não teve chance", disse o irmão de Beltrame, identificado como Cedric, em entrevista a uma rádio francesa. Ele acrescentou que as ações do policial foram "além do dever". "Ele deu a própria vida por estranhos. Se isso não faz dele um herói eu não sei o que mais faria" Outras quatro pessoas também morreram, incluindo o homem apontado como responsável pela onda de ataques de ontem, o marroquino Redouane Lakdim, de 25 anos, que afirmou agir em nome do grupo que se auto-denomina Estado Islâmico. Ele acabou morto pelas forças de segurança. Antes de ser morto, Lakdim promoveu três ataques distintos, nos quais, além dos três mortos, 16 pessoas ficaram feridas, duas delas em estado grave. Agentes da polícia e investigadores no Super-U, supermercado onde homem fez reféns e teria matado duas pessoas, além de ferido o policial Macron afirmou que o caso se tratou de um ato de terrorismo islâmico. Lakdim exigiu a libertação de Salah Abdeslam, o principal suspeito vivo dos atentados de 13 de novembro de 2015 em Paris, no no qual 130 pessoas morreram, segundo informaram as autoridades francesas. Uma pessoa, que acredita-se que acompanhava Lakdim, foi presa nesta sexta-feira por suposta conexão com os ataques. Como foram os ataques? Os atos de violência promovidos por Lakdim começaram na manhã de sexta-feira na cidade de Carcassonne, onde ele roubou um carro, ferindo o condutor e matando um passageiro cujo corpo foi encontrado depois escondido em um arbusto. Em seguida, disparou e feriu um policial que estava se exercitando com colegas. Acredita-se que Lakdim tenha dirigido por alguns quilômetros até a cidade de Trèbes, onde entrou no supermercado Super-U gritando: "Sou um soldado de Daesh (Estado Islâmico)!" No local, ele matou duas pessoas, um cliente e um funcionário da loja, antes de fazer diversas outras pessoas de reféns. Um homem que fazia compras no supermercado disse que as pessoas se esconderam em uma sala. "O homem gritou e atirou várias vezes", disse ele à rádio France Info. "Vi uma porta porta da câmara de refrigeração e pedi as pessoas que buscassem refúgio lá dentro". "Éramos 10 e ficamos ali durante uma hora. Houve mais tiros e conseguimos sair por uma porta de emergência". O ministro do Interior, Gérard Collomb, disse aos jornalistas que os agentes de policia haviam conseguido retirar algumas pessoas do local, mas que o homem armado estava usando uma mulher como escudo humano. Foi neste ponto que o policial de 45 anos se ofereceu para ficar no lugar da refém, deixando seu celular em uma mesa com uma linha aberta para que a polícia pudesse monitorar a situação. Quando a polícia ouviu disparos, uma equipe tática entrou no supermercado. O atirador foi morto e Beltrame encontrado gravemente ferido, também morrendo em seguida. Beltrame havia participado de um ataque terrorista simulado em um supermercado local na região, em dezembro do ano passado | Foto: Ministério do Interior da França Condecorado O Coronel Beltrame era um membro altamente conceituado da Gendarmerie Nationale - a força policial militar subordinada ao Ministério da Defesa francês para as missões militares e sob a tutela do Ministério do Interior para as missões de policiamento. Ele se formou em 1999 na principal academia militar da França em Saint Cyr e em 2003 tornou-se um dos poucos candidatos escolhidos para se juntar ao GSIGN, grupo de resposta de segurança de elite da Gendarmerie. Beltrame foi enviado ao Iraque em 2005 e mais tarde premiado com uma condecoração militar por seu trabalho de manutenção da paz. Em seu retorno à França, o Coronel Beltrame se juntou à Guarda Republicana do país e foi encarregado de proteger o palácio presidencial. Em 2017, ele foi nomeado vice-chefe da Gendarmerie Nationale na região francesa de Aude, que abriga a cidade medieval de Carcassonne, onde Lakdim começou seu massacre na sexta-feira. Ainda em dezembro, Beltrame participou de um ataque terrorista simulado em um supermercado local na região. Ele se tornou o sétimo membro das forças de segurança da França morto em ataques deste tipo desde 2012. Florence Nicolic, prima dele, disse à BBC que apesar de ter ficado "surpresa e chocada quando ouviu o que aconteceu, a família sabia que aquilo era exatamente o tipo de coisa que ele faria sem hesitar". Policiais colhem evidências durante operação ontem, quando foram registrados três ataques no sul da França O que se sabe do suspeito? Redouane Lakdim nasceu em abril de 1992 no Marrocos e tinha nacionalidade francesa. Ele já era conhecido pelos serviços de inteligência da França. O procurador Francois Molins disse que ele estava em uma lista de vigilância extremista devido a "sua radicalização e seus vínculos com o salafismo", um movimento ortodoxo ultraconservador dentro do islamismo sunita. Mas as investigações posteriores dos serviços de inteligência não revelaram nenhum sinal de que agiria, observa Molins. Lakdim foi declarado culpado por portar uma arma proibida em 2011 e condenado por consumo de drogas e por recusar uma ordem judicial em 2015. Ele vivia em um apartamento em Carcassona com seus pais e várias irmãs. O apartamento foi invadido pela polícia na tarde de sexta. Em um comunicado publicado na internet, militantes do Estado Islâmico afirmaram que Lakdim era "um soldado" - uma declaração que o presidente Macron disse que os serviços de segurança estavam estudando. A França tem sido alvo de ataques jihadistas mortais desde 2015 e está em estado de alerta desde que se levantou o estado de emergência no ano passado. Em fevereiro, Salah Abdeslam foi processado na Bélgica por um tiroteio em Bruxelas que levou a sua captura meses após os ataques de Paris. Ele não deve enfrentar um processo judicial na França até 2020. Redouane Lakdim foi apontado como autor dos ataques de ontem na França. Ele já era conhecidodo serviço de inteligência francês ________________________________________ Principais ataques terroristas na França 1 de outubro de 2017 - Duas mulheres foram esfaqueadas até a morte na estação de trem de Marselha. O EI assumiu a autoria do ataque. 26 de julho de 2016 - Dois homens degolaram um padre em sua igreja na Normandia e acabaram mortos pela polícia. 14 de julho de 2016 - Um caminhão de grande porte atropelou uma multidão em Nice, matando 86 pessoas. O EI também assumiu a autoria deste ataque cometido por um motorista de origem tunisina. Ele foi morto pela polícia. 13 de junho de 2016 - Um policial e seu parceiro foram esfaqueados até a morte em sua casa em Magnanville, a oeste de Paris, por um jihadista que declarou lealdade ao EI. Ele foi morto pela polícia. 13 de novembro de 2015 - O auto-intitulado Estado Islâmico de Paris atacou o estádio nacional, vários cafés e a casa de shows Bataclan, deixando 130 mortos. 7-9 de janeiro de 2015 - Dois integrantes do EI atacaram os escritórios da revista satírica Charlie Hebdo, matando 17 pessoas. Outro militante islâmico assassinou uma policial no dia seguinte e fez reféns em um supermercado judeu em Paris. Quatro reféns morreram antes que ele acabasse morto pela polícia.
Vendas de carros de luxo despencam na Itália
Reportagem:
Maserati amargou queda de 74% nas vendas Sales of high performance cars have fallen in Italy showing that even the rich are beginning to feel the effect of the recession. Mark Duff Clique Clique aqui para ouvir a reportagem Italians' love for fast cars is legendary. But glamour is, it would seem, no defence against the current economic gloom. New figures from the Italian motor dealers' federation show that the country's best known luxury sports cars, Ferrari and Maserati, have seen their sales in Italy plummet over the past year; Ferrari's by more than 56%, Maserati's by 72%. The actual number of vehicles sold is, of course, tiny. Just 248 Italians forked out for a Ferrari last year, not surprising, perhaps, when each car costs the equivalent of up to $300,000. The head of the motor traders' federation blamed high taxes for the fall in sales. However, while poorer Italians may register an uncharacteristic flicker ofschadenfreude at the news that their richer compatriots are cutting back, they won't have much time to gloat. Official figures recently showed that almost a third of Italians are on the verge of poverty, while the average Italian family is bracing itself for an extra €585 of government taxes. Clique Clique aqui para ouvir as palavras legendary famous, very well known economic gloom financial recession plummet fall very quickly forked out for paid a large amount of money for register an uncharacteristic flicker of have a small emotion that is not typical schadenfreude a good feeling when something bad happens to someone else compatriots people of the same nationality to gloat to feel or show pleasure at someone else's bad luck on the verge of very close to bracing itself for preparing itself (for bad news) Leia mais sobre esse assunto Tópicos relacionados
As pessoas só se tornam 'completamente adultas' aos 30 anos, diz neurocientista
Quando começa a vida adulta?
'É uma transição muito mais sutil que ocorre ao longo de três décadas', afirma pesquisador Em grande parte dos países, ao completar 18 anos, você já pode votar, comprar bebidas alcoólicas, obter financiamento imobiliário e ser julgado criminalmente por seus atos. Mas um grupo de neurocientistas sugere que as pessoas só se tornam "completamente adultas" aos 30 anos. De acordo com os pesquisadores, aos 18 anos, o cérebro ainda está passando por mudanças que podem afetar o comportamento dos jovens, deixando-os, inclusive, mais propensos a desenvolver transtornos mentais. "Processos que envolvem o aumento da condutividade dos nervos, a construção de redes neurais e a 'poda' de conexões indesejadas começam no útero e continuam por décadas", afirma o jornal britânico The Independent. Fim do Talvez também te interesse Portanto, a idade em que cada um se torna adulto varia. Fronteira imprecisa Peter Jones, professor da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, destaca que essa transição não acontece de um dia para o outro. "O que estamos dizendo realmente é que ter uma definição clara de quando você passa da infância para a idade adulta parece algo cada vez mais absurdo." Os cientistas dizem que o cérebro se desenvolve em diferentes momentos para cada pessoa "É uma transição muito mais sutil que ocorre ao longo de três décadas", explica o pesquisador, que participa de um encontro de neurociências promovido pela Academia de Ciências Médicas de Oxford, no Reino Unido. Segundo ele, a adoção de uma "linha divisória" é apenas uma questão de "conveniência". "Eu acho que convém para os sistemas de educação, de saúde e judicial ter essas definições", acrescenta. Apesar disso, Jones acredita que juízes criminais experientes sabem reconhecer a diferença entre um réu de 19 anos e um criminoso "endurecido" com mais de 30 anos. "Eu acho que o sistema está se adaptando, que as pessoas não gostam [da ideia de] uma lagarta se transformando em borboleta", afirmou. "Não existe uma infância e depois uma vida adulta. As pessoas estão trilhando um caminho, estão em uma trajetória", conclui.
Pedofilia na internet: 'Me disfarço de adolescente para caçar suspeitos'
Anônima*, de 23 anos.
Jovem de 23 anos, que faz parte de grupo de caçadores de pedófilos, conta passo a passo da operação Eu sou a isca viva de um grupo de caçadores de pedófilos. Isso significa que não apenas converso com suspeitos de pedofilia na internet: vou pessoalmente encontrá-los. Faço parte de um grupo chamado Guardians of the North (Guardiões do Norte, em tradução livre), criado há quase três anos. Nossas investigações sempre começam online. Tenho conta em várias redes sociais diferentes. Meu perfil é sempre público para que qualquer pessoa consiga visualizá-lo e me enviar mensagem. Em um deles, me passo por uma garota de 14 anos. Uso um nome falso, mas as fotos são minhas. São imagens normais - geralmente só de rosto. Minha idade real é 23 anos, mas posso fazer isso porque pareço mais nova. Sou pequena e tenho cara de menina. Acho que ajuda o fato de parecer mais jovem quando falo também, porque converso com as pessoas pelo telefone quando necessário. Eu recebo mensagens todos os dias. Nunca tomo a iniciativa. Sempre espero que entrem em contato comigo - e deixo claro nesses perfis que sou uma garota de 14 anos. Fim do Talvez também te interesse Tem mais gente entrando em contato comigo do que eu sou capaz de responder. Recebo mensagem de pelo menos 10 pessoas todos os dias - e já cheguei a receber 30 no mesmo dia, de pessoas diferentes. As conversas geralmente começam com um bate-papo normal - "como foi seu dia?", "o que você tem feito?", esse tipo de coisa. Pode levar meses até a conversa ganhar conotação sexual ou pode acontecer no mesmo dia. Não importa quanto tempo leve, eu sempre deixo eles conduzirem o papo - é a maneira legítima de fazer isso, para que não sejamos acusados de montar uma arapuca. Às vezes, os homens escondem a identidade. Eles podem usar perfis falsos ou nomes falsos e enviar fotos que pegam da internet. Se mentem sobre a idade, geralmente fingem ter 18 ou 20 anos. Nós sempre descobrimos quem eles realmente são no final - quando são presos. Na maioria das conversas, os homens mandam fotos do pênis e geralmente pedem para fazer sexo. Eu sempre finjo que não sei o que é sexo. Se eles perguntam, eu normalmente digo que sou virgem ou totalmente inexperiente. Ainda assim, eles me pedem para enviar fotos explícitas - mas obviamente eu não faço isso. Já fui ameaçada uma vez. Um homem pediu imagens obscenas e disse que, se eu não mandasse, machucaria minha mãe. Presentes de estranhos Eles às vezes dizem que vão comprar presentes para mim no meu aniversário ou no Natal. Mas eu nunca aceitei nada. Se estamos combinando de nos encontrar, às vezes eles me pedem para usar um determinado tipo de roupa íntima ou se oferecem para reservar hotéis. Eles raramente falam sobre suas vidas pessoais ou dizem se são casados. Mantêm tudo isso em segredo. Grupo de caçadores de pedófilos Guardians of the North foi criado há quase três anos Assim que a conversa ganha contornos sexuais, eles geralmente pedem para se encontrar - é neste momento que o resto da equipe se envolve. Cerca de seis integrantes do grupo participam da operação e dividimos as tarefas. Descobrimos o máximo possível de informações sobre a pessoa e baixamos todos os registros de bate-papo, imagens e capturas de tela como prova. As pessoas que normalmente aparecem têm entre 30 e 40 anos. Às vezes, vemos gente na casa dos 20 anos e já aconteceu de surgirem adolescentes. São geralmente homens, embora tenhamos flagrado duas mulheres - ambas agindo sozinhas. Eu preciso ser a "isca viva". Isso significa que eu vou até o local combinado - geralmente um lugar público, como um estacionamento - e espero que a pessoa apareça. A equipe chega antes para inspecionar a área. Se for durante o dia, eles vão tentar se misturar aos pedestres ou esperar dentro do carro. Normalmente, o suspeito espera que eu chegue primeiro ao ponto de encontro. Se não me veem, eles podem ir embora, então eu preciso estar lá pessoalmente. Só uso roupas normais como calça jeans e casaco de moletom. A equipe sempre me mantém no seu campo de visão. Um dos membros filma toda a ação para usar como prova. Outro integrante é responsável por chamar a polícia assim que capturamos o suspeito. O restante age como segurança para proteger a equipe. Nosso trabalho levou a mais de 200** detenções e até hoje eu nunca fui machucada. Eu fico com medo, não sei como é a pessoa que vai aparecer, mas eu sei que a equipe está por perto - e que vai confrontá-la assim que chegar. Nós normalmente vamos em dois carros - estacionamos um atrás do carro do suspeito e outro na frente. Em seguida, a equipe apresenta as evidências e mantém a pessoa falando até a chegada da polícia. As provas coletadas pelos Guardians of the North são entregues à polícia Alguns já tentaram fugir. Um homem apareceu em uma van e deve ter desconfiado - talvez ele tenha achado estranho ter muita gente em pé -, ele foi embora e nós o seguimos. Por fim, ele foi capturado pela polícia. Normalmente, quando são confrontados, os suspeitos admitem rapidamente o que estão fazendo para a câmera. É difícil para eles negarem quando são apresentadas as evidências - mas a reação deles pode depender de quão longe foi o bate-papo online Nós filmamos toda a ação para segurança dele e nossa - e para usar como prova. Resultados na Justiça Cerca de 120** pessoas foram condenadas depois das nossas operações. Oficialmente, a polícia não aprova o que fazemos. Pessoalmente, acho que eles poderiam dar um pouco mais de apoio. Ao contrário de outros grupos de caçadores de pedófilos, não transmitimos ao vivo as operações nas redes sociais porque acreditamos que todos têm direito a um julgamento justo. Nós não somos pagos, mas recebemos algumas doações. Arrecadamos fundos e esse dinheiro é gasto em combustível. Faço trabalho voluntário paralelamente, mas não tenho outro emprego. Apesar de tudo a que estou exposta nesta função, não faço terapia ou algo do gênero. Não é algo que eu tenha cogitado. Tenho a equipe para conversar e se eu precisar de uma pausa, posso tirar uns dias para relaxar. Gosto de nadar, sair com amigos e ir ao cinema. Ninguém fora da minha família e do grupo sabe o que eu faço. Não comento com ninguém sobre o assunto. Quando contei aos meus pais, eles ficaram muito preocupados. Levaram cerca de um ano para aceitar. Minha família concorda com o que eu faço agora, mas tem um pouco de receio de eu usar minhas próprias fotos no perfil. Eles se preocupam com a minha segurança - eu também, durante a operação, mas quando a pessoa é capturada, fico bem. Quando configurei meu perfil, fiquei chocada com a quantidade de gente que estava me enviando mensagem. Os pais devem saber que qualquer garota de 14 anos com um perfil público como o meu pode estar recebendo mensagens como estas. É assustador. Não sei como impedir que isso aconteça, mas acho que os pais devem monitorar as trocas de mensagem dos filhos na internet regularmente. Eles devem ter as senhas dos perfis dos filhos. Muitos pais entram em contato o tempo todo com a gente por acreditar que seus filhos estão sendo assediados online. Eu não diria que gosto de fazer este trabalho. Às vezes me preocupo com minha segurança. Mas prefiro que os suspeitos de pedofilia falem comigo em vez de crianças reais. *Depoimento concedido ao jornalista Ben Bryant, da BBC Three. **A BBC não conseguiu verificar esses números. Este depoimento foi publicado originalmente pela BBC Three. Leia aqui a reportagem original (em inglês) Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Eurocurtas: Para Deco, 'todo jogador gosta do Barcelona'
Deco no Barça?
O próprio Deco havia afirmado, há pouco mais de uma semana, que a sua transferência para o Chelsea, da Inglaterra, era praticamente certa. Agora, no entanto, o Barcelona surge como mais provável destino do meia do Porto e da seleção portuguesa. De acordo com a imprensa catalã, a mudança seria o resultado da vontade do jogador, que estaria encantado com a possibilidade de formar uma dupla com Ronaldinho Gaúcho, e das recomendações de Luiz Felipe Scolari, que teria aconselhado o brasileiro naturalizado português a optar pelo Barcelona. Na semana passada, antes do início dos rumores sobre a possível negociação, Scolari havia dito que Deco e Ronaldinho Gaúcho na mesma equipe seriam capazes de “fazer chover”. O meia do Porto, no entanto, se recusa a falar sobre seu futuro, mas admite uma admiração pelo Barça. “Não gostaria de falar sobre isso agora”, despistou Deco, em coletiva nesta segunda-feira. “Sem dúvida, eu vou para um lugar que me agrade, onde eu me sinta bem”, disse, após a insistência dos jornalistas. “Se eu gosto do Barcelona? Lógico. Acho que todo jogador gosta do Barcelona”, acrescentou, para alegria dos catalães. Potências fora As semifinais da Eurocopa 2004 serão disputadas a partir da próxima quarta-feira sem a presença de nenhuma das seleções que representam os países com as ligas mais poderosas do futebol mundial: Espanha, Itália, Inglaterra, Alemanha e França. Um dos motivos apontados como justificativa para o fracasso dessas cinco equipes é justamente o cansaço que as longas temporadas nos campeonatos disputados nestes países teriam causado nos principais jogadores das ligas mais poderosas. Outro detalhe que reforça essa teoria é o fato de que três dos quatro ‘galácticos’ do Real Madrid envolvidos na disputa da Eurocopa já estão fora do torneio. Esses astros teriam sentido o desgaste físico e psicológico da fracassada temporada no clube espanhol. Zidane, Beckham e Raúl já estão de férias. Figo ainda sonha com o título europeu, mas as atuações do português têm sido muito criticadas, e o mau humor do meia não tem combinado com a boa fase da seleção de Portugal. Herói grego Apontado como principal responsável pelo sucesso da seleção da Grécia na Eurocopa 2004, o técnico alemão Otto Rehhagel se tornou um dos novos heróis do país. Para homenagear o treinador, o ministro da Ordem Pública da Grécia, Georges Voulgarakis, propôs que o alemão seja reconhecido oficialmente como cidadão grego. “Se a legislação permitir, proponho dar a nacionalidade a Rehhagel, que provou ter uma alma grega”, afirmou o ministro. O técnico da seleção da Grécia recebeu ainda elogios de diversas personalidades gregas, incluindo Dora Bakoyannis, presidente da Câmara de Atenas, que agradeceu ao treinador e aos seus jogadores pela “alegria e o orgulho” que deram ao país. Cantona, torcedor inglês Ex-jogador da seleção francesa e um dos maiores ídolos da história do Manchester United, Eric Cantona esteve em Portugal no fim de semana para disputar um torneio de futebol de areia. Durante a visita, o ex-jogador reafirmou seu carinho pela Inglaterra e seu rancor em relação à França. “Sou francês, mas não torci para a França. Torci pela Inglaterra e, apesar de não ter visto o jogo todo, fiquei triste quando foi eliminada por Portugal.” “Os franceses são arrogantes e egoístas. Precisam sempre que digam a eles que são os melhores”, reclamou Cantona, que também elogiou Luiz Felipe Scolari, apontado pelo francês como melhor “jogador” português na Eurocopa. “Gosto dele, da sua maneira de ser. Parece ser muito forte, mas não o conheço bem”, afirmou o ex-jogador, entre sorrisos e autógrafos. Torcedor 1 milhão No intervalo do jogo entre República Checa e Dinamarca, pelas quartas-de-final da Eurocopa 2004, o português Norberto Moreira recebeu uma placa por ter sido apontado pela Uefa como o torcedor número 1 milhão do torneio. A marca foi alcançada na partida que terminou com a vitória checa por 3 a 0. O número total de torcedores que foram aos estádios portugueses para os jogos da Eurocopa já é superior a 1,025 milhão, o que resulta em uma média de 39 mil espectadores por partida. No entanto, apesar dos números, os lugares vazios no Estádio do Dragão eram facilmente visíveis durante a partida realizada no domingo. O estádio, com capacidade para 52 mil torcedores, recebeu apenas 41.092. De acordo com os números atualizados da Uefa, a partida do torneio que registrou o menor público até agora foi o confronto entre Itália e Bulgária, na cidade de Guimarães, que recebeu 21.222 torcedores para a partida do último dia 22. Brasileiros no Porto A edição desta segunda-feira do diário esportivo português O Jogo volta a destacar a investida do Porto na tentativa de contratar o atacante Luís Fabiano, do São Paulo, e o meia Diego, do Santos. De acordo com o jornal, editado na cidade do Porto, o atual campeão europeu é o clube mais cotado para vencer a disputa pelo passe de Luís Fabiano, “à frente de clubes como Barcelona, Bétis e Sevilla. O Jogo diz que a proposta do clube português pelo atacante brasileiro foi a melhor que o São Paulo recebeu – no valor de cerca de 13 milhões de euros (R$ 49 milhões). Quanto a Diego, o diário esportivo afirma que o Porto se recusou a pagar os 10 milhões de euros pedidos pelo Santos, mas apresentou uma contra-proposta que pode abrir caminho para um acordo.
Protestos no Oriente Médio: país por país
Líbia
Protestos em Benghazi Protestos contra o regime de Muamar Khadafi deixaram um número não confirmado de mortos e feridos desde o dia 16 de fevereiro. O grupo de defesa de direitos humanos Human Rights Watch afirmou que 233 pessoas morreram no país desde o início dos protestos, mas o governo afirma que os relatos são "exagerados. Benghazi, segunda maior cidade do país, foi o principal foco de revoltas e de violência. Testemunhas afirmaram que forças de segurança usaram metralhadoras e artilharia pesada contra multidões. Os protestos se espalharam para a capital, Trípoli, no dia 20 de fevereiro. O filho de Khadafi, Saif al-Islam, advertiu em pronunciamento pela TV para o risco de uma guerra civil poderia atingir o país. O governo bloqueou a internet e vem dificultando o trabalho da mídia estrangeira, o que torna difícil ter uma idéia da proporção real dos distúrbios no país. Protestos são proibidos na Líbia, mas a revolta foi detonada pela prisão de um advogado conhecido por ser um crítico aberto do governo. Khadafi é o líder há mais tempo no poder na África e no Oriente Médio - desde 1969 - e um dos mais autocráticos. Bahrein A monarquia sunita que governa o país ofereceu diálogo com representantes da maioria xiita do Bahrein, após dias de protestos na principal praça da capital, Manama. Após usar tropas para dispersar manifestantes da Praça Pérola no dia 17 de fevereiro - em uma operação que deixou quatro mortos ao menos - o governo parece ter recuado, permitindo que os manifestantes reocupassem a praça. O presidente dos EUA, Barack Obama, pediu calma ao Bahrein, que é um país estrategicamente importante para os EUA. O rei Hamad pediu a seu filho mais velho, o príncipe regente Salman, que dê início a um "diálogo nacional" para pôr fim à revolta. Representantes de alto escalão do principal grupo político xiita do país, Wefaq, pediram a renúncia do governo. Entre outras demandas está a libertação dos presos políticos e conversas sobre uma nova Constituição. Manifestantes xiitas reclamam de problemas econômicos, falta de liberdade política e discriminação no mercado de trabalho a favor de sunitas. Marrocos O principal grupo de oposição do Marrocos afirmou que a "autocracia" será varrida do país, se reformas econômicas profundas não forem implementadas. O país enfrenta vários problemas econômicos. O governo anunciou um aumento nos subsídios do Estado para tentar conter o aumento no preço das commodities. No começo do ano, a reputação do Marrocos foi atingida quando o site Wikileaks revelou documentos com acusações de corrupção na família real e entre pessoas próximas ao rei Mohammed 6º. O rei diz que a luta contra a pobreza no país é uma prioridade, o que lhe valeu o epíteto de "guardião dos pobres". A liberalização da economia atraiu investimentos estrangeiros, e as autoridades afirmam que estão realizando melhorias em favelas e áreas rurais do país. Mas organizações não-governamentais dizem que pouco mudou, que a pobreza e o desemprego ainda são grandes no país. O Marrocos vem sendo atingido por greves, nos setores público e privado. O Marrocos, como Egito e Argélia, dá pouco espaço para a liberdade de expressão e até agora tem sido capaz de conter protestos maiores. Assim como a Jordânia, o país é uma monarquia, que tem apoio de grandes setores da população. Argélia Protestos esporádicos vêm acontecendo no país desde o começo de janeiro, com manifestantes pedindo a renúncia do presidente Abdelaziz Bouteflika. Grupos de manifestantes se uniram em seu movimento contra o governo, incluindo pequenos sindicatos e partidos políticos menores. O gatilho para os protestos parece ter sido principalmente econômico - em particular o aumento acentuado no preço dos alimentos. No começo de fevereiro o presidente Bouteflika prometeu suspender o estado de emergência - em vigor no país desde 1992 - em um "futuro próximo", mas ainda não o fez. O governo da Argélia conta com riqueza considerável vinda de suas exportações de petróleo e gás, e tenta responder a reclamações econômicas e sociais com um grande programa de gastos públicos. Tunísia Protestos continuam na Tunísia apesar da decisão do presidente Zine al-Abidine Ben Ali de renunciar em janeiro. Ele deixou o país após semanas de manifestações e choques entre manifestantes e a polícia. O gatilho foi o ato desesperado de um jovem desempregado, no dia 17 de dezembro. Mohamed Bouazizi ateou fogo ao próprio corpo, quando autoridades de sua cidade impediram-no de vender legumes nas ruas de Sidi Bouzid sem permissão. O gesto detonou protestos que se espalharam pelo país. A resposta violenta das autoridades - com a polícia abrindo fogo contra manifestantes - parece ter exacerbado a ira da população e fomentado novos protestos, que terminaram levando à derrocada do presidente. O presidente do Parlamento, Foued Mebazaa, foi empossado como presidente interino, e pediu ao premiê Mohammed Ghannouchi, chefe do governo desde 1999, para formar uma coalizão nacional. O premiê também prometeu abandonar o poder após eleições, que deverão ser realizadas dentro de seis meses. Jordânia Milhares de jorndanianos saíram às ruas ao longo das últimas cinco semanas, pedindo melhores perspectivas de emprego e redução nos preços de alimentos e combustível. Em resposta, o rei Abdullah 2º demitiu o primeiro-ministro Samir Rifai, acusando-o de promover reformas lentas. Marouf al-Bakhit, ex-general do Exército e embaixador do país em Israel, foi nomeado em seu lugar. Um novo gabinete com 26 integrantes foi empossado no dia 10 de fevereiro. O Reino Hachemita da Jordânia é um país pequeno, com poucos recursos naturais, mas desempenha um papel crucial na luta por poder no Oriente Médio. A morte do rei Hussein, que governou por 46 anos, deixou a Jordânia na briga pela sobreviência econômica e social, assim como pela paz regional. Seu filho, Abdullah, que o sucedeu no trono, enfrenta o desafio de manter a estabilidade e atender a demandas por reforma. Um plano para mudanças políticas, econômicas e sociais de longo prazo - conhecido como Agenda Nacional - ainda não foi implementado. Egito Centenas de milhares de pessoas se reuniram no Cairo no dia 18 de fevereiro para marcar uma semana da queda do presidente Hosni Mubarak O líder de 82 anos renunciou no dia 11 de fevereiro, após 18 dias de protestos. Ele estava no poder desde 1981. O Egito há muito vinha sendo um centro de estabilidade em uma região volátil, mas isso mascarava problemas, que vieram à tona nas demandas de manifestações populares contra o governo de 30 anos de Mubarak, no dia 25 de janeiro. Os principais gatilhos foram pobreza, inflação, exclusão social, raiva contra a corrupção e o enriquecimento da elite política do país. Com Mubarak fora do jogo, as Forças Armadas do país assumiram o poder através de um Conselho Militar, que governará pelos próximos seis meses, até que eleições sejam realizadas. O grupo islamista conservador Irmandade Muçulmana tem chances de ter um bom desempenho em quaisquer eleições livres e justas, mas temores de que o timão político no Egito se volte para o lado do conservadorismo islâmico é a principal fonte de preocupação do Ocidente e de Israel. Síria O presidente Bashar al-Assad prometeu promover reformas políticas após herdar o poder de seu pai, Hafez, em 2000, após três décadas de um regime autoritário. Leis de emergência vigoram no país desde 1963. Após a morte de Hafez al-Assad, a Síria sofreu um certo grau de distensão. Centenas de presos políticos foram libertados. Não ocorreram, entretanto, mudanças como o aumento das liberdades políticas ou mudanças na economia fortemente dominada pelo Estado. Irã O governo iraniano convocou uma manifestação para a sexta-feira 18 de fevereiro para manifestar seu repúdio à oposição do país. O chamado se seguiu a manifestações organizadas pelas duas principais figuras de oposição ao governo em apoio a protestos em países vizinhos. O protesto rapidamente se transformou em uma manifestação antigoverno, que deixou dois mortos e vários feridos. O sistema político complexo e incomum do Irã combina elementos de uma teocracia islâmica com democracia. Uma rede de instituições não sujeitas a voto popular e controladas pelo altamente poderoso Líder Supremo do país tem como contrapartida um presidente e um Parlamento eleitos pelo povo. O presidente Mahmoud Ahmadinejad, eleito em 2005, é um adepto da linha-dura, que prometeu reprimir qualquer protesto contra o regime. Ele acusou manifestantes de querer "manchar o brilhantismo nacional iraniano". Arábia Saudita Um dos países mais insulares e pios do Oriente Médio, a Arábia Saudita deixou de ser um reino desértico e pobre para tornar-se uma das nações mais ricas da região, graças a seus vastos recursos petrolíferos. Mas seus governantes enfrentam a tarefa delicada de responder a pressões por reforma e, ao mesmo tempo, combater o problema crescente da violência extremista islâmica. A família real saudita sempre tentou preservar a estabilidade na região e reprimir extremistas islâmicos. Movimentos de oposição são proibidos no país. Regionalmente, o país é importante, com o rei Abullah Bin-Abd-al-Aziz Al Saud visto no mundo árabe como um defensor dos interesses árabes. Foi para a Arábia Saudita que o líder deposto da Tunísia, Zine al-Abidine Ben Ali, fugiu em janeiro. Manifestantes em Sanaa, capital do Iêmen Iêmen Após dias de protestos, o presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, anunciou, no dia 2 de fevereiro, que não concorreria a outro mandato, após três décadas no poder. Ele também disse ao Parlamento que não passaria o poder a seu filho, afirmando: "Nenhuma extensão, nenhuma herança, nenhum cronômetro zerado". Mas os protestos continuam, com pessoas saindo às ruas nas cidades de Sanaa, Aden e Taiz. Manifestantes antigoverno pedindo reformas políticas entraram em choque com grupos leais ao governo, e a polícia foi enviada para reprimir manifestações. O Iêmen é o país mais pobre do mundo árabe, onde quase metade da população vive com menos de US$2 por dia.
Riqueza em petróleo traz dilema para um dos países mais pobres do mundo
The story…
Nesta série, jornalistas da BBC te ajudam a aprender e praticar inglês com uma das notícias mais interessantes da semana. Assista ao vídeo e acompanhe o vocabulário. Fishermen fear oil drilling in African lake Learn language related to… Economic survival Need-to-know language lifeblood – most important thing for something to exist sustenance – food make a living – earn money way of life – manner in which people live in the doldrums – in a state of economic stagnation Answer this… What threatens the fishermen's way of life apart from oil drilling? Watch the video online: http://www.bbc.co.uk/learningenglish/english/features/lingohack/ep-180502 Transcript Fishermen braving the choppy waters of this vast inland sea in search of their daily bounty. For countless generations, Lake Malawi has been their lifeblood - providing sustenance and a means to make a living. But fishing communities like this are under threat along the lake shore as overfishing and climate change takes its toll. And now they are facing a new challenge - oil. The largely dormant dispute resurfaced in 2011, when Malawi awarded a British company, Surestream Petroleum, a licence to drill for oil and gas in the contested territory. Cassius Chiwambo Head of Oil and Gas, Ministry of Natural Resources, Energy and Mining I know governments of Malawi and Tanzania are actually engaging each other in order to make sure that the impasse is actually closed. Local fishermen fear the worst. They are worried that oil exploration will pollute the lake, kill the fish and their way of life. Malawi is one of the poorest countries in the world. The government is keen to capitalise on oil. But a local think tank doesn’t seem to harbour much optimism in the current state of the economy. Dalitso Kubalasa Executive Director, Malawi Economic Justice Network We’ve been in the doldrums, I think, for some time. We seem kind of stuck. So we are locked in these political cycles. The next generation’s fate hinges on the decisions taken by politicians today. So, the concern remains that fishing villages like these may not survive once the oil drilling begins. Did you get it? What threatens the fishermen's way of life apart from oil drilling? Apart from oil drilling, overfishing and climate change threaten the fishermen's way of life. Did you know? Malawi, Tanzania and Mozambique all claim parts of Lake Malawi, which is the third largest in Africa and among the 10 largest lakes in the world.
Capoeira: os judeus ultraortodoxos apaixonados pela cultura brasileira em Israel
É uma revolução.
“Não é comum ver um cara como eu ou como meus alunos pulando por aí”, diz Miki Chayat, fundador de uma escola de capoeira com mais de 300 alunos em Israel. A capoeira é uma manifestação da cultura popular brasileira que combina jogo, luta e dança, com o acompanhamento de instrumentos musicais, palmas, cantos e coros. Ela foi introduzida no país por africanos escravizados. Para Miki, virou motivo de curiosidade e de dedicação. O israelense conta que tinha ainda 9 anos quando viu pela primeira vez seu tio, que não é religioso, fazendo movimentos acrobáticos incomuns. “Eu disse: ‘Uau, o que é isso?’ Ele respondeu: ‘É capoeira’.” O menino levava uma vida normal de estudante da Yeshiva – como é chamada a escola judaica para estudos religiosos. Isso inclui acordar às 7h, orar e voltar para estudar a Torá, o conjunto de livros base da religião Judaica, até a meia-noite. E o interesse pela capoeira o levou a usar as pausas nos estudos na escola religiosa para melhorar seus movimentos. “Eu almoçava em 5 minutos e saía correndo para praticar.” Miki ‘jogava’ por toda a parte e isso ia desde a varanda e o parque até a rua. Não demorou para os outros jovens ficarem curiosos. ‘Como você faz isso? Nós queremos fazer também. Você ensina a gente?’, diziam eles. Mas nem tudo mundo o apoiou no começo. Alguns rabinos ameaçaram seus alunos de expulsão da Yeshiva. “Um dos rabinos me disse: ‘vamos colocar as pessoas contra você’. Então eu levei o meu rabino até ele, e tivemos uma boa conversa. No fim, o filho do rabino também veio estudar capoeira”, conta ele. Miki abriu uma escola de capoeira para judeus ultraortodoxos e hoje tem mais de 300 alunos. Ele, que já esteve várias vezes no Brasil e aprendeu a falar português, diz que, embora não seja fácil entender outra cultura, a capoeira os ajuda a entender as pessoas que não são como eles. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Por que a Argentina quer sacrificar 100 mil castores
Uma situação "fora de controle".
Os castores chegaram à Terra do Fogo nos anos 1940 É assim que as autoridades argentinas avaliam o aumento na população de castores na província de Terra do Fogo, no extremo sul do país. Por causa disso, um plano radical está sendo preparado - ele prevê o sacrifício de cerca de 100 mil indivíduos da espécie, que não é nativa da região. Os castores foram levados para a área em 1946, vindos da América do Norte. Na época, a ideia é que esses animais fossem utilizados no comércio de peles. O problema é que, devido à ausência de predadores naturais, como ursos e coiotes, esses roedores se reproduziram rapidamente, se tornando uma espécie invasora que, segundo ambientalistas, ameaça a floresta local. Fim do Talvez também te interesse De acordo com as autoridades argentinas, os roedores já destruíram uma área equivalente a duas vezes o tamanho da capital do país, Buenos Aires. A estimativa é que a região abrigue hoje mais de 100 mil castores - o plano é erradicar a espécie na Terra do Fogo. Ao criar barragens, os castores formam pântanos, impedindo o crescimento de árvores Ameaça ao ecossistema Adrian Schiavini, responsável pela Estratégia Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras, disse à imprensa local que os castores serão sacrificados de uma forma "humana, rápida e efetiva". Ele explicou que a espécie também já causou um dano muito grande ao construir barragens no sistema de rios da região. "O castor rói a árvore até derrubar, corta em pedaços e usa para comer e construir sua toca", explicou Schiavini ao site Infobae. "O que era um córrego de montanha se transforma em uma série de reservatórios de água parada, e muitos seres que viviam ali não podem mais se movimentar", acrescentou. Outro inconveniente causado pelos animais é que, ao contrário do que ocorre com as árvores da América do Norte, que podem voltar a crescer, as sul-americanas morrem depois de serem roídas por eles. Além disso, as barragens que eles constroem produzem pântanos, nos quais muitas árvores são incapazes de crescer. Essas represas podem alcançar 100 metros de comprimento. Schiavini contou que o plano é trazer caçadores especialistas em castores da América do Norte. "A ideia é treinar um grupo de caçadores e escolher os melhores para que trabalhem em sete áreas piloto da Ilha Grande, na Terra do Fogo." Ele afirmou esperar que a maior parte dos castores seja sacrificada em até quatro anos.
Republicanos ferem Kerry com emboscada sobre Vietnã
O tenente John Kerry está ferido.
O candidato presidencial democrata construiu uma carreira a partir do seu papel de herói (e depois de anti-herói) na guerra do Vietnã. Esta duplicidade contribuiu para o partido cerrar fileiras em torno da candidatura de Kerry, mas o tenente agora foi alvejado por veteranos de guerra associados à campanha republicana que questionam o valor em combate do ex-companheiro. Kerry sentiu o golpe e demorou para reagir. Ele finalmente lançou uma contra-ofensiva em várias frentes para impedir que o presidente George W. Bush ganhe mais terreno com essa controvérsia antes da convenção republicana da semana que vem em Nova York. Condenação Kerry cobra de Bush uma condenação explícita dos esforços deste grupo de veteranos para desacreditar o candidato democrata e lembra que táticas semelhantes - definidas como sujas e mentirosas - destruíram as aspirações de outro herói do Vietnã, o senador John McCain, que competiu contra Bush nas primárias republicanas há quatro anos. Falando na segunda-feira no seu rancho no Texas, Bush disse ser desfavorável à propaganda política negativa patrocinada por grupos como este em campanha contra Kerry, e acrescentou que seu oponente em novembro deve se orgulhar de sua atuação no Vietnã. Estes veteranos pró-republicanos alegam que Kerry mentiu sobre sua atuação em combate para conseguir duas de suas medalhas e foi injusto quando denunciou atrocidades praticadas por soldados americanos no Vietnã, em depoimento no Congresso, após retornar do sudeste asiático. As marchas e contramarchas da polêmica são acompanhadas de forma minuciosa pela imprensa e o caso compete com as expectativas em torno dos protestos de rua programados para a convenção republicana em Nova York. No domingo, o Washington Post publicou uma reportagem exaustiva e inconclusiva sobre o desempenho de Kerry na guerra. O jornal observou que estabelecer os fatos é tarefa complicada não apenas porque as evidências são ambíguas mas porque o clima está acirradamente partidário na campanha presidencial. O Washington Post ressaltou que os acusadores foram bem-sucedidos no esforço de levantar dúvidas sobre Kerry, mas não apresentaram evidências suficientes de que ele seja um mentiroso. O jogo de percepções é mais conclusivo. As pesquisas sugerem que a emboscada dos veteranos pró-republicanos prejudicou Kerry de forma significativa, ceifando a vantagem de quatro a cinco pontos sobre Bush que ele conseguiu após a convenção democrata em Boston, no final de julho. Ferimentos A entrada em cena do respeitado ex-senador republicano e ex-candidato presidencial Bob Dole não ajuda Kerry. Em entrevista no fim de semana, este veterano da Segunda Guerra Mundial, gravemente ferido em combate, referiu-se "aos ferimentos superficiais" de Kerry no Vietnã e disse que ele deveria pedir desculpas a outros veteranos pelas denúncias de atrocidades que fez no depoimento no Congresso em 1971. Não era este o clima desejado por Kerry a esta altura da guerra eleitoral. Ele desenhou uma estratégia destinada a ressaltar que, com sua experiência militar, tem credenciais para ser o comandante-em-chefe no lugar de Bush. Kerry demorou para reagir à emboscada guerrilheira dos republicanos, que é digna do vietcongue, com o cálculo de que campanha suja seria um tiro pela culatra. Mas o terreno está minado e escorregadio. Tudo indica que cada vez mais, até novembro, a batalha eleitoral será travada na lama.
Ivan Lessa: Ah, esses franceses!
Francês ama livro.
Francês lê adoidado. Francês é culto pra chuchu. E por aí afora. Quando se bota no meio da história um uniforme, militar ou policial, as coisas mudam de figura. Vide várias guerras, com ênfase nas de 1914-1918 e na de 1939-1945. Vide também os “acontecimentos” (vamos chamá-los assim) de 1968, com os estudantes querendo por força a imaginação no poder. Vira e mexe, quem acaba no poder é gente como Pompidou, Mitterand, Chirac. A gente sabe, a gente conhece. Mas em matéria de livro, são imbatíveis, diz o lugar comum. Das vendas de Jorge Amado e a condecoração da Legião de Honra tacada no peito do igualmente vendabilíssimo mago Paulo Coelho, nós sempre pegamos uma beirada nesses excessos culturais. Só que de vez em quando um livro some. Por exemplo, o La Guerre à Outrance (A Guerra sem Quartel), do belga Alain Hertoghe, de 44 anos. Seu livro, publicado em outubro do ano passado, defende e expõe a tese de que os repórteres franceses foram mais patriotas do que jornalísticos em sua cobertura da guerra dos americanos e sua chamada coalizão contra o Iraque. Outro dia mesmo, na televisão, Hertoghe disse que os leitores que se orientam apenas pelo que sai nos jornais não conseguem entender como e porque os americanos ganharam (se isso que vemos é vitória) a guerra, acrescentando que a imprensa francesa, como um todo, não foi neutra. O livro examina a cobertura diária de cinco grandes jornais, inclusive o jornal que empregava Hertoghe, o La Croix, nas três semanas a partir dos primeiros ataques a Bagdá, no dia 20 de março, a 9 de abril, quando o regime de Saddam Hussein caiu de vez. Os outros jornais são o independente Le Monde, o conservador Le Figaro, o Libération, de esquerda, e regional, Ouest-France. Hertoghe disse que os repórteres reportavam as emoções correntes na França e não nos campos de batalha do Iraque, absortos que estavam com o papel da França (que deve sempre ser gloriosa) nas Nações Unidas. No dia 15 de dezembro, logo após a publicação de seu livro, o La Croix demitiu Hertoghe citando inclusive o fato de que este estaria dando um mau nome ao jornal. E mais não disse. Na França, o silêncio prossegue e ainda há esperança de se conseguir algum negocinho na reconstrução do Iraque.
Argentina reafirma desejo de soberania nas Malvinas
Marcia Carmo, de Buenos Aires
"Não vamos renunciar ao nosso objetivo de ter a soberania das Ilhas Malvinas", afirmou nesta segunda-feira, em seu primeiro discurso nas Nações Unidas, em Nova York, o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Rafael Bielsa. As palavras do ministro tiveram o aval do presidente argentino, Néstor Kirchner, 21 anos e dois meses depois da invasão das Malvinas por tropas argentinas, em 2 de abril de 1982 - episódio que marcou o início do conflito que terminou com a derrota da Argentina e antecipou a volta da democracia ao país. "Pedimos ao governo britânico que abandone sua resistência em discutir o assunto com o governo argentino", apelou Bielsa, diante do Comitê de Descolonização da ONU. Para o chanceler argentino, a questão da soberania do arquipélago deve ser discutida entre os dois governos, excluindo assim os kelpers (moradores das Malvinas, chamadas de Falklands pelos britânicos). Estratégia O gesto de Bielsa representa uma mudança de estratégia da Argentina para tentar obter o comando das Ilhas Malvinas. No governo do ex-presidente Carlos Menem, os argentinos tentaram incluir os kelpers em uma iniciativa que foi batizada de "política de sedução". Já na administração seguinte, do ex-presidente Fernando de la Rúa, o então chanceler Adalberto Rodríguez Giavarini preferiu ignorar os kelpers, mas não deixou claro qual seria a tática e o objetivo do governo sobre as Malvinas. Agora, o assunto volta à tona graças à decisão do presidente Néstor Kirchner, nascido e criado na província de Santa Cruz, na Patagônia, caminho para as Malvinas, onde a perda do arquipélago ainda é um assunto importante para os moradores. "Não podemos aceitar que o enfrentamento entre um governo militar argentino e o Reino Unido seja aproveitado por este para se afastar das negociações sobre a soberania das ilhas", disse Bielsa. "Não podemos aceitar também que queiram reduzir a questão a um chamado a renunciar a um pedido justo e histórico", insistiu o ministro. Apoio O governo argentino acredita ter ainda hoje o apoio, recebido na época da guerra, dos países latino-americanos, inclusive o Brasil. A derrota para a Grã-Bretanha, sob a batuta da então primeira-ministra Margaret Thatcher, provocou a queda do regime militar argentino e o início do processo de redemocratização do país. A tática do general Leopoldo Galtieri, presidente da Argentina na época, era reconquistar as Malvinas e, com elas, o apoio popular. Mas não foi o que aconteceu. O conflito deixou milhares de soldados argentinos mortos durante as batalhas – muitos atingidos pelo frio e pela falta de equipamentos de guerra. Ainda hoje, ex-combatentes - que, na guerra, eram então jovens soldados com pouco mais de 18 anos - engrossam as filas de desempregados, trabalham como taxistas ou pedem esmola nos trens da capital argentina. Diplomacia Para tentar reaver as Malvinas, onde, especula-se, poderia haver petróleo, o novo ministro argentino convidou o embaixador Lúcio González Solar para integrar a comitiva argentina em Nova York. O diplomata foi embaixador na ONU e sugeriu, em 1965, na Assembléia Geral das Nações Unidas, a criação da resolução 2065, que determina que as negociações sobre a soberania do arquipélago sejam realizadas anualmente. Na prática, de acordo com funcionários do atual governo, isso não tem ocorrido porque a iniciativa da guerra acabou enterrando as chances de uma verdadeira saída diplomática para as Malvinas. Na tentativa de amenizar as diferenças históricas entre argentinos, ingleses e kelpers sobre o destino do arquipélago, o músico argentino Daniel Barenboim, um dos principais pianistas do mundo, sugeriu a Rafael Bielsa a criação de uma orquestra com integrantes dos três lugares. O ministro, de acordo com assessores, aprovou a idéia. Para Bielsa, fã da música clássica, a arte poderá contribuir para que a Grã-Bretanha volte a negociar com a Argentina – desta vez, sem os kelpers, mesmo que eles tenham cadeira garantida na orquestra de Barenboim. O músico, aliás, já formou uma orquestra que reúne israelenses e palestinos e já tocou músicas de Wagner em plena Jerusalém. Barenboim costuma dizer que sua meta é transformar a música em um caminho para o entendimento e a paz.
Análise: os EUA e a violência no Oriente Médio
Roger Hardy
O aumento da violência entre israelenses e palestinos é um desafio ao presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, que apenas na semana passada visitou o Oriente Médio e disse estar pessoalmente comprometido em reviver o processo de paz. E o que pode o presidente americano fazer para mostrar sua seriedade? O que ficou claro é que o encontro na Jordânia há uma semana - em que o presidente Bush e os primeiro-ministros israelense e palestino prometeram trabalhar pela paz - carecia de um ingrediente vital: um mecanismo claro de continuidade. Bush deixou para as duas facções a tarefa de fortalecer a confiança no plano de paz, enquanto esperava que um experiente diplomata americano, John Wolf, visitasse a região para monitorar o desempenho de ambas as partes. Urgência Wolf deve chegar nesta semana - e após o último atentado, a Casa Branca deve estar ansiosa para que ele comece a trabalhar assim que possível. Apenas isso, no entanto, não vai ser suficiente. O problema essencial é que a liderança palestina parece incapaz de, e os israelenses não parecem dispostos a, romper com o ciclo da violência. Em público, Ariel Sharon insiste em afirmar o direito de Israel de adotar qualquer ação que julgue necessária em sua guerra contra o Hamas. E o primeiro-ministro palestino, Mahmoud Abbas (também conhecido como Abu Mazen), parece incapaz de impedir os ataques suicidas, dada a fraqueza das forças de segurança palestinas e a fúria da população ante os repetidos ataques a míssil na Faixa de Gaza.
Crise na Venezuela: cada vez mais mães são forçadas a abandonar seus bebês
"Proibido descartar bebês."
O abandono ou a entrega de bebês são frequentes na Venezuela O impactante aviso, ilustrado com um bebê sendo jogado em um lixo, foi colocado em mais de 300 pontos de Caracas pelo artista venezuelano Eric Mejicano. Um recém-nascido havia sido abandonado no lixo perto de sua casa, e Mejicano tentou chamar atenção sobre um problema crescente no país. "Queria que as pessoas se dessem conta de que algo que nunca deveria ser normal está virando o novo normal." Na Venezuela, que vive uma de suas piores crises econômicas da história recente, trabalhadores de serviços de saúde e de proteção à infância dizem que os abandonos e entregas irregulares de bebês são cada vez mais habituais. Fim do Talvez também te interesse Nelson Villasmil, membro do Conselho de Proteção da Criança e Adolescente do Município Sucre, disse à BBC que nos últimos tempos viu um aumento nos casos de bebês nascidos de mães adolescentes ou em famílias de poucos recursos que são entregues a outras pessoas à margem dos procedimentos legais para a acolhida e adoção. Os funcionários detectaram que às vezes chegam famílias que querem inscrever crianças que foram "presenteadas" Villasmil trabalha em uma região de Caracas afetada pela delinquência e marginalidade. "A crise está favorecendo os atalhos." Ele conta que sempre houve casos de mulheres que chegavam pedindo para inscrever um filho que lhes foi "presenteado", e que isso agora acontece com mais frequência. Como acontece em outras áreas, o governo da Venezuela está há anos sem divulgar dados oficiais. Logo, a contagem do fenômeno depende dos cálculos dos especialistas e das ONGs. Leydenth Casanova, vice-presidente da fundação beneficente Colibri, disse em 2018 que sua organização havia detectado um aumento de 70% nos casos de bebês abandonados na rua ou na entrada de dependências públicas. Nem o Ministério das Comunicações, nem o Instituto Autônomo Conselho Nacional de Direitos das Crianças e Adolescentes, o órgão encarregado por supervisionar os direitos da infância, responderam ao pedido da BBC por informações. Pagamento alto por inscrição A adoção de Tomás* foi irregular. Uma mulher pobre o trouxe ao mundo em um hospital de Caracas em março, mas agora quem o cria é uma família no interior do país. A ginecologista que fez o parto está acostumada a histórias de mães que têm poucos recursos para criar seus filhos. "Quase sempre, as mães que não querem tê-los mudam de opinião quando lhes dão o peito pela primeira vez. Mas às vezes não é assim, e então é preciso buscar soluções", afirma à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC. A médica entrou em contato com Tânia*, uma de suas pacientes, e perguntou se queria ficar com ele. "Era preciso decidir rápido, para poder resolver os documentos a tempo", ela lembra em uma conversa com a BBC Mundo. No final, foi uma amiga sua que ficou com o bebê. Teve de pagar US$250 (R$ 1.122) para que o bebê fosse inscrito como seu filho. "Nunca havia feito algo assim, mas na Venezuela os circuitos regulares não funcionam e essa criança ia passar muita necessidade em um orfanato", explica Tânia, que não se arrepende do que fez. Umas semanas atrás, Tomás começou a caminhar. Segundo sua nova família, ele cresce são e feliz. Muitos dos que emigram deixam na Venezuela menores que não recebem a atenção adequada A BBC soube por trabalhadores médicos e trabalhadores de serviços sociais de outros casos similares. Em abril, um recém-nascido foi retirado do Hospital Pablo Acosta Ortiz da cidade de São Fernando de Apure. Há poucas semanas, um médico do Hospital Materno Infantil de Petare, em Caracas, foi detido com sua mulher depois que policiais localizaram em sua casa um menor desaparecido e descobriram que a dupla o havia inscrito como seu filho de modo fraudulento. Nos últimos dias de 2019, o caso de uma jovem grávida que dizia haver sofrido um aborto espontâneo levantou suspeitas de médicos do hospital Domingo Luciani, de Caracas. Exigiram que entregasse o feto como prova de que seu relato era correto. No dia seguinte, a avó apareceu com a criança. Ela havia sido fruto de uma gravidez não desejada e a mãe havia optado por entregar-lhe a um terceiro desconhecido, ignorando todos os requisitos legais. Uma mãe pega em uma armadilha Algumas mães venezuelanas inclusive tornaram-se vítimas das redes internacionais de tráfico. Foi o que aconteceu com Isabel no verão de 2018. Ela estava grávida de seu segundo filho e seu marido havia acabado de morrer. Um amigo cirurgião plástico propôs que ela viajasse à ilha vizinha de Trinidad para lhe entregar para adoção por meio de uma conhecida colombiana que, segundo lhe disseram, se ocuparia de "fazer tudo de maneira legal". Foi viajar para conhecer o casal que queria adotá-lo, mas diz que nunca se comprometeu a entregar a criança. "Quando aterrissei em Trindad me dei conta de que havia caído em uma rede de tráfico de pessoas", conta. Às vezes, as mães vão parar no tráfico ilegal de pessoas "Ao contrário do que haviam me prometido, não tinham comprado passagem de volta à Venezuela." Passou dias em uma casa de que não podia sair livremente, até que deu à luz em uma clínica local um bebê prematuro. "Então decidi ficar com ele, mas a colombiana logo apareceu com um advogado. Me disseram para assinar uns papéis em inglês que eu não entendia e que entregasse meus filho", afirmou. Os "novos pais", um casal formado por uma italiana e um indiano, esperaram no estacionamento do hospital. Isabel diz ter negado, mas que as pressões aumentaram ao longo das semanas. "Me tiraram os alimentos, os panos e os remédios e não me deixavam sair. No final, tive que deixar meu filho para salvar sua vida e poder voltar à Venezuela e pedir ajuda", diz entre lágrimas à BBC. As autoridades de seu país não lhe prestaram ajuda, mas ela conseguiu apoio da ONG Defiende Venezuela. Com ela, começou uma batalha legal nos tribunais de Trinidad que ainda não terminou. O filho está agora em um centro tutelado pelo governo e ela só pode vê-lo durante uma hora por semana. O seu é um dos mais de cerca de 930 mil casos de menores que foram separados de seus pais migrantes no êxodo venezuelano, segundo os cálculos da Cecodap, uma ONG dedicada à defesa de direitos dos menores. Sem anticonceptivos nem aborto legal Os especialistas identificaram as causas por trás de um problema visível nas ruas venezuelanas, especialmente as mais populares. Um informe publicado em 2018 pela Cecodap apontou a escassez e o custo alto de anticonceptivos como uma das razões pelo alto índice de gravidez não desejada. Também denunciava as carências em relação à educação sexual, o que conduz a "uma clara vulnerabilidade dos direitos sexuais e reprodutivos das adolescentes venezuelanas, que têm cerceada a possibilidade de decidir sobre sua sexualidade e controlar sua reprodução". A lei venezuelana sobre o aborto é, além disso, muito restritiva, e só permite o aborto em casos de perigo à vida da mãe, o que, segundo ativistas feministas, aumenta os riscos derivados das interrupções clandestinas da gravidez. Dessa forma, muitas mulheres jovens optaram diretamente pelo abandono. "Aqui encontramos que muitas vezes as mães, sobretudo as adolescentes, não querem levar seus filhos depois de dar à luz", explica uma trabalhadora sanitária da maternidade Concepción Palacios, uma das mais concorridas de Caracas. Segundo conta, agora são três as crianças que vivem sob os cuidados dos funcionários do centro sanitário. "Às vezes passam meses aqui. Eu acabei me apegando a mais de um", diz. Por que não se adota legalmente As Villas de los Chiquiticos, o centro de acolhida a menores que a fundação Fundana tem em Caracas, vive nos últimos tempos no limite de sua capacidade. Seus responsáveis asseguram que têm mais do que nunca crianças necessitados de uma família. Casais heterossexuais de idade mediana vão para lá em busca de filhos e são aconselhados para solicitar, antes da adoção, uma medida temporária de acolhida. A adoção legal se encontra em uma "situação catastrófica", afirma a pesquisadora Angeyeimar Gil, por ser "muito burocrática e sem seguir as regras internacionais", o que faz a acolhida uma opção mais rápida e confiável para as famílias que queiram receber um menor de forma legal. Especialistas denunciam que a atenção à infância não conta com os meios adequados A Lei Orgânica de Proteção das Ciranças e Adolescentes (LOPNNA), aprovada em 1998, estabelece claramente as condições e etapas para o cumprimento do processo legal de adoção, mas os especialistas indicam que o espírito garantista da lei se choca com a realidade da precariedade dos órgãos públicos competentes nos últimos anos por causa da crise. A LOPNNA atribui um papel chave à instituição dos Conselhos de Proteção, que são encarregados de ditar as primeiras medidas de acolhida, mas os conselhos trabalham com cada vez menos recursos. "Antes, seus técnicos se deslocavam e faziam um acompanhamento dos casos, mas agora já não têm meios para isso", diz uma cuidadora. Os salários baixos de seus integrantes, que na maioria dos casos não superam o equivalente a US$ 8 mensais (R$ 36), fez que muitos abandonassem os postos e levou à contratação de pessoal sem qualificação para trabalhar em uma área tão sensível como a da proteção à infância, denunciam. A isso soma-se o engarrafamento dos Tribunais de Proteção e o Idenna, a quem corresponde checar a idoneidade das famílias candidatas à adoção. "Ao final, é o Idenna que acaba decidindo arbitrariamente", lamenta Gil. Crianças sem identidade São muitos os fatores que contribuem com os mercados irregulares de adoção e colocam as crianças em situação de vulnerabilidade. A Cecodap descreve como um "desmantelamento" o que ocorreu nos últimos anos com o sistema de proteção à infância na Venezuela. As carências são tais que às vezes dificultam inclusive que os recém-nascidos recebam um nome e uma nacionalidade. O papel da certidão de nascimento de bebês está escasso em hospitais Uma investigação do portal de notícias Crónica Uno revelou em 2018 que a escassez do papel com que se elaboram as certidões de nascimento levou a que durante meses recém-nascidos de todo o país deixassem os hospitais sem o documento. Consequentemente, era impossível inscrevê-los devidamente no Registro Civil, o que abria portas a diversas irregularidades. Angeyeimar Gil elaborou um informe sobre o tema em que denunciou que a "violação ao direito à identidade" supõe "um fator de risco para situações de tráfico de pessoas, comércio de órgãos e sequestro". Para Nelson Villasmil, a situação atual da Venezuela só permite uma conclusão clara. "Ser uma criança hoje em dia neste país é muito triste." *Os nomes acompanhados de um asterisco nesta matéria são fictícios. A identidade de algumas fontes foi ocultada para protegê-las. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Como é o programa de Diosdado Cabello, o mais polêmico da TV da Venezuela
Ele comanda o espetáculo.
O programa 'Con el malzo dando' é transmitido semanalmente pelo canal estatal venezuelano de televisão Diosdado Cabello já ocupou diferentes cargos na Venezuela chavista desde que selou, em fevereiro de 1992, seu destino político ao se juntar à rebelião militar contra o governo de Carlos Andrés Pérez, liderada por Hugo Chávez. Atual vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e presidente da plenipotenciária Assembleia Nacional Constituinte, Cabello é provavelmente uma das pessoas mais poderosas da Venezuela. E uma das mais controversas. Seu programa semanal Con el malzo dando (Batendo com o porrete, em tradução livre), transmitido pelo canal estatal de televisão, é um dos grandes eventos midiáticos nacionais. Fim do Talvez também te interesse Em um país que ocupa o 148º lugar no ranking mundial de liberdade de imprensa da ONG Repórteres Sem Fronteiras e em que a mídia local tem definhado por causa da crise econômica e dos obstáculos ao exercício do jornalismo, o programa de Cabello se tornou um dos espaços mais nobres no contexto audiovisual e uma das principais ferramentas de comunicação para os seguidores do partido no poder. É um programa itinerante, transmitido a cada semana de um lugar diferente no país. A BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC, acompanhou recentemente um deles, realizado em um auditório estatal no centro de Caracas. Horas antes, dezenas de pessoas - a maioria funcionários públicos e membros de organizações sociais que, sob a proteção do Estado, proliferam na Venezuela desde o triunfo da chamada Revolução Bolivariana - faziam fila para garantir um lugar na plateia. Os fãs de Diosdado Cabello ficam horas na fila para participar do programa Havia também muitos soldados e integrantes da milícia nacional, grupo paramilitar formado por voluntários que têm Cabello como um de seus principais incentivadores. Já dentro do estúdio, a plateia aguarda Cabello entrar em cena, dançando ao som de músicas de conteúdo político, daquelas que não desgrudam da cabeça, como Chávez, corazón del pueblo ("Chávez, coração do povo"). A música desempenha um papel importante na divulgação da mensagem política do chavismo desde suas origens. Laura Marrero, de 44 anos, uma das mais empolgadas na plateia, parece não se incomodar com o calor. Ela diz que o que mais admira em Cabello é "sua firmeza", uma vez que ele "fala claramente com todos". "É como Chávez, que acertou em tudo para que apontou", diz Marrero, que acredita que "se Cabello fosse presidente, muitos dos problemas acabariam". Há anos se fala em uma suposta rivalidade entre o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e Cabello. Ambos foram os nomes mais cotados para sucessão de Hugo Chávez quando foi divulgado que o então presidente estava sofrendo de uma doença grave, que levaria a sua morte em 2013. Maduro acabou sendo nomeado por Chávez como seu sucessor pouco antes de morrer. A 'hashtag' da semana Finalmente, por volta das 19h45, Cabello entra no palco. A primeira coisa que Cabello faz quando entra no palco é anunciar a hashtag do Twitter que será usada no programa Nesta ocasião, ele estava usando uma camisa azul de manga comprida. A imagem pode causar estranheza em países acostumados a ver políticos sempre de terno e gravata, mas na cultura venezuelana e latino-americana, o uso de roupas características dos setores populares é um recurso comum adotado por políticos há anos para obter simpatia. A adoção deste tipo de vestimenta e de linguagem simples e direta, em que Chávez era especialista, costuma ser visto como uma extravagância fora da Venezuela, mas a plateia do programa de Cabello parece entusiasmada. Praticamente a primeira coisa que Cabello faz no palco é anunciar a hashtag que ele e sua equipe querem colocar como "trending topics" no Twitter, a rede social mais influente na Venezuela, durante a transmissão do programa. Naquela semana foi #TrumpNosotrosVenceremos. E na anterior havia sido #TrumpFueraDeVenezuela. O presidente dos EUA, Donald Trump, é alvo de críticas chavistas por seu apoio ao líder da oposição, Juan Guaidó, e sua decisão de impor sanções contra o governo venezuelano. E Cabello sabe que a batalha decisiva da opinião pública acontece nas redes sociais. Em algumas ocasiões, a hashtag faz referência a Maduro ou Chávez Ele faz com que a plateia repita dezenas de vezes a hashtag escolhida durante a noite. O primeiro bloco do programa é dedicado à memória de diferentes efemérides históricas. As batalhas da guerra da independência contra o império espanhol e os excessos das autoridades na chamada Quarta República, sistema político que antecedeu a revolução de Chávez, são apresentados junto a exemplos da "interferência" dos Estados Unidos em diferentes países da América Latina. A plateia ouve com atenção uma longa lista que não seria viável em nenhum modelo comercial de televisão em outras partes do mundo. Mas a televisão estatal venezuelana transmite quase exclusivamente informações oficiais - e Con el malzo dando é um de seus carros-chefes. São mais de três horas de programa. No bloco dedicado à análise da imprensa, o verdadeiro Diosdado Cabello se revela. É quando ele destila sua mordacidade implacável, enquanto desmente, uma após a outra, publicações da imprensa que depreciam o governo venezuelano, além de tuítes publicados por membros da oposição e críticos ao chavismo. 'Juanito Alimaña' Cabello diz que estes conteúdos fazem parte de uma "guerra midiática", uma das quais ele e seus companheiros na cúpula do governo afirmam travar em "defesa da revolução". E contra-ataca. Ele se refere a Juan Guaidó repetidas vezes como "Juanito Alimaña", que pode ser traduzido como "Verme Juanito". 'Juanito Alimaña' é o apelido que Cabello costuma usar para se referir a Guaidó Considerado o mentor político de Guaidó, Leopoldo López, que está refugiado na embaixada da Espanha após deixar a prisão domiciliar em 30 de abril, é para Cabello um "assassino psicopata". As risadas da plateia marcam cada rodada de ofensas. É comum que o debate público venezuelano seja realizado nestes termos. Nas manifestações que convoca, Guaidó costuma encorajar seus seguidores a desqualificar Maduro. Os críticos de Cabello não acham graça e às vezes ficam preocupados com o que ouvem no programa. Em 2017, Cabello anunciou em Con el malzo dando o início do que chamou de "operação tun-tun", em que os organismos de segurança revistavam as casas de líderes de manifestações da oposição. "Eles vão levar mais paulada do que um ladrão gatuno", afirmou na ocasião. Alguns dizem que Diosdado Cabello tem mais poder que Maduro dentro da elite chavista Cabello foi acusado de liderar redes de corrupção e tráfico de drogas. Ele nega todas as acusações e, embora apareça na lista de sanções econômicas dos Estados Unidos, nenhum tribunal venezuelano o condenou. O show está chegando ao fim Ao terminar de fazer sua retrospectiva até o presente, Cabello se senta em uma mesa rodeada por retratos ampliados de Simón Bolívar, herói da independência venezuelana, Chávez e Maduro. É quando ele dá uma respirada e são transmitidos diversos discursos de Chávez. O auditório escuta atentamente as gravações de anos atrás, embora algumas já estejam começando a falhar. São quase 22h e muitas pessoas na plateia, especialmente as mais velhas, começam a lutar contra o sono. Um tempo depois, o espetáculo de Cabello chega ao fim. O que ninguém admite aqui é que a era chavista vai acabar na Venezuela. "Eles nunca vão voltar", é um dos lemas que costumam usar em referência à oposição. O que vai voltar na próxima semana é o programa, que Laura Marrero amou. "Não espalhe, mas eu me casaria com esse homem", confidencia, em tom de despedida. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Por que não?
"Why do you still do it?"
Foi o que me perguntou a enfermeira dando com uma pequena agulha no dedão de minha mão direita e esperando, serena, que a bolhinha de sangue surgisse, para que ela a recolhesse numa ampola e, depois, deixasse pingar numa espécie de lingüeta em forma de band-aid, que, em seguida, iria alimentar uma máquina semelhante ao mouse de um computador. Ela estava me pesando o sangue. Ou medindo. Uma coisa assim. Trata-se de um ritual que sou obrigado a cumprir pelas leis ilógicas da sobrevivência, todo mês, há mais de cinco anos, a fim de saber a quantas anda (ou manca, rasteja) o meu sangue. Ele tem que ter um INR entre 2 e 3. (Não tenho a menor idéia do que signifique a sigla INR. Só decorei duas siglas em minha vida: UDN e PTB.) Sangue fino Um pouquinho mais, um pouquinho menos, e as coisas vão mal. Eu vou mal, para ser mais direto, mais franco. Foi o que o médico disse quando me colocou nesse programa que sai por conta do serviço nacional de saúde e cuja meta é manter o meu sangue mais fino – cordial, civilizado. O serviço nacional de saúde, conhecido pela sigla – olha outra aí – NHS (National Health Service), anda mal, me asseguram os jornais. Para mim, vai bem. Quem vai mal, quem não vai lá das pernas sou eu. Voltando ao meu sangue e sua espessura, que eu não vivo sem ele. Todo dia eu tenho que tomar uma determinada dosagem de um medicamento que mantém o meu sangue no tal peso ou altura (entre 2 e 3). Quando passa, e já passou várias vezes, e vai para 4 e tanto, ou quando não bate lá, e desce para 1 e pouco, a enfermeira anota num caderninho amarelo que eu ganhei, tudo cortesia do governo britânico, em 2002, e diminui ou aumenta a dosagem. Todo esse carnaval é para evitar a formação do famoso coágulo. O coágulo, ao que parece, vive à espreita de uma bobeada minha. Um ponta adiantado para o meu lateral recuado. No dia em que eu der sopa, em que bobear, o coágulo deixa sua posição entrincheirada e sobe, ou desce, para um confronto legal comigo e meu coração que, não sei porquê, bate feliz quando ouve o Carinhoso, do Pixinguinha. Essa é a verdade. O coágulo que em mim se oculta quer ver minha caveira. Até agora, tenho levado a melhor na parada. Estamos, no mínimo, empatados. Ao menos nessa árdua peleja. Em outras, que em mim se disputam, não sei. De vez em quando, eu sonho com meu coágulo. Como num desenho animado, ele tem olhinhos, que me espreitam feio, boca torta e pequeninos dentes afiados. Gordote e com dois palitos como bracinhos, tendo nas extremidades mãos com apenas quatro dedos e luvas brancas, ele poderia participar de um episódio dos Simpsons. Preferiu, no entanto, minha companhia. Disputamos uma renhida pelada em terreno vagabundo, sem ninguém assistir, ninguém ligar, quanto mais torcer. Eles querem que a gente se dane. Eles estão certos. Nos danaremos. "Why do you still do it?" A enfermeirinha sul-africana, Isabel por nome, me perguntou enquanto esperávamos o resultado do INR de abril. Era a primeira vez que me – tomava o sangue? Será essa expressão? Feito tomar a temperatura? Até agora todas as outras enfermeiras encarregadas da aborrecida, ou pelo menos sem graça, tarefa, sempre delicadas, sempre eficientes, nunca tomando partido, nem meu nem do coágulo, nunca haviam entrado em outros detalhes de minha coagulosa e coagulenta pessoa. Isabel, talvez por ser sul-africana, e recém-chegada ao Reino Unido, ainda acredita em jogar conversa fora com gente doente. Não precisava perguntar por minha idade, que minha ficha ela a tinha diante de si, mas queria saber o que eu fazia. Menti um pouquinho. Disse que trabalhava. Que escrevia uns trecos. Ela queria saber o porquê. Aí eu devo ter deixado minha defesa escancarada para o coágulo. Deu-me uma bobeira. Meu INR ficou plantado de quatro no chão da clínica, bem na entrada da área. Em suma: eu não sabia o que dizer, que resposta dar. Pegou-me, a enfermeirinha Isabel, distraído, como se fosse ela o tão longamente adiado – esperado? – coágulo.
Ivan Lessa - Arquivo
Brazil com z
Leia as crônicas de anos anteriores:
Como jovens que nasceram nos primeiros minutos do ano 2000 chegam a 2020
31 de dezembro de 1999.
Desde que Maria Luiza e Thiago nasceram, Brasil viveu tanto avanços socioeconômicos quanto recessos Maria Luiza Schubert a princípio viria à luz dez dias depois, mas sua mãe sentiu contrações enquanto preparava a festa de Ano Novo e acabou que todos os convidados foram parar na maternidade, em São Paulo. O nascimento, ocorrido justamente à meia-noite, era aguardado ali também por jornalistas em busca do primeiro bebê do ano 2000 na cidade e chegou a ser transmitido ao vivo na TV, em meio a imagens de shows e queimas de fogos. "É um espetáculo de vida que nos enche de emoção", resumiu o apresentador José Luiz Datena, à época, da Record. Seis minutos depois, Thiago de Almeida nascia a mais de 400 km dali, também bagunçando planos de Réveillon. Era o primeiro a nascer em Curitiba naquele ano, o que lhe rendeu o apelido de "bebê do bug" — havia um temor global em torno dos relógios de computadores na virada do ano. Naquele janeiro de 2000, quase 8 mil crianças nasceram vivas por dia no Brasil, em média, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Fim do Talvez também te interesse Nascimento de Maria Luiza foi transmitido ao vivo durante Réveillon de 1999 para 2000 Desde então, a geração de Maria Luiza e Thiago, conhecida também como Z (hoje com idades em torno de 10 e 24 anos), viu o Brasil ampliar o acesso à educação dos jovens, viver períodos de bonança e recessão e enfrentar explosão da violência. Durante a infância e o início da adolescência deles, o país vivia uma época de crescimento econômico e avanços sociais. No fim da adolescência e início da vida adulta, porém, o Brasil começou a enfrentar período de crise econômica, com piora do desemprego e do acesso à educação. Para estudiosos, os jovens, como os nascidos no primeiro dia de 2000, são os mais atingidos pelas dificuldades que o Brasil tem enfrentado nos últimos cinco anos, principalmente a falta de vagas de trabalho e as mortes violentas. Em contrapartida, fazem parte da geração que mais teve oportunidades de estudos. Os anos 2000 Apesar de toda a expectativa em torno do ano 2000, o terceiro milênio e o século 21 só começariam, de fato, em 2001. Mas a data redonda e o eventual bug do milênio marcaram aquela virada de ano. Estimava-se que uma falha de programação poderia levar computadores ao redor do mundo a "acharem" que depois de 1999 viria 1900, em razão das duas últimas casas numéricas. Mas aviões não caíram e contas de banco não desapareceram. Os zeros, porém, interferiram no registro civil de Maria Luiza. "Meus pais contam que tiveram de registrar minha certidão de nascimento como se eu tivesse nascido meia-noite e um, porque não poderiam colocar vários zeros." Tatuagem de Maria Luiza registra horário de nascimento em 1º de janeiro de 2000 Tanto ela quanto Thiago dizem que a data de nascimento gera bastante desconfiança alheia, e precisam mostrar documentos para provar. "Bebê do bug", o jovem curitibano hoje ri da coincidência de sua área de estudos envolver computadores. Acesso à educação O Brasil do início dos anos 2000 apresentou melhoras em diferentes aspectos, em relação à década de 1990 — marcada por períodos de instabilidade política e econômica. Ainda assim, nos anos 1990, o Brasil tomou iniciativas para garantir a universalização do ensino fundamental e a diminuição do analfabetismo, conforme o estipulado pela Constituição Federal de 1988. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2001 apontou que 12,4% da população brasileira acima dos 15 anos, ou 14,9 milhões de pessoas, não sabia ler ou escrever. Em 2009, a fatia representava 9,7%, ou 14,1 milhões de pessoas, e em 2018, eram 6,8%, ou 11,3 milhões de brasileiros. A meta do país é erradicar o analfabetismo até 2024. Maria Luiza estudou em escolas particulares e hoje cursa Farmácia na Universidade Federal Fluminense O Brasil também passou no período por uma forte expansão do ensino superior. Houve a criação de políticas de financiamento estudantil, bolsas em instituições privadas, cotas sociais ou raciais, unificação de processos seletivos, criação de universidades e ampliação de vagas. No ano passado, 25% das pessoas de 18 a 24 anos frequentavam ou haviam completado curso superior — entretanto, a mudança de metodologia impede comparar esses dados com os de 2000, segundo o IBGE. A meta do país é chegar ao patamar de 33%, também até 2024. Para Marta Teresa Arretche, professora da Universidade de São Paulo (USP) e autora de Trajetórias das Desigualdades - Como o Brasil Mudou nos Últimos Cinquenta Anos, "o Brasil progrediu nos índices de escolaridade ao longo dos últimos 20 anos, porque as taxas de matrículas aumentaram, mas não foi capaz de aumentar os níveis da qualidade da Educação na mesma velocidade". Tanto Maria Luiza Schubert quando Thiago de Almeida se beneficiaram de políticas públicas de ensino superior surgidas ao longo das vidas deles: ele passou por cotas destinadas a oriundos de escolas públicas, e ela entrou numa universidade de outro Estado por meio do Sisu, que reúne e distribui vagas a partir do desempenho dos alunos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Thiago sempre estudou em escolas públicas. O jovem, que atualmente mora em Valinhos (SP), queria cursar Engenharia de Telecomunicações na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mas passou no vestibular apenas na segunda tentativa, após fazer cursinho. Em sua opinião, a formação escolar que recebeu até ali não havia sido suficiente para prepará-lo para passar no curso. Maria Luiza, que está no primeiro ano de Farmácia, somente conseguiu uma vaga na Universidade Federal Fluminense (UFF) em razão do Sisu. Ela, que morava em São Paulo com a família, não foi aprovada em universidades paulistas. Por isso, usou a nota no Enem para tentar uma vaga em outra região. Thiago trabalhou para pagar o cursinho pré-vestibular que o levaria à Unicamp "Eu queria estudar em uma universidade pública. Como não passei nas de São Paulo, meus pais me disseram para optar por universidades que fossem mais próximas de São Paulo, para que não ficasse muito longe deles. Optei pela UFF", explica a jovem, que sempre estudou em escola particular. O pai de Maria Luiza é empresário e a mãe, professora de ioga. Eles são os responsáveis por arcar com as despesas da filha em Niterói. "Me incomoda saber que estou dando despesas, porque sei que se eles não estariam gastando tanto comigo se ainda estivéssemos morando juntos", afirma a jovem. Na nova fase da vida, a estudante relata que a saudade que sente dos pais, que neste ano se mudaram para Sorocaba (SP), é uma das maiores dificuldades. Ela os visita a cada dois meses. "Foi muito difícil sair da casa deles, principalmente no começo. Mas acabei me adaptando", afirma ela, que mora em uma república com outras seis jovens. Desemprego piora entre os jovens Chegar à universidade não é sinônimo de emprego garantido, mas pode levar a uma renda 2,5 vezes maior do que alguém com ensino médio, segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE, ou "clube dos países ricos"). Diferenças metodológicas não permitem comparações entre as taxas de desemprego registradas em 2000 e 2019, segundo o IBGE, mas quem nasceu no país há 19 anos viu a taxa de desemprego cair gradativamente por uma década (2004-14) até o início da pior recessão econômica desde 1989. Família de Thiago mudou de Estado depois que o pai dele perdeu o emprego Em 2010, o pai de Thiago foi demitido do posto de gerente de vendas em Curitiba. A família chegou a enfrentar algumas dificuldades, mas havia mais postos abertos do que hoje e ele se recolocou relativamente rápido em uma cidade no interior paulista, Valinhos, para onde mudou a família inteira. Nessa crise econômica recente, um brasileiro que perdia o emprego demorava em média cerca de oito meses para se recolocar — um mês a mais que no período pré-crise. O país, que agora vive uma lenta retomada econômica, fechou o ano de 2018 com taxa de desocupação de 12,3%, ou 12,8 milhões de brasileiros. Uma característica do desemprego no Brasil, desde décadas anteriores, é atingir mais comumente os mais jovens. No terceiro semestre deste ano, 25,7% dos jovens de 18 a 24 anos estavam sem emprego, mais que o dobro do índice geral. Em novembro, o governo de Jair Bolsonaro criou um programa (Emprego Verde e Amarelo) para atacar esse flanco, ao reduzir a tributação de empresas que contratarem trabalhadores de 18 a 29 anos no primeiro emprego. No fim de 2017, logo após concluir o ensino médio, Thiago passou três meses em busca de um emprego. Ele conta que conseguiu uma vaga de vendedor em uma loja somente após ser indicado por um conhecido, no começo de 2018. Naquele ano, passou quase os 12 meses trabalhando. Grande parte do salário que recebia era usada para pagar um cursinho pré-vestibular. "Precisava trabalhar para que pudesse me preparar para conseguir uma vaga na Unicamp." "Eu trabalhava o dia inteiro, até as 18h. Depois, pegava um ônibus lotado para fazer o cursinho, que começava às 19h. Era bem corrido. Após a aula, chegava em casa e ficava até umas 2h da madrugada estudando, porque durante o trabalho não conseguia estudar", relata. Como Thiago, Maria Luiza se beneficiou de políticas educacionais surgidas durante suas vidas Ele saiu do emprego um mês antes do Enem, conseguiu uma vaga na Unicamp e hoje se dedica integralmente à universidade. Thiago conta que a conquista foi uma grande felicidade para a família. O único irmão dele, cinco anos mais velho, cursa Engenharia Ambiental na mesma instituição. Thiago e o irmão moram com o pai, que é gerente de vendas, e com a mãe, que é dona de casa. O patriarca é o responsável pelo sustento da família. Para ter uma renda própria, Thiago, que anos atrás fez curso técnico de Eletrônica, faz painéis luminosos junto com um amigo. Em geral, os serviços são feitos pelo jovem quando há tempo livre na universidade. "Mas não são todos os meses em que aparece serviço", diz o estudante. Violência mata mais os jovens A falta de emprego e a educação pública precária se refletem no aumento da violência, segundo a professora Marta Teresa Arretche, da USP. "No contexto da crise econômica, da expansão da desigualdade e da pobreza, os jovens têm sido mais penalizados. Isso fornece espaço para o crescimento do crime organizado, que se torna uma alternativa de ocupação, pois oferece renda e ganhos rápidos para os jovens menos qualificados." Segundo o Atlas da Violência 2019, mapeamento das mortes violentas no país feito pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o Brasil é um dos países mais perigosos para os jovens. Foram registrados 65.602 homicídios em 2017. O número equivale a 31,6 mortes para cada 100 mil habitantes — a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera epidêmicas taxas de homicídio superiores a 10 homicídios a cada 100 mil habitantes. Uma reportagem da BBC News Brasil de junho deste ano apontou que, se levarmos em conta apenas os dados da violência contra os jovens, o cenário se torna ainda mais preocupante: entre os homicídios no Brasil em 2017, mais da metade — ou 35.783 — vitimaram pessoas entre 15 a 29 anos, o que leva o Ipea e o FBSP a falarem em uma "juventude perdida por mortes precoces". Considerando-se apenas essa faixa etária, a taxa brasileira de homicídios por 100 mil habitantes sobe para 69,9. É equivalente à taxa de homicídios (70) que o Haiti, país mais pobre das Américas, registrou nessa faixa etária em 2015, segundo o dado mais recente da OMS. Há riscos também para os jovens no trânsito. Segundo a ONU, os acidentes representam a maior causa de morte de pessoas de 15 a 29 anos em todo o mundo. No Brasil, foram registradas 35,3 mil mortes no trânsito em 2017, dado mais recente, das quais 36,75% das vítimas eram homens de 20 a 39 anos. O futuro Apesar de dados pouco animadores em relação ao futuro, como os altos índices de desemprego e de violência, os jovens dizem tentar manter as esperanças, ainda que esparsas. Para Arretche, um dos maiores desafios do Brasil atualmente é melhorar a qualidade da educação e a inclusão dessa faixa etária no mercado de trabalho. "A juventude tem sido o setor da sociedade brasileira que tem sido mais atingido pela crise e é importante incluí-la", diz a estudiosa. Thiago se mostra pouco esperançoso em relação ao futuro do Brasil. "Estou vendo que o país está regredindo em vários aspectos", diz o rapaz. Ele se mostra contrário à plataforma do presidente Bolsonaro, mas afirma não acompanhar muito as notícias sobre política. Maria Luiza também faz críticas ao presidente, mas diz não ser muito atenta à política. "Ele se mostra, por meio dos comentários que faz, a favor de diferentes tipos de violência, como o machismo, o racismo a homofobia. Mas acredito que ele sozinho no poder não é o problema, ele é apenas a ponta do iceberg", afirma. Thiago sonha em trabalhar com automobilismo Em meio às reflexões sobre o futuro do Brasil, os jovens nascidos em 1º de janeiro de 2000 fazem os planos para os seus próximos anos. Thiago quer conhecer o mundo, se formar em engenharia e usar os conhecimentos para trabalhar com automobilismo. "Gosto muito dessa área. Uma das minhas atividades preferidas é andar de kart", diz. Maria pretende seguir carreira acadêmica. "Quero ser professora, conseguir estabilidade financeira, poder ajudar os meus pais no que eles precisarem, ajudar causas sociais e viajar bastante", conta. Uma característica se assemelha entre os jovens nascidos em 2000 e as gerações anteriores: a vontade de mudar o mundo. "Dizem que os nascidos nos anos 2000 são muito novos e já querem dominar o mundo. Mas eu não vejo assim. Acho que a minha geração enxerga formas para melhorar o planeta. O mundo passa por uma época meio estranha, onde há pessoas querendo reviver coisas antigas e ruins. Penso que minha geração nasceu em tempos de mudanças, temos visões diferentes dos mais velhos e podemos melhorar muita coisa", afirma Thiago. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
O condenado à morte nos EUA que pede para morrer logo
Ele já deveria estar morto.
Scott Dozier foi condenado à pena de morte por ter cometido dois homicídios "Já passou muito tempo, meritíssima. Estou pronto", foi a resposta de Scott Dozier quando a juíza Jennifer Togliatti anunciou a data em que seria executado na prisão estadual de Ely, em Nevada, nos Estados Unidos. Dozier, que em 2002 foi condenado à morte por homicídio, manteve-se calmo e, em alguns momentos, até um pouco animado durante a audiência no final de julho de 2017, conforme relatado pela imprensa local. Levou quase um ano para que as autoridades concordassem em cumprir seu desejo: acelerar a aplicação de sua sentença de morte. Mas esses planos foram frustrados. A execução, originalmente prevista para 16 de outubro de 2017, foi adiada para 14 de novembro e, em seguida, suspensa por tempo indeterminado. Paradoxalmente, esses adiamentos não atenderam aos pedidos de Dozier que, em 2016, anunciou que não apresentaria mais recursos em seu caso - ele só o faria se eles estivessem relacionados a uma disputa legal e médica sobre o método de sua execução. Nesta quarta, 11 de julho, Dozier teria novamente uma chance de morrer. Mas, uma empresa farmacêutica conseguiu na Justiça a autorização para que um sedativo fabricado por ela não fosse usado na execução do preso, alegando que o medicamento não era para essa finalidade e que usá-lo assim provocaria um grande dano à imagem da companhia. A execução de Dozier foi adiada até 10 de setembro. Crime em Las Vegas O cheiro ruim de uma mala encontrada em abril de 2002 em um depósito de lixo a vários quilômetros do centro de Las Vegas era o início do processo judicial contra Dozier. De 1.477 presos executados nos EUA desde os anos 70, 144 pediram para morrer logo, sem apresentar novos recursos Dentro do pacote estava o corpo mutilado e sem cabeça de Jeremiah Miller, um homem de 22 anos. Durante o julgamento, os advogados de Dozier apresentaram a vítima como um traficante de drogas que estava tentando entrar no negócio da metanfetamina. Os investigadores concluíram que Dozier ofereceu-se para ajudar Miller a obter os ingredientes para preparar a droga, mas, em vez disso, o matou para roubar US$ 12.000. A cabeça da vítima nunca foi encontrada, embora um informante tenha dito à polícia que Dozier poderia tê-la colocado em um balde de cimento. Após sua prisão, também Dozier foi indiciado pela morte de Jasen Greene, um homem de 26 anos cujo corpo foi encontrado desmembrado e enterrado no deserto do Arizona. Por essa razão, ele foi enviado para Phoenix, onde foi julgado e sentenciado a 22 anos de prisão. Embora houvesse vários testemunhos contra ele, Dozier sempre negou ter sido responsável por essa segunda morte. Em seu relato, ele diz que atendeu ao pedido de um amigo e hospedou Greene no trailer que usava para preparar metanfetamina. Um dia, quando chegou ao veículo, diz, Greene estava morto. Ele conta que decidiu enterrá-lo para impedir que a polícia descobrisse seu laboratório clandestino. "Gostei da ideia de viver fora da lei", disse Dozier em uma entrevista publicada em janeiro passado na revista Mother Jones. "Eu não estou buscando clemência. (O Estado de) Nevada me disse 'pare de se comportar assim ou vamos matá-lo se continuar'", acrescentou. Voluntário Em 31 de outubro de 2016, Dozier escreveu uma carta à juíza Togliatti pedindo que sua sentença de morte fosse logo levada adiante. Dozier foi condenado à pena de morte em 2002 A decisão faz de Dozier um "voluntário", como são chamados nos EUA os condenados à morte que renunciam a continuar lutando para preservar suas vidas. Não há muitos deles. Desde que o país restabeleceu a pena de morte nos anos 1970, apenas 144 condenados se tornaram "voluntários". No mesmo período, foram realizadas 1.477 execuções, segundo dados do Centro de Informação sobre a Pena de Morte (DPIC), organização não-governamental dedicada à pesquisa e à análise da pena de morte. Mas o que o levou a pedir para morrer? Meredith Rountree, pesquisadora da Faculdade de Direito da Universidade Northwestern, nos EUA, publicou em 2014 um trabalho focado em casos de "voluntários" condenados à morte no Texas para tentar investigar as razões deles. Segundo a especialista, existem diferentes interpretações sobre o que acontece com essas pessoas. Alguns apontam para problemas de saúde mental ou para o impacto da rotina no corredor da morte, em que os presos geralmente vivem confinados e com muito pouco contato social. Outros, pelo contrário, consideram que é uma decisão racional baseada na defesa da autonomia pessoal. Nesses casos, solicitar a execução seria um sinal de que o detento exerceria controle sobre seu destino final, reivindicando sua autonomia. Nos últimos 40 anos, o Estado onde mais se aplicou a pena de morte nos EUA foi o Texas Segundo Rountree, "voluntários" compartilham algumas características com aqueles que tentam cometer suicídio na prisão. E Dozier é um deles. Enquanto estava na prisão, ele tentou tirar a própria vida com uma overdose de antidepressivos. A tentativa o deixou em coma por duas semanas e o fez perder 30 kg. Após esse episódio, ele disse que não tentaria mais o suicídio. Na prisão, ao contrário de outros condenados, Dozier conta com o apoio constante de seus irmãos. Pelo menos por um tempo, eles conseguiram dissuadi-lo de se tornar um voluntário. O condenado também manteve contato com sua ex-mulher, Angela Drake, com quem tem um filho. Agora, ele também é avô. À revista Mother Jones, ele disse que o preocupa que a neta só o conheça como um prisioneiro, bem como a possibilidade de que, permanecendo vivo, ele acabará se tornando um fardo emocional para toda a família. "Estou cansado de ser o peão dos outros, eles (as autoridades) gastaram milhões de dólares para me condenar à morte e depois milhões de dólares não me matando. Isso não faz sentido", disse, sobre os adiamentos de sua execução. Injeção letal Apesar de seu desejo de ser executado, há um elemento que ainda lança dúvida sobre a possibilidade de isso acontecer: a controvérsia sobre a mistura de drogas que as autoridades planejam usar em uma injeção letal. Caso execute Dozier nesta quarta-feira, o Estado de Nevada usará pela primeira vez a nova sala de execuções da prisão de Ely, que custou US$ 860.000 O Departamento de Execução Penal de Nevada havia anunciado no início de julho que aplicará um coquetel que nunca foi testado, que mistura midazolam (um sedativo), fentanil (um opióide) e cisatracúrio (um agente paralisante neuromuscular). A Alvogen, que produz o midazolam, conseguiu impedir na Justiça que o sedativo fosse usado na execução de Dozier marcada para a quarta, 11 de julho. A farmacêutica alegou que o medicamento havia sido obtido ilegitimante pelo Departamento de Correção de Nevada e que não havia testes com ele para a finalidade de execução. A empresa alegou na Justiça que o uso do midazolam em uma injeção letal acarretaria em danos à imagem do produto. No final do ano passado, uma mistura semelhante de medicamentos também foi alvo de contestação judicial e a execução de Dozier foi também adiada. No centro da disputa aquela vez estava o uso do cisatracúrio, uma droga que poderia causar uma sensação de afogamento em Dozier, mas sem ele estar ciente do que estaria acontecendo com ele. Um anestesista compareceu ao tribunal e disse que o uso da substância poderia causar "sofrimento e dor cruel", levando o prisioneiro a ter "uma experiência horrível". A União Americana pelas Liberdades Civis também questionou a aplicação do midazolam, usado anteriormente em execuções problemáticas que ocorreram em pelo menos sete estados do país, nas quais os presos demoraram a morrer e apresentaram sinais visíveis de sofrimento. Dozier não parece se preocupar com essa discussão e segue disposto a correr o risco de uma morte desse tipo. "Não há nada que tenha acontecido no ano passado, incluindo as discussões sobre drogas, sua eficácia... o fato de que aquelas (drogas) que foram usadas em outros Estados levaram a execuções problemáticas, longas e talvez dolorosas, nada disso te dissuadiu de me pedir para assinar este pedido (de execução)?", questionou a juíza Togliatti a ele em julho do ano passado antes de dar sinal verde para sua morte. "Francamente, meretíssima, todas aquelas pessoas acabaram mortas e esse é o meu objetivo aqui", respondeu Dozier.
Últimas de Atenas: Brasil disputa medalha no futebol feminino
Futebol feminino
O futebol feminino do Brasil entra na disputa por uma medalha na segunda-feira, quando enfrentará a Suécia por uma das semifinais. A equipe se classificou ao golear a do México por 5 a 0 nesta sexta-feira. Os gols brasileiros foram marcados por Cristiane (2), Formiga (2) e Marta. A outra semifinal será entre Estados Unidos e Alemanha. Vôlei de praia Ana Paula e Sandra se classificaram para as quartas-de-final do vôlei de praia ao derrotar as gregas Karadassiou e Sfyri. O jogo terminou em 2 sets a 0 (21/16 e 21/19). A dupla que vai enfrentar Ana Paula e Sandra na próxima fase sairá do confronto entre as brasileiras Adriana Behar e Shelda e as búlgaras Petia Yanchulova e Tzvetelina Yanchulova. Mais vôlei de praia No masculino, a única dupla brasileira que pisou em quadra hoje, Ricardo e Emanuel, encontrou uma certa dificuldade para vencer. A dupla derrotou os noruegueses Kjemperud e Hoidalen por 2 sets a 1 (21/15, 19/21 e 15/6). O adversário de Ricardo e Emanuel nas quartas-de-final sairá do jogo entre os brasileiros Márcio e Benjamin e os suíços Martin Laciga e Paul Laciga. Basquete feminino A seleção brasileira de basquete assegurou a classificação à próxima fase com a vitória sobre a Nigéria por 82 a 63 na arena Helleniko. O Brasil está em segundo lugar no seu grupo e ainda vai jogar contra a Austrália, a primeira colocada, antes de saber quem será seu adversário na próxima fase. Vela O brasileiro Robert Scheidt continua na liderança da classe Laser. Ele chegou em terceiro na décima regata, a segunda disputada nesta sexta-feira. Na primeira, o velejador ficou com a sétima colocação e com isso chegou a 49 pontos perdidos, nove a menos do que o segundo colocado, o austríaco Andreas Geritzer, com 58. Com os resultados desta sexta-feira, para garantir o ouro, o heptacampeão mundial da classe Laser precisa apenas chegar entre os nove primeiros na 11ª e última regata, no domingo. O pior resultado de Scheidt é o 19º lugar conseguido na sétima regata. No final do campeonato, cada velejador descarta a sua pior atuação. Na classe Mistral, Ricardo Winicki, o Bimba, também se manteve na primeira colocação depois das duas regatas disputadas nesta sexta-feira. Bimba conseguiu um quinto e um décimo-sétimo lugar e tem 18 pontos perdidos. Em segundo na Mistral está o israelense Gal Friedman, com 21 pontos, e, em terceiro, o polonês Przemyslaw Miarczynski, com 24 pontos. Natação A nadadora Flávia Delaroli se classificou para a final dos 50m livre, que acontece no sábado. Flávia completou a semifinal com o tempo de 25s17 e conquistou a vaga empatada com a americana Jenny Thompson, ambas com a sétima melhor marca. Já a outra semifinalista brasileira, Rebeca Gusmão, fez o décimo-primeiro melhor tempo das semifinais, com 25s31. A holandesa Inge de Bruijn, recordista mundial e olímpica, venceu a série de Flávia com 24s56, melhor tempo entre as semifinalistas, repetindo o que já acontecera na etapa anterior. O segundo e o terceiro melhor tempos foram de Lisbeth Lenton, da Austrália, com 24s90, e de Malia Metella, da França, com 24s99. Mais natação O nadador Gabriel Mangabeira ficou em sexto lugar na final dos 100 m borboleta, com o tempo de 52s34. A atuação de Mangabeira na final foi um centésimo de segundo mais lenta do que na semifinal. Com isso, o nadador vai voltar para o Brasil com o recorde sul-americano dos 100 m borboleta. A primeira colocação ficou com o americano Michael Phelps, que cravou 51s25. Essa foi a quinta medalha de ouro de Phelps, que também quebrou o recorde olímpico da prova. O segundo colocado foi o atual recordista mundial, Ian Crocker, que perdeu a prova na última braçada, terminando com 51s29. O ucraniano Andryi Serdinov garantiu o bronze com 51s36 Mais vela Na classe 49er, os brasileiros André Fonseca e Rodrigo Duarte terminaram o dia na quinta colocação, com 52 pontos perdidos. Os britânicos Chris Draper e Simon Hiscocks têm o mesmo número de pontos, mas ganham no desempate por terem vencido uma regata e ocupam a quarta colocação. Os líderes são os espanhóis Iker Martinez e Xavier Fernandez, com 47 pontos perdidos. Com o mesmo número de pontos, mas em segundo lugar no desempate, vêm os ucranianos Rodion Luka e George Leonchuk. Os americanos Tim Wadlow e Pete Spaulding aparecem na terceira colocação, com 50 pontos. Atletismo Hudson de Souza conquistou uma vaga para as semifinais dos 1.500 m dos Jogos de Atenas, depois de completar a prova em 3m40s78. O brasileiro ficou em sétimo lugar na segunda das três séries eliminatórias e garantiu classificação pelo tempo. Os cinco primeiros colocados de cada série e os demais nove melhores tempos se classificam para a fase seguinte. As semifinais da prova serão no domingo. Handebol masculino A seleção brasileira de handebol masculino perdeu para a Grécia por 26 a 22 e não consegue mais se classificar para a próxima fase da competição. O Brasil, que está no grupo B, perdeu todos os jogos que disputou até agora no torneio. A equipe ainda joga com o Egito no domingo. Além da Grécia, a seleção brasileira já enfrentou a Alemanha, a França e a Hungria. Quatro das seis equipes do grupo se classificam para as quartas-de-final. Mais atletismo O brasileiro Jadel Gregório conseguiu uma vaga na final do salto triplo ao saltar acima dos 17 metros exigidos para a classificação. Gregório conseguiu a marca de 17,2 m. O melhor salto foi realizado pelo sueco Christian Olsson, que conseguiu 17,68 m. A final será disputada no domingo. Jadel ficou com o terceiro lugar entre os competidores do grupo B. O melhor foi Yoandri Betanzos, de Cuba, com 17,53 m. Marian Oprea, da Romênia, garantiu a segunda melhor marca, com 17,44 m. Pelo grupo A, além de Olsson, apenas o britânico Phillips Idowu conseguiu uma marca melhor que a do brasileiro, com 17,33 m. Natação Rubab Raza, de 13 anos, se tornou a primeira mulher a nadar pelo Paquistaõ em Jogos Olímpicos. Em Atenas, as mulheres representam agora mais de 40% do número total de atletas, e o número de muculmanas é recorde. Raza competiu nos 50 metros estilo livre usando um trajede corpo inteiro. Ela terminou na quinta posição. Saltos Ornamentais A brasileira Juliana Veloso conseguiu se classificar para as semifinais da plataforma de 10 m. Ricardo Moreira, treinador da equipe de saltos ornamentais, disse que o décimo-sexto lugar obtido pela atleta foi uma excelente colocação, mas que ela poderia ter ido mais longe ainda, não fosse uma pequena falha. "No terceiro salto, ela passou um pouco do ponto vertical da entrada. E perdeu alguns pontos por conta disso. Mas foi uma boa pontuação. Ela saltou muito bem, mas as adversárias estavam muito fortes. Elas não falharam em nada", disse o treinador. Com 302,31 pontos, Juliana ficou na 16ª colocação geral. As semifinais serão disputadas por 18 atletas no sábado. O melhor resultado foi obtido pela ucraniana Olena Zhupina, com 371,10 pontos. A australiana Loudy Tourky ficou em segundo lugar com 367,23 pontos, seguida pela canadense Emilie Heymans, com 351,12 pontos. Judô O judoca brasileiro Daniel Hernandes perdeu por ippon para Idrek Pertelson, da Estônia, pela repescagem da categoria pesado e não tem mais chances de disputar a medalha de bronze. Na primeira luta na repescagem, o brasileiro derrotou por ippon o romeno Gabriel Munteanu. Em sua segunda luta na competição, Hernandes perdeu por ippon para o russo Tamerlan Tmenov. Em sua primeira disputa, Hernandes venceu o nigeriano Chukwuemeka Onyemachi por um yuko. Hernandes é o atual campeão Pan-Americano da categoria. Boxe O brasileiro Edvaldo de Oliveira, o Badola, foi derrotado por pontos pelo cubano Luis Franco Vazquez nas oitavas-de-final da competição e foi eliminado. Oliveira foi o único brasileiro a vencer uma luta no boxe na Grécia. Em seu primeiro combate, ele venceu o porto-riquenho Carlos Velazquez. Mais atletismo José Alessandro Baggio, de 23 anos, ficou com a 14ª colocação na prova da marcha atlética de 20km, disputada nesta sexta-feira. Baggio registrou o tempo de 1h23min33s. O vencedor foi o italiano Ivano Brugnetti, com o tempo de 1h19min40s, seguido pelo espanhol Francisco Fernandez, que chegou apenas 5 segundos atrás. Mais natação A equipe de natação masculina do Brasil não conseguiu se classificar para a final do revezamento 4x100 m medley. Na eliminatória disputada nesta sexta-feira, os brasleiros Kaio Márcio Almeida (borboleta), Paulo Maurício Machado (costas), Jader Souza (livre) e Eduardo Fischer (peito) ficaram na 15ª colocação geral, com o tempo de 3min44s41. Em primeiro ficou a equipe americana, com o tempo de 3min35s10. A Alemanha garantiu a segunda colocação, com 3min36s65, e os ingleses ficaram em terceiro, com 3min36s94.
Últimas de Atenas: Vôlei feminino também vence Itália no tie-break
Vôlei
Assim como a seleção masculina na terça-feira, a seleção feminina precisou de cinco sets para derrotar a da Itália pelo torneio de vôlei em Atenas. Com parciais de 19/25, 25/13, 22/25, 25/16, 15/13, as meninas fecharam uma vitória que as manteve no primeiro lugar de seu grupo, invictas. A Itália, que é a atual campeã mundial, está em segundo lugar no grupo. O próximo adversário do Brasil é a Grécia, na sexta-feira, às 10h (horário de Brasília). Basquete A seleção brasileira de basquete feminino perdeu para a Rússia por 77 a 67, pela terceira rodada do grupo A. Brasil e Rússia estão empatados em segundo lugar no grupo, com duas vitórias e uma derrota. A chave é liderada pela Austrália, que venceu seus três jogos. O próximo jogo do Brasil é contra a Nigéria, sexta-feira, às 16h15 (horário de Brasília). Natação O nadador Thiago Pereira classificou-se para a final dos 200m medley ao fazer o quarto tempo. Thiago nadou a sua bateria em 2m00s07 e chegou em segundo lugar. O favorito ao ouro é o americano Michael Phelps, que já tem cinco medalhas em Atenas (três de ouro e duas de bronze). Revezamento O revezamento 4x200m livre feminino do Brasil chegou em sétimo lugar na final disputada nesta quarta-feira em Atenas. O Brasil fez o tempo de 8m05s29, novo recorde sul-americano. A equipe vencedora foi a dos Estados Unidos, que estabeleceu um novo recorde mundial (7m53s42). A prata ficou com a China, e o bronze com a Alemanha. A equipe brasileira é formada por Joanna Maranhão, Monique Ferreira, Mariana Brochado e Paula Baracho. Judô O brasileiro Carlos Honorato perdeu para o australiano Daniel Kelly na primeira partida na repescagem e foi eliminado dos Jogos. Honorato foi para a repescagem depois de perder para o britânico Winston Gordon nas quartas-de-final da categoria médio (até 90 kg). Nas lutas anteriores, Honorato venceu Tsend-Ayush Ochirbat, da Mongólia, por um koka, e o argelino Khaled Meddah em 1min05s, por ippon. Honorato ganhou medalha de prata em Sydney, em 2000, na mesma modalidade. Tênis Depois da eliminação do suíço Roger Federer do torneio de tênis, na terça-feira, o reinado do americano Andy Roddick como favorito durou pouco. Roddick, cabeça-de-chave número 2, foi eliminado nesta quarta-feira pelo chileno Fernando González, por 2 sets a 0 (6/4, 6/4). Mais natação Thiago Pereira conseguiu uma vaga nas semifinais dos 200m medley, com o tempo de 2min01s12. O brasileiro terminou em terceiro lugar em sua série eliminatória e em quinto na classificação geral. O melhor tempo nas eliminatórias foi marcado pelo húngaro Laszlo Cseh, com 1min59s50. Michael Phelps, dos Estados Unidos, ficou com a segunda posição ao marcar 2min00s01. O terceiro colocado foi o campeão pan-americano George Bovell, de Trinidad e Tobago, que registrou 2min00s65. O outro brasileiro que competia na prova, Diogo Yabe, fez 2min03s86, ficou 26º no geral e está fora da próxima etapa da disputa. Vela Robert Scheidt terminou o dia na segunda colocação da classificação geral da classe Laser. A quinta e a sexta regatas foram disputadas nesta quarta-feira. Scheidt terminou em oitavo lugar na primeira regata do dia e em quarto na segunda. Com o resultado, ele foi ultrapassado pelo austríaco Andreas Geritzer, que tem 15 pontos perdidos. O brasileiro tem 19 pontos perdidos. O esloveno Vasilij Zbogar aparece na terceira colocação, com 29 pontos perdidos. Arremesso de peso Elisângela Adriano ficou com a 18ª colocação geral nas eliminatórias da prova e não conseguiu se classificar para a final. Em suas três tentativas, a melhor marca da atleta foi de 17m44, o que a deixou de fora da lista das 12 melhores. Remo Fabiana Beltrame garantiu vaga na final C da prova de skiff simples e vai disputar do 13° ao 18° lugares. Primeira brasileira a representar o país na competição, ela ficou em primeiro lugar na semifinal D, com o tempo de 8min00s89. Já no remo masculino, Anderson Nocetti terminou em quinto lugar na segunda série semifinal do skiff simples, com o tempo de 7min11s90. Com o resultado, o brasileiro disputará a final C, que define do 13° ao 18° lugar geral.
A fisiculturista de 75 anos que começou a levantar pesos para lidar com dor crônica
Malhação não tem idade.
Esse é o pensamento da sul-coreana Jong-So Lim, de 75 anos. Ela se tornou fisiculturista depois de descobrir que sofria de estenose espinal, uma doença crônica. “Meu médico disse que não era tratável. Fiquei desesperada”. Jong-So começou, então, a levantar pesos para controlar a dor e ganhar músculos. O objetivo não era vencer competições, diz seu personal trainer, com quem ela faz sessões três vezes por semana. Depois de sua 1ª competição, Jong-So não parou. Ela ficou em 2º lugar na categoria sênior, para quem tem 38 anos ou mais. Trata-se de um feito e tanto, especialmente considerando que a Coreia do Sul é uma sociedade ainda muito machista. "Quando era jovem, não podia usar shorts curtos", diz. "Tinha que cobrir minhas pernas. Nunca poderia me imaginar vestindo um biquíni. Meu queixo caiu quando usei um pela 1ª vez. Claro que não podia fazer isso quando jovem”, acrescenta. "Tudo o que tentava fazer, me diziam: “Mulheres não podem fazer isso, mulheres não podem fazer aquilo”. Ou então, me perguntavam: Por quê?". Jong-So diz não saber "quanto mais tempo” ainda vai viver, mas que quer "continuar malhando enquanto eu puder e chegar o mais longe possível". Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
7 alimentos perigosos que devem ser consumidos com cuidado
Eles podem parecer inofensivos.
Alguns alimentos parecem inofensivos, mas podem esconder riscos para a saúde Mas a verdade é que nem todos os alimentos podem ser consumidos sem antes ser devidamente selecionados e preparados ou de se removerem algumas partes consideradas não-comestíveis ou tóxicas, ou de se atentar para suas condições de preparo ou conservação. Na ausência disso, podem causar males como náusea, falta de ar, efeitos psicóticos e até a morte. Confira sete alimentos que devem ser consumidos com cautela — e que, se você não tiver certeza sobre alguns aspectos mencionados abaixo, é melhor evitá-los. 1. Peixe Baiacu Peixe baiacu é bastante popular na culinária japonesa O baiacu é um dos peixes mais venenosos do mundo. É considerado ainda mais letal que o cianeto. Mas, apesar dos riscos que apresenta, é também uma iguaria em alguns países. Fim do Talvez também te interesse Especialmente popular no Japão, o fugu (como é chamado no país asiático) costuma ser servido cru, fatiado em camadas finas ou adicionado à sopa. Por que correr o risco de comê-lo? Bem, no Japão (e em outros países), os chefs são treinados ao longo de vários anos antes de serem autorizados a preparar o peixe e servi-lo aos clientes, aprendendo a remover diversos órgãos. Chefs passam por treinamento antes de serem autorizados a servir baiacu O segredo é verificar, no momento em que o baiacu chega ao prato, que suas partes venenosas, incluindo cérebro, pele, olhos, ovas, fígado e intestinos, tenham sido removidas, uma vez que contêm a perigosa tetrodotoxina, substância venenosa temida pela rapidez e violência de seus efeitos. 2. Queijo Casu Marzu Pode parecer estranho, mas o que mais chama a atenção no alimento é a presença de larvas no seu interior. Apesar do aspecto controverso, esse queijo da Sardenha, na Itália, tem muitos admiradores. Queijo Casu Marzu tem sabor forte devido, em parte, a excrementos de larvas em seu interior O casu marzu é feito a partir do pecorino, queijo de leite de ovelha com sabor e consistência semelhantes aos do parmesão. Ele é armazenado em um local seco para que apodreça — e as moscas possam se aproximar e depositar seus ovos nele. Com o passar do tempo, as pequenas larvas amolecem o queijo, que deve ser servido quando seu centro estiver com a consistência quase líquida. Costumam dizer que o casu marzu tem um gosto parecido ao do gorgonzola. E que seu sabor bastante forte e peculiar se deve em parte aos excrementos das larvas. Quem quiser experimentar deve levar alguns aspectos em consideração: em primeiro lugar, ter reflexos rápidos para se esquivar das larvas de mosca, já que elas podem saltar a uma altura de até 15cm, enquanto você saboreia um pedaço. Casu Marzu é considerado 'queijo mais perigoso do mundo' Em segundo lugar, a dificuldade para encontrá-lo. Trata-se de um queijo que não está incluído na lista de alimentos aprovados pela União Europeia, por exemplo. Em terceiro lugar, seu estado. A principal razão para o casu marzu não constar nesta lista é que costuma ser descrito como "o queijo mais perigoso do mundo", uma vez que apresenta riscos à saúde. Isso é especialmente verdade se as larvas estiverem mortas (a menos que o queijo esteja na geladeira), pois isso significa que ele está estragado. Os riscos de consumi-lo em más condições incluem dor de estômago, vômito e diarreia. 3. Ruibarbo Os talos de ruibarbo são bastante populares, por exemplo, na culinária do Reino Unido. Muitas sobremesas e bebidas favoritas dos britânicos levam esse ingrediente. Talos de ruibarbo são usados ​​na gastronomia de muitos países Mas é preciso ter um cuidado especial com o ruibarbo, uma vez que as folhas verdes que acompanham os saborosos talos contêm veneno. Especificamente, o ácido oxálico, que em grandes quantidades causa náuseas e problemas renais. No entanto, há muito debate sobre o quão perigosas, de fato, são as folhas de ruibarbo, devido ao nível de ácido oxálico encontrado nelas. Ruibarbo é frequentemente usado em sobremesas na culinária britânica Na verdade, o ácido oxálico também está presente nos talos, mas em quantidade bem menor do que nas folhas. A substância provoca insuficiência renal e, embora seja preciso comer uma porção muito grande de folhas para morrer, é melhor evitá-las. Em uma sessão de perguntas e respostas sobre o tema, por exemplo, a Universidade Estadual do Oregon, nos EUA, alertou: "As folhas de ruibarbo são tóxicas, e os seres humanos nunca devem ingeri-las". 4. Feijão vermelho e grãos de soja Feijão vermelho, sem processo de cozimento adequado, também pode ser prejudicial à saúde Em geral, há um consenso de que feijão e leguminosas fazem bem à saúde, mas existem alguns tipos que, se não forem preparados adequadamente, podem ser prejudiciais. O feijão vermelho e a soja de sabor suave se enquadram nessa categoria de alimentos perigosos. Vamos começar pelo feijão vermelho: o lado bom é que está repleto de proteínas, fibras, vitaminas e minerais. Mas, quando está cru, contém um tipo de lectina chamada fitohemaglutinina — tão difícil de escrever quanto de digerir. E se você consumi-la, esteja preparado para um quadro de dor no estômago e vômito. A boa notícia é que, se cozinhá-lo adequadamente, você pode evitar essa desagradável combinação. Feijão vermelho está presente em várias receitas ao redor do mundo É aconselhável deixar os feijões de molho por pelo menos 12 horas — em seguida, escorrer a água e enxaguar. Depois, cubra os grãos com água fresca e deixe ferver por pelo menos 10 minutos, antes de cozinhá-los por 45-60 minutos para que fiquem macios. Parece muito trabalhoso, então vale a pena cogitar comprá-los na versão enlatada. Assim como o feijão vermelho, a soja está repleta de proteínas e é um potencial antioxidante. Mas, infelizmente, também contém uma toxina natural (inibidor de tripsina), que pode impedir a digestão adequada dos alimentos. Para cozinhar os grãos de soja adequadamente, mais uma vez, você deve deixá-los de molho na água por pelo menos 12 horas, depois escorrer e enxaguar. Em seguida, cubra os grãos com água fresca e deixe ferver por 1 hora antes de cozinhá-los por 2-3 horas para amolecê-los. 5. Noz-moscada Consumo em excesso de noz-moscada pode causar efeitos psicóticos Esse ingrediente vem de uma árvore nativa das Ilhas Molucas (ou Ilhas das Especiarias), na Indonésia. É essencial para a preparação de certas sobremesas, como o arroz doce. Também é usada para temperar batatas, carnes, molhos, legumes e até bebidas, como a gemada. No entanto, se consumida em grandes quantidades, a noz-moscada apresenta efeitos colaterais terríveis, como náusea, dor, falta de ar e convulsões. Embora a intoxicação alimentar raramente leve à morte, não é uma experiência agradável. Então, por que alguém consumiria noz-moscada em excesso? Tudo indica que a especiaria costumava ser um alucinógeno popular. É claro que, dados os efeitos colaterais, a onda definitivamente não compensa. 6. Mandioca A rigor, há dois tipos de mandioca — a mandioca mansa, também chamada de mandioca de mesa (conhecida também no Brasil pelos nomes de macaxeira e aipim), e a mandioca brava, conhecida como mandioca de indústria. Mandioca pode ser altamente tóxica se preparada incorretamente As duas são extremamente parecidas, mas a mandioca brava é altamente tóxica — e requer um procedimento industrial ou um ritual de preparação tedioso e complexo para torná-la um alimento seguro. Ela libera cianeto de hidrogênio. Nos centros urbanos, a mandioca comercializada como alimento é sempre a mansa. Mas em zonas rurais, em lugares mais remotos na África, a mandioca mais comum pode ser a brava, e, por isso, se não for preparada adequadamente, pode causar sérios problemas de saúde. Um deles é uma condição chamada konzo, com sintomas que incluem paralisia súbita das pernas. Na América do Sul, onde se come mandioca há milhares de anos, as tribos aprenderam os muitos passos necessários para desintoxicá-la completamente: raspar, ralar, lavar, ferver o líquido, deixar a massa repousar por dois dias e depois assar. 7. Ostras e outros moluscos crus Moluscos crus, principalmente as ostras, são responsáveis por muitos casos de intoxicação alimentar. Para não correr riscos, é aconselhável evitar ostras in natura As ostras, como outros moluscos, são organismos filtradores e absorvem tudo o que está na água do mar para se alimentar. Portanto, se a água estiver contaminada, elas podem acumular em seu organismo agentes causadores de doenças, como vírus, bactérias e protozoários. É por isso que quem come a ostra in natura corre o risco de desenvolver quadros de infecção gastrointestinal — febre, diarreia, cólicas abdominais, náuseas e vômitos — e que, em casos mais graves, pode ser fatal. Em 2007, o falecido cineasta inglês Michael Winner, que também atuava como crítico de restaurantes, chegou a ficar à beira da morte após consumir uma ostra contaminada com a bactéria vibrio vulnificus. É importante lembrar que a falta de higiene e armazenamento adequado também podem comprometer a qualidade das ostras, uma vez que são altamente perecíveis. Antes de consumir ostras cruas, portanto, fique atento à sua procedência e frescor. E, para não correr riscos, é aconselhável comê-las sempre cozidas. Especialistas acreditam que o aumento da temperatura das águas do mar vem estimulando o desenvolvimento de micróbios — por isso, é preciso ter cada vez mais cuidado com esse tipo de alimento. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
O acidente quase fatal que levou à criação do Emoji e deixou seu fundador milionário
"Eu não sou uma pessoa de tecnologia."
Durante sua longa recuperação, empreendedor "teve uma luz" ao ler um artigo sobre aplicativos Isso não é exatamente o que você espera ouvir de um milionário do mundo da tecnologia. É ainda mais estranho quando você percebe que a pessoa dizendo isso, Chad Mureta, é um milionário da tecnologia típico. Mureta construiu sua fortuna fazendo apps. Suas invenções incluem o Emoji (que ajuda usuários a mandar mensagens com uma grande variedade de imagens) e o Fingerprint Scanner Pro, um aplicativo de segurança que já foi baixado mais de 50 milhões de vezes. Leia também: O matemático peruano que resolveu um problema de quase 300 anos Fim do Talvez também te interesse Curtiu? Siga a BBC Brasil no Facebook Sua empresa, a App Emprie, tem uma receita anual entre US$ 3 milhões e US$ 5 milhões. Mas, em outros quesitos, ele não é mesmo um empreendedor de tecnologia típico: precisou estar perto da morte para encontrar seu caminho. Em 2009, depois de um jogo de basquete, ele dirigia seu carro de volta para casa. As coisas não estavam dando certo: Ele vendia coisas no eBay, também negociava ações e dirigia uma boate. Ele também trabalhava como corretor. E estava profundamente infeliz, sem saber o que fazer com a sua vida. Na estrada, um cervo cruzou seu caminho. Ele desviou seu carro do animal e acabou se chocando contra um muro. O veículo capotou quatro vezes antes de parar. O braço esquerdo de Chad ficou em pedaços. No hospital, os médicos quase o amputaram. Leia também: O milionário que vendeu tudo para recomeçar do zero – e venceu outra vez Suicida Passou seis meses em um hospital e outros seis meses em processo de reabilitação, com uma dívida hospitalar de nada menos de US$ 100 mil. "Eu estava no fundo do poço. Muito deprimido, não conseguia dormir, tomava toneladas de remédio – e, na verdade, estava em estado suicida. Sentia tanta dor que achava que não podia mais continuar." Empresário criou o Emoji e um app de segurança, entre outros aplicativos O que aconteceu em seguida foi algo que roteiristas de Hollywood sofreriam para fazer parecer crível. Mas Chad jura que é verdade. Uma das únicas coisas que sobreviveram relativamente intacta de seu acidente foi seu smartphone, que era novinho na época e continuou ligado, com 12% de bateria. Na cama do hospital, ele viu os médicos mexendo em seu celular e ficou pensando em como seria bom se houvesse uma maneira de aumentar a segurança do aparelho. Mas ele ainda estava sob forte medicação, e a ideia escapou de sua mente. Algum tempo depois, um amigo que o visitava lhe entregou uma reportagem de revista sobre apps. Era o início da era da invenção de aplicativos, quando programadores estavam mudando o mundo da sala de suas casas. "Eu tive um daqueles momentos em que a ficha cai e você pensa ‘meu Deus, eu vou fazer isso’", conta Chad. "Eu estava lá, preso a tubos de soro e morfina, quando eu me dei conta que de podia ver um futuro – e pude enxergar um destino diferente para mim." Leia também: A palavra que contém o segredo do povo mais feliz do mundo Chad mudou sua vida após uma epifania "Nunca vou esquecer da emoção daquele momento. Não consigo descrevê-la em palavras. Foi um momento revelador: aqui está a resposta, e você será um bobo se não se focar nela." É claro que a prática foi mais difícil do que a teoria. Na época, ainda não havia tantos recursos para a criação de aplicativos e Chad não sabia programar. Tempo Mas ele tinha uma commodity preciosa enquanto se recuperava: tempo. "Eu sentava e ia olhando todos os apps. Me perguntava o porquê de um cliente ter gostado daquele aplicativo. Isso me deu uma vantagem competitiva para fazer com que tudo saísse do papel." Além disso, um dos médicos tinha um primo na Índia que estava entrando no ramo de desenvolvimento de aplicativos. Chad então arriscou, tomou emprestado US$ 1.800 de seu padrasto e apostou em sua ideia. Dois meses depois, o Fingerprint Security Pro estava na loja de aplicativos. O app não oferece nenhuma segurança real – é só um dispositivo que finge ler a impressão digital para acessar o celular e negar acesso ao telefone, com um botão no topo superior. Os usuários amaram. No primeiro mês, o app rendeu US$ 12 mil. E Chad havia encontrado seu caminho. Nesses três anos após o acidente, Chad, que agora tem 34 anos, criou e vendeu três empresas de aplicativos, comercializando mais de 50 apps. A App Empire, sua empresa atual, dá lucro ao ensinar outros a criar desenvolver seus próprios apps. Uma das razões pelas quais a empresa tem sido tão bem-sucedida, Chad explica, é porque ele só faz o que ele é realmente bom, delegando o restante para sua equipe. Leia também: 'Estrada da morte' cria vilarejo de viúvas na Índia Chad passou seis meses em uma cama de hospital e outros seis meses em processo de reabilitação Ele confia em uma equipe de freelancers e em um pequeno grupo de funcionários fixos. Chad diz que ele mesmo não é muito "mão na massa". "Eu trabalho uma ou duas horas por dia no App Empire. Só me certifico de que as coisas estão se encaminhando tranquilamente." É por isso que Chad diz que ele não é um cara típico do mundo da tecnologia. Ele não sabe programar. Mas ele sabe lançar um app de sucesso. Para ele, não é um problema falar de detalhes do acidente traumático que ele sofreu. Isso porque ele percebeu que sua recuperação inspira outras pessoas em situações similares. E apesar de seu braço nunca mais voltar a ser funcional como antes, Chad manteve-o. "Eu tenho titânio até o ombro. Foi uma cirurgia inacreditável. Eu ainda consigo sentir meu braço e consigo usá-lo. A maioria das pessoas nem suspeita – a não ser quando veem essa cicatriz imensa que parece um urso aqui!"
250 mil mortos por covid: gráfico mostra a dimensão da perda de vidas na pandemia no Brasil
O que representa 250 mil mortes?
Manaus foi uma das cidades mais atingidas pela covid A marca de vítimas que morreram por covid-19 atingida pelo Brasil na quarta-feira (25/02) é a segunda maior do mundo nesta pandemia — atrás apenas dos Estados Unidos, que nesta semana ultrapassaram o dobro desse número. Mas vislumbrar em termos concretos essa quantidade de pessoa é algo difícil. A BBC News Brasil elaborou abaixo um gráfico que mostra em termos visuais a dimensão de 250 mil pessoas. No quadrado maior, estão desenhadas mil pessoas. No desenho abaixo dele, o quadrado é reduzido de tamanho e são colocados lado a lado 250 quadrados. Fim do Talvez também te interesse No cotidiano, é raro encontrar eventos que reúnam 250 mil pessoas. É como se a pandemia tivesse matado todas as pessoas que assistiram ou desfilaram em duas noites de carnaval no sambódromo da Sapucaí, no Rio de Janeiro. Cada noite atrai cerca de 120 mil pessoas, entre público e aqueles que participam do desfile. Ou como se todo o público de uma rodada inteira do Campeonato Brasileiro de futebol— com dez partidas — tivesse morrido de covid-19. A média de público do Brasileirão foi de 21.237 torcedores por partida em 2019, último torneio antes da pandemia. 80 vezes o 11 de Setembro Outros grandes eventos da história dão a dimensão da tragédia vivida agora: - O maior público da história do futebol brasileiro — a final da Copa de 1950 entre Brasil e Uruguai, no Maracanã — reuniu 199 mil pessoas. - Um dos maiores shows de rock realizados no Brasil — a primeira apresentação da banda Queen no festival Rock in Rio de 1985 — reuniu 300 mil pessoas. - Durante as manifestações populares de 2013, 300 mil pessoas protestaram na noite de 20 de junho, segundo estimativas oficiais. Já morreram no Brasil mais pessoas do que no tsunami asiático de 2004, um dos eventos recentes mais mortais no mundo, em que morreram 230 mil pessoas. A covid-19 matou no Brasil 80 vezes mais do que os atentados de 11 de setembro de 2001, em Nova York. Outra forma de ter a dimensão do que representam 250 mil mortes é olhar para populações em diferentes lugares do Brasil. Dos 5.565 municípios brasileiros, apenas cem possuem população de 250 mil pessoas ou mais. Ou seja, a pandemia matou mais gente do que a população de 5.465 municípios em separado. É como se a covid houvesse aniquilado a população inteira de uma cidade como Foz do Iguaçu (PR). Ou como se a doença tivesse matado toda a população dos bairros Copacabana, Ipanema e Leme, na zona sul do Rio de Janeiro. Em uma cidade como São Paulo, 250 mil pessoas equivalem às populações somadas dos bairros Sé, Liberdade, República, Bom Retiro e Consolação, na região central. Outras comparações possíveis do número são: - É como se a pandemia tivesse matado três Maracanãs lotados. - A pandemia matou até agora a mesma quantidade total de brasileiros que morreram de qualquer causa nos dois primeiros meses de 2019. - O número de mortos pela covid na pandemia é quase seis vezes maior do que o de mortos por homicídio no Brasil em todo 2020 - É como se tivessem morrido 680 pessoas por dia desde que o primeiro caso de covid-19 foi registrado no Brasil. Isso equivale a 28 mortes por hora. Primeiro caso O Brasil acumula um quarto de milhão de mortes por covid-19, às vésperas de se completar um ano desde o primeiro caso de coronavírus ter sido identificado no país. Segundo as contas do consórcio de imprensa (formado por Folha de S.Paulo, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1), o país alcançou nesta quarta-feira (24/02) a marca de 250.036 mil mortos por coronavírus — o segundo país no mundo a chegar nesse patamar, atrás apenas dos EUA, que nesta semana superou a marca de 500 mil mortes. Há uma segunda contabilização de casos e mortes, feita pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), segundo o qual o número total de mortos pelo vírus no país chegou a 249.957. O marco acontece na mesma semana do aniversário de um ano do primeiro caso de coronavírus confirmado oficialmente no Brasil. No dia 26 de janeiro, um homem de 61 anos foi internado em um hospital em São Paulo, após ter passado os dias do carnaval na Lombardia, na Itália. É como se a pandemia já tivesse matado três Maracanãs lotados; acima, enterro em Manaus Apenas duas semanas depois, no dia 11 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou oficialmente que havia uma pandemia de coronavírus, que se originou em Wuhan, na China. Naquele dia, havia 118 mil casos confirmados em 114 países do mundo, com 4,2 mil mortes. No entanto, naquela época ainda pouco se sabia sobre o vírus, e havia poucos testes e estatísticas confiáveis. Nos meses que seguiram, houve muita confusão e pouco entendimento do que poderia acontecer. Estimativas sobre o número de mortos variavam de 1 milhão de mortos (previsão de pior cenário feita pelo Imperial College de Londres) a menos de 3 mil mortos (previsão do político Osmar Terra). No final de março, o então ministro da Saúde, Henrique Mandetta, previu que até abril haveria um colapso do sistema brasileiro de saúde, que seria incapaz de lidar com as hospitalizações em massa. No mesmo dia, o presidente brasileiro se referiu ao coronavírus como "uma gripezinha". Nas semanas seguintes, o Brasil viu disputas políticas, medidas desencontradas e superlotação de hospitais. Três ministros da Saúde (Henrique Mandetta, Nelson Teich e o atual, Eduardo Pazuello) passaram pela pasta. Estados e municípios ficaram responsáveis por decidir localmente sobre medidas de restrição de quarentena e fechamentos de estabelecimentos comerciais, escolas e transporte público. O governo federal começou em abril o pagamento de um auxílio emergencial para trabalhadores que perderam sua renda por causa da pandemia. No dia 8 de agosto de 2020, foi atingida a marca de 100 mil mortos. No dia 7 de janeiro deste ano, o país ultrapassou as 200 mil mortes. Em janeiro deste ano, começou a vacinação da população, mas, sem doses suficientes, muitas cidades tiveram de interromper suas campanhas. Números proporcionais Apesar de ser o segundo país com o maior número absoluto de mortos por covid-19, a situação é diferente quando se analisam apenas mortes em relação ao tamanho da população. O Brasil tem a sexta maior população do mundo. Na comparação com o tamanho da população, o Brasil fica entre os 30 países com mais mortes por covid-19 para cada 100 mil pessoas de sua população. Em alguns países como Reino Unido, Portugal, Itália e Estados Unidos, houve mais mortes do que no Brasil, na proporção da população. Também na comparação proporcional, houve mais mortos no Brasil do que na Argentina, Alemanha e Rússia. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
O sítio arqueológico coberto por lava de vulcão há 1.400 anos e que segue intacto
"É uma cápsula do tempo extraordinária".
Joya de Cerén, en El Salvador, é um sítio arqueológico com características únicas Assim define o arqueólogo Payson Sheets o sítio arquelógico Joya de Cerén, local descoberto por ele em El Salvador. O espaço é conhecido como Pompeia da América, mas Sheets prefere não se referir ao lugar dessa forma. "Seria me gabar demais", diz à BBC Mundo, serviço em espanhol da BBC. A comparação com a cidade italiana, cuja população de milhares de pessoas foi morta por uma erupção do monte Vesúvio no ano 79, ocorre porque a lava que destruiu Joya também preservou a arquitetura e os artefatos da época, que permanecem nas posições em que estavam no momento da tragédia. Os especialistas concordam que Joya de Cerén é um local singular e um dos sítios arqueológicos mais importante do mundo. Isso porque ele mostra restos muito bem preservados de uma aldeia pré-colonização na Mesoamérica. A importância do local é tanta que a Unesco declarou Joya de Cerén patrimônio da humanidade, em 1993. Una de las habitaciones encontradas en Joya de Cerén O que aconteceu? Joya de Cerén era uma aldeia habitada por uma comunidade maia. Por volta do ano 600, uma erupção do vulcão Ilopango destruiu o local. No entanto, segundo evidências encontradas por arqueólogos, a maior parte dos moradores teve tempo para fugir. "No caso de Joya de Cerén, as pessoas não tiveram tempo de levar suas coisas. Precisaram escapar da erupção do vulcão, que ficava a somente 600 metros de onde moravam", explica Sheets. O professor Sheets, que realizou numerosas escavações na região nos últimos 40 anos, diz que a população conseguiu escapar porque a erupção do vulcão ocorreu em fases. "Primeiro caiu uma massa fina de grãos sobre as plantações, como milho e mandioca e cobriu também o telhado das casas. A segunda fase foi mais violenta e explosiva, deslocando a água do rio. Depois, vieram outras fases que converteram o lugar em uma cápsula do tempo", diz. O professor Payson Sheets durante uma de suas escavações em Joya de Cerén Recriação digital de uma casa em Joya de Cerén Joya de Cerén, em El Salvador, nomeada patrimônio da humanidade pela Unesco em 1993 'Com a boca aberta' Após as sucessivas e violentas erupções, Joya de Cerén foi totalmente sepultada. Os restos da aldeia permaneceram preservados por quase 1.400 anos. Em 1978, um pouco por curiosidade e também por sorte, o professor Sheets, que realizava uma pesquisa em El Salvador, deparou-se com uma estrutura coberta de cinzas em uma escavação que havia sido feita por uma construtora dois anos antes. "Assumi que se tratava de uma erupção recente, de uns 100 anos. Cavei um pouco mais, pensando que acharia algum diário ou estrutura de metal, mas só encontrei objetos antigos clássicos. Para mim não fazia sentido, porque eu estava a apenas cinco metros de profundidade. Era um enigma", diz o arqueólogo, em entrevista por telefone. "Peguei algumas amostras, fiz o teste de datação por radiocarbono (método que consegue determinar a idade de algum material) e os resultados mostraram que elas tinham 1.400 anos. Não me lembro quanto tempo fiquei de boca aberta", conta Sheets. "Me dei conta de que não havia nada no mundo moderno com uma preservação desse tipo", diz. Uma espiga de milho coberta de cinzas manteve sua forma Entre os utensílios maias há vasos e pedras para moer Acidente histórico A preservação é uma grande preocupação dos pesquisadores. "Não há muitas 'Pompeias' no mundo porque o grande problema que os arqueólogos enfrentam é a preservação", diz Robert Rosewig, professor do departamento de Antropologia da Universidade de Albania, em Nova York. Quando ocorrem erupções ou inundações é muito frequente que esses sítios desapareçam, sejam destruídos ou desmoronem. Por isso, uma área preservada como a de Joya de Cerén é quase um acidente histórico", explica Rosenwig. 'Comer as evidências' Foram encontradas centenas de sementes com 1.400 anos de idades "A comida que foi deixada em vasilhas permaneceu. Encontramos um vaso de cerâmica com centenas e centenas de sementes de abóbora. Depois de 1.400 anos, num clima tropical, as sementes não mudaram de tamanho, forma ou peso. Elas estavam apenas com um pouco de poeira ", conta Sheets. "Pensei em comer apenas uma semente para saber se o gosto havia mudado, mas depois decidi que não: os arqueólogos não devem comer suas evidências", diz, gargalhando. O que foi encontrado em Joya de Cerén? Em quase 40 anos de escavações, o professor encontrou 10 edificações ainda inteiras. Entre elas há casas, bodegas, uma cozinha e um prédio religioso e um edifício cívico onde se reuniam os líderes da comunidade para solucionar problemas locais. Há outra estrutura onde se guardavam e preparavam alimentos para cerimônias e festas, diz o site do parque arqueológico de Joya de Cerén. "Nas escavações foram encontradas sementes de feijão, urucum, milho e mandioca, além de um banho de sauna temazcal ou sauna seca, uma estrutura única em sua categoria, já que em toda a Mesoamérica não foram encontrados temazcal ainda em pé", afirma Johnny Ramos, administrador do parque arqueológico. Em Joya de Cerén foi encontrado um temazcal, também conhecido como saudas, onde os maias faziam rituais Além disso, também foram encontrados cerâmicas, tigelas, copos e jarros que usavam como celeiros, assim como pedras de moagem, entre outros elementos. Muitos deles estão expostos em museu no sítio de Joya de Cerén. "Cada vez que fazemos escavações, encontramos insetos muito bem conservados", diz Ramos, que assegura que as pesquisas continuam. Ele não descarta a possibilidade de restos humanos serem encontrados. Para o professor Sheets, Joya de Cerén "nos dá a oportunidade de descobrir como era a vida cotidiana" naquela época. "Conhecemos muito sobre a elite maia, suas pirâmides, seus hieróglifos… Joya de Cerén é uma janela que nos mostra a riqueza da vida de gente comum", diz Sheets.
Grã-Bretanha faz plano contra abuso de crianças em rituais de bruxaria
Reportagem
In Britain there are signs that child cruelty linked to spiritual beliefs is a growing phenomenon. There have been a number of cases of ritual torture and killings involving children, mainly in families from the African community. Now the British government has released an action plan to try to confront the problem. : Tom Esslemont Clique Clique aqui para ouvir a reportagem There have been some shocking cases of violent child abuse in Britain in recent years. To mention just two: Kristy Bamu was murdered in 2010 because his attackers thought he was a witch. He was 15. And then there was the gruesome case of the headless torso belonging to a five or six-year-old boy found in the River Thames a decade ago. In trying to tackle the problem, the government has brought together faith leaders, charities, the police and social workers. Under its new action plan it urges closer cooperation between these groups. Those critical of the plan, while welcoming it as an important step, say more faith leaders need to acknowledge the problem of ritual killings. Despite the differences of opinion which exist, the government says it will now help provide support to those who witness such activity. It also says it wants to appoint mentors – people who can listen to members of affected communities. But the government admits that more research is needed for the problem to be properly eradicated. Clique Clique aqui para ouvir as palavras abuse (maus tratos, crueldade) mistreatment, cruelty witch (bruxa) a person who practises magic or sorcery gruesome (horrível) horrible torso (torso) human body excluding head and limbs tackle (lidar com, enfrentar) deal with, confront faith leaders (líderes religiosos) religious chiefs cooperation (cooperação) teamwork, support ritual (ritual) ceremonial appoint (nomear, empregar) employ eradicated (eliminado) destroyed Leia mais sobre esse assunto Arquivo Nepal adota lei para proteger mulheres jovens vulneráveis Conheça o refugiado sudanês que é astro do atletismo dos EUA Seca nos EUA infla preços de alimentos Mais crianças estão indo à escola no mundo, relata ONG Governo peruano lança programa contra trabalho infantil Restaurantes na Irlanda testam esquema de menus com calorias Dois boxeadores são esportistas mais bem pagos do mundo Arqueólogos dizem ter encontrado vestígios de antigo teatro de Shakespeare Banheiros público de Pequim só poderão ter duas moscas no máximo Morre Vidal Sassoon, o cabeleireiro que revolucionou os penteados Excesso de estudo é ligado a aumento de casos de miopia entre estudantes na Ásia Ataques com ácido atormentam mulheres no Paquistão Racismo de torcedores na Rússia divide clubes em busca dos culpados Governo britânico quer cobrar por visitas ao Big Ben Comemorações tradicionais na Índia levam 163 pessoas para o hospital Itália desiste de candidatura para Olimpíada de 2020 Você sabe porque a zebra é listrada? Apesar da crise, teatrolândia de Londres vive com lotação esgotada Tópicos relacionados
A médica que foi obrigada a se cobrir em avião por causa de 'roupa inapropriada'
"Inadequada."
Tisha Rowe disse que se sentiu "vigiada por ser negra" no voo da American Airlines Assim foi classificada a roupa da médica americana Tisha Rowe, 37, por um comissário de bordo da American Airlines em um voo da Jamaica para os Estados Unidos no dia 30 de junho. O funcionário da companhia aérea pediu para a mulher para "cobrir seu corpo". Em sua conta do Twitter, ela relata ter se sentido envergonhada e humilhada após o pedido. O tuíte em que mostrou as roupas que ele usava naquele dia foi compartilhado milhares de vezes na rede social. Fim do Talvez também te interesse "Esta é a roupa que eu estava usando quando @AmericanAir pediu que eu saísse do avião para uma conversa. Nesse momento, eu fui orientada a me 'cobrir'. Ao defender a minha roupa, eu fui ameaçada de não voltar ao voo, a menos que eu caminhasse pelo corredor enrolada em um cobertor", diz o tuíte de Rowe. "O mesmo coração, mesmo cérebro, o mesmo título. A mesma pessoa que salvaria sua bunda se houvesse uma emergência no avião", escreveu Rowe em outra mensagem. Dias depois, a companhia pediu desculpas pelo ocorrido. Mas o que ocorreu exatamente? Rowe estava em um voo de Kingston para Miami com seu filho de oito anos quando o incidente ocorreu. A médica disse que uma aeromoça pediu para que ela saísse do avião e logo descreveu sua roupa como "inapropriada" para voar e perguntou se ela tinha um casaco para "se cobrir". Depois de fracassarem suas tentativas de defender a roupa e seu filho começar a ficar perturbado, Rowe se sentiu obrigada a colocar um cobertor em torno de sua cintura e voltar para o seu assento com um sentimento de "humilhação". A mulher teve que se cobrir com um cobertor para embarcar no avião novamente "Para mim, nunca houve qualquer empatia ou desculpas, nenhuma tentativa de manter a minha dignidade em toda a situação", disse ao Buzzfeed News. Acusação e pedido de desculpas Rowe acusou a companhia de racismo e discriminação contra seu tipo de corpo. "Somos vigiados por sermos negros", escreveu ela em um tuíte. "Nossos corpos estão muito sexualizados como mulheres e temos de ajustá-los para fazer com que todos ao nosso redor se sintam confortáveis." "Eu vi mulheres brancas com shorts curtos, muito mais curtos, a bordo de um avião." Na terça-feira, a companhia aérea disse que tinha se desculpado com Rowe e seu filho, e reembolsado as tarifas deles. "Estávamos preocupados com os comentários de Rowe. Nos comunicamos com ela e com nossa equipe no aeroporto de Kingston para reunir mais informações sobre o que aconteceu", disse uma porta-voz em um comunicado à imprensa dos EUA. "Estamos orgulhosos de servir clientes de todas as origens e comprometidos em proporcionar uma experiência segura e positiva para todos que voam conosco", acrescentou. Em 2017, a Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor (NAACP, sua sigla em inglês) emitiu um "aviso de viagem nacional" nos Estados Unidos pela American Airlines, citando "possível viés racial" e "incidentes perturbadores". Mais tarde, eles suspenderam o alerta em 2018, depois de trabalhar com eles por um ano em iniciativas para treinar funcionários para identificar e prevenir atitudes racistas. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
O homem que investiu em drogas os US$ 3 milhões que ganhou na loteria
Foi um mau investimento.
Ronnie Music, que se declarou culpado de tráfico de drogas, quando ganhou o prêmio máximo em uma loteria estadual nos EUA; promotor diz que "investimento infeliz" poderá levá-lo a décadas na cadeia Um homem nos Estados Unidos se declarou culpado da acusação de tráfico de drogas após gastar em metanfetaminas grande parte dos US$ 3 milhões (cerca de R$ 9,7 milhões, em valores atuais) que havia ganhado na loteria. Ronnie Music, de 45 anos, faturou o prêmio em fevereiro de 2015, após comprar uma "raspadinha" em sua cidade natal, Waycross, no Estado da Georgia. "Music decidiu tentar a sorte aplicando milhões de dólares de seus ganhos na loteria no comércio de metanfetaminas", disse nesta semana o promotor Ed Tarver. "Como resultado de seu investimento infeliz, Music deverá enfrentar décadas em uma prisão federal", acrescentou. Fim do Talvez também te interesse Tráfico Em setembro de 2015, cúmplices de Music foram detidos ao comercializar uma carga de metanfetamina - droga sintética de fácil fabricação caseira - estimada em US$ 500 mil. Policiais apreenderam mais de US$ 1 milhão en metanfetaminas, armas, munição, veículos e cerca de US$ 600 mil em espécie, segundo a Promotoria. A investigação do caso revelou que Music comprou as metanfetaminas com o dinheiro da loteria, para revenda, e trabalhava com outros suspeitos para distribuí-la na região do condado de Ware, onde fica Waycross. O ganhador pode agora ter que cumprir uma pena de prisão perpétua. "Compro bilhetes (de loteria) de vez em quando. Até agora não acredito", disse Music na época do sorteio, segundo nota divulgada pela organizadora do prêmio. Ele também disse na ocasião que pretendia economizar parte do dinheiro com sua mulher. Acabou investindo para tentar multiplicar seus ganhos, mas o risco foi alto demais. A sentença máxima prevista para o caso é prisão perpétua, mas a decisão virá após investigações complementares.
Como é a rotina dos trabalhadores que passam quase um terço do dia dentro de ônibus, metrô ou trem
Passa da meia-noite.
A cidade que dá cerveja e sorvete grátis a quem usa bicicleta ou transporte público Reportagem acompanhou cerca de 7h no trajeto de ida e volta que o porteiro Ludovico faz diariamente de casa para o trabalho A Lua é a única fonte de luz sobre as ruas de terra e a passarela que cruza um pequeno rio em Parelheiros, no extremo sul de São Paulo. O coaxar de sapos, barulhos indecifráveis em meio à escuridão e a incerteza do que pode surgir da mata aceleram o batimento cardíaco e apertam o passo de Sidinéia Aparecida Chagas, de 27 anos. À noite, o caminho de 1 km do ponto de ônibus até sua casa parece muito mais longo que de dia, diz ela. Esse é o último trecho do caminho da gestora de uma biblioteca comunitária após um dia de trabalho e faculdade, intercalados por uma saga de 5 horas dentro de seis ônibus diferentes antes de rever o marido e o filho de 9 anos. Fim do Talvez também te interesse "A sensação é de desespero. Mulheres foram estupradas neste caminho e a minha irmã já foi assaltada. Ontem mesmo ouvi um barulho vindo da mata e saí correndo desesperada até chegar em casa", conta. Ela disse que o marido não vai buscá-la no ponto de ônibus porque prefere que ele fique em casa cuidando do filho. "Fizemos este acordo porque entendemos que é mais perigoso uma criança ficar em casa sozinha do que eu andar na escuridão. Sem opção, eu não ligo o celular para não chamar a atenção e torço para que pelo menos tenha alguém para me acompanhar. Se alguma coisa acontecer, não tem sinal de celular para pedir ajuda nem pessoas perto para pedir socorro. A única saída é fugir para o mato". Vídeo feito com pessoas que passam até um terço de suas vidas no transporte Durante uma semana, a BBC News Brasil acompanhou o trajeto diário de três trabalhadores que passam até um terço de suas vidas dentro de ônibus ou trem. Uma pesquisa feita em parceria pelo Ibope e a Rede Nossa São Paulo em setembro de 2018 revelou que o tempo médio de deslocamento dos paulistanos é de 2h43 por dia. Mas a rotina do zelador Ludovico Jesus Tozzo, de 58 anos, se descola desses números. Ele conta que quase nunca vê a luz do dia ao lado da mulher, de seus dois filhos e netos porque passa cerca de 7h de seu dia no trajeto de ida e volta do trabalho. Quando há um acidente, chove ou é época escolar, passa facilmente das 8h - um terço da vida sendo enxergada por meio de uma janelinha de ônibus. Às 4h40, ele dá um beijo na mulher, guarda a marmita na mochila e anda apressado pelas ruas sem calçada do Jardim do Sol, em São Mateus (extremo leste de São Paulo), em direção ao ponto de ônibus. Em 15 minutos, ele chega à primeira das três conduções que usa em seu trajeto até a Vila Andrade, na zona sul. Estudante anda 15 minutos em trajeto sem iluminação entre sua casa e ponto de ônibus em Parelheiros São 40 km que separam a casa do zelador - três horas para ir e outras quatro para voltar. Logo no primeiro micro-ônibus, ele se junta a dezenas de outros trabalhadores rumo à estação Itaquera do metrô - da casa dele. Até lá, são 40 minutos em pé no transporte. Desde o último domingo, as pessoas que moram longe enfrentam ainda mais uma barreira no transporte público paulistano. Desde então, as passagens de Metrô, trens e ônibus passaram de R$ 4 para R$ 4,30. A integração entre os modais, usada por quem mora longe, foi de R$ 6,96 para R$ 7,48. Horas perdidas O urbanista especializado em trânsito Flamínio Fichman diz que os trabalhadores entrevistados pela reportagem "são como escravos", pois o tempo que eles gastam com trabalho e transporte praticamente os impede de ter lazer e cultura. Para Fichman, entretanto, a melhor solução para resolver o problema da mobilidade não é investir prioritariamente em transporte público, mas, sim, em reduzir a distância entre o empregado e o emprego. "Temos sim que aumentar nossa malha de trem, metrô e corredores de ônibus, mas isso só vai remediar temporariamente. A solução é aproximar as empresas e o comércio do domicílio, mudar o uso do solo. Isso porque a gente está com uma cidade muito grande, que passou do limite. É necessário levar o trabalho para onde as pessoas residem através de uma legislação que reduza impostos e incentive o deslocamento de empresas para as periferias. Também é necessário construir mais habitações populares no centro", afirmou. Sidinéia diz que estudaria ou passaria mais tempo com o filho e o marido, se não ficasse tanto tempo no ônibus Questionado, o Governo de São Paulo afirmou que vai construir 3.683 moradias populares no centro da capital "justamente para aproximar o local de moradia do local de trabalho". Em nota, a Secretaria Estadual da Habitação disse que "80% das unidades do projeto serão para inscritos que moram fora da área central e que tenham pelo menos um membro da família trabalhando no centro da cidade". A Secretaria Estadual de Transportes, por sua vez, diz que vai fazer uma "expansão significativa" dos transportes em massa, mas sem dizer quanto vai aumentar até o fim da gestão. A prefeitura promete construir 72 km de corredores até 2020. A gestão municipal informou ainda que 35 imóveis localizados no centro expandido serão destinados para a moradia social. A prefeitura diz que também implantará um plano que propõe aumentar a população na região, com incentivo à oferta de empregos e serviços. O urbanista entrevistado pela BBC News Brasil explica que a superlotação nos transportes foi causada principalmente por uma valorização constante das áreas centrais da cidade. Isso fez a população mais pobre morar cada vez mais longe por não conseguir comprar um imóvel na região e necessitar se deslocar por horas para ter acesso a serviços de qualidade, como parques, museus e shoppings. "As pessoas fazem muitas compras no centro expandido. É necessário reforçar os subcentros localizados em áreas mais distantes, como Itaquera, São Miguel Paulista e Tucuruvi. Investir em mercados municipais, comércio local e serviços mais distantes do centro. O poder público também deve descentralizar as atividades culturais, bibliotecas e levar opções de lazer de qualidade para a periferia", afirmou. A prefeitura diz que há 83 parques em áreas consideradas periféricas e que oferece incentivos fiscais para empresas na zona leste, "com o objetivo de aumentar a oferta de empregos em locais densamente povoados da periferia". Segundo a administração, mais de 20 empresas se instalaram na região por meio desse programa. Outra solução, segundo Flamínio Fichman, é o incentivar o home office, o trabalho em casa. Deslocamento e trabalho ocupam 15 horas diárias de Ludovico "Isso tem que ser considerado pelas empresas porque tem muita gente saindo de casa para trabalhar sem necessidade. Gente que pode ficar em casa com seu notebook está se deslocando à toa. Os serviços de entregas e o e-commerce também devem receber incentivos, pois contribuem para evitar deslocamentos desnecessários", disse. A gerente de biblioteca Sidinéia inicia sua jornada diária às 8h em direção à biblioteca comunitária onde trabalha no bairro Colônia, no mesmo distrito onde mora, em Parelheiros. De lá, às 17h, ela pega um ônibus até a faculdade onde cursa administração, em Santo Amaro, também na zona sul. No trajeto de ida e volta são seis conduções, que totalizam cinco horas por dia no transporte público. "O maior problema é o caminho de casa até o ponto de ônibus porque tenho que atravessar uma ponte por cima de um pequeno rio. Se chove, é certeza que você vai chegar no trabalho com a roupa suja de barro ou com água espirrada pelos carros. Mas se está seco, sobe uma poeira e você chega com o tênis sujo e o cabelo cheio de terra. Difícil escolher quando é menos pior. O jeito é levar um paninho na bolsa para limpar pelo menos os sapatos", conta. Se tivesse mais tempo, ela conta que poderia "fazer um curso, ficar mais tempo com o filho ou dormir. Até mesmo no ônibus eu poderia fazer parte dessas coisas se eu conseguisse me sentar", diz. Estratégias Ao longo de anos de experiência no transporte, os trabalhadores entrevistados pela reportagem desenvolveram técnicas para economizar dinheiro e ter mais chances de conseguir um assento no ônibus ou trem - ou ao menos evitar fazer a viagem "esmagado". A empregada doméstica Marlene Fernandes de Lima, de 59 anos, por exemplo, faz a chamada "rota negativa". A estratégia é começar a viagem no sentido oposto ao que quer ir, para descer numa estação com mais chances de conseguir um assento e, aí sim, seguir no sentido correto. "Faço isso porque ninguém oferece o lugar. Só levantam quando entra (no metrô) uma gestante ou um idoso com mais de 70, 80 anos. Para não levantar, eles fingem que estão dormindo ou mexendo no celular", conta ela. Marlene relata que o excesso de viagens em pé a deixa cada vez mais dia mais cansada e desgastada. "Isso piorou depois que passei dos 50 anos. O pior é que eu chego em casa e ainda preciso fazer comida, lavar louça e limpar a casa. Tenho sorte porque minha filha mora do meu lado e muitas vezes limpa tudo antes de eu chegar", diz a empregada doméstica. A primeira parte da jornada de Marlene começa em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, às 4h20, e termina no Ipiranga, na zona sul da capital, às 7h. A volta tem a mesma duração. Marlene Fernandes de Lima, de 59 anos, pega trem no sentido oposto ao destino como estratégia para ir sentada ao trabalho "Se eu perdesse menos tempo, eu poderia ficar mais em casa ou até passeando. É triste pensar nessa vida perdida. Eu já pensei em desistir, mas não dá para ficar sem trabalhar, ainda mais agora que fiquei viúva. Quero trabalhar só mais dois anos até eu me aposentar porque eu não aguento mais", conta ela. Já Ludovico usa uma estratégia econômica. Para não pagar mais uma passagem, ele não passa a catraca do ônibus até chegar à sua primeira baldeação em Itaquera. "Como eu demoro mais de três horas para ir de casa ao trabalho, se eu passar o Bilhete Único logo quando entro no ônibus, perco a integração e tenho de pagar mais uma passagem", explica. A Prefeitura de São Paulo confirmou que o Bilhete Único Vale-Transporte e o Bilhete Único Estudante podem ser usados em até quatro veículos diferentes durante duas horas, Porém, disse que não há nenhum projeto para mudar essa regra. Depois de Itaquera, o caminho de Ludovico continua pela linha vermelha do metrô até a estação Anhangabaú, onde desce e caminha até o terminal Bandeira. De lá, ele embarca em outro ônibus e, depois de 40 minutos de viagem, ainda faz mais uma caminhada de 15 minutos até o prédio onde trabalha como zelador. Ele disse que já tentou diversos caminhos e estratégias diferentes para reduzir o tempo do trajeto. Segundo ele, essa é a melhor opção porque, além de demorar o mesmo tempo do trem, evita caminhadas mais longas. "Eu não sou mais um menino. Trabalho todos os dias e só folgo uma vez por semana, sábado ou domingo. Então, evito caminhar mais do que eu preciso", diz o zelador. Ciclo de pobreza O professor de economia da Fundação Getúlio Vargas e do Mackenzie Raphael Bicudo diz que essa perda de tempo no transporte público causa um fenômeno chamado de ciclo intergeracional de pobreza. "Os pais dessas pessoas viveram em situação pior ou semelhante a elas e, salvo raras exceções, seus filhos não conseguirão romper esse ciclo e também viverão assim. Isso ocorre porque as dificuldades fazem essas pessoas terem uma perda de oportunidade e ascensão social. Elas não conseguem se dedicar a cursos, faculdades e têm dificuldades para chegar pontualmente em entrevistas e no trabalho porque dependem de ônibus e trens e algumas ainda enfrentam enchentes", afirmou. Maior sonho de empregada doméstica que nunca saiu do Estado de São Paulo é conhecer o Recife Ele explica que isso dificulta, e muito, principalmente a vida dos trabalhadores mais pobres. Em seu ponto de vista, isso torna desigual a competição por uma vaga no mercado de trabalho. "A longo prazo, isso causa um desgaste físico e emocional, que resulta numa perda de produtividade. Isso faz com que essas pessoas sejam inseridas em empregos com salários menores e precários. Eu tenho alunos que saem 23h da faculdade, chegam 1h em casa e acordam às 4h para o trabalho. Como essa pessoa pode concorrer a uma vaga com outra que vai à faculdade de carro com ar condicionado e não precisa trabalhar?". O urbanista Flamínio Fichman diz que essa é a realidade de outras cidades brasileiras que tiveram um grande crescimento populacional nas últimas décadas, como Rio de Janeiro, Salvador e Belo Horizonte. "Isso ocorre no país inteiro onde há uma taxa de crescimento populacional desenfreada. Florianópolis (capital de SC), por exemplo, é outra cidade que está perdendo muito em conforto por causa desse crescimento que ela não comporta mais. Outra cidade que piorou muito é Curitiba, no Paraná. O Governo Federal precisa incentivar que cidades não cresçam de maneira desordenada como São Paulo", afirmou. Sonhos Com tanto tempo gasto apenas com deslocamentos entre o trabalho e a casa, os trabalhadores entrevistados quase não conseguem ter um momento de lazer e cultura. Mas têm muitos sonhos e a esperança de ter uma vida menos corrida no futuro. Ao serem questionados pela reportagem sobre quais eram seus maiores sonhos, a resposta foi unânime: viajar. Sidinéia diz que seu maior desejo é conhecer o continente africano, principalmente Guiné-Bissau. Porteiro diz que quase nunca vê a luz do dia ao lado da mulher e dos filhos "Eu sou apaixonada pelas histórias que são contadas. Aqui no Brasil, porém, nosso passado é negado o tempo todo. Hoje, para eu me reconhecer como mulher negra, eu tive de passar por um processo. Mesmo assim, eu não me vejo em lugares em que eu frequento. Para mim, conhecer Guiné-Bissau é conhecer uma realidade diferente do que a imprensa mostra, de que é um lugar feio e sem prosperidade", conta. Já Marlene conta que nunca saiu do Estado de São Paulo em seus 59 anos de vida. O lugar mais longe que ela visitou foi a cidade de Avanhandava, a 470 km da capital paulista, viagem feita em seis horas, o mesmo tempo que ela gasta para ir e voltar do trabalho. Um voo de São Paulo para Recife demora três horas. "Eu já fui lá algumas vezes visitar a minha irmã lá (Avanhandava). Mas eu quero conhecer outras cidades, passear. Eu gostaria de conhecer Recife. Meu sonho é andar de avião", conta. O sonho de Ludovico, que também nunca saiu do Estado de São Paulo, é conhecer o Nordeste e o Norte. "Se Deus me ajudar que eu me aposente, eu queria conhecer outros lugares. Só conheço a Baixada Santista (litoral) e Sorocaba (97 km de SP). Eu queria conhecer a Bahia, Fortaleza, Amazonas. Tudo no Brasil mesmo", conta. Hoje, ele conta que já se sente realizado quando consegue chegar em casa antes dos filhos irem para a cama ou dormir mais de seis horas numa noite. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
10 maneiras de usar o Google que irão te surpreender
"Para que serve o Google?"
A resposta mais comum seria: para fazer buscas na internet. Afinal, não é segredo nenhum que o Google se tornou a ferramenta de buscas mais utilizada do planeta - tanto que até deu origem a um termo antes inexistente: "dar um google". Segundo os criadores, Larry Page e Sergey Brin, "a missão do Google é organizar a informação do mundo e torná-la acessível e útil de forma universal". Mas os recursos vão muito além do mecanismo de buscas - e muitos dos usuários nem sequer sabem que eles existem. A BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC, compilou alguns deles: 1) Cronômetro e alarme O Google pode ser convertido em cronômetro É possível converter a ferramenta de buscas em um cronômetro e estabelecer um alarme para um horário pré-determinado. Para isso, basta digitar uma quantidade de tempo e em seguida a palavra "timer" (cronômetro, em inglês). Para funcionar, você deve configurar o seu navegador em inglês e depois inserir o comando tanto em inglês como em português. Essa funcionalidade, batizada de Google Timer, permite, por exemplo, controlar o tempo de uma tarefa ou criar um alerta para trocar de atividade. 2) Administrador de tarefas Você também pode usar o Google como um gestor de tarefas com o Google Keep, uma ferramenta que permite fazer notas, ordenar eventos ou lembrar de assuntos e compromissos pendentes. A agenda digital é de uso muito intuitivo e sensível e ajuda a manter a vida mais organizada no smartphone ou no computador. 3) Telescópio espacial Você entendeu bem. O Google também pode ser um telescópio. "Viajar até as estrelas nunca foi tão fácil", explica a equipe do Google Sky - uma plataforma para analisar galáxias, planetas e outros elementos estelares que são possíveis de acessar por meio da página google.com/sky. "O aplicativo, disponível em 27 idiomas, conta com imagens da Nasa (agência espacial americana), do Sloan Digital Sky Survey, da ESA (Agência Espacial Europeia) e outros e foi desenvolvida com a ajuda de astrônomos de alguns dos maiores observatórios do mundo", diz o Google. A ferramenta permite a exploração do espaço, buscas de informação sobre constelações e fenômenos astronômicos e encontrar a localização do seu planeta favorito, entre outras coisas. 4) Base de dados de fontes tipográficas O Google também tem uma coleção de tipografias que podem ser usadas gratuitamente acessando o Google Fonts. A ferramenta possui mais de 800 fontes tipográficas diferentes em idiomas distintos, que são disponibilizadas para o uso em páginas da internet por designers gráficos ou qualquer interessado. Na barra lateral direita é possível escolher as categorias, critérios, negrito ou inclinações. Depois, basta baixar no computador ou usar pela internet com um código. 5) Museu virtual O Google Art Project é uma galeria virtual que permite ao usuário visitar obras de arte de mais de mil museus e explorar histórias e coleções de todo mundo. Segundo os organizadores, pela plataforma também é possível fazer visitas guiadas virtuais, conhecer artistas de diferentes países, estudar conhecimentos históricos e conhecer projetos inovadores de diferentes correntes artísticas. 6) Identificador de músicas A ferramenta é chamada de Google Sound Search e permite a identificação da música que você está ouvindo, assim como fazem os aplicativos mais conhecidos, como o Shazam. Para usar a ferramenta - que reconhece a música e o estilo musical - basta apertar o ícone do microfone no Google. Quando o aplicativo reconhecer a música, vai mostrar uma nota musical - basta clicar nela para confirmar que você está pedindo para identificar a música. O buscador musical está disponível em alguns países para dispositivos que utilizam Android 4.0 e versões posteriores. 7) Ferramenta de investigação O Google Books Ngram Viewer permite a busca de palavras publicadas em 5,2 milhões de livros entre 1500 e 2009 em inglês, espanhol, chinês, francês, alemão, hebreu, russo ou italiano. A enorme base de dados é especialmente útil para quem está produzindo um trabalho científico, já que são permitidas buscas de terminologias e a produção de gráficos de acordo com os critérios de busca. Outra ferramenta, o Google Scholar, ou Google Acadêmico, serve para buscar informações acadêmicas em revistas científicas, manuais ou periódicos. 8) Busca de tendências Outra forma de usar o Google é como um buscador de assuntos do momento que são tendência na internet. O Google Trends permite explorar que tema está sendo mais comentado em cada país e com que frequência. Ainda é possível procurar termos específicos em um determinado intervalo de tempo para analisar que assuntos suscitaram mais interesse dos internautas. 9) Dicionário Você pode converter o Google Chrome em um dicionário de forma muito fácil, basta escrever "define:" e colocar a palavra. Os resultados aparecerão somente em inglês, mas há opções para incluir mais idiomas. Se você buscar pelo Google Dictionary, pode fazer uma busca por qualquer palavra e configurar o dicionário no seu idioma. Ao clicar na palavra, terá a tradução. Você também pode também escutar como se pronuncia uma palavra ou frase, assim como no Google Tradutor. 10) Leitor e escritor de números (em inglês) Se você tem dúvidas sobre como escrever ou pronunciar um número, o Google também pode ajudar. Só o que você tem a fazer é colocar o número que quer seguido de "English". Essa opção só está disponível em inglês até o momento.
Marighella: por que uma pedra em homenagem a guerrilheiro atrai ataques e aplausos em bairro nobre de SP
Belinha não tem medo de chuva.
Pedra em memória de Marighella foi instalada em 1999 e desde então foi alvo de pichações e homenagens "Vamos, Belinha! Você vai ficar doente desse jeito!", sua dona diz, puxando a coleira com as duas mãos. Debaixo da garoa, a cachorra gorda e branca se esforça para dar dois passos e se aliviar em uma pedra. A mulher levanta as sobrancelhas pintadas, bufando: "você é terrível!", e carrega a cachorra para longe. Na pedra, alta e de granito, há uma inscrição apagada. É preciso chegar perto para ler as letras impressas na superfície: "aqui tombou Carlos Marighella em 4/11/69, assassinado pela ditadura militar". A homenagem ao guerrilheiro Carlos Marighella, um dos principais líderes da luta armada contra a ditadura, está há vinte anos sobre uma das calçadas da alameda Casa Branca, no Jardim Paulista, bairro de classe alta de São Paulo. Marighella também é o personagem principal do filme que leva seu nome, dirigido por Wagner Moura. A cinebiografia, que estreou no festival de Berlim em fevereiro entre aplausos da imprensa estrangeira e declarações contrárias ao governo Jair Bolsonaro, ainda não tem data de exibição por aqui, mas já atrai críticas de parte do público brasileiro. Fim do Talvez também te interesse Marighella em 1939, em uma de suas prisões; ele foi um dos líderes da luta armada contra a ditadura Foi na Alameda Casa Branca, na altura do número 800, que Marighella morreu depois de ser atingido por quatro tiros em uma operação comandada pelo então delegado do Dops (Departamento de Ordem Política Social) Sérgio Paranhos Fleury. Instalada em 1999 na gestão do prefeito Celso Pitta, após um pedido assinado por intelectuais e nomes da cultura brasileira, a pedra marcaria o local da morte do guerrilheiro. Mas, por discordância dos prédios vizinhos, os planos foram alterados até ela parar em frente ao número 815. Ali também não encontrou sossego: durante sua instalação, foi alvo de protestos. Um morador do prédio em frente exigiu a interrupção dos trabalhos aos berros, contou uma reportagem da Folha de S.Paulo daquele ano. "Não tem cabimento uma pedra, na beira da calçada, em homenagem a um terrorista. Vai virar um jazigo, uma baderna. Por que não numa praça?", o homem teria dito enquanto os técnicos suspendiam o serviço. Por conta das reclamações, disseram vizinhos à BBC News Brasil, a pedra ficou onde está: diante de uma saída secundária do edifício Porto Feliz, depois da lixeira, ao lado de uma árvore, pouco antes da próxima garagem. Escondida entre aparelhos urbanos, é difícil saber o que ela é. A placa que carregava os dizeres hoje marcados no mármore foi roubada logo depois da inauguração. Tudo isso, no entanto, não levou a seu esquecimento - todos os anos, relatam os mesmos vizinhos, grupos se reúnem no local para gritar o nome de Marighella e bater palmas. Em 2013, a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo e a viúva do guerrilheiro, Clara Charf, fizeram um ato ali. Com menos regularidade, outras pessoas aparecem para vandalizar o marco. O último episódio aconteceu em janeiro, com a pichação das letras "CCC" - sigla identificada como "Comando de Caça aos Comunistas" - sobre o granito. Filme de Wagner Moura sobre Marighella causou polêmica em torno do nome do guerilheiro Durante duas tardes no bairro, a BBC News Brasil tentou entender como uma pedra - que nem no meio do caminho está - pode ter uma trajetória tão conturbada. "Falam que era nazista, que matou inocente, mas que também ajudou muita gente", diz o porteiro do edifício ao lado do 815. Apoiado no corrimão da escadaria que leva até a calçada, ele prefere não dizer seu nome, assim como a maioria dos entrevistados. "Não sei direito quem era...Mas o cara do Tropa de Elite veio aí no ano passado", diz, dando um passo para trás enquanto a reportagem dá outro para frente. Quem foi Marighella? perguntam-se os taxistas no ponto da esquina. "Esse cara é comentado por muitas pessoas. Foi morto aqui, né? Volta e meia tem gente homenageando", diz um careca e de barriga saliente. Um segundo taxista, negro, rosto magro, camisa branca, entra na conversa: "é isso mesmo, tem pessoas que pegam táxi para ver a pedra. Não sei mais o que te contar, tem uns colegas mais velhos de ponto que…" Um terceiro, entreouvindo o assunto, interrompe. Ele diz saber de quem estamos falando. "Esse cara aí era esquerdista, né? O motorista dele era aquele Aloysio não sei o quê. O cara queria ser o Che Guevara brasileiro!" Quando os colegas se afastam, o taxista negro diz não ter nada contra o guerrilheiro. Ele fala em um canto: "Se o cara era contra algumas coisas, isso não justifica matar ninguém. Não sou a favor de tortura jamais", diz, ao pegar o celular. Avisa que está ligando para Doca, um amigo que pode ajudar a contar a história da pedra, da vizinhança e do próprio Marighella. Placa que explicava o objetivo da homenagem foi roubada há anos Alguns minutos depois, Doca vem subindo a rua. Ele chega de cabelo despenteado, calça e jaqueta jeans surradas e All-Star rosa desbotado, destoando dos moradores do Jardim Paulista. Seus olhos são de cores diferentes - um é azul, tomado pela catarata, o outro, castanho. "O que sei da biografia é que ele tombou em prol da estabilidade democrática do país", diz sem perder tempo. "Ele foi muito importante, uma das bases de sustentação da luta armada para que voltasse a estabilidade política e democrática do Brasil. Para mim, ele foi um herói. Ele e (Carlos) Lamarca." A reportagem pergunta se Doca - apelido de Joas, 54 - é morador da região. Ele responde que circula pelo jardins há 30 anos, trabalhando como pedreiro e vivendo em pensões. Com a baixa do serviço, o dinheiro ficou apertado e hoje vive de favor no quarto cedido por um conhecido. Ele corrige a insinuação de que teria muitos amigos por ali. "Amigos, não. Tenho colegas. Às vezes, quando estou sem, eles pagam o café, o almoço." Ele diz que sua formação política não vem da escola, já que não fez faculdade ou pós-graduação, mas de sua "observação do que acontece na humanidade". E da experiência pessoal. Sua mãe, conta, criou filhos de guerrilheiros da luta armada em Pernambuco, crianças que cresceram como seus irmãos, e cuja história só foi conhecer depois da morte dela, em 1978. Os pais eram vizinhos que não voltaram para buscar os filhos. "Aí me interessei em descobrir o que tinha acontecido e adquiri uma bússola chamada história. Fui vasculhar quem era Lamarca, Salvador Allende, Fulgêncio Batista." Com as mãos na cintura, numa pose que mistura estofo e autoridade, Joas dá um sorriso irônico, mostrando os três dentes da frente. Para ele, a sociedade brasileira precisa estudar, aprender o que foi a guerrilha e quem foram seus personagens. "Nossa memória", diz, "nossa memória é fraca." Na sacola que carrega, uma bolsa promocional de livraria, lê-se uma frase do filósofo alemão Friedrich Nietzsche: "sem a música, a vida seria um erro". Joas passa por Chico Buarque, Caetano Veloso e Geraldo Vandré antes de escolher uma canção de Raul Seixas para o momento. "Sabe aquela? 'Eu conheço a história do princípio ao fim'", ele pergunta, tentando lembrar o resto da letra. Marighella em 1936, quando já era membro do PCB; anos depois, foi deputado pela Bahia Do princípio ao fim Carlos Marighella nasceu em Salvador em 1911, filho de um mecânico italiano e de uma ex-empregada doméstica filha de escravos. As ideias socialistas de seu pai o influenciaram desde cedo. Começou a envolver-se com política quando era estudante do curso de engenharia civil da Escola Politécnica de Salvador, em 1930, e entrou no então Partido Comunista Brasileiro. Foi preso pela primeira vez em 1932, a primeira de várias detenções como integrante do PCB. Em 1945, com o partido legalizado e Marighella anistiado pelo presidente Getúlio Vargas, foi eleito deputado para a Assembleia Nacional Constituinte pelo Estado da Bahia. A Assembleia promulgou a nova Constituição em 16 de setembro do ano seguinte, convertendo-se em um Congresso normal. Seu mandato, no entanto, foi cassado em 1948, depois que, alegando vínculos com a União Soviética, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) cancelou o registro da sigla. O golpe militar de 1964, que derrubou o presidente João Goulart, marcou a transição de Marighella para a luta armada. Ele viu o despreparo da esquerda para enfrentar as forças conservadoras como um erro fatal. Desde então, discordâncias crescentes nos quadros do PCB sobre o tema levaram a idas e vindas até sua expulsão em 1967, depois que participou da I Conferência da Organização Latino-Americana de Solidariedade (OLAS) sem dar satisfação ao partido. Em Havana, onde aconteceu o evento, pronunciou o seguinte discurso: "nenhuma vanguarda pode pretender-se tal se não se preparou e não preparou o povo por meio da luta armada". Formou, então, o Agrupamento Comunista de São Paulo, que depois se tornaria a ALN (Aliança Libertadora Nacional), pioneira na guerrilha urbana por meio de assaltos, seu jeito de conseguir fundos. Essas ações começaram em 1969, pouco depois da promulgação do Ato Institucional nº5, que marcou o endurecimento do regime militar. Foi o ano em que Marighella participou de vários assaltos da ALN, publicou o Minimanual do guerrilheiro urbano, e se tornou o inimigo número 1 das Forças Armadas. Foi também o ano em que morreu na Alameda Casa Branca. Vários carros da polícia participaram de operação para capturar Marighella na Alameda Casa Branca No dia 4 de novembro de 1969, por volta das oito horas da noite, Marighella descia a rua nos Jardins para um encontro com dois frades dominicanos com quem mantinha contato. No livro "A Ditadura Escancarada", Elio Gaspari conta que religiosos do convento da Ordem Dominicana, no bairro de Perdizes, apoiavam o guerrilheiro desde 1967. Um deles, por exemplo, era responsável por encontrar casas onde o "Professor Menezes", como ele pedia para ser chamado, pudesse se hospedar. Marighella vinha descendo a rua, que parecia tranquila, sem saber que o Dops havia montado uma campana no convento, descoberto suas ligações com os frades e detido dois deles que, em sessões de tortura, revelaram como os encontros eram marcados. O Fusca azul estacionado em frente ao número 806, com os freis Ivo e Fernando a bordo, indicava que aquela seria uma reunião como as outras. Nada mostrava que naquele quarteirão havia pelo menos 29 policiais distribuídos em sete carros. Sabe-se que Marighella descia rumo ao Fusca, mas aí as versões começam a divergir. Em seu livro Combate nas Trevas - A Esquerda Brasileira: das ilusões perdidas à luta armada, o historiador Jacob Gorender escreve que Marighella abriu a porta do Volkswagen, sentou-se no banco de trás e viu os frades pularem para fora antes do delegado Sérgio Fleury sair de seu esconderijo, intimá-lo a se render e já começar a atirar. Marighella foi atingido quatro ou cinco vezes, com um tiro fatal no peito. A versão oficial sobre sua morte dá conta de que houve um tiroteio e, como reconhecimento da operação, mais de 40 policiais foram promovidos por "bravura" pelo governo paulista. Mas uma análise pericial feita em 2012 a pedido da Comissão Nacional da Verdade concluiu que um dos tiros foi dado a curtíssima distância (menos de 8 cm), numa ação típica de execução. Segundo a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo, essas informações mostram que o "violento tiroteio" descrito pelas forças policiais foi, na verdade, uma troca de tiros desastrada entre os próprios agentes. Marighella carregava um revólver que não chegou a ser disparado. Em 4 de novembro de 1969, anunciava a manchete da Folha de S.Paulo da manhã seguinte, havia morrido o "chefe do movimento terrorista no país". Cena da morte de Marighella, que foi atingido por um tiro fatal no peito Sobrevivência da história "O marco serve para que a gente não esqueça dessa história", Liége diz à frente do prédio da esquina, o único comercial naquele quarteirão. Ela segura o celular, parece que esperando algo ou alguém, apoiada no corrimão da escada que leva à calçada. Acabou de sair de uma sessão com seu terapeuta, que frequenta há 15 anos, sendo ela própria uma psicanalista. Liége convida a reportagem para sentar a seu lado no canteiro do edifício e estender a conversa. "Como canta Chico Buarque, é uma página infeliz da nossa história...a ditadura", diz. "Que vidas tenham sido eliminadas por defender ideias é lamentável." Liége fala olhando para cima, como se ponderasse todas as polêmicas em torno de Marighella. Tem pele branca, cabelos loiros e olhos castanhos que às vezes encaram e às vezes observam os arredores. "É alguém que morreu, não sei se como mártir, mas a forma como foi eliminado, a perseguição que sofreu sem ter tido a chance de responder legalmente pelo que fez…é lamentável. Independentemente de ser visto como mau ou bom, tinha direito a isso." Apesar de frequentar a região há 15 anos, foi só há dois, quando se mudou para o bairro, que descobriu a homenagem. Disse que ficou surpresa por saber que ali restava um pedaço da história. Por que uma pedra incomoda tanto? questiona psicanalista que vive no bairro E por que uma pedra incomoda tanto?, ela questiona, os olhos ainda voltados para cima. Que verdade impertinente ela traz? O que denuncia sobre hoje? Do outro lado da rua, o porteiro de um edifício tenta responder. Ele fala por detrás do portão, enquanto os moradores entram e saem. Em voz baixa, diz que gosta da figura de Marighella, uma "pessoa que lutava pelas minorias, pelos mais pobres", o que não existiria mais hoje, em tempos de desemprego, salários pequenos e reforma trabalhista. "Não critico a classe alta, vivo dela, trabalho para ela, mas eles não entendem que falta alguém que lute pelas minorias. E o cara fazia isso." Filho da década de 1960, ele diz que viveu a ditadura no interior de Pernambuco e não tem boas recordações. Não dava para dizer nada, lembra, e ser calado e miserável "era muito ruim". Ditador e terrorista Paulo Afonso viveu o regime militar, mas diz que naquele tempo estava mais interessado nas músicas da Jovem Guarda. O advogado, nascido em 1953, chegou a fazer parte do MDB - partido contrário ao governista Arena - na faculdade, escolha que atribui à falta de opção. "Na minha geração era Arena ou MDB. E os estudantes se debandavam para a esquerda, que era o MDB." Paulo estava voltando para casa no fim da tarde quando a reportagem o encontrou no meio da quadra, em frente ao Carina, edifício onde mora. Ele conhece a trajetória de Marighella, mas não concorda com o tratamento dado ao guerrilheiro. "Como cidadão, gostaria de colocar que Marighella não era um homem que estava à procura da democracia. Ele queria instalar uma ditadura stalinista e maoísta no país." Portanto, continua, não haveria porque homenageá-lo como se fosse um herói. "A gente não preserva nossa história. Como diz Mário de Andrade, somos Macunaíma. Não há sentido, ele não era um herói nacional." Militantes em ato em memória de Marighella em 2015, 46 anos após o assassinato do guerrilheiro Ser contemporâneo do regime e acompanhar a movimentação ao redor da pedra de Marighella fizeram de Paulo um conhecedor desse personagem, o que não se pode dizer de seus vizinhos mais jovens. "Ninguém sabe o que é. Se for tentar ler não dá, porque arrancaram a placa", diz, dando de ombros. "Ande comigo", ordena a mulher que carrega um carrinho de bebê rua acima, alguns minutos depois. Ela entende que o assunto é Marighella e começa a falar sem desacelerar o passo. "Tem o mito do Marighella, né", diz em português com sotaque. Daniela, de 56 anos, é uma pesquisadora da USP de ascendência judaica. Ela conhece a homenagem, mas ignora a vida do homem por trás dela. "Não sei direito. Era legal que contassem a história, né", continua, apressada. Daniela vira para o lado e para um homem de calça social, camisa azul e quipá, que vem descendo a rua. "É meu colega", explica. "Ei, você sabe do Marighella?" O homem para sem entender, coçando os poucos cabelos por debaixo do quipá. "Quem?" "Viu? Ninguém sabe direito!", a mulher diz, as mãos sobre o carrinho e os olhos no bebê. Corpo de Marighella dentro do carro; moradores do bairro dizem que "ninguém sabe" quem ele era Enquanto ela fala, seu colega parece se inteirar do assunto e decide participar. Lembra que instalaram a pedra de repente, sem ninguém saber do que se tratava. Ele chegou a pensar que teriam enterrado um corpo ali embaixo. Depois de ser enterrado como indigente no cemitério de Vila Formosa, em São Paulo, em 1969, Marighella - ou seus restos mortais - foram transferidos dez anos depois para um túmulo desenhado por Oscar Niemeyer em Salvador. Na cerimônia, que aconteceu após ser decretada a anistia política, em 1979, leu-se um texto de Jorge Amado escrito para a ocasião. "Achei isso porque vinha uma turma, deixava flores, como se tivessem enterrado alguém ali. É igual a gente vê na estrada, quando colocam uma cruz por causa de acidente", ele explica. O homem do quipá segue para outros assuntos - o "absurdo" do trânsito de São Paulo - quando Daniela chama uma mulher que passa do seu lado. "Ei! O que você sabe sobre a pedra do Marighella?", ela pergunta de repente, fazendo a mulher arregalar os olhos. "Aquilo é um mictório de cães!", a outra responde. De calça jeans, tênis, mochila de marca e pulseira de prata, a vizinha parece apressada. Tem horário para ir ao médico. "Amarraram uma placa para tentar mudar o nome da rua. Mas as pessoas boicotaram porque aqui não é Marighella!", ela continua, meio de lado, um pé para ir embora, o outro para ficar. Em setembro em 2012, alguém cobriu a identificação da alameda Casa Branca com um adesivo que dizia Marighella. Ele foi rapidamente retirado. Alameda Casa Branca na noite da morte de Marighella A vizinha, que se apresenta como médica e moradora do bairro há mais de 30 anos, justifica por que manter o nome Casa Branca é essencial. Ela explica que todas as ruas do Jardim Paulista têm nomes de cidades do interior - Lorena, Itu, Campinas -, afinal, o bairro foi planejado assim. Daria trabalho mudar tudo. "Viu? Você sabe mais", Daniela sorri para a vizinha e vai embora. O homem do quipá se despede sem se apresentar. A médica também prefere ocultar seu nome. Além do trabalho que mudar o endereço daria, há outro motivo para que ela resista ao adesivo de Marighella e à pedra em sua memória. "Porque ele era um terrorista, sinto muito", a mulher continua, desafinando no fim da frase. Se o guerrilheiro foi uma figura importante, ela tem uma sugestão: "que façam uma praça, sei lá". Mas mexer no bairro não é bem visto pelos moradores. A maior parte deles, diz, não é favorável à "ideologia" que Marighella pregava. Durante a entrevista, entregadores e empregadas entram e saem dos prédios ao redor. Alguns têm sacadas amplas, janelas grandes, árvores em frente. A maioria dos edifícios foi construída depois da morte do guerrilheiro, que marcou a história da Alameda. Isso a médica não nega. Lembra dos seus 15 anos, quando o pai de uma amiga, que era militar, dava um risinho ao ouvir onde ela morava. Na época, não entendia a graça. "Ele dizia 'ah, Alameda Casa Branca!' e ria." Tudo ficou no passado. Hoje seu filho de 18 anos não tem ideia de quem foi Marighella, assim como outros da mesma idade. Para ela, o período do regime militar pode ser visto de "diferentes formas" e ela se recusa a escolher uma. A história está sendo manipulada, diz, como no livro 1984, de George Orwell. É difícil saber o que de fato aconteceu. Nuvens escurecem no céu, mas não chove há algum tempo. Trovões soam ao longe. Prepara-se uma tempestade. "A maior parte não conhece esse negócio do Marighella, outra não concorda. O problema é um grupo de pessoas impor sua vontade a quem não tem nada a ver", ela dá um passo para o lado, se preparando para ir embora. "Isso é uma ditadura." Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Um seqüestro mal explicado
Hugo Estenssoro
Tanto o método como os resultados do governo de Alejandro Toledo no caso do seqüestro na província de Ayacucho servem para explicar seu evidente fracasso antes mesmo de completar dois anos no poder. A atribuição do seqüestro ao grupo guerrilheiro Sendero Luminoso despertou ceticismo. O governo viu-se forçado a desmenti-la, mas sem deixar muito claro se foi simplesmente falsa ou apenas faltam provas. O resultado foi uma perda de credibilidade que acrescentará às dificuldades políticas de um governo que tem-se caraterizado por não fazer aquilo que prometeu fazer durante a campanha eleitoral. Para alguns observadores a maneira como o governo gerenciou a crise evocou a memória de como Alberto Fujimori manipulava a luta contra o terrorismo para inflar a sua popularidade. Mas Toledo é muito menos hábil. Pouco depois dele ter-se gabado de que as forças da ordem tinham “resgatado” os seqüestrados, seu primeiro-ministro, Luis Solari, esclareceu que não houve heróicos combates. Os seqüestradores simplesmente deixaram em liberdade suas vítimas quando as Forças Armadas se aproximaram. Estas oscilações têm caraterizado o estilo de governo de Toledo. Eleito como um tecnocrata sem vínculos com a desprestigiada classe política peruana, Toledo iniciou seu governo com o que agora parece excessiva vontade de diferenciar-se do autoritarismo de Fujimori. Esta atitude, contudo, teve como principal resultado que as profundas reformas que havia prometido afundaram em episódos de baixa política que Toledo, como não-político, supostamente devia superar. Para os analistas políticos a recente truculência com que Toledo tem reagido ante as últimas crises representa uma tardia, porém inepta, tentativa de mostrar que está controlando a situação. Mas a óbvia fraqueza de seu governo está abrindo espaço aos sindicatos e grupos de pressão. De fato, Toledo tem pouca autoridade para pedir aos trabalhadores um período de austeridade depois de ter tentado aumentar o próprio salário a 18 mil dólares por mês (pressionado, teve de contentar-se com 12 mil). Nem tudo é negativo no governo Toledo. A economia peruana, por exemplo, cresceu mais de 5% em 2002, o que é uma pequena façanha num contexto hemisférico sombrio. Mas o déficit fiscal só poderá piorar, e tornar-se insustentável, com as concessões que Toledo se vê forçado a fazer ao funcionalismo devido a seu escasso talento para negociar. A atmosfera de crise permanente do governo Toledo pode também ter efeitos negativos no âmbito regional. Com efeito, se o seqüestro, segundo o primeiro-ministro Solari, não foi responsabilidade de Sendero Luminoso, mas do narcotráfico – embora nada tenha ficado muito claro – as perspectivas são ainda piores. O sucesso do combate ao narcotráfico na Bolívia e na Colômbia pode ter como resultado uma migração do tráfico para outros países, e o Peru é um dos candidatos naturais. Num país convulsionado, o crime organizado pode instalar-se e crescer com rapidez. Essa expansão poderia afetar o Brasil. A possibilidade é especialmente alarmante se a confusão quanto aos autores do seqüestro tiver causas ocultas. Por exemplo, uma aliança entre os remanescentes de Sendero Luminoso com o narcotráfico, seguindo o modelo colombiano. A combinação de guerrilha com narcotráfico é temível, e é sem dúvida uma ameaça a nível regional, como demonstra o caso colombiano, que já tem afetado a fronteira com a Venezuela.
O novo e polêmico papel do vice Mike Pence nos últimos dias de Trump na presidência dos EUA
"Onde está Mike Pence?"
Após recusar pedido de Trump para barrar reconhecimento da eleição de Biden, Pence virou alvo de apoiadores do republicano Essa foi uma das frases entoadas no dia 6 de janeiro entre a multidão de apoiadores de Donald Trump que invadiu o Capitólio dos Estados Unidos para mostrar sua rejeição à certificação pelo Congresso da vitória de Joe Biden nas últimas eleições presidenciais americanas. O atual vice-presidente, que foi uma das pessoas mais leais a Trump nos últimos quatro anos, de repente se tornou um traidor aos olhos da multidão. "Eu ouvi pelo menos três pessoas no Capitólio dizerem que esperavam encontrar o vice-presidente Mike Pence e executá-lo enforcando-o em uma árvore do Capitólio como um traidor. Era uma frase comum que eles estavam repetindo. Muitos estavam falando sobre como o vice-presidente deveria ser executado", relatou pelo Twitter o fotógrafo Jim Bourg, da agência Reuters, que esteve no local. Pouco tempo antes, naquele mesmo dia, Pence parecia ter cruzado a linha vermelha ao não concordar com a proposta de Trump de usar seu cargo como presidente do Senado (cargo que é do vice-presidente nos Estados Unidos) para tentar reverter os resultados da eleição presidencial de novembro, que Trump rotulou como fraudulenta sem fornecer evidências. Fim do Talvez também te interesse De acordo com um fotógrafo da agência Reuters, alguns apoiadores de Trump que invadiram o Capitólio falaram em querer encontrar Pence para enforcá-lo Pence passou os últimos quatro anos fazendo malabarismo para interpretar as propostas heterodoxas do atual presidente de forma que elas se encaixassem nos canais legais e institucionais da política tradicional, evitando lançar qualquer tipo de questionamento sobre Trump ou suas ideias. No entanto, o pedido de tentar reverter os resultados das eleições presidenciais foi algo além de qualquer ato de equilibrismo e, aparentemente, acabou abrindo uma lacuna entre o presidente e seu vice. Paradoxalmente, no entanto, o que aconteceu no Capitólio na quarta-feira colocou Pence em uma situação difícil e, ao mesmo tempo, fez dele uma figura central na resolução da atual crise política nos Estados Unidos. O jogo da sucessão De acordo com vários analistas, a aposta original de Pence era se tornar o herdeiro político de Trump e sucedê-lo em 2024 Alguns meios de comunicação dos Estados Unidos têm apontado que a aposta original de Pence era se tornar o herdeiro político de Trump e sucedê-lo em 2024 (considerando que ele conseguiria ser reeleito), após tê-lo acompanhado por oito anos na Casa Branca. Esses planos teriam sido obviamente interrompidos pela vitória do candidato democrata Joe Biden nas eleições presidenciais de 2020, mas também pela decisão de Trump de não admitir a derrota. Na noite da eleição, Trump fez discurso declarando-se o vencedor das eleições com base na contagem parcial e, ao mesmo tempo, acusando os democratas de quererem promover fraude. Então, quando foi a vez de Pence falar, ele disse acreditar que eles estavam caminhando para a vitória e que deveriam estar vigilantes para proteger a integridade do voto (em um aceno óbvio para Trump), mas não fez nenhuma menção expressa à suposta fraude. Um ato de equilibrismo impecável. A partir daquele momento, enquanto Trump insistia e fracassava em suas tentativas políticas e legais de reverter os resultados eleitorais, Pence soube ficar à margem. No entanto, nos últimos dias, o presidente decidiu que a maneira de permanecer na Casa Branca era que Pence, como presidente do Senado, se recusasse a certificar o resultado da votação. Trump colocou Pence publicamente em uma posição comprometedora quando escreveu no Twitter, em 5 de janeiro, que "o vice-presidente tem o poder de rejeitar votos (do Colégio Eleitoral) registrados de forma fraudulenta". Donald Trump colocou Pence em uma situação difícil durante um comício político E, mais ainda, quando disse no comício com seus seguidores em Washington, em 6 de janeiro, que ficaria desapontado se Pence não tentasse rejeitar alguns desses votos do Colégio Eleitoral. "Mike Pence terá que nos ajudar", disse Trump à multidão. No mesmo dia, pouco antes da sessão, o vice-presidente divulgou carta ao Congresso na qual deixava claro que não poderia concordar com o pedido do presidente. "Meu julgamento fundamentado é que meu juramento de apoiar e defender a Constituição me impede de reivindicar autoridade unilateral para determinar quais votos eleitorais devem ser contados e quais não devem", escreveu Pence, ecoando um critério amplamente compartilhado por juristas, segundo o qual o papel do presidente do Senado na certificação dos votos do Colégio Eleitoral é meramente cerimonial. Pouco depois, Trump o atacaria em uma das últimas mensagens que conseguiu publicar antes que o Twitter suspendesse sua conta: "Mike Pence não teve a coragem de fazer o que deveria ser feito para proteger nosso país e nossa Constituição, dando aos Estados a oportunidade de certificar uma série de dados corrigidos e não os dados imprecisos e fraudulentos que antes eram solicitados a certificar. Os Estados Unidos exigem a verdade", escreveu ele. Mike Pence presidiu a sessão plenária que ratificou a eleição de Joe Biden Pence, fiel da balança Após o ataque ao Capitólio pelos seguidores de Trump, muitos responsabilizaram o presidente pelo que aconteceu e têm ganhado força as vozes pedindo para que Trump seja removido do poder, sem conseguir completar os poucos dias que ainda tem na Casa Branca até a posse de Joe Biden, em 20 de janeiro. Essa circunstância faz de Pence a figura política chave do momento. Isso se deve não apenas ao fato de que ele seria responsável por assumir as rédeas do governo se Trump fosse destituído do cargo, mas também porque um dos mecanismos para essa destituição passa diretamente pelas mãos do vice-presidente: a 25ª Emenda à Constituição dos Estados Unidos. Esse dispositivo foi criado na década de 1960, após a morte de John F. Kennedy, para regular a sucessão presidencial no caso de o presidente ficar incapacitado para o cargo. Essa regra contempla um cenário em que o presidente não consegue cumprir seu dever, mas não deseja renunciar. Então, o vice-presidente e a maioria do gabinete podem declarar que o presidente não pode exercer seu cargo e, assim, destituí-lo. No entanto, Trump poderia se opor à sua remoção. Nesse caso, o vice-presidente e o gabinete poderiam mantê-lo no poder ou insistir em sua destituição, obrigando o caso a ir ao Congresso, onde a aprovação requer o apoio de dois terços das duas casas. O líder do Partido Democrata no Senado, Chuck Schumer, disse que Pence deveria invocar essa emenda para tirar Trump do poder. Essa possibilidade, no entanto, traz para Pence o risco de acabar afastando definitivamente as bases fiéis e mobilizadas de Trump que aspirava herdar. Chuck Schumer, líder da bancada democrata no Senado, diz que Pence deveria invocar a 25ª Emenda para tirar Trump do poder Segundo Schumer, se o vice-presidente não agir, o Congresso poderá iniciar um processo de impeachment contra o presidente. "O que aconteceu no Capitólio foi uma insurreição contra os Estados Unidos, instigada pelo presidente. Este presidente não deve permanecer no cargo por mais um dia", disse o líder democrata na semana passada. Entre o final de 2019 e o início de 2020, Trump já foi submetido a um julgamento político desse tipo, do qual foi absolvido graças aos votos dos republicanos no Senado e, apesar de tudo, não está claro que uma nova tentativa resultaria bem sucedida. No entanto, se isso acontecesse, o homem encarregado de entregar o poder a Joe Biden em 20 de janeiro seria nada menos que um presidente de curtíssimo prazo chamado Mike Pence. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Eurocurtas: Febre Rooney chega à internet
Domínios disputados
A febre "Rooney", que tomou conta da Inglaterra depois dos gols do atacante contra Suíça e Croácia, chegou à internet. Já há 10 sites registrados com o nome do jovem do jogador do Everton, apenas um a menos do que Michael Owen – astro da seleção desde a Copa de 1998. "É fascinante. No minuto em que uma marca ou jogador de futebol atrai a atenção, os domínios começam a aparecer", diz Jonathan Robinson, da NetNames, empresa que monitora o registro de domínios na internet. Mas, apesar de estar subindo rápido, Rooney ainda está longe de Beckham: há 111 domínios com o nome do jogador do Real Madrid. Tabu português Ao derrotar a Espanha no domingo, a seleção de Portugal quebrou um tabu de 23 anos sem vitória contra os vizinhos. Agora, no jogo de quartas-de-final contra a Inglaterra, os portugueses esperam que um outro tabu não tenha o mesmo destino. A equipe portuguesa não sofre uma derrota em Lisboa há 17 anos, desde fevereiro de 1987, quando a seleção da Itália venceu Portugal por 1 a 0, em um jogo válido pelas eliminatórias da Eurocopa de 1988, com um gol do atacante Altobelli. Em 27 jogos na capital, foram sete empates, incluindo o 1 a 1 contra o Brasil em 2002, e 20 vitórias. Caso consiga passar pela Inglaterra, Portugal também vai disputar a semifinal e, em caso de nova vitória, a decisão do torneio em Lisboa. Portanto, se o tabu for mantido, os portugueses poderão comemorar o inédito título europeu. Os euros da Eurocopa A briga pela classificação para as quartas-de-final da Eurocopa tem um estímulo a mais para as seleções envolvidas na disputa: a passagem para a próxima fase do torneio vale 2 milhões de euros. Esse é o prêmio que a Uefa paga para as equipes que conseguem uma vaga entre as oito melhores da Eurocopa. Apenas pela presença na primeira fase da competição, as seleções participantes já receberam 5 milhões de euros. Cada vitória na primeira fase do torneio também rende 662 mil euros para a equipe vencedora – o dobro dos 331 mil que cada seleção recebe em caso de empate. A Uefa também vai pagar mais 2,65 milhões de euros para cada uma das equipes que chegarem às semifinais e 4 milhões para cada finalista do torneio. Se o campeão da Eurocopa vencer todos os jogos até o título (o que, agora, só a República Checa pode fazer), terá acumulado mais de 18 milhões de euros em prêmios. Técnico 'extraditado' Irritados com as alterações que o técnico Dick Advocaat fez na seleção da Holanda durante a derrota por 3 a 2 para a República Checa, um grupo de torcedores holandeses resolveu ‘punir’ o treinador. Reunidos em um “conselho de crise”, os torcedor que acompanham a equipe na região do Algarve, no sul de Portugal, decidiram promover um “processo de extradição sumária” de Advocaat. O grupo de holandeses juntou dinheiro e comprou uma passagem aérea para o treinador com Bruxelas como destino. “Ele não é digno de pisar solo holandês”, disse um dos torcedores. O técnico holandês ignorou o protesto simbólico e o vôo que partiu nesta terça-feira de Faro em direção a Bruxelas decolou sem a presença do ‘passageiro Advocaat’. Zidane faz história Na próxima sexta-feira, quando a França entrar em campo contra a Grécia pelas quartas-de-final da Eurocopa, o craque Zinedine Zidane será o primeiro jogador na história a disputar 14 partidas no torneio. Na vitória contra a Suiça, Zidane realizou seu 13º jogo em Eurocopas e se juntou aos atuais recordistas: o italiano Paolo Maldini, o dinamarquês Peter Schmeichel, os alemães Thomas Hassler e Jurgen Klinsmann, o holandês Dennis Bergkamp e os também franceses Laurent Blanc e Didier Deschamps. Zidane ainda pode se orgulhar de uma outra façanha na história da Eurocopa: das 13 partidas que disputou até hoje, o craque francês não perdeu nenhuma – foram nove vitórias e quatro empates. Na edição deste ano, a França encontrou mais dificuldades do que se esperava para passar por Inglaterra, Croácia e Suíça. Mesmo assim, Zidane foi o destaque: já marcou três gols e foi eleito o melhor em campo em dois dos três jogos da seleção francesa. Visita a Abramovich Durante a folga que tiveram após a vitória contra a Espanha, dois jogadores da seleção portuguesa aproveitaram para se encontrar com o bilionário russo Roman Abramovich, dono do Chelsea, da Inglaterra. O lateral-direito Paulo Ferreira, que perdeu a vaga de titular na seleção após a derrota da estréia contra a Grécia, foi ao iate de Abramovich para assinar um contrato de quatro temporadas com o clube inglês. O encontro também contou com a participação do novo treinador do Chelsea, o português José Mourinho, que, assim como o lateral-direito, decidiu trocar o Porto pelo clube de Abramovich. Quem também deve seguir o mesmo caminho é o brasileiro naturalizado português Deco. O meia do Porto também se reuniu com o bilionário russo, mas não no iate, para um primeiro contato com os dirigente do clube inglês para o qual deve se transferir.
Austríacos reciclam pão velho para fazer cerveja
The story…
Nesta série, os jornalistas da BBC te ajudam a aprender e praticar inglês com uma das notícias mais interessantes da semana. Assista ao vídeo e acompanhe o vocabulário. Turning bread into beer to fight food waste Learn language related to… Food waste Need-to-know language stale bread – bread that has been exposed to air or heat and has become dry and hardened as a result leftover (adjective) – describes food remaining after most of it has been eaten niche – appealing to a small and specific section of the population raising awareness – making more people know about something Answer this… How old is the tradition of making beer out of bread? Watch the video online: http://www.bbc.co.uk/learningenglish/english/features/lingohack/ep-180404 Transcript Stale bread. Every year it is estimated that Austria throws away enough bread to feed over a million people. But the leftover bread at this shop isn't destined for the bin. It's being made into beer - part of efforts to prevent food waste. Tobias Judmaier, food activist In our little shop that we have in Vienna, we have each day a couple of buns left over which, as such is not a problem. But if you look at it throughout the month, you'll realise it accumulates and what else could you do with this leftover bread? So we started getting creative and thought of beer. Making beer out of bread is an old tradition which dates back to Ancient Egypt. This is a niche product. It can't compete with the huge breweries. But its producers say it's about raising awareness of the problem of food waste. So every time they crack open a bottle of bread beer, these Austrians know they're taking a small step towards fighting food waste. Did you get it? How old is the tradition of making beer out of bread? Making beer out of bread is an old tradition which dates back to Ancient Egypt. Did you know? According to the UN's Food and Agriculture Organization, one third of all food produced for human consumption is lost or wasted before it is eaten.
A descoberta nas fontes termais de Yellowstone, nos EUA, que se tornou chave para os testes da covid-19
"Definitivamente vivo."
As fontes termais de Yellowstone abrigam microorganismos capazes de viver em condições extremas Thomas Brock anotou essas palavras há mais de 50 anos, em um dos cadernos que levava em suas investigações de campo em Yellowstone, nos Estados Unidos. Era a década de 1960 e o cientista americano se referia a um dos organismos incomuns que acabara de encontrar em uma das fontes termais do parque. Foi em um desses mananciais que Brock descobriu uma bactéria adaptada à vida em altas temperaturas, que ele chamou de Thermus aquaticus. A bactéria, hoje conhecida pelos especialistas, acabaria revolucionando a biotecnologia e tornando possíveis os testes PCR, as provas mais confiáveis usadas em todo o mundo para diagnosticar a covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Fim do Talvez também te interesse O trabalho pioneiro de Brock acabou vinculado à pandemia do novo coronavírus, por meio de uma sequência de episódios na história da ciência. Brock, hoje com 90 anos, se sente orgulhoso ao pensar que sua descoberta está ajudando a diagnosticar casos de covid-19 e auxiliando no combate ao novo coronavírus. "Eu sempre vi a minha descoberta como um bom modelo para estudar a biologia molecular da vida em altas temperaturas", contou Brock, que é professor emérito de microbiologia na Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos. Thomas Brock descobriu em fontes termais de Yellowstone a bactéria que foi fundamental para testes PCR em laboratórios Apesar de sempre considerar que o modelo tivesse importância para a ciência, o estudioso confessa que nunca pensou que a descoberta fosse, um dia, ter um impacto tão importante. "Não imaginava isso nem em um milhão de anos", revela por telefone à BBC News Mundo (o serviço em espanhol da BBC), de sua casa em Wisconsin, nos EUA. A descoberta da bactéria Brock jamais havia visto fontes termais antes de chegar ao parque de Yellowstone em 1964. Depois da primeira visita ao local, voltou ano após ano, impulsionado pelo desejo de investigar quais formas de vida poderiam subsistir naquelas piscinas naturais. Brock e um de seus estudantes, Hudson Freeze, cultivaram bactérias de várias fontes termais. "Achamos a Thermus aquaticus no manancial Mushroom Spring, a 75 graus centígrados, onde há um gradiente térmico, pois nas saídas do manancial a temperatura abaixa para uns 35 graus. Nesse momento, a Thermus era o micro-oganismo mais termófilo (que ama ou tolera o calor) conhecido." "A descoberta mostrou que outros pesquisadores estavam errados sobre os limites de temperatura em que pode haver vida", disse Brock à BBC Mundo. Nas fontes termais de Yellowstone e em outros lugares do planeta, a temperatura pode exceder 90 graus. A bactéria que Brock chamou de Thermus aquaticus sobrevive a altas temperaturas "É uma água subterrânea que foi acumulada em camadas profundas e aquecida pelo calor derivado do magma do centro da Terra ou por ação vulcânica", explicou à BBC Mundo a bióloga Sandra Baena, professora da Pontíficia Universidade Javeriana, em Bogotá, na Colômbia, e pesquisadora de micro-oganismos que vivem em condições extremas. "Se você tem água quente no subsolo da Terra e possui falhas geológicas, ou seja, rachaduras, a água procurará uma saída." A descoberta de uma enzina Os mecanismos biológicos que permitem que bactérias como a Thermus aquaticus possam sobreviver a altas temperaturas em fontes termais eram um tesouro a ser explorado pela ciência. Na década de 70, a pesquisadora Alice Chien e outros estudiosos da Universidade de Cincinnati, em Ohio, nos Estados Unidos, isolaram uma das enzimas da bactéria. A nova enzima recebeu o nome de TAQ polimerase (TAQ é uma referência a Thermus aquaticus). A descoberta dessa enzima resistente a altas temperaturas acabou cruzando com outra história. E isso acabaria sendo crucial para um campo da ciência que avançava a passos lentos na segunda metade do século 20: o estudo do DNA. Thomas Brock sente orgulho de sua descoberta que está ajudando a salvar vidas A necessidade de multiplicar o DNA "Entre meados das décadas de 70 e 80, surgiram técnicas que permitiam manipular as moléculas de DNA diretamente, as chamadas técnicas de DNA recombinante. Elas permitiam romper as moléculas de DNA em fragmentos para que pudessem ser analisadas", explicou à BBC Mundo Miguel Garcia-Sancho, professor e pesquisador de História da Ciência na Universidade de Edimburgo, no Reino Unido. "Porque até então, como a molécula de DNA era muito longa, era muito difícil aplicar técnicas analíticas nela", pontuou. Além dos métodos de manipulação de fragmentos de DNA, também surgiram técnicas de sequenciamento de DNA, que permitiram ler a estrutura desses fragmentos. Os avanços tornaram possível investigar o DNA em uma escala nunca antes imaginada. Mas havia um grande obstáculo. "Um problema que todo mundo estava enfrentando era obter DNA suficiente para analisar os fragmentos. E os especialistas também precisavam de uma quantidade suficiente para sequenciar o DNA", explicou García-Sancho. "A falta de DNA foi um problema para muitos cientistas em muitos campos", relatou o especialista. A invenção da PCR Um dos cientistas que buscava sintetizar ou produzir DNA na década de 80 era o americano Kary Mullis, um bioquímico da empresa biotecnológica Cetus Corporation, na Califórnia. Mullis desenvolveu uma técnica para amplificar ou copiar milhões de vezes uma sequência específica de DNA, a chamada PCR ou reação em cadeia da polimerase — utilizada nos atuais testes para a covid-19. Kary Mullis recebeu o Nobel de Química em 1993 pela invenção do método PCR Kary Mullis chegaria a receber o Prêmio Nobel de Química em 1993 "por sua invenção do método PCR", mas a técnica demorou muitos anos para ser adotada em larga escala. Essa demora se deve, em partes, ao fato de que Mullis era um desconhecido para a comunidade científica. "Ele era um bioquímico que trabalhava em uma empresa, enquanto os cientistas que trabalhavam no sequenciamento de DNA eram biólogos moleculares em instituições de prestígio como o MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts ", disse García-Sancho, que entrevistou Mullis pessoalmente. O aquecimento do DNA O método desenvolvido por Mullis aquece e esfria a amostra de DNA em ciclos relativamente rápidos. O aquecimento separa os fios da dupla hélice do DNA. E logo a temperatura abaixa quando uma enzima, a DNA polimerase, copia ou replica cada fio separadamente. A técnica PCR exige aquecer o DNA para separar os fios das hélices duplas Quando é possível obter, por este método, novas cópias, começa um novo ciclo e as cópias são aquecidas outras vezes para separar os fios, repetindo o processo diversas vezes. Cada etapa produz mais cópias de DNA e a atividade da enzima é controlada pela temperatura, em um processo que pode levar mais de 30 ciclos. A enzima que revolucionou a técnica PCR É nesta técnica PCR que entra, nessa história, a bactéria encontrada em Yellowstone. “A PCR exige temperaturas que oscilem entre os 55 ̊C e os 95 ̊C, por isso necessitamos de enzimas que possam suportar altas temperaturas e se manter ativas ao longo da reação", explicou à BBC Mundo Domenica Marchese, pesquisadora do Centro Nacional de Análises Genômicas (CNAG-CRG) de Barcelona. A enzima, ou polimerase, usada na PCR para copiar o DNA é uma proteína. E, normalmente, as proteínas expostas a temperaturas muito elevadas perdem a estrutura original. "Vamos imaginar, por exemplo, uma espiral de metal, como a que é usada para encadernar um livro. Se abrirmos a espiral e ao esticarmos, ele deixará de ser útil para a sua função. O mesmo acontece, normalmente, com a DNA polimerase quando ela é exposta a temperaturas elevadas e perde sua capacidade de sintetizar o DNA", disse Marchese. A enzima da bactéria de Yellowstone revolucionou a técnica PCR, usada na atual pandemia do novo coronavírus Quando Kary Mullis inventou a técnica PCR, começou usando enzimas de micro-organismos como as bactérias Escherichia coli — que vivem em nosso trato digestivo, compondo a flora intestinal —, que sobrevivem a temperaturas próximas a 37 ̊C. O problema era que, durante a PCR, em cada ciclo, ao chegar aos 95 ̊C, a polimerase perdia suas atividades e era necessário adicionar uma nova para o próximo ciclo da reação. "Isso era muito tedioso e envolvia custos muito altos para cada reação de PCR", pontua Marchese. A mudança fundamental foi a introdução da TAQ polimerase, a enzima isolada da bactéria encontrada por Brock, que resiste a altas temperaturas sem perder a estrutura. Esta enzima tem sua máxima atividade a 72 ̊C e pode resistir até cerca de 40 minutos a 95 ̊C. "A TAQ polimerase representou uma descoberta revolucionária", disse Marchese. Uma lição para a ciência A técnica PCR revolucionou a biotecnologia e facilitou as análises de DNA em diversos campos como medicina forense ( ajudando a identificar autores de crimes), análise de paternidade e parentesco e diagnósticos de doenças. "Acredito que a PCR é a responsável por tornar a análise de DNA realmente importante. Isso trouxe consequências para o mundo real", disse García-Sancho. Para Garcia-Sancho, foi graças a essa técnica que a análise de DNA se tornou pública e as pessoas perceberam que o método é muito importante. "Podemos ver isso (a importância do método) agora, com os testes de covid-19", declarou. A técnica PCR é a mais confiável para detectar material genético do vírus que causa da covid-19 Thomas Brock disse que o impacto em massa de sua descoberta traz uma lição profunda sobre a ciência. Em seu discurso para ser aceito como doutor honorário da Universidade de Wisconsin, em 2019, Brock citou seus estudos em Yellowstone. "Eu estava livre para fazer o que é chamado de pesquisa básica. E algumas pessoas pensaram que era inútil, porque não se concentrava em propósitos práticos." "E perguntavam: para que servirão as bactérias das fontes térmicas de Yellowstone?". "A enzima extraída da Thermus aquaticus é uma das mais importantes do mundo. Ela fez ser possível a PCR e uma investigação moderna do DNA", disse Brock. A bactéria de Yellowstone demonstra, segundo Brock, a importância de "estabelecer os princípios básicos nos quais muitas formas de trabalhos científicos podem se basear". Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Michael Howard: Político tardio que chegou ao topo
Michael Howard começou tarde na política.
Ao contrário de seus amigos do Partido Conservador da época de universidade, ele teve dificuldades em conquistar uma cadeira no Parlamento. Três razões são apontadas: sua imagem suave de advogado, o fato de ele ser judeu e o fato de que era solteiro. Apesar disso, depois de ser eleito em 1983, Haword subiu rapidamente e fez o seu nome no último governo Thatcher, para em seguida se tornar o ministro do Interior durante o governo de John Major. Mas a trajetória de sucesso dentro do governo não se refletiu em popularidade – na verdade, algumas de suas ações lhe causaram problemas de imagem. Rejeitado Nos anos 80, Michael Howard introduziu um novo imposto de moradia bastante impopular e conquistou a reputação de defender políticas muito duras na área legal. Seu partido foi rejeitado pelo eleitorado em 1997. Quando ele concorreu à liderança conservadora no mesmo ano, ficou em último lugar. Mas, em sete anos, foi eleito líder, aos 62 anos de idade. Foi uma ressurreição. No entanto, ele assumiu um partido transformado. A partir de meados dos anos 90, os conservadores viram o Partido Trabalhista conquistar boa parte de seu eleitorado tradicional – a classe média, na meia-idade, do interior do país. Homem de família Os pais de Howard são imigrantes da Romênia que abriram uma loja de roupas em Llanelli. Ser conservador em um reduto trabalhista foi a teste inicial da confiança necessária a um político de sucesso. Para melhorar sua imagem pessoal, Howard tem colocado sua família em evidência. Ele tem destacado sua mulher de 30 anos, Sandra, ex-modelo. O filho e a filha, junto com seus filhos adotivos, foram exibidos na convenção do Partido Conservador, no melhor estilo americano. Howard arrancou lágrimas ao contar a história de sua avó, que morreu no campo de concentração de Auschwitz. Ele vem tentando parecer o mais jovem possível. Seu “governo paralelo” é agora formado por jovens. Mesmo com o aumento de sua popularidade, a maioria dos comentaristas políticos britânicos acreditam que o líder conservador tem poucas chances de vencer. Mesmo assim, para muitos observadores o resultado das eleições deve determinar o futuro Michael Howard dentro de seu partido e na política britânica.
Os bastidores da pioneira transmissão do Tri do Brasil na Copa de 70, que faz 50 anos
"Alô, alô, México".
Anúncio da final do Brasil na Copa com a transmissão do "pool": Globo, Tupi e Rede de Emissoras Independentes (Record e Bandeirantes) Era essa a deixa da vinheta de abertura das transmissões dos jogos da Copa do Mundo de 1970 na televisão brasileira. As imagens da Seleção que conquistou o Tri no México, há 50 anos, são até hoje as mais lembradas do nosso futebol em todo o mundo. Para quem viveu a época, uma novidade tornou tudo ainda mais empolgante: aquela foi a primeira Copa com transmissão ao vivo na TV para o Brasil. Por aqui, até 1966, a Copa do Mundo só podia ser acompanhada ao vivo pelo rádio. Na televisão, os jogos demoravam pelo menos até o dia seguinte para serem exibidos. As transmissões internacionais via satélite começaram em 1967, com um programa especial chamado "Our World", exibido ao vivo para 24 países. Homenagem ao narrador Fernando Solera, publicada após a Copa do Mundo Mas o Brasil só entrou nessa era em 1969, graças a uma estação da Embratel instalada em Tanguá, no Estado do Rio de Janeiro. Uma entrevista no Vaticano com o papa Paulo 6º, exibida pela Globo no dia seguinte, foi a primeira transmissão via satélite na tevê brasileira. Depois, os brasileiros puderam assistir, dessa vez ao vivo, à decolagem da missão Apollo 9 e à chegada do homem à Lua na missão Apollo 11. Fim do Talvez também te interesse Para a Copa do Mundo do ano seguinte, após tensa negociação com o empresário mexicano Emilio Azcárraga Milmo, os direitos de transmissão da competição foram vendidos para quatro emissoras brasileiras, mas só haveria um sinal de áudio à disposição. A solução, por meio de um "pool" formado por Tupi, Globo, Record e Bandeirantes, foi exibir a mesma transmissão em cadeia para todos os canais, com narradores e comentaristas se revezando a cada jogo e também na mesma partida. "Eu estava de férias em Ubatuba, e me encontrou na praia um motorista da Bandeirantes, que disse que a diretoria tinha mandado ele lá para 'subir' comigo pra tomar as providências para a transmissão da Copa. Eu nem imaginava a possibilidade de uma transmissão ao vivo", relembra o narrador Fernando Solera, 87, último remanescente daquela equipe de transmissão. A seleção da TV tinha os narradores Geraldo José de Almeida, Walter Abrahão, Oduvaldo Cozzi e Fernando Solera, com a companhia dos comentaristas João Saldanha — técnico da Seleção nas Eliminatórias —, Rui Porto, Geraldo Bretas e Leônidas da Silva. Anúncio da estreia do Brasil na Copa com a transmissão do "pool" formado por Globo, Tupi (Emissoras Associadas de Televisão) e Emissoras Independentes (Record e Bandeirantes) O rodízio entre eles foi decidido através de um sorteio realizado na Cidade do México pelo diretor da TV Tupi, Enéas Machado de Assis, que coordenava as atividades dos integrantes do pool. Mas todos tiveram o seu momento de destaque durante a transmissão da campanha do Tri. Olha lá, olha lá, no placar! "Alô, alô, Brasil! Alô, meu caríssimo telespectador da Rede Brasileira de Televisão". Assim, do estádio Jalisco, em Guadalajara, Fernando Solera iniciou a transmissão da estreia do Brasil contra a antiga Tchecoslováquia, no dia 3 de junho, tendo a seu lado, nos comentários, o craque Leônidas da Silva, artilheiro da Copa do Mundo de 1938. "Estávamos ultrainteressados em viver a experiência", conta Solera à BBC News Brasil. Aos 11 minutos de jogo, a imagem que focava Pelé mudou rapidamente para o atacante Petras, que invadiu a área brasileira e tocou por cima de Félix para abrir o marcador. "Ô, meu Deus do céu, olha o gol de Petras para a Tchecoslováquia", lamentou Solera. Mas ele logo narraria o primeiro gol da Seleção em Copas transmitido ao vivo na tevê brasileira, depois que Pelé cavou falta na entrada da área. "Onde está o Rivelino? Onde está o Rivelino?", perguntou, como se já soubesse que Riva soltaria a bomba que os mexicanos apelidariam de patada atômica. "Não dava outra coisa, Leônidas! Rivelino e fim de papo, 1 a 1". Geraldo José de Almeida, o "Gera", inventor do termo "Seleção Canarinho" Nos 45 minutos a que tinha direito, Solera ainda narrou um dos lances mais marcantes daquela Copa, quando Pelé chutou de trás da linha do meio-campo e quase marcou um golaço. "A sobra é para Pelé, que resolve tentar enganar o goleiro e quase, quase, quase, quase, quase que ele derruba esse estádio se ele faz esse gol", disse na transmissão. "Essas coisas é que fazem o futebol ser sensacional", completou. A partir daí, seria a vez de Geraldo José de Almeida — o inventor do apelido "Seleção Canarinho" — soltar a voz com o show brasileiro no segundo tempo. Gérson fez lançamento perfeito para Pelé, que dominou a bola no ar como numa coreografia, deixou ela quicar e soltou a bomba para virar o jogo. O narrador gritou o seu bordão característico na hora do gol: "Olha lá, olha lá, no placar", carregando na pronúncia da letra r. "Deus lhe pague, Pelé! Golaço de Pelé, Saldanha". Walter Abrahão, o inventor do replay na TV brasileira No terceiro gol do Brasil, Jairzinho aproveitou a linha de impedimento mal feita pelos tchecos para receber livre outro belo lançamento de Gérson, dar um lençol no goleiro e marcar um golaço. "Desculpa, Geraldo, essa pedra eu cantei. Os tchecos tavam marcando no impedimento, e (n)a jogada comprida o Jair tinha que ficar ali pelo meio porque aí é uma barbada", comentou João Saldanha, treinador da Seleção até março daquele ano. Jairzinho ainda marcou o quarto gol do Brasil, em bela jogada individual, para mais vibração de Geraldo José. "Ele tava inspirado, foi o melhor momento da carreira dele", conta o narrador Luiz Alfredo, filho de Geraldo José, o "Gera". Na rodada seguinte, contra a Inglaterra, atual campeã do mundo, Gera e Saldanha transmitiram o primeiro tempo. "Uma cabeçada estonteante de Pelé, a bola estava quase dentro. Por pouco, pouco, muito pouco, pouco mesmo, Pelé não inaugurou", narrou Geraldo José, com outro de seus bordões, a famosa cabeçada de Pelé defendida por Gordon Banks. No segundo tempo, o comando foi de Walter Abrahão, que narrou o gol da vitória do Brasil após grande jogada de Tostão: "Vai, Tostão; vai, Tostão; bem, Tostão. Ó o Pelé aí, é sua Pelé, é sua Jairzinho, olha o gol aí. Gol sensacional de Jairzinho! Uma jogada de mestre de Tostão". Os momentos finais do jogo foram ao som da música "Pra frente, Brasil", a mesma da vinheta de abertura, tema da Seleção na Copa. Em Londres, após a partida, uma frase apareceu escrita nos muros pela cidade: "Rivelino Revelation". Bastidores A Seleção continuou sua campanha rumo ao Tri, derrotando a Romênia por 3 a 2 e o Peru por 4 a 2. Quando não estavam transmitindo os jogos para o pool da Rede Brasileira de Televisão, narradores e comentaristas trabalhavam na cobertura da Copa, convivendo com os demais colegas de rádios, jornais e revistas, tendo fácil acesso aos jogadores da Seleção. "O contato era livre", explica Solera. No Brasil, a venda de televisores aumentou com a expectativa pela Copa transmitida ao vivo, embora as residências com o aparelho ainda fossem minoria. As imagens do que acontecia no México eram enviadas coloridas para todo o mundo, mas aqui ainda eram retransmitidas em preto e branco aos telespectadores, exceto para autoridades em Brasília, profissionais envolvidos na transmissão e seus convidados. Nas ruas não existiam telões, e o público se aglomerava perto de pequenos televisores. João Saldanha e Geraldo José (ao fundo) transmitindo um jogo no estádio do Morumbi "Na semifinal, o Gera ligou, a gente falou da festa e da loucura que estava aqui. Ele disse que estava com inveja de mim, e eu disse que estava com inveja dele e de quem estava lá", lembra Luiz Alfredo. Geraldo José narrou o primeiro tempo da semifinal contra o Uruguai. Ele chamava Gérson de "O Monstro de Guadalajara", Everaldo de "Gauchão", Tostão de "Mineirinho de ouro" e Pelé simplesmente de "Ele". O Uruguai abriu o placar, mas o Brasil empatou aos 44: "Brasil no ataque: Tostão. Vamos, minha gente! Que bola-bola, Clodô, olha lá, olha lá, olha lá, olha lá no placar: Clodoaldo". No segundo tempo, a novidade foi o revezamento entre Oduvaldo Cozzi e Walter Abrahão, narrando cada um a metade dos 45 minutos restantes, com os comentários de Geraldo Bretas e Rui Porto. "Meu Deus do céu, Pelé põe a mão na cabeça", narrou Cozzi depois que Pelé rebateu de primeira o tiro de meta do goleiro Mazurkiewicz e quase marcou. A virada veio quando Walter Abrahão já estava ao microfone: "Vejam Pelé ao lado, atrás Tostão, ligeiro o toque, foi bom. Tostão a Jair, grande jogada, atenção, telespectadores, pintou: gol do Brasil! Gol de Jairzinho! Sensacional!", vibrou. No terceiro gol, marcado por Rivelino, Abrahão quebrou o script: "Eu já perdi a voz, telespectadores. É sensacional! Deus está me ajudando e está ajudando o Brasil". Ainda houve tempo para Pelé assinar mais um de seus lances que entraram para a história, quando deu um drible de corpo no goleiro e chutou a bola rente à trave: "Vai de novo Pelé, atenção, olha o quarto gol aí… ah, mas que falta de sorte". O melhor futebol do mundo no barbante deles Na final contra a Itália, no estádio Azteca, na Cidade do México, no dia 21 de junho, Oduvaldo Cozzi e Walter Abrahão continuaram o revezamento, dessa vez no primeiro tempo. Cozzi teve mais sorte: "Olha aí, Pelé de cabeça: gol! Pelé, no centro de Rivelino! Pelé! Rivelino levantou, Pelé meteu um tento a zero". No momento exato em que Walter Abrahão dizia que não havia distração na defesa brasileira, Clodoaldo tentou um bonito e displicente passe de calcanhar, perdeu a bola e a Itália empatou: "Não, Clodô! Não, Clodô! Apareceu Boninsegna, Brito salva, entra Gigi Riva, gol aberto, e o gol da Itália. O gol da Itália numa jogada sem nenhuma necessidade de Clodoaldo. Um pecado mortal do nosso grande médio Clodoaldo". No último lance de Abrahão na Copa, o árbitro alemão Rudi Glöckner apitou o fim do primeiro tempo antes mesmo da marca dos 45 minutos, enquanto Pelé dominava a bola e mandava em vão para a rede: "É um indivíduo mal-intencionado", irritou-se. Coube a Fernando Solera narrar o segundo tempo e encerrar a transmissão da campanha da Seleção, iniciada na voz dele mesmo. Na hora dos gols, seu bordão "O melhor futebol do mundo no 13", referência à TV Bandeirantes, teve que ser adaptado para o pool de emissoras que transmitia a Copa. "Aí está Jair pra receber, pelo miolo procura Jair a caminhada, escondeu a bola, deu a Gérson, atenção, tentou: o melhor futebol do mundo no barbante deles". O barbante italiano voltou a balançar: "Olha lá Pelé, atenção, Jair, Jair: o melhor futebol do mundo no barbante deles". Aos 41 minutos, a obra-prima coletiva da Seleção começou quando Clodoaldo driblou quatro italianos: "Olha aí o show! É dessa maneira que se ganha a Copa". Clodô tocou pra Rivelino, que acionou Jairzinho, que deu a Pelé. De costas para o gol e de frente para o Rei, Tostão estendeu o braço esquerdo apontando para a chegada de Carlos Alberto, que soltou uma bomba aproveitando o quique providencial da bola: "O melhor futebol do mundo no barbante deles! Acabou a Copa", decretou Solera. "Meu Deus do céu, eu terminei esta Copa com esse segundo tempo que dá a vitória ao meu Brasil, 4 a 1, tricampeão. Jules Rimet está encerrada, não há mais Jules Rimet, vamos pra outra", disse no ar, enquanto a festa tomava conta do gramado. Pelé foi coroado Rei por aclamação com um chapelão mexicano, Rivelino desmaiou, Tostão, apavorado, teve seu uniforme tirado à força por torcedores, e Zagallo foi carregado com a prancheta de técnico na mão. Enquanto isso, João Saldanha caminhava sozinho. Em depoimento à TV Cultura, em 2014, o jornalista Michel Laurence contou que após o jogo desceu para o centro de imprensa, no fosso do estádio Azteca, e encontrou João Saldanha. Empolgado, parabenizou o ex-técnico da Seleção e disse que um pedaço daquele título era dele. "Você acha, Laurence?", perguntou um sério Saldanha. Laurence disse que sim e que tinha certeza de que ele seria festejado como um campeão do mundo quando chegasse ao Brasil. "Não acho, não", disse Saldanha, puxando do paletó seu passaporte e mostrando um carimbo que o obrigava a se apresentar à Polícia Federal em no máximo 48 horas depois do término da Copa do Mundo. Em março de 1970, pouco antes de sua demissão, ele envolveu-se numa discórdia com o general Médici, que presidia o país na fase mais repressora da ditadura militar e queria a convocação do artilheiro Dario, do Atlético Mineiro. Numa entrevista, em tom ameno, mas irônico, Saldanha disse: "nem eu escalo ministério, nem o presidente escala time". Já sem censura e ditadura, em 1987, no programa Roda Viva, Saldanha declarou: "Eu considero o Médici o maior assassino da história do Brasil (...), o cara matou amigos meus. Eu levei pro México uma pilha de documentos de três mil e poucos presos, trezentos e tantos mortos, e não sei quantos torturados". João Saldanha faleceu em 1990, na Itália, quatro dias depois do fim da Copa do Mundo que cobria pela TV Manchete. Não foi só João Saldanha que aproveitou a ida ao México. Geraldo José de Almeida levou encomenda aos exilados brasileiros que estavam no país sede da Copa, missão repassada a ele por seu filho. "Foi emocionante, porque eu conversei com ele, e o Gera era ultraconservador. E quando eu voltei, ele já tinha comprado uma tremenda de uma mala enorme, com goiabada e coisas pra levar pro pessoal", explica Luiz Alfredo. No México, Gera e Saldanha também trabalharam para a imprensa local. Por sugestão de Saldanha — que era membro do Partido Comunista Brasileiro —, doaram todo o dinheiro que ganharam para os exilados brasileiros. Apesar de estarem em polos opostos ideologicamente, a dupla da Globo era afinada: "Eram amicíssimos, irmãos", garante Luiz Alfredo, que narrou o Tetra, em 1994, pelo SBT. Geraldo José de Almeida faleceu em 1976. Após sua morte, o ginásio do Ibirapuera passou a levar seu nome. Meio século depois do pioneirismo na Copa do Mundo de 1970, a televisão brasileira alterou bastante seus padrões, e uma transmissão naquele formato jamais se repetiu. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Eurocurtas: Scolari usa humor para atrair mais apoio português
Armas de Scolari
Além de colocar em campo Cristiano Ronaldo e Nuno Gomes, jogadores decisivos na vitória contra a Espanha, o técnico Luiz Felipe Scolari apostou em mais duas armas para ampliar o apoio dos portugueses à seleção nacional: o bom humor e uma mensagem popular. Em um dos momentos mais descontraídos da coletiva realizada depois do jogo, Scolari arrancou risos de todos ao revelar o que pretendia fazer após a vitória. “Há duas semanas que não vou para casa. Quero chegar lá para dar um abraço na minha mulher, pois outras coisas não sei se consigo fazer”, brincou o treinador. Em um momento mais sério, o brasileiro aproveitou o momento em que explicava o uso da palavra “guerra” no futebol para enviar uma mensagem de apoio às tropas portuguesas no Iraque. “Isto não é uma guerra, mas, às vezes, caímos na tentação dessa palavra horrível. Guerra acontece no Iraque, onde estão os soldados portugueses. A vitória também vai para eles”, disse o treinador. Até 2006 Com a vitória diante da Espanha, o técnico Luiz Felipe Scolari fez os portugueses esquecerem a derrota da estréia contra a Grécia e a cotação do treinador brasileiro voltou a subir. As edições desta segunda-feira dos dois maiores diários esportivos de Portugal, A Bola e O Jogo, afirmam que a chance de que Scolari permaneça no comando da seleção portuguesa até a Copa do Mundo de 2006 é grande. Em entrevista a O Jogo, o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Gilberto Mandail, elogiou o treinador brasileiro e disse que Scolari “está cada vez mais seguro” à frente da seleção. Ao diário A Bola, Mandail afirmou: “A probabilidade de Scolari continuar na seleção nacional é muito grande, maior do que aquela que já existia.” Contra o empate Diante da possibilidade de que um empate por 2 ou mais gols entre Dinamarca e Suécia, nesta terça-feira, classifique as duas equipes para as quartas-de-final da Eurocopa e elimine a Itália, a Uefa promete punir qualquer tentativa de ‘acordo’ para um resultado que favoreça as duas seleções. “Para que isso pudesse acontecer, seria necessária a colaboração de jogadores estratégicos, como por exemplos os goleiros. E, caso sejam verificadas infrações, avançaremos para um inquérito”, afirmou o sueco Lennart Johansson, presidente da Uefa. Tommy Soderberg, um dos técnicos da Suécia (única seleção da Eurocopa com dois treinadores), rejeitou a idéia de uma “teoria da conspiração” para a “fabricação” do resultado da partida de terça-feira. O treinador sueco disse que sua equipe vai entrar em campo com o objetivo de vencer e afirmou que a hipótese de um “acerto” para um empate com a Dinamarca é “fruto da imaginação” da imprensa. Irritação O atacante italiano Christian Vieri ficou revoltado com notícias publicadas na imprensa de seu país que citavam um suposto desentendimento entre o jogador e o goleiro Gianluigi Buffon, após o empate em 1 a 1 contra a Suécia. “Vocês nos massacram o dia inteiro e ainda inventam mentiras”, reclamou Vieri. “Não me respeitaram e, por isso, é o último dia que falo com vocês.” “Sou mais homem que todos vocês juntos. Ao contrário de vocês, posso me olhar no espelho todos os dias e sair de cabeça erguida”, arrematou o atacante. Um pouco mais calmo que seu companheiro de equipe, Buffon também desmentiu qualquer atrito com Vieri. O problema teria surgido após o gol de empate da Suécia, descrito pelo goleiro italiano como “impossível de evitar”. Nedved poupado Com a classificação garantida para as quartas-de-final da Eurocopa, o treinador da seleção da República Checa, Karel Brueckner, revelou que pretende poupar o principal astro da equipe, o meia Pavel Nedved, da próxima partida. “Nedved vai descansar no jogo contra a Alemanha”, disse o técnico checo. “Quem jogar vai estar à altura da partida”, acrescentou Brueckner. Apesar da promessa dos checos de que a ausência de Nedved não vai impedir que a equipe busque a vitória no jogo de quarta-feira, a mudança pode prejudicar a seleção da Holanda. A equipe holandesa precisa de uma vitória contra a Letônia e de um resultado ruim da Alemanha diante da República Checa. Para isso, os holandeses esperavam que Nedved repetisse contra os alemães a grande atuação que realizou na sensacional virada por 3 a 2 contra a Holanda. Polícia satisfeita A direção da Polícia de Segurança Pública (PSP) de Portugal divulgou no domingo um “balanço positivo” sobre a atuação das forças de segurança na primeira semana da Eurocopa. De acordo com os números oficiais, o esquema montado para o torneio contou com a participação de 20 mil agentes e resultou em 84 detenções e na apreensão de 427 ingressos que eram vendidos ilegalmente. “Fizemos o policiamento de sete estádios e em dez cidades”, disse o comissário Alexandre Coimbra. “O saldo das atuações é francamente positivo. Esperemos que assim continue.” Segundo as autoridades portuguesas, o crime mais registrado foi mesmo a venda ilegal de ingressos e não houve até agora nenhum problema grave, que ameaçasse a “ordem pública”.
Férias ferradas
Férias não é só lazer.
Não basta esse negócio de chegar, se instalar no apartamento térreo dando para o jardim e a piscina, lá ficar se torrando e boiando no rasinho feito um focão, até despertar o apetite, para depois então sair a pé e ir comer bem coisas do mar num dos 58 excelentes restaurantes situados a uma distância razoável, ou então via um dos esplêndidos, céleres e baratíssimos radiotáxis, para depois então voltar para casa dando tapinhas na pança e ir jogar biriba antes de se encanar no último romance do John Grisham. Não. De jeito nenhum. Por uma questão de bons modos – ou brandos costumes, conforme o dizer luso – devemos nos interessar pelo que andam fazendo em torno, eles que ainda não foram embora de férias. Sim, porque há uma hora, em geral inconveniente para o turista, em que Portugal todo pára e vai embora. De carro ou de combóio (é trem), se arrebentando, atropelando, perdendo a vida em passagens de nível, partem para os diversos pontos cardeais do país com o fim de cobrir de diminutivos e lágrimas velhos parentes ininteligíveis e crianças altissonantes. Novelas Tudo regado a muito vinho, pão regional, queijo de Azeitão, chouriço e doce à base de ovos. Portanto, enquanto, apesar do calor, ainda reina uma certa normalidade – como metade do país a arder em chamas --, temos a obrigação, como bons hóspedes, de nos interessarmos pela vida política e cultural do país. Quer dizer: ligar a televisão e mandar às favas os jornais. Dados oficiais da organização “European Citizens and the Media” indicam que os portugueses são os europeus que mais vêem telenovelas e menos lêem jornais. São ainda esporte-maníacos. Ainda agorinha terminou a Volta a Portugal de Bicicleta e o vencedor (um cidadão chamado Nuno, é evidente) da 65a edição do certame ganhou nos índices de audiência daquelas pessoas brasileiras tristíssimas que, numa das estações de TV, em folhetins deprimentes, desfilam de cinco da tarde até meia-noite em situações ridículas que teledramaturgos, depois de as catarem em filmes americanos, novos e antigos, transformam em texto que bancários e balconistas frustrados são obrigados a decorar a fim de se transformarem em ídolos nacionais e internacionais (Albânia inclusive). O futebol português, eu prefiro não mencionar. Um país com um time chamado Leixões merece a ração diária de telenovelas brasileiras. Ler sobre as atualidades políticas é formidável, porque não se entende nada do que aconteceu, está acontecendo ou pode acontecer. Talvez constitua uma forma superior de ficção, agora que Saramago começa a secar. Por que a gente, nosso país, não faz diferente: deixa a telenovela e institui A Volta ao Brasil de Bicicleta? Garanto que a coisa aí melhorava.
De deputados a youtubers, bolsonaristas ecoam PT e acusam Congresso de armar 'golpe' contra presidente
"Não vai ter golpe!"
Suposto "golpe parlamentar" em curso virou principal argumento ventilado por parlamentares e apoiadores dos protestos para arrebanhar adeptos e justificar pedidos como os de "intervenção militar" O mote de apoiadores da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), afastada do governo em 2016 em impeachment apoiado pelo então deputado federal Jair Bolsonaro, agora ecoa entre apoiadores do atual presidente. Em meio à controvérsia sobre manifestações que, ao defenderem Bolsonaro, também pedem o afastamento dos presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal, bolsonaristas adotaram uma narrativa que aponta um suposto "golpe parlamentar" em curso. É este o principal argumento ventilado por organizadores dos protestos para arrebanhar adeptos e justificar pedidos como os de "intervenção militar". O termo "golpe" vem sendo usado por parlamentares, influenciadores e blogs conservadores nas redes sociais junto à ideia de "parlamentarismo branco", uma tese segundo a qual o Congresso estaria se movimentando para se sobrepor ao Poder Executivo. Fim do Talvez também te interesse Para o deputado federal, pastor e cantor Marcos Feliciano (sem partido), "o establishment vencido nas urnas", a "extrema-imprensa" e a "elite-artística-esquerda-caviar" seriam os responsáveis por "pavimentar o caminho para o golpe" contra Bolsonaro. Além de Feliciano, Otoni de Paula (PSC-RJ), também deputado federal e evangélico, tem repetido que o motivo para as pessoas irem às ruas seria resistir a um golpe — ou pedido de impeachment — iminente contra Bolsonaro. "Já estão desenhando a abertura de um processo de impeachment contra o PR Jair Bolsonaro. Eles só vão esperar o dia 15. Se não conseguirmos mobilizar o Brasil, eles se sentirão livres para o golpe contra 57 milhões de brasileiros", tuitou o deputado na quarta-feira (26/03) — o texto foi o mais compartihado da vida do parlamentar nas redes sociais. Em grupos bolsonaristas no Telegram, vídeos e convocações pedem que apoiadores do presidente vão às ruas para evitar "a derrubada do presidente". Queda de braço Em um dos vídeos mais populares, um homem diz que "o Congresso está criando armadilha para remover um presidente democraticamente eleito a partir de alterações no orçamento que o próprio Congresso fez". O mesmo homem afirma em redes sociais que "seria voluntário em uma guerra civil para combater a instalação do socialismo pleno no Brasil". O imbróglio sobre o Orçamento se arrasta desde o ano passado. Em 18 de dezembro, Bolsonaro vetou um trecho da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que permitiria ao Congresso definir prazos e manejar até R$ 30 bilhões de reais em emendas parlamentares. Segundo com projeções oficiais, o orçamento da União, de aproximadamente R$ 1,5 trilhão, prevê apenas R$ 80 bilhões em gastos livres. O restante — quase 97% dos recursos — tem destino definido e não pode ser remanejado. A questão se tornou mote de uma declaração recente que ajudou a aumentar a tensão entre Executivo e Legislativo. Sem saber que estava sendo gravado e que sua voz era transmitida ao vivo, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno afirmou: "Nós não podemos aceitar esses caras chantagearem a gente o tempo todo. Foda-se." A fala, que hoje estampa dezenas de memes bolsonaristas em redes sociais, foi a senha para que grupos ultraconservadores convocassem os protestos em "defesa do presidente". Após a repercussão negativa, Heleno se justificou. Segundo ele, diante da votação dos vetos ao Orçamento impositivo — medida que dá a deputados e senadores maior controle sobre o uso dos recursos da máquina pública —, "estava expondo sua visão sobre insaciáveis reivindicações de alguns parlamentares". O cabo de guerra vem sendo disputado desde então pelos dois Poderes, que não chegaram a um acordo para decidir quem vai administrar a verba que representa quase metade do dinheiro disponível para gastos do governo neste ano. Para analista, o que críticos apontam como golpe ou chantagem é justamente a função básica do Congresso: ser contrapeso em relação ao Executivo e não deixar o presidente agir sozinho 'É para isso que o Parlamento existe' O resultado até agora é um aprofundamento da crise institucional que afeta o governo. À BBC News Brasil, o cientista político americano Peter Hakim, presidente emérito do think thank Inteamerican Dialogue, disse que o alvo da crítica do ministro Heleno é justamente a função básica do Congresso. "É para isso que o Parlamento existe. Para agir como um contrapeso em relação ao Executivo. Para não deixar o presidente agir sozinho. Para que o poder se divida democraticamente", diz Hakim, que viveu no Brasil entre 1967 e 1971 e desde essa época estuda os três Poderes no país. "É natural que o presidente e o Congresso discordem e que haja disputas entre os dois lados. Isso é natural e o presidente tem um caminho à sua frente para negociar e encontrar acordos. É assim que funciona, existe uma batalha democrática constante entre as duas instituições não só no Brasil. Alguém como (o presidente americano) Donald Trump, por exemplo, conseguiu mobilizar o Partido Republicano para agir em prol de sua agenda. Em outros casos, o Congresso tem mais autonomia e esse foi o caso nos anos (Barack) Obama", lembra. O presidente da República, Jair Bolsonaro, o ministro do GSI, Augusto Heleno, e o vice-presidente, general Hamilton Mourão "Mas quando um auxiliar do presidente resolve reclamar porque o Congresso está fazendo o seu trabalho, temos um problema." Para Valentina Sader, diretora assistente do Centro de Estudos sobre América Latina do Atlantic Council, em Washington, o episódio "desgasta a relação entre Executivo e Legislativo no Brasil". "Essa relação já não é das melhores e o desgaste vem em um momento importante em que os dois Poderes precisam trabalhar juntos em temas relevantes, como as reformas administrativa e tributária", avalia. Reações Pelo WhatsApp, o presidente Bolsonaro teria compartilhado com amigos e políticos um vídeo com convocação para manifestações de rua. Após críticas e falas de juristas sobre crime de responsabilidade, Bolsonaro fez um post em sua página do Facebook em que não negou nem confirmou o compartilhamento, mas afirmou que tem "algumas poucas dezenas de amigos" no aplicativo de mensagens e que "de forma reservada" troca "mensagens de cunho pessoal". "Qualquer ilação fora desse contexto são tentativas rasteiras de tumultuar a República", escreveu o presidente. Junto às falas de Heleno, o episódio gerou forte reação no meio político. Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, disse que é "uma pena que um ministro com tantos títulos tenha se transformado num radical ideológico contra a democracia, contra o Parlamento". "É muito triste", completou. Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado, também respondeu, afirmando que "nenhum ataque à democracia será tolerado pelo Parlamento" e que "o momento, mais do que nunca, é de defesa da democracia, independência e harmonia dos Poderes para trabalhar pelo país". Na opinião de Peter Hakim, "é surpreendende como o Congresso brasileiro conseguiu criar uma identidade própria para reagir ao que está acontecendo no Planalto". "(Rodrigo) Maia particularmente tem um papel muito importante, veja a atuação dele na reforma da Previdência". O analista diz que "as instituções ainda estão fortes no Brasil, mesmo com Bolsonaro trazendo militares ao gabinete e tentando ter mais controle sobre o Judiciário e o Congresso". Ainda assim, segundo ele, o Brasil está muito longe do que aconteceu na Venezuela, onde o Poder Executivo conseguiu esvaziar o Congresso. "Vocês estão muito longe desse tipo de episódio radical no Brasil." Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
É melhor dormir com ou sem meias?
Dormir com ou sem meias?
Você tem meias especialmente destinadas à hora de dormir? Pode parecer surpreendente, mas essa pergunta aparentemente trivial também já foi feita entre cientistas, no esforço para mapear os fatores que melhoram ou diminuem a qualidade do sono. Vasos dilatados 'enviam mensagem' ao corpo O neurofisiologista Francisco Puertas explica à BBC que, para dormir, a temperatura central do nosso corpo deve diminuir entre 0,5ºC e 0,8ºC, para sinalizar que é hora de se recolher. "Para isso, precisamos dilatar os vasos sanguíneos das mãos e pés, para aumentar a circulação nessas regiões e nos permitir perder um pouco de calor", diz Puertas, também membro da Sociedade Espanhola do Sono e especialista na Unidade de Sono do Hospital Universitário de Liège, na Bélgica. A Fundação Nacional do Sono dos Estados Unidos (NSF, na sigla em inglês) diz em seu site que o processo de vasodilatação nas mãos e nos pés faz o calor se redistribuir por todo o corpo, preparando-o para o sono. "Algumas pesquisas têm mostrado que, quanto mais há vasodilatação nas mãos e nos pés, menos tempo se leva para adormecer", diz o texto da fundação. Vai uma meia aí? A NSF diz que "aquecer os pés dilata os vasos sanguíneos dos membros, o que pode indicar ao cérebro que está na hora de dormir". Então, "colocar meias pode ser uma boa ideia se você tiver problemas para dormir", acrescenta. Fundação diz que meias podem auxiliar aqueles com dificuldades para dormir De fato, de acordo com um artigo publicado em abril no Journal of Physiological Anthropology, o uso de meias teve "efeitos positivos na qualidade do sono" em seis jovens que participaram de um estudo sobre o assunto. "Diminuiu o tempo que os participantes levaram para adormecer, alargou-se o tempo de sono e diminuíram as vezes em que eles despertavam durante a noite", dizem os pesquisadores, da Universidade Nacional de Seul, na Coreia do Sul. Outra análise, em que participaram oito jovens, oito idosas e outros oito pessoas com problemas no sono, obteve resultados semelhantes em 2006. "Em adultos, o início do sono foi acelerado com (o uso de) meias quentes ou neutras", concluiu a pesquisa do Instituto de Neurociência da Holanda e da Universidade Vrije de Amesterdã, apontando que o método funcionou com pacientes que apresentavam insônia. Mas as meias não necessariamente ajudam todos a dormir. Conforto térmico Meias podem favorecer a vasodilatação Dormir com meias ou sem elas depende, na verdade, da "capacidade de cada pessoa de regular sua temperatura (do corpo) e de sua sensibilidade ao frio", explica Puertas. "Não há estudos publicados (sobre isso), mas a sensibilidade ao frio é geralmente maior em mulheres", diz ela. "Se estamos com frio, ocorre uma vasoconstrição (o processo oposto ao necessário para dormir)", diz Puertas. "Então, em geral, as mulheres usam mais meias para dormir do que os homens", diz Puertas. No entanto, algumas pessoas acreditam que usar meias não é natural - dando a sensação que os pés não "respiram", com aponta o site do The Sleep Advisor, que oferece conselhos de especialistas sobre o sono. "Essas pessoas são geralmente as mais calorentas, não precisando (das meias)", diz Puertas. A conclusão do neurofisiologista é que, assim como não há uma temperatura que contemple a todos no escritório, a temperatura ideal para dormir também varia de pessoa para pessoa.
'Mercúrio retrógrado' é uma ilusão de ótica que não influencia vida na Terra, explicam cientistas
Mercúrio retrógrado.
Mercúrio retrógrado é um fenômeno que ficou popularmente conhecido por meio da astrologia É um conceito que descreve um fenômeno astronômico, mas que se espalhou para a cultura popular por meio da astrologia e que se traduz para muitos como algo de ruim que pode acontecer. Mas o que é realmente Mercúrio retrógrado? Em termos científicos, Mercúrio retrógrado é simplesmente uma ilusão de ótica que faz parecer que o planeta está retrocedendo, a partir da nossa perspectiva da Terra. "Mercúrio retrógrado é uma definição científica real, que descreve o que acontece quando esse planeta parece estar se movendo para trás, da perspectiva da Terra", disse à BBC a astrofísica de Oxford Rebecca Smethurst. Fim do Talvez também te interesse "Mas não é assim. É simplesmente uma ilusão de ótica que ocorre porque o observamos da Terra", disse Smethurst. O fenômeno do Mercúrio retrógrado é, na verdade, uma ilusão de ótica No entanto, para o mundo da astrologia, a suposta reversão de Mercúrio está associada a períodos de instabilidade ou confusões. Por isso alguns falam, por exemplo, da influência do Mercúrio retrógrado no Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia, prevista para 31 de outubro e de todo o caos que acompanha esse processo. "É preciso deixar algo muito claro: nenhum movimento dos planetas influencia ou pode influenciar o que acontece na Terra. Não há estudos que demonstrem uma relação disso com o comportamento das pessoas", disse a astrofísica Rebecca Smethurst. Mas como acontece esse fenômeno científico e qual é a suposta relação estabelecida pelos astrólogos? Fórmula 1 De acordo com Smethurst e Rick Fienberg, da Sociedade Astronômica dos Estados Unidos, o fenômeno ótico ocorre porque Mercúrio é o planeta mais próximo do Sol e leva apenas 88 dias para orbitar em torno da nossa estrela. A Terra leva 365 dias para fazer essa mesma jornada. "É como comparar um carro de Fórmula 1, que neste caso é Mercúrio, a um veículo mais lento que percorre um circuito mais distante, que neste exemplo seria a Terra", explicou Smethurst. Mercúrio demora 88 dias para dar uma volta completa em torno do Sol, enquanto a Terra demora 365 "Mercúrio não só vai mais rápido, mas também percorre uma distância menor." O especialista ainda ressalta que, de três a quatro vezes por ano, ocorre o efeito óptico descrito como Mercúrio retrógrado: a impressão é de que o corpo celeste está retrocedendo, se afastando. Mas com um elemento adicional: as órbitas da Terra e de Mercúrio ao redor do Sol são totalmente diferentes. "É como se Mercúrio desse uma volta em nós. Ele se aproxima e depois passa pela gente", disse o astrônomo Rick Fienberg ao The New York Times. Smethurst e Fienberg dão o mesmo exemplo: é um efeito semelhante ao que acontece ao tentar ultrapassar um carro na estrada. Por um momento, parece que o outro veículo ficou mais lento, mas ele simplesmente está mantendo a mesma velocidade. Astrologia Esse fenômeno — que também ocorre com outros planetas — tem sido associado na astrologia há muito tempo a eventos que ocorrem no dia a dia. Os céticos apontam que, sendo um fenômeno que ocorre três ou quatro vezes por ano, é útil para os astrólogos culpá-lo quando as coisas não estão indo bem. "A associação que ocorre é por reforço positivo, como acontece com o horóscopo: 'Hoje é possível que você perca as chaves se você nasceu em maio', diz uma previsão. E talvez você nunca tenha pensado nisso, mas começa a prestar atenção porque o horóscopo disse isso", explicou a astrofísica Rebecca Smethurst. Mercúrio retrógrado é visto por astrólogos como uma época de mal-entendidos e confusões "O mesmo vale para Mercúrio retrógrado", disse. Como na astrologia Mercúrio é considerado o planeta da comunicação, quando ocorre o fenômeno de Mercúrio retrógrado são previstos mal-entendidos e confusões. Segundo um estudo do Centro de Pesquisas Pew, 37% das mulheres e 20% dos homens nos Estados Unidos acreditam nos postulados da astrologia. "Mas não há uma única evidência científica de que esses tipos de fenômenos tenham alguma influência sobre o que acontece na Terra... muito menos sobre o que acontecerá com o Brexit", concluiu Smethurst. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Como aplicativos e gadgets de saúde podem trabalhar contra você
Saúde digital é um grande negócio.
A estimativa é que existam mais de 200 mil aplicativos de saúde disponíveis Trata-se de usar a tecnologia para ajudar na prestação de serviços de saúde, incluindo o uso de aplicativos, dispositivos e microchips implantados. A expectativa é que este mercado atinja a cifra de US$ 379 bilhões (cerca de R$ 1,4 trilhão) em todo o mundo até 2024, ante os US$ 71,4 bilhões (R$ 274 bilhões) movimentados em 2017, segundo a consultoria Global Market Insights. Mas essa expansão alimenta preocupações de que a mesma tecnologia que promete melhorar a vida dos usuários também possa ser usada contra eles. Estima-se que mais de 200 mil aplicativos de saúde para dispositivos móveis estejam disponíveis no Google Play e na Apple Store. Fim do Talvez também te interesse A seguradora John Hancock oferece apólices interativas que monitoram os hábitos dos usuários "Por meio de sensores, dispositivos de rastreamento e outras ferramentas de coleta de dados, temos a capacidade de identificar tendências, anomalias ou outros fatores ambientais ou físicos que podem afetar a forma como tratamos doenças e, então, melhorar a vida das pessoas", diz John Bardi, vice-presidente de desenvolvimento de negócios em medicina digital da empresa farmacêutica Otsuka. "Mas com essa promessa vem uma enorme responsabilidade." As questões vão de ética a segurança de dados. Entenda como esses aplicativos de saúde poderiam acabar trabalhando "contra" você. 1. Você pode acabar pagando mais pelo seguro de vida Em setembro de 2018, John Hancock, uma das maiores e mais antigas companhias de seguros da América do Norte, levantou uma polêmica. A empresa anunciou uma mudança em suas políticas "interativas" - aquelas que rastreiam dados de saúde e hábitos esportivos de seus clientes por meio de dispositivos portáteis e smartphones. Em seguida, eles passaram a recompensar com descontos e recompensas os clientes que adotam estilos de vida mais saudáveis, baseando-se em estatísticas que mostram que os que aderiam a apólices interativas viviam de 13 a 21 anos mais do que outros segurados. Pessoas com problemas respiratórios precisam de máquinas que são caras e que os sistemas de saúde pública nem sempre fornecem Mas especialistas em seguros dizem que a decisão pode levar seguradoras a usarem os dados de rastreamento para punir clientes que não cumprirem as metas - incluindo a cobrança de preços mais altos de pessoas que optam por não adotar apólices interativas. "Naturalmente, o estado de vigilância distópico americano combinará com essa modalidade de seguro. Bem-vindo ao inferno", disse Matt Stoller, do Instituto de Mercados Abertos, em entrevista à BBC em setembro. A John Hancock argumenta, contudo, que a modalidade de apólices interativas foi impulsionada pela demanda dos próprios clientes - o uso do rastreamento de dados de saúde aumentou mais de 700% nos últimos três anos, de acordo com a empresa. "Durante séculos, o modelo de seguro forneceu principalmente proteção financeira para as famílias após a morte, sem aumentar a qualidade de vida", disse Marianne Harrison, presidente e CEO da John Hancock, em comunicado. "Acreditamos fundamentalmente que as seguradoras de vida devem se preocupar com o tempo e em quão bem seus clientes vivem. Com essa decisão, estamos orgulhosos de nos tornarmos a única companhia de seguro de vida dos EUA a adotar plenamente o bem-estar comportamental e deixar para trás o antigo modo de fazer negócios." 2. Seu dispositivo pode estar espionando você As máquinas de pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP, na sigla em inglês) são usadas por milhões de pessoas que têm problemas respiratórios, como a apneia do sono. Elas são caras e nem sempre são fornecidas pelos sistemas públicos de saúde. Na internet há muita informação sobre doenças, consultadas a todo momento Em novembro, uma investigação da rádio americana NPR descobriu que algumas empresas de seguro de saúde estavam fornecendo dispositivos de CPAP interativos que enviavam dados de uso dos pacientes para que essas empresas pudessem, eventualmente, negar cobertura de equipamentos para usuários indisciplinados. Mas o alemão especialista em dados Christian Bennefeld adverte que as empresas não precisam nem chegar a esse ponto para monitorar as pessoas. Um estudo realizado por sua empresa, a eBlocker, encomendado por um jornal suíço, descobriu que os sites do setor de saúde já "espionam" a atividade de navegação dos clientes graças aos programas de rastreamento da internet. Uma das empresas tinha 33 tipos diferentes de rastreadores. "O problema aqui é que muitos usuários não sabem que esta informação está sendo monitorada, mesmo quando eles acessam um site médico em busca de conselhos ou fazem buscas por termos como câncer, por exemplo", disse Bennefeld à BBC. 3. Você pode ficar tentado a se autodiagnosticar Informações sobre sintomas e doenças estão disponíveis gratuitamente na internet há décadas. Há dúvidas sobre a segurança dos dados de saúde obtidos por meio dos aplicativos de saúde Mas a chegada de uma tecnologia mais sofisticada disponibilizou uma gama de ferramentas que permite aos pacientes fazerem a varredura de si mesmos e mesmo testes genéticos sob demanda. Até órgãos públicos, como o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês), criaram aplicativos com assistentes virtuais a fim de ajudar a filtrar consultas médicas em momentos de escassez de profissionais de saúde. No entanto, um estudo de 2016 da Royal Pharmaceutical Society mostrou que mais da metade dos adultos britânicos usam a internet em vez de visitar um médico. Além disso, uma pesquisa realizada pela empresa Mintel descobriu no mesmo ano que um número crescente de pessoas mais jovens era mais propensa a confiar em informações online - de aplicativos de saúde a redes sociais até o "Dr. Google" - do que nos próprios médicos ou farmacêuticos. Isso ocorre mesmo com as frequentes advertências das autoridades de saúde, como uma análise de 23 sites relacionados à saúde feita pelo British Medical Journal. A pesquisa descobriu que os sites davam um diagnóstico correto em apenas 34% dos casos. 4. Você pode ser hackeado Uma grande preocupação em saúde digital é a enorme quantidade de dados coletados dos pacientes. Lista das maiores violações de dados de todos os tempos não inclui empresas vinculadas ao setor de saúde Eles são vulneráveis ​​às mesmas violações de segurança que ocorreram com tanta frequência na última década? Até agora, a lista das maiores violações de dados de todos os tempos não inclui empresas vinculadas ao setor de saúde. Mas, no início deste ano, hackers invadiram o banco de dados de saúde do governo de Cingapura e coletaram dados pessoais de 1,5 milhão de pessoas - o equivalente a um quarto da população. 5. Você pode ser alvo (ou não) de um algoritmo tendencioso Os entusiastas da medicina digital argumentam que a tecnologia pode levar ao desenvolvimento de cuidados de saúde cada vez mais personalizados. Mas há preocupações de que ela também possa causar desconforto aos pacientes. Inteligência artificial pode funcionar pior quando os dados são escassos ou mais difíceis de serem coletados Tudo graças ao viés do algoritmo - que é quando um sistema de computador reflete os valores implícitos dos seres humanos envolvidos em seu sistema. Diversos estudos sobre o uso de inteligência artificial destacam a necessidade de uma representação mais ampla em equipes de desenvolvedores e de dados. O Nuffield Council on Bioethics, órgão independente do Reino Unido, examina e reporta questões éticas em biologia e medicina. Ele diz que os benefícios da inteligência artificial ​​nos cuidados de saúde podem ser distribuídos de modo desigual. "A IA pode funcionar pior quando os dados são escassos ou mais difíceis de serem coletados. Isso pode afetar pessoas com condições médicas raras ou outras pessoas sub-representadas em pesquisas clínicas, como populações negras e asiáticas." 6. Os apps podem não entregar o que prometem Estudos sobre o sucesso de intervenções digitais em saúde produziram resultados mistos. Um exemplo foi um documento da Virginia Commonwealth University, de 2017, relacionando a contagem de calorias e a tecnologia de rastreamento de condicionamento físico a transtornos alimentares. Estudo analisou 23 aplicativos e concluiu que apenas um deles funcionavam Por outro lado, estudos no Reino Unido mostraram uma redução nas internações hospitalares e no tempo de permanência e visitas domiciliares entre os pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica. No início deste ano, um estudo da Universidade de Bond, na Austrália, revelou que apenas 23 aplicativos de saúde e bem-estar foram estudados sob os mais altos padrões acadêmicos e que apenas um deles funciona - o GetHappy. Em um caso, um aplicativo desenvolvido pelo governo sueco para reduzir o consumo de álcool entre estudantes universitários (Promillekoll) na verdade fez com que os estudantes do sexo masculino bebessem mais, conforme um estudo publicado pelo periódico Addiction Science and Clinical Practice. 7. Você pode conseguir o que não queria Com mais de 700 mil usuários em 200 países, o Natural Cycles é um aplicativo que foi reconhecido como o primeiro "anticoncepcional digital" certificado do mundo. Ele usa um método livre de hormônios baseado em ciclos reprodutivos e foi aprovado pela Food and Drug Administration dos EUA. Mas o aplicativo e a empresa estão no centro das atenções desde julho, quando começaram a aparecer casos de gravidez indesejada. As autoridades de saúde suecas informaram em janeiro que 37 dos 668 abortos realizados em um hospital de Estocolmo eram de mulheres que usaram o aplicativo. Em agosto, o órgão que regulamenta a publicidade no Reino Unido proibiu um anúncio da Natural Cycles no Facebook, alegando que ele exagerava ao falar sobre a eficácia do aplicativo. 'Nenhum método contraceptivo é 100% eficaz, e a gravidez indesejada é um risco com qualquer contracepção', disse a empresa de 'anticoncepcional digital' "Nenhum método contraceptivo é 100% eficaz, e a gravidez indesejada é um risco com qualquer contracepção", disse a empresa em comunicado em agosto. A Natural Cycles garante que os ensaios clínicos mostraram que sua taxa de eficácia é de 93%, corroborada de forma independente pela Agência Sueca de Produtos Médicos, que autorizou o uso do aplicativo. Mas a agência também pediu à Natural Cycles para "especificar o risco de gravidez indesejada nas instruções de uso e no aplicativo, para que os usuários possam levá-lo em conta". Também afirmou que "vai acompanhar os casos de gravidez indesejada e monitorar se não há desvio da quantidade esperada de acordo com a avaliação clínica". "Nós nos solidarizamos com todas as mulheres tiveram uma gravidez indesejada e entendemos que é uma situação difícil. No entanto, o número (de gestações registradas no hospital) coincide aproximadamente com o número de usuários que temos em Estocolmo, ou seja, 5%. Isso está de acordo com o que esperamos do aplicativo", disse a diretora técnica da Natural Cycles, Elina Berglund, à BBC Radio 5. Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
Chegada de 2018 é celebrada ao redor do mundo: veja as fotos
Kuala Lumpur, Mal á sia
Com temperaturas variando de um extremo ao outro, várias cidades ao redor do mundo festejaram a chegada de 2018 com queima de fogos de artifício. As Torres Petronas, em Kuala Lumpur, Malásia Queima de fogos iluminou a noite da capital da Malásia, Kuala Lumpur. Ao fundo as Torres Petronas, os prédios mais emblemáticos da cidade. A água acumulada na calçada da praça da Concordia em Paris, reflete as luzes que enfeitaram o réveillon da capital francesa Paris, França As luzes da decoração de rua de Paris são refletidas pela poça formada na calçada da praça da Concordia ao final do famoso Champs-Élysées, em París. Fogos de artifício na praça Vermelha iluminaram a noite fria de Moscou Moscou, Rússia Em Moscou, a queima de fogos em frente ao Kremlin celebrou a chegada de 2018. Fogos e selfies para receber 2018 em Istambul, na Turquia Istambul, Turquía Um grupo nas ruas de Istambul, registra em celulares o começo do Ano Novo. Queima de fogos coloriu o céu de Jacarta, capital da Indonésia Jacarta, Indonésia A cena se repetiu no centro de Jacarta, com fogos de artifício colorindo o céu da capital indonésia na festa de Ano Novo. Pequenos balões sobem ao céu em frente ao templo de Borodubur numa tradicional celebração de Ano Novo na Indonésia Magelang, Indonésia Segundo a tradição, pequenos balões celebram a chegada do Ano Novo em frente ao templo de Borodubur, com votos de paz. A foto tirada com uma lente tipo olho de peixe mostra a queima de fogos no alto da torre Lotte World, no centro de Seul, na Coreia do Sul Seul, Coreia do Sul Na capital sul-coreana a queima de fogos aconteceu no alto da torre Lotte World, de 123 andares. Os chineses celebraram a chegada de 2018 com um espetáculo de luzes no centro de Pequim Pequim, China Milhares de pessoas acompanharam a chegada de 2018 no centro de Pequim com um show de luzes na porta de Yongdingmen. Em Taiwan, um festival de fogos iluminou um arranha-céu no centro da capital, Taipei Taipei, Taiwan Fogos de artifício disparados ao longo dos 101 andares de um arranha-céu fizeram a festa na capital Taipei. A tradicional queima de fogos iluminou o porto de Sydney, na Austrália, uma das primeiras cidades a entrar em 2018 Sydney, Austrália A Opera House e a ponte de Sydney, icônicos pontos turísticos da cidade australiana, iluminados pelos fogos de Ano Novo. Os quenianos festejaram a chegada de 2018 com queima de fogos no centro da capital, Nairóbi Nairóbi, Quênia No Quênia, as comemorações pela chegada do Ano Novo foram feitas no centro da capital, Nairóbi, com uma queima de fogos na Torre UAP Old Mutual. Raios laser festejaram 2018 ao longo do Burj Khalifa, em Dubai Dubai Em Dubai, 2018 recebeu as boas vindas com um show de raio laser ao longo do edifício mais alto do mundo, o Burj Khalifa. Em Londres, uma multidão se reuniu em volta do famoso Big Ben para celebrar 2018 Londres, Reino Unido Na capital britânica, uma multidão estimada em 100 mil pessoas, foi ver a queima de fogos nas margens do rio Tâmisa, perto do famoso Big Ben, que passa por uma grande reforma. A cantora Mariah Carey esteve na Times no tradicional show de Ano Novo de Nova York Nova York, Estados Unidos A cantora Mariah Carey foi uma das muitas estrelas que animaram a festa na Times Square, tradicional local de celebração da chegada do Ano Novo. Nem o frio recorde de -10ºC foi capaz de espantar a multidão em Nova York. Tradicional queima de fogos na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro Rio de Janeiro, Brasil No Rio de Janeiro, os cariocas se reuniram uma vez mais ao longo da praia de Copacabana para assistir à queima de fogos na chegada do Ano Novo.
Equador restringe acesso de fundador do Wikileaks à internet
Transcript:
The Ecuadorian government has temporarily cut internet access for the WikiLeaks founder Julian Assange, who has been living in its London embassy for four years. Officials said he had recently released classified material that would have an impact on the American presidential elections. From the red soil of Uganda, these farmers are unearthing an unlikely solution to a silent killer. Orange flesh sweet potatoes are rich in beta-carotene, needed to prevent Vitamin A deficiency; an affliction that leads to the death of an estimated 670,000 people globally every year. In Uganda 32% of children under 5 are estimated to suffer from Vitamin A deficiency. Scientists here are hoping to change that. Through a technique called biofortification, they interbred sweet potatoes from across the world to produce the most nutrient-rich variety. Work has officially begun on a new British polar research ship, the RRS Sir David Attenborough, named after the broadcaster and naturalist. The vessel is perhaps best known for the online vote to name it, which saw the public choose ‘Boaty McBoatface’ after a social media campaign hijacked the poll. Once complete, the vessel will conduct crucial scientific research in both the Arctic and the Antarctic. Tradução para o português: O governo equatoriano cortou temporariamente o acesso à internet do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que está vivendo em sua Embaixada em Londres há quatro anos. As autoridades disseram que ele divulgou recentemente material confidencial que poderia impactar as eleições presidenciais americanas. Do solo vermelho de Uganda, estes fazendeiros estão desenterrando uma solução improvável para um assassino silencioso. A batata-doce de polpa alaranjada é rica em betacaroteno, substância necessária para prevenir deficiência em vitamina A, um problema que leva à morte de 670 mil pessoas por ano no mundo, segundo estimativas. Em Uganda, 32% das crianças com menos de cinco anos de idade sofrem de deficiência de Vitamina A. Os cientistas querem mudar isso. Por meio de uma técnica chamada biofortificação, eles cruzam tipos diferentes de batata-doce de vários lugares do mundo para produzir a variedade mais nutritiva. Os trabalhos começaram oficialmente na construção de um novo navio de pesquisa polar britânico, o RRS Sir David Attenborough, batizado em referência ao apresentador de TV e naturalista. A embarcação é talvez mais conhecida pela votação online para escolher seu nome, que viu o público escolher ‘Boaty McBoatface’ após uma campanha nas redes sociais sequestrar a votação. Uma vez completo, o navio vai conduzir pesquisa científica crucial tanto no Ártico quanto na Antártida. Words and definitions: classified accessible only to authorised people (for example: documents) deficiency lack or shortage of something vessel large boat Watch the video online: http://bbc.in/2ehzWOZ Exercise: Use one of the words or phrases from Lingohack to complete each of these sentences. Note that you may have to change the form of a word or phrase to complete the sentence correctly. classified / deficiency / vessel 1. People at high risk of vitamin D __________ include children under five, pregnant and breastfeeding women, the over-65s and people at risk of not getting enough exposure to sunlight. 2. A historic fishing __________ has been refloated after it overturned in high winds during a festival in Scotland. 3. US intelligence leaker Edward Snowden has insisted he took no __________documents to Russia when he fled to Moscow from Hong Kong in June. Answers: 1. People at high risk of vitamin D deficiency include children under five, pregnant and breastfeeding women, the over-65s and people at risk of not getting enough exposure to sunlight. 2. A historic fishing vessel has been refloated after it overturned in high winds during a festival in Scotland. 3. US intelligence leaker Edward Snowden has insisted he took no classified documents to Russia when he fled to Moscow from Hong Kong in June.
Eurocurtas: Torneio tem audiência média no estádio, mas boa na TV
Balanço
Com o fim da primeira fase da Eurocopa 2004, os números revelam uma média de gols e de público razoável: 34.250 espectadores por jogo e 2,66 gols por partida. Apesar da quantia de pouco mais de 822 mil torcedores em 24 jogos não ser das mais impressionantes, o torneio tem registrado bons índices de audiência na televisão. A partida com maior público foi França x Inglaterra, em Lisboa, com mais de 62 mil espectadores. A decepção foi Itália e Bulgária, em Guimarães, com apenas 16 mil. Nas três primeiras rodadas do torneio, as 16 seleções participantes marcaram um total de 64 gols, e nenhuma passou em branco. Os melhores ataques da competição até agora pertencem às equipes da Inglaterra e da Suécia, que fizeram oito gols cada. O jovem atacante inglês Wayne Rooney, sensação da Eurocopa, divide a artilharia do torneio com o holandês Ruud van Nistelrooy, com quatro gols. No entanto, apenas Van Nistelrooy e o checo Milan Baros (três gols) marcaram em todas as três partidas que disputaram até agora. Checos de olho nas inglesas Hospedada em um resort na região de Sintra, a seleção da República Checa divide o hotel com as mulheres e namoradas dos jogadores da Inglaterra. A coincidência cria uma situação inusitada para uma equipe em regime de concentração, que descansa cercada por crianças e ‘celebridades’, mas o treinador checo Karel Brueckner procurou deixar claro que não há constrangimento. “Temos uma relação de muito respeito. Acho que os meus jogadores preferiam que estivessem aqui as suas próprias mulheres”, disse Brueckner. Com “muito respeito”, o craque da seleção checa, o meia Pavel Nedved, elogia a companhia das inglesas: “São todas lindas.” ‘Rooneymania’ chega a Lineker A boa fase do atacante Wayne Rooney contagiou os ingleses, admirados com os gols e o sucesso precoce do jovem artilheiro, e chegou a Gary Lineker, um dos maiores goleadores da história da seleção da Inglaterra. “Eu era um caçador oportunista. Ele nem precisa da equipe para marcar”, afirmou o artilheiro da Copa de 1986, ao comparar suas características ao estilo de jogo da revelação do futebol inglês. Lineker vai mais longe nos elogios a Rooney, mas também alerta o jovem jogador de 18 anos de idade para os riscos da fama conquistada de maneira tão rápida. “(Rooney) pode ser um dos melhores de todos os tempos. Mas que tenha cuidado com as armadilhas”, concluiu o ex-atacante. Imprensa Incomodada com as informações desencontradas sobre o número de profissionais de imprensa credenciados para a cobertura da Eurocopa, a organização do torneio divulgou um comunicado com os dados oficiais. De acordo com os organizadores, foram credenciados 1.574 jornalistas da imprensa escrita (incluindo repórteres de websites), 556 fotógrafos e 40 técnicos fotográficos, além de 3,770 mil profissionais de emissoras de rádio e TV e mais uma série de equipes locais de transmissão para rádio e televisão com 730 pessoas no total. O departamento de mídia da Uefa esclareceu ainda que recebeu 835 pedidos de jornalistas credenciados interessados em cobrir a partida entre Portugal e Inglaterra e que todas as solicitações foram aceitas. Segundo a organização da Eurocopa, a tribuna de imprensa do Estádio da Luz “é a maior da história do futebol”, com 648 lugares com mesa e 551 lugares sem mesa. Festa de São João No dia em que Portugal e Inglaterra abrem as quartas-de-final da Eurocopa 2004, os portugueses celebram o auge das festas juninas – o Dia de São João – rodeados de turistas de todos os cantos da Europa. A tradicional festa começou na noite de quarta-feira, com fogos de artifício, muito balão, muita música e muita comida: bolos de vários tipos, pães doces, tremoços, azeitonas, sardinhas e bacalhau. Mas o que mais chamou a atenção mesmo foi a presença de uma grande multidão de ingleses e nórdicos, que transformaram a festa em um evento multicultural e fizeram da cerveja a iguaria mais popular da noite. Outro artigo muito vendido foi o tradicional martelo de São João, brinquedo que conquistou os torcedores holandeses em Braga. Em meio à festa, o símbolo da satisfação dos portugueses eram as bandeiras do país, espalhadas em grande número por todo lugar. Despedida O jogo entre Holanda e Letônia marcou a última partida da Eurocopa realizada no Estádio Municipal de Braga. A cidade, assim como Guimarães, Aveiro, Coimbra e Leiria, não será sede de mais nenhum jogo nas próximas fases do torneio. O estádio, inaugurado em dezembro de 2003, foi uma das grandes novidadades da Eurocopa, com um projeto arquitetônico inovador, que incorporou a costa do Monte Castro à estrutura da construção. Carinhosamente chamado de “pedreira” pelos torcedores, o estádio tem capacidade para 30 mil espectadores e duas arquibancadas com uma cobertura inspirada nas pontes construídas pela civilização inca, no Peru. Além de Letônia e Holanda, apenas o jogo entre Dinamarca e Bulgária foi disputado no estádio, que chegou a ser descrito pelo presidente do comitê de estádios da Uefa como “uma obra de arte”.
A razão pela qual gostamos tanto de comer chocolate
Por que gostamos tanto de chocolate?
Paixão por chocolate pode estar relacionada ao leite materno A resposta pode parecer simples - porque tem um "gosto bom". Mas vai além disso. Tem a ver com uma determinada relação entre gorduras e carboidratos, a que somos apresentados logo no início de nossas vidas. Os amantes de chocolate dificilmente abrem um tablete e conseguem se contentar em comer apenas um quadradinho - acabam devorando a barra inteira. E isso também acontece com outros alimentos. Mas o que faz com que a gente ache algumas comidas irresistíveis? E que características o chocolate compartilha com outros alimentos que simplesmente não conseguimos dizer "não"? 'Limonada e fruta do conde' O chocolate é feito a partir de grãos de cacau, cultivados e consumidos nas Américas há milhares de anos. Os Maias e Astecas criaram uma bebida de cacau chamada xocolatl, que significa "água amarga". Isso porque, in natura, os grãos de cacau são bastante amargos. Para chegar ao grão, primeiro você precisa tirar a casca grossa do cacau, liberando uma polpa de sabor tropical intenso - com gosto entre a limonada e a fruta do conde. Conhecida como baba de cacau, é doce, ácida e muito pegajosa. Os grãos e a polpa são colocados para fermentar durante vários dias, antes de serem secos e torrados. Ao serem torrados, liberam uma variedade de compostos químicos, incluindo o ácido 3-metil-butanoico, que por si só tem um odor rançoso, e o dimetil trissulfeto, com cheiro de repolho cozido em excesso. A combinação dessas e outras moléculas de aroma cria uma assinatura química única que os nossos cérebros adoram. Adição de açúcar e gordura levou o cacau a se tornar irresistível Mas os cheiros e as memórias felizes da juventude que esses odores provocam são apenas parte da atração do chocolate. O chocolate contém uma série de substâncias químicas psicoativas interessantes, que incluem a anandamida, um neurotransmissor cujo nome vem do sânscrito - "ananda", que significa "alegria, felicidade, prazer". As anandamidas estimulam o cérebro da mesma forma que a cannabis. Ele também contém tiramina e feniletilamina, ambas com efeitos semelhantes às anfetaminas. Além disso, você vai encontrar pequenos vestígios de teobromina e cafeína, conhecidos estimulantes. Por algum tempo, alguns cientistas de alimentos ficaram entusiasmados com a descoberta. Mas, embora o chocolate contenha essas substâncias, sabemos agora que são apenas alguns traços. Açúcares mais gorduras Então, o que mais o chocolate tem? Ele também tem uma viscosidade cremosa. Quando você tira da embalagem e coloca um pedaço na boca sem morder, você vai notar que ele rapidamente derrete na língua, deixando uma sensação prolongada de suavidade. Receptores em nossas línguas detectam essa mudança de textura, que, então, estimula os sentimentos de prazer. Mas o que realmente levou o cacau - uma bebida amarga e aquosa - a se transformar no doce que adoramos hoje, foi a adição de açúcar e gordura. O acréscimo da quantidade certa de cada um desses elementos é crucial para a apreciação do chocolate. Observe uma embalagem de chocolate ao leite e você vai perceber que ele normalmente contém cerca de 20-25% de gordura e 40-50% de açúcar. Leite materno é composto por 4% de gorduras e 8% de açúcares Na natureza, tais níveis elevados de açúcar e gordura são raramente encontrados - pelo menos juntos. Você pode obter açúcares naturais de frutas e raízes, e há muita gordura em nozes ou no salmão, por exemplo. Mas um dos poucos lugares onde você vai encontrar ambos é no leite. O leite materno humano é particularmente rico em açúcares naturais, principalmente lactose. É composto por cerca de 4% de gorduras e 8% de açúcares. O leite em pó, que também é usado na alimentação de bebês, contém uma proporção semelhante de gorduras em relação a açúcares. Essa proporção, 1g de gordura para 2g de açúcar, é a mesma relação que você encontra no chocolate ao leite. E em biscoitos, donuts, no sorvete...Na verdade, essa proporção em particular está presente em muitos alimentos a que não resistimos. Então, por que você ama chocolate? Por uma série de razões. Mas também pode ser porque esteja tentando resgatar o gosto e a sensação de proximidade que temos em relação ao primeiro alimento que já experimentamos: o leite materno humano.
Eurocurtas: Torcida inglesa deve ser maioria contra Portugal
Invasão inglesa
A partida entre Portugal e Inglaterra, pelas quartas-de-final da Eurocopa 2004, será realizada em Lisboa, mas os próprios portugueses admitem que a torcida inglesa deve ser maioria no Estádio da Luz nesta quinta-feira. Por avaliar que as federações de Portugal e Inglaterra não teriam tempo suficiente para vender uma quantidade elevada de ingressos, a Uefa reduziu praticamente pela metade a habitual cota de 20% para cada país. Com isso, levou a melhor o torcedor que comprou o ingresso antecipadamente, e aí os ingleses tiveram duas vantagens: primeiro, apostaram (e acertaram) que a Inglaterra seria uma das equipes em campo nesta quinta-feira e, depois, tiraram proveito do maior poder aquisitivo na comparação com os portugueses. A imprensa portuguesa diz ainda que os ingleses foram mais rápidos em comprar os ingressos que estavam nas mãos de torcedores espanhóis, que esperavam ver a seleção de seu país nas quartas-de-final. Lua-de-mel Depois da vitória contra a Espanha, as críticas dos portugueses ao técnico Luiz Felipe Scolari ficaram esquecidas e o clima de lua-de-mel da imprensa local com o treinador foi ilustrado por um presente oferecido pelos jornalistas que acompanham a seleção ao brasileiro. Scolari recebeu uma camisa da seleção de Portugal repleta de assinaturas e mensagens de apoio escritas por cerca de 50 jornalistas portugueses. O presente, de acordo com um porta-voz do grupo, foi um reconhecimento à “relação profissional” que o treinador tem mantido com a imprensa. Surpreendido pela iniciativa, o brasileiro ficou desconcertado por alguns segundos e, em seguida, disse que ia tentar cumprir o pedido dos portugueses: vestir a camisa por baixo do uniforme no dia 4 de julho, data da decisão da Eurocopa. Excesso de jornalistas Após mais de dez dias de Eurocopa, o interesse pela competição permanece alto em todo o mundo e a organização do torneio tem um novo desafio: administrar o elevado número de pedidos de credenciamento para as quartas-de-final. A Uefa recebeu cerca de 900 pedidos para o jogo entre Portugal e Inglaterra, mas o Estádio da Luz tem capacidade para receber, no máximo, 600 profissionais de imprensa. Diante dessa situação, a entidade pode ser obrigada a entrar em conflito com muitos órgãos de comunicação, que correm o risco de não ter acesso aos jogos da próxima fase. Funcionários da Uefa admitem que a entidade será obrigada a promover uma rigorosa ‘seleção’, que deve resultar na rejeição de centenas de pedidos de credenciamento para as quartas-de-final. De parabéns Dois dos principais jogadores da seleção francesa comemoram aniversário nesta quarta-feira. A base do meio-de-campo da França, formada por Patrick Vieira e Zinedine Zidane, está mesmo de parabéns. Além de terem nascido em 23 de junho, Zidane e Vieira têm mais em comum: os dois têm raízes africanas (o primeiro é descendente de argelinos e o segundo nasceu no Senegal) e foram revelados pelo mesmo clube (o Cannes). Zidane, quatro anos mais velho do que Vieira, é o maior ídolo do futebol francês. Já liderou a equipe na conquista da Copa de 98 e da Eurocopa de 2000 e, no torneio deste ano, marcou três dos sete gols da França – além de ter sido eleito o melhor em campo em dois do três jogos da equipe. Durante a primeira fase da Eurocopa, a seleção francesa pode ter decepcionado. Mas não perdeu e, ao contrário da Itália, está nas quartas-de-final. O progresso da equipe pode ser atribuído a Zidane e a Vieira, o outro aniversariante do dia que também esbanja talento no meio-campo francês. Empate dramático As teorias de conspiração voltaram com força total no futebol europeu depois do empate em 2 a 2 entre Suécia e Dinamarca. O resultado, que eliminou a Itália da Eurocopa, marcou o início da festa pela classificação dos dois países nórdicos. Falar em ‘resultado arranjado’, no entanto, exige provas e, por enquanto, elas não existem. Durante o empate de terça-feira, suecos e dinamarqueses procuraram a vitória e o resultado foi o placar mais justo pela apresentação das duas equipes. Mesmo assim, algumas imagens da rodada serão difíceis de esquecer. A primeira foi a comemoração de suecos e dinamarques, juntos, no mesmo estádio, e com cartazes de torcedores que ‘previam’ e desejavam o resultado que beneficiava os vizinhos. A outra foi a imagem do italiano Antonio Cassano, após marcar o gol da vitória da Itália contra a Bulgária. O jovem atacante não conseguia esconder a expressão de tristeza e desespero de quem sabia que tanto esforço de nada serviu para a equipe italiana. Comércio ilegal A Polícia de Segurança Pública de Portugal revelou novos dados sobre o comércio ilegal de ingressos e produtos da Eurocopa 2004. A atividade é o crime que tem causado mais problemas às autoridades portuguesas. De acordo com a polícia, 56 pessoas foram detidas pela venda ilegal de entradas para jogos do torneio, em um total de ingressos com valor estimado em 22,7 mil euros. O departamento português de Inspeção das Atividades Econômicas também lançou uma operação especial, que contou com a participação de quase 1,3 mil agentes e resultou na apreensão de 250 mil produtos falsos com a marca da Eurocopa. A maioria dos artigos apreendidos eram camisas, chocolates e bonés com referências ao torneio ou ao mascote da competição. As autoridades estimam que o valor total dos produtos gire em torno de 550 mil euros.