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1,930,340 |
Atento o exposto, e por tudo quanto se aduziu, deve considerar-se que os Tribunais Portugueses são internacionalmente competentes para apreciar a ação de divórcio, pelo que deve julgar-se improcedente a exceção dilatória que serviu de fundamento ao indeferimento liminar da petição inicial interposta pela aqui Apelante, contrariando-se a decisão recorrida.
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1,930,344 |
se os tribunais portugueses são ou não internacionalmente competentes para julgar uma ação de divórcio em que as partes, embora com nacionalidade portuguesa e tendo celebrado o casamento também em Portugal, residam ambas no estrangeiro.
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1,930,346 |
São os seguintes os factos relevantes para a decisão da questão:
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1,930,347 |
O seu casamento foi celebrado em Portugal.
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1,930,348 |
A Autora indica que ambos residem em França embora em moradas.
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1,930,350 |
Assim, antes de mais, há que averiguar se existem tratados, convenções, regulamentos comunitários ou leis especiais ratificadas ou aprovadas, que vinculem internacionalmente os tribunais portugueses, porque prevalecem sobre os restantes critérios o que resulta, além do mais, patente desta.
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1,930,351 |
Portugal é um Estado-Membro da União Europeia, e, como tal, vinculada ao Direito da União o mesmo acontecendo, aliás, com a França).
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1,930,352 |
Este é claro na regulação desta matéria, no seu artigo 3: "São competentes para decidir das questões relativas ao divórcio, separação ou anulação do casamento, os tribunais do Estado-Membro:
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1,930,361 |
A morada do Recorrente constante nos autos era a seguinte:
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1,930,362 |
Rua, nos 27 e 29, 2140-138 Chamusca.
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1,930,363 |
Nos termos do artigo 24, n 1, alínea, do CIRE, é necessário verificarem-se 2 pressupostos cumulativos para que seja recusada a exoneração por violação das obrigações impostas pelo artigo 23 do CIRE:
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1,930,365 |
O prejuízo para os credores deverá ser relevante, por equiparação ao estatuído no artigo 24 do CIRE.
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1,930,366 |
Atendendo ao valor do seu passivo, aos bens que já perdeu e ao que já pagou a um dos credores, entendemos que o prejuízo não é relevante.
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1,930,369 |
Para o efeito, juntou o senhor fiduciário documentos, que não foram impugnados pelo insolvente, dos quais se extrai o alegado pelo sr. fiduciário naquele sentido.
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1,930,370 |
A esses despachos também o insolvente não respondeu.
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1,930,378 |
Dessarte, volvendo já ao caso sub judice, temos que o douto despacho em apreço decidiu bem a questão que lhe havia sido colocada pelos credores, vindo a determinar a cessação imediata e antecipada do procedimento de exoneração.
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1,930,379 |
Note-se que está em causa o comportamento do insolvente e não dos seus mandatários.
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1,930,389 |
A. deduziu contra B. e a presente acção declarativa de condenação com processo comum formulando os seguintes pedidos:
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1,930,390 |
A condenação dos réus no pagamento de uma indemnização a título de danos morais por todos os factos supramencionados.
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1,930,391 |
Os réus B. e foram citados em 20 e 30 de Setembro de 2018, respectivamente cf. avisos de recepção juntos a folhas 72 e 73 dos autos que se mostram assinados pelos próprios), e não deduziram contestação.
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1,930,392 |
Em 9 de Janeiro de 2019 foi proferido despacho que ordenou o cumprimento do disposto no art. 567, n. 2 do Código de Processo Civil.1
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1,930,393 |
Em 10 de Janeiro de 2019 foi certificada a elaboração da notificação da ilustre mandatária da autora do despacho proferido em 9-01-2019 cf. Ref. Elect..
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1,930,394 |
Em 20 de Janeiro de 2019, a autora apresentou alegações concluindo como na petição inicial cf. folhas 76 a.
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1,930,396 |
Inconformados com o assim decidido, os réus interpuseram o presente recurso de apelação, concluindo as respectivas alegações do seguinte modo:
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1,930,398 |
Assim, perante as conclusões da alegação dos apelantes, o objecto do presente recurso consiste na apreciação das seguintes questões:
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1,930,399 |
Regularidade da citação efectuada e eventual violação do princípio do contraditório por falta de notificação da ilustre mandatária dos réus/apelantes, com consequente nulidade da decisão proferida.
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1,930,401 |
A sentença recorrida considerou provados, em face da admissão decorrente da falta de contestação, nos termos do art. 567, n. 1 do CPC, os seguintes factos:
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1,930,402 |
O prédio urbano era propriedade do pai da A.
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1,930,403 |
O pai da A. faleceu em 1 de Abril de 201
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1,930,404 |
Em 14 de Maio de 2018, a A. deu início ao procedimento simplificado de habilitação de herdeiros.
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1,930,405 |
Da herança aberta pelo óbito do pai da A., faz parte o prédio objecto dos presentes autos.
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1,930,406 |
Em 14 de Maio de 2018, foi registada a propriedade do referido imóvel a favor da A., pela AP. 1592 de 2018/05/1
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1,930,407 |
Em 17 de Maio de 2018, e já após ter o registo do imóvel em seu nome, a A. celebrou com a EDP um contrato de fornecimento de electricidade para o referido imóvel, contrato esse ao qual foi atribuído o código , encontrando-se o mesmo em nome da A.
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1,930,408 |
Para além do contrato celebrado com a EDP, a A. celebrou também um contrato com a companhia das águas, de forma a poder realizar obras de restauração para poder vir a habitar o referido imóvel.
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1,930,409 |
Sendo que no que ao fornecimento de águas diz respeito, nunca chegou a ser colocado nenhum contador no imóvel, uma vez que na data que ia para o fazer, a A. se deparou com o facto de não ter acesso ao mesmo, tendo por isso suspendido tal contrato.
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1,930,410 |
Tendo tal alarme sido instalado em 19 de Maio de 201
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1,930,411 |
Após ter resolvido todas as questões relacionadas com o falecimento do seu pai e da herança, em 16 de Maio de 2018 a A. mudou as fechaduras de acesso ao imóvel.
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1,930,412 |
No dia 26 de Maio de 2018, pelas 13h.00, a A. deslocou-se ao imóvel para aí colocar alguns pertences seus.
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1,930,413 |
Para o efeito a A., acompanhada pelo seu companheiro, deslocaram-se no seu veículo ao imóvel, tendo deixado o mesmo imobilizado na rua onde fica o imóvel enquanto se deslocaram ao seu interior.
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1,930,414 |
Sucede que, quando regressaram ao veículo, a A. e o companheiro tinham um outro veículo a impedir-lhes a saída.
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1,930,415 |
Por ter os documentos consigo, a A. demonstrou aos Agentes ser a proprietária do imóvel a que se referiam os RR., acabando os RR. por abandonar o local.
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1,930,416 |
Posteriormente, no dia 30 de Maio de 2018, pelas 18h08, a A. foi contactada telefonicamente pela Securitas, de forma a apurar se a A. se encontrava no imóvel, ou se lá se encontrava alguém por parte desta.
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1,930,417 |
Ao que a A. respondeu negativamente, tendo de imediato sido informada que tinha havido uma intrusão no imóvel e o alarme havia sido accionado.
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1,930,418 |
No seguimento do accionamento do alarme, deslocaram-se ao imóvel Agentes do posto territorial da GNR da Trafaria, tendo os mesmos constatado nessa deslocação e uma vez chegados ao imóvel que aí se encontravam os RR., que quando questionados sobre o motivo da sua presença no imóvel, alegaram que ali se encontravam por serem os proprietários do mesmo.
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1,930,419 |
Quando confrontados com o facto de a A. ter na sua posse documentos que justificavam ser a mesma a proprietária do imóvel, os RR. optaram por abandonar o local não tendo dado qualquer justificação quanto ao por eles argumentado inicialmente de serem os proprietários do imóvel.
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1,930,420 |
Por força da intrusão dos RR. no imóvel, a A. apresentou queixa, tendo a mesma dado origem ao processo n 429/18GEALM, que corre os seus termos na 5 Secção do DIAP de Almada.
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1,930,421 |
Quando tentou abrir a porta, deparou-se com o facto de os AA. terem mudado a fechadura durante o período em que lá permaneceram, ficando assim impedida de entrar no imóvel.
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1,930,422 |
Bem como efectuaram o corte da corrente e danificaram o alarme que a A. havia colocado.
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1,930,423 |
Os RR. retiraram do imóvel todas as placas de sinalização de alarme que aí se encontravam colocadas.
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1,930,424 |
A A. deslocou-se ao Serviço de Finanças para saber se sobre o imóvel havia algum registo de um eventual contrato de arrendamento, tendo para o efeito sido informada que não constava da base de dados da Autoridade Tributária qualquer contrato de arrendamento sobre o imóvel em causa.
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1,930,425 |
Posteriormente a A. solicitou a tal entidade uma certidão onde constasse tal informação.
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1,930,426 |
A autora sente muito a perda de seu pai.
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1,930,427 |
Para efeitos de apreciação da questão suscitada em sede de recurso considera-se ainda demonstrado o seguinte:
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1,930,428 |
A autora/recorrida pugna nas suas contra-alegações pela confirmação da decisão recorrida sustentando que os réus foram regularmente citados, tendo sido cumpridas todas as formalidades exigidas para a citação, nos termos do art. 227 do CPC, pelo que não se verifica a apontada nulidade da decisão recorrida, nem a violação do disposto nos art.s 3, 4, 6 e 7 do CPC.
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1,930,429 |
Aquando da admissão do recurso, o senhor juiz a quo pronunciou-se nos seguintes termos sobre a suscitada nulidade da decisão:
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1,930,430 |
"Entendemos que não assiste aos réus pelas seguintes razões:
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1,930,431 |
Compulsadas as citações que foram efectuadas nos autos fls. 72 e, constatamos que foram cumpridas todas as formalidades legais previstas para a citação postal, cujo regime emerge do art. 228 do CPC, não enfermando as citações de quaisquer vícios;
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1,930,432 |
É sabido que a nulidade processual consiste num desvio ao formalismo processual prescrito na lei.
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1,930,433 |
O Prof. Miguel Teixeira de Sousa explica em que consiste uma nulidade processual para a distinguir das nulidades da sentença, o que faz nos seguintes termos e de modo cristalino:
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1,930,438 |
Porque assim é, uma qualquer irregularidade na citação do réu é susceptível de apreciação oficiosa pelo tribunal não carecendo de ser arguida perante este.
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1,930,444 |
Com efeito, ainda que na generalidade das nulidades processuais a sua verificação deva ser objecto de arguição, reservando-se o recurso para o despacho que sobre esta incidir, tal solução é inadequada quando estão em causa situações em que o próprio juiz, ao proferir a decisão, omite uma formalidade de cumprimento obrigatório ou implicitamente dá cobertura a essa omissão.
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1,930,445 |
É através da citação que o réu é convocado para exercer o seu direito ao contraditório e, eventualmente, deduzir pedidos contra o autor, constituindo-se o demandado como parte.
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1,930,446 |
Realizada validamente a citação, todas as comunicações posteriores que devam ter lugar nesse processo terão a natureza e as formalidades da notificação, sendo este um acto muito menos solene - cf. art. 247 e seguintes do CPC.
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1,930,447 |
Realce-se que os apelantes não colocam em crise a regularidade da citação que lhes foi dirigida e concretizada mediante a assinatura pelos próprios aposta nos respectivos avisos de recepção, que constam de fls. 73 e 73 dos autos.
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1,930,448 |
O art. 227, n. 1 do CPC exige que no acto de citação sejam entregues ao citando duplicado da petição inicial e cópia dos documentos que a acompanhem.
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1,930,449 |
A falta de notificação dos elementos mencionados no art. 227 do CPC e, sobremaneira, do próprio articulado petitório em que o autor narra os factos em que se baseia para sustentar a sua pretensão impede que o réu possa tomar cabal posição perante a causa de pedir e pedidos deduzidos, o que, a ocorrer, prejudica necessariamente a sua defesa.
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1,930,450 |
No entanto, nenhuma dessas situações foi aqui relatada ou identificada, como, aliás, realça a apelada nas suas contra-alegações, sendo certo que nada nos autos permite duvidar do cumprimento integral das formalidades legalmente exigidas para o cumprimento regular do acto de citação.
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1,930,451 |
Adiante-se, desde já, que não se pode acompanhar a argumentação recursiva dos apelantes.
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1,930,452 |
Nos termos do art. 44, n. 1 do CPC, o mandato atribui poderes ao mandatário para representar a parte em todos os actos e termos do processo principal e respectivos incidentes, mesmo em tribunais superiores, sem prejuízo das disposições que exijam a outorga de poderes especiais por parte do mandante.
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1,930,453 |
A extensão do mandato deve ser aferida pelo texto do instrumento que o confere, mas, genericamente, a simples junção aos autos implicará os poderes forenses atribuídos ao mandatário para representação em todos os actos e termos do processo, incluindo os respectivos incidentes.
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1,930,454 |
Como tal, os réus estavam, de facto, patrocinados por mandatário judicial quando foram citados para a acção.
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1,930,455 |
A questão que se coloca é, pois, a de saber se o Tribunal a quo estava obrigado a notificar a ilustre mandatária constituída nos autos de procedimento cautelar da interposição da acção principal e do prazo que se iniciava para dedução da contestação.
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1,930,456 |
Ora, não parece assistir razão aos recorrentes.
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1,930,457 |
A citação dá a conhecer ao réu a proposição de acção contra ele e concede-lhe a oportunidade para se defender.
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1,930,458 |
Na situação sub judice o que está em causa é o primeiro acto a transmitir aos réus de que contra eles foi interposta a acção, logo, é a regularidade e validade desse acto de citação que se impõe apreciar.
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1,930,459 |
Por essa razão, as notificações são, por regra, dirigidas ao mandatário constituído, sendo que esta é a pessoa cuja intervenção possibilita o acompanhamento do processo por quem detém os conhecimentos técnicos adequados.
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1,930,460 |
No caso, está-se apenas perante a especificidade de antes de proposta a acção já os réus terem sido citados, enquanto requeridos, no procedimento cautelar.
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1,930,461 |
E ainda que o art. 366, n. 2 do CPC determine que, no caso de o requerido já ter sido citado para a causa principal quando o procedimento cautelar seja deduzido, a sua citação para deduzir oposição é substituída por notificação que há-de ser efectuada na pessoa do mandatário judicial, caso o requerido o tenha constituído, tal como emerge do teor do art. 247, n. 1 do, tal não significa que na situação inversa, ou seja, quando o requerido já tenha sido citado para os termos do procedimento cautelar aquando da interposição da acção principal, a sua citação para os termos desta deva ser acompanhada de notificação ao mandatário que já se mostre constituído no procedimento cautelar.
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1,930,462 |
Só com a recepção da petição inicial na secretaria do tribunal é que se tem por completo o acto de propositura da acção.
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1,930,463 |
O n. 2 do art. 259 do CPC ressalva que o acto de proposição não produz efeitos em relação ao réu senão a partir do momento da citação, salvo disposição legal em contrário.
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1,930,464 |
No entanto, importa atentar que a citação tem efeitos de natureza processual e efeitos de natureza substantiva cf. art. 564 do.
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1,930,465 |
Essa citação terá de observar, como parece evidente, as normas previstas no art. 225 e seguintes do CPC, daí não decorrendo qualquer regra que imponha ao tribunal o dever de notificar o mandatário constituído pelo requerido no procedimento cautelar preliminar da realização do acto de citação.
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1,930,466 |
Resta dizer que estando os apelantes, tal como os próprios sustentam, representados por mandatário judicial, não colhia aplicação ao caso o vertido no art. 41 do CPC, quer por a parte já o ter constituído, quer por tal previsão se reportar a situações em que aquela intervém nos autos sem estar representada por advogado, quando a constituição de mandatário judicial é obrigatória, o que não se verificava.
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1,930,467 |
Improcede, na íntegra, a apelação devendo manter-se inalterada a decisão recorrida.
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1,930,471 |
Lisboa, 24 de Setembro de 20194
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1,930,472 |
Lisboa, 24 de Setembro de 20195
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1,930,477 |
Todos os arestos adiante mencionados sem indicação de origem encontram-se acessíveis na Base de dados do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça, IP em www.dgsi.pt.
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1,930,478 |
superior esquerdo da primeira página.
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1,930,479 |
Processo n. 14445/16T8LSB.LS1
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1,930,481 |
No acórdão proferido em 16/5/2019, previamente foi decidido:
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1,930,484 |
Considera-se relevante para a apreciação recursiva a factualidade descrita no Relatório que antecede e que será vertido infra no ponto do cap.
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1,930,485 |
Admissibilidade e objecto
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1,930,486 |
Para o efeito deste fundamento recursivo, a Ré e Recorrente apresentou as seguintes Conclusões:
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1,930,487 |
b. O Tribunal a quo julgou, em Despacho Saneador, os argumentos invocados pela ora Recorrente totalmente improcedentes.
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1,930,488 |
e. O Tribunal da Relação de Lisboa proferiu o Acórdão ora Recorrido que julgou improcedente o recurso, mantendo, embora com fundamento jurídico diverso, a decisão recorrida.
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1,930,489 |
j. A indemnização prevista no Regulamento n. 261/2004 não deixa de ter em vista a compensação de um dano decorrente do incumprimento de um contrato de transporte aéreo internacional.
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1,930,490 |
Estas regras são de carácter e aplicação exclusiva, como resulta do texto da própria Convenção e da sua antecessora, ainda em vigor, a Convenção de Varsóvia.
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1,930,491 |
n. Também em virtude do critério da especialidade, a lei especial Convenção de prevalece sobre a lei geral Convenção de Lugano, uma vez que a lei geral não revoga a lei especial, a menos que outra seja a intenção inequívoca do legislador.
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1,930,492 |
r. Não pode por isso uma norma genérica como a constante no Regulamento n. 1215/2012 e/ou Convenção de Lugano vir derrogar a especificidade ínsita no apontado artigo 33 da Convenção de Montreal.
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1,930,493 |
Factualidade e questão recursiva
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Subsets and Splits
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